quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ler a realidade social e a própria vida

António Marcelino



«Passaram pela minha vida mudanças sociais e acontecimentos que me foram ensinando a alegrar-me com os que estão alegres e a sofrer com os sofredores. Abriu-se-me um mundo de oportunidades que me estimulam e me empurram. Sou emigrante desde criança. Doze anos na minha terra, outros tantos no Seminário, três em Roma, dezoito em Portalegre, pouco mais de cinco em Lisboa e há perto de trinta e três em Aveiro. Nunca me senti contrafeito, nem a mais. Gostei de estar onde estive. Aí regresso com uma alegria serena. Nunca vi que a minha presença fosse incómoda. Não me alvoracei com honras e encargos. Nunca me senti triste ou vencido por não ser reconhecido ou pelo que não pude fazer ou as circunstâncias me lo vedaram. Vivo reconciliado com a vida e comigo próprio, sem inimigos. E amigos? Agora, talvez mais amigos do personagem bispo que fui, do que da pessoa do bispo que sou. De ontem ou de hoje, os verdadeiros amigos não fazem distinções. São amigos.»

António Marcelino

Quarta Guerra Mundial


"Não sei com quais armas se lutará na terceira Guerra Mundial, mas sim sei com quais lutarão na quarta Guerra Mundial: Paus e maças".

Albert Einstein (1879-1955)


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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Senhora dos Navegantes






"Mais um ano, em Setembro, lá vamos à romaria lagunar! Tanto quanto me recordo, da minha meninice, a Festa da Senhora dos Navegantes tinha a marcá-la, como pormenor típico, uma procissão até ao mar, para além do que era habitual em festas, com uma mistura de religioso e de profano.
Celebrava-se na última segunda-feira de Setembro, depois do domingo da Senhora da Saúde, uma das festas lagunares mais concorridas, a seguir ao S. Paio. Já foi! Nunca troquei uma boa segunda-feira da Senhora da Saúde pela festa dos vizinhos, mas, notava a falta de algumas tendas de bugigangas que já tinham «levantado ferro», para estarem presentes na festa da Barra (assim se dizia).
Depois de algumas alterações e interregnos, a procissão lagunar em honra da Senhora dos Navegantes é uma iguaria a não perder, aproveitando, ao mesmo tempo o grande prazer que é marear na laguna, de moliceiro. A noite foi agitada, com a preocupação da alvorada e com receio do tempo nebuloso anunciado.
E, pelas 8 horas, o dia acordou sonolento e embrumado. Uma cortina cerrada, qual pano de cena, completamente corrido, impedia-nos de ver a paisagem, Vida de marinheiro é assim!"

Texto e fotos de Ana Maria Lopes, no Marintimidades

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Soberba - Caridade


"Não é de admirar se a soberba gera a separação, 
a caridade, a unidade." 

Santo Agostinho (354 - 430)

O Marnoto Gafanhão — 8

Um texto póstumo de Ângelo Ribau

No Outono

Tinha terminado a safra da marinha. Agora havia que terminar as colheitas. O feijão já estava nas caixas, seco e preparado para ser consumido até à próxima colheita, no ano seguinte. Havia agora que colher o resto do milho, que começava a aloirar nas terras. As suas canoilas grossas eram difíceis de cortar com a foicinha. Era necessário aplicar muita força para executar o serviço!
Apanhado, era carregado para a eira, onde era desmantado e as espigas postas a secar. Secas, estas eram debulhadas a malho como antigamente, ou mais recentemente, com debulhadora mecânica, alugada para o efeito.
Feito isto, o grão era posto a secar na eira, onde depois de seco era erguido numa máquina (o erguedor) e voltava novamente para a eira para que ficasse devidamente seco e pudesse ser armazenado sem qualquer humidade. Caso assim não fosse, havia o perigo de o grão com a humidade aquecer e “queimar”.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O sonho comanda a vida

ARRANQUE DO ANO LETIVO

A rainha coroada 


“Nunca diga, a uma criança,
 que os seus sonhos são tolice. 
Poucas coisas no mundo são tão humilhantes…”

Willian Shakespeare


Neste dia de início de aulas, com tantos olhinhos a perscrutarem o íntimo da teacher, ocorre-me à memória, uma pequena história que sintetiza o papel daqueles que hoje se preparam para iniciar a maratona do ano.
“Conta-se que duas crianças, de tenra idade, patinavam, num lago, que havia congelado.
Era uma tarde nublada, fria, e as crianças brincavam sem preocupação.
De repente, o gelo quebrou-se e uma das crianças caiu na água.

Duas guerras

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO de ontem




domingo, 15 de setembro de 2013

Dunas

Dunas


As dunas nem sempre são devidamente apreciadas. Caminhamos, caminhamos pelos passadiços, pelos paredões e nem sequer olhamos para o lado. Aqui fica a sugestão...

Duas guerras

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO de hoje


1. A significação das palavras depende, em muito, do seu uso. Por método deveria fazer aqui uma sinopse das significações da palavra religião e religiões, mas é algo pouco apropriado para uma crónica. Espero que se entenda que os maiores inimigos da verdadeira religião - isto é, da intensa relação com a transcendência de Deus e dos outros - são sempre os considerados "mais religiosos", os mais fanáticos, os que chamam Deus em seu auxílio para fazer o mal, sacralizando os interesses mais perversos. O Antigo Testamento está cheio dessas narrativas arrepiantes. Não vale a pena tentar justificá-las pelo seu contexto histórico e cultural. Também não há contexto histórico, cultural, religioso, que possa legitimar as guerras religiosas da cristandade. O muro levantado entre judeus e palestinos não me parece o melhor templo para as orações de um e de outro lado. Em certas expressões islâmicas do nosso tempo, a tradição da "guerra religiosa" atingiu o delírio. Depois, para a combater retorna-se ao fundamentalismo político-religioso de alguns mundos ocidentais. Parece-me que o "Deus dos exércitos" já tem tropa a mais. Há textos bíblicos que são profundamente reveladores daquilo que, em nome da religião, se pode fazer de pior: colocar na boca de Deus o ódio que nasce da nossa desumanidade. A própria cruz de Cristo nem sempre foi a vacina contra a loucura.

Frei Bento Domingues


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sábado, 14 de setembro de 2013

Poesia para este tempo

Manuel Alegre




Estradas Ermas Junto ao Mar


Pouco a pouco eles partiram
sonhavam outros mundos dentro
deste mundo. Levaram suas palavras
carregadas de bandeiras a esvoaçar
ao vento. Levaram o próprio vento
que por vezes trazia
as guitarras secretas da líricas ilusões.
E as tardes de Verão e o cheiro do jasmim
e as raparigas debruçadas das janelas
e as estrelas ardentes que deixavam
pelas estradas ermas junto ao mar.
Levaram o próprio mar que estava dentro
dos íntimos caminhos nunca desbravados.
Levaram os livros que narravam
as cidades futuras. Levaram
as próprias cidades e a abstracção
de suas casas e suas ruas
onde se juntavam todos e ninguém.


Levaram as manhãs anunciadas  
e o amor de uma noite de um só
Verão. Levaram o próprio amor
levaram a noite e o Verão
as teorias e os teoremas
as gramáticas viradas do avesso
as praças os poemas
e sobretudo aquele verso
onde os povos passavam a cantar.

Pouco a pouco partiram. E só deixaram
estradas ermas junto ao mar.


Manuel Alegre

Nota: Sugestão do caderno Economia do EXPRESSO

O pobre não pode ser humilhado

O que pensa Francisco sobre o dinheiro (6)


"É necessário traçar caminhos de promoção e de integração na comunidade. O pobre não tem de ser um eterno marginalizado. Aquilo que degrada o pobre é não ter o óleo que o unge de dignidade: o trabalho. O grande perigo - ou a grande tentação - na assistência aos pobres reside em cair no paternalismo protector que, em última instância, não os deixa crescer."

Papa Francisco 



ALEGRAI-VOS COMIGO!

Georgino Rocha





«A relação de confiança é fundamental ao ser humano e à convivência em sociedade. Destruí-la é lesar o vínculo que nos humaniza e abre ao transcendente, a Deus.
Como é urgente recuperar esta componente da nossa humanidade! Em todos os âmbitos, sobretudo nos espaços educativos e religiosos, nas instâncias que têm como missão servir o bem comum.»


Georgino Rocha

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Vícios - Pecados - Guerra

"Todos os vícios de todas as idades e de todos os países do mundo reunidos juntos, nunca seriam iguais aos pecados que provoca uma só campanha de guerra"

Voltaire (pseudónimo de François-Marie Arouet, 1694 – 1778)




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Ainda o S. Paio da Torreira






«Durante» o S. Paio - 2013

Como escrevinhei o «antes» do S. Paio, há quem espere pelo «durante». Ei-lo, aí vai ele, antes que seja tarde e se perca a emoção.
Um grupo de amantes da ria organizou-se e foi no moliceiro PARDILHOENSE, com a mira do S. Paio – a maior das romarias lagunares setembrinas de fim de Verão. Objectivo – assistir à regata de bateiras à vela e à corrida dos chinchorros – programa imperdível! Acompanhar as embarcações, apreciá-las, sorvê-las, admirá-las e divulgá-las.

Mas o tempo promete, não promete?

De Ana Maria Lopes, no Marintimidades



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Mistério de um livro Desconhecido





"O Papa Francisco é um profeta que surgiu na Igreja e na sociedade. Não inventa nada. Fiel à mensagem evangélica, dá vida ao que crê e propõe. Os seus gestos são os de Cristo, para uma Igreja que lhe quer ser fiel. Servem também de sinal para uma sociedade descentrada do essencial. Ele mostra, de modo atual e ao vivo, o fundamental esquecido, minimizado, trocado por gostos do tempo, alheios à reflexão e às exigências do bem. Há mais gente a alegrar-se com as suas vaidades do que com a verdade que liberta. Assim na sociedade. Também, na Igreja, no meio do fumo do incenso, se pode esconder o essencial da mensagem, caminho certo na procura do bem. O que provoca o confronto incómodo nas ideias e opções, bem como a vontade de reagir, é o que na vida é essencial. Não é o banal ou o efémero. Pelo essencial reclamam os que querem ser fiéis à verdade e experimentam, cada dia, o vazio e sem horizontes de uma sociedade amorfa."

António Marcelino