quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Para preparar o Natal

NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.


Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diante da tempestade é que se dá valor à bonança




Dos fins aos princípios

1. Não é novidade que diante da tempestade é que se dá valor à bonança ou que quando estamos doentes é que damos mais valor à saúde. Esta experiência adquirida da vida diária haveria de ser transferida para patamares da ordem da saúde global dos grandes valores. Sendo interessante, não será necessário aprofundar obras paradigmáticas como «O fim da história e o último homem» (1992) de Francis Fukuyama ou a sua resposta no ensaio «O choque de civilizações e a recomposição da nova ordem mundial» (1996) de Samuel Huntington para nos apercebermos de que a temática da mudança de paradigmas pode ser comparada a um “fim” que abre novas janelas de compreensão de tudo o que nos rodeia. Não por se estar em final de ano 2009, mas se fizermos o corajoso exercício de nos situarmos nos diversos fins que poderão existir em termos pessoais, sociais ou globais, chegamos à conclusão de que é urgente relativizamos os acessórios e valorizarmos os grandes princípios.

Efeméride Aveirense: Posse do primeiro Reitor da Universidade de Aveiro

1973

Primeiro Reitor da UA

Neste dia, em 1973, o ministro da Educação Nacional, Prof. Doutor Veiga Simão, conferiu posse ao primeiro Reitor da UA, Prof. Doutor Vítor Gil, em sessão soleníssima realizada no salão de conferências  do Museu de Aveiro, junto ao túmulo da Princesa Santa Joana.
Aqui fica esta simples nota para evocar um acontecimento que marcou, de forma muito significativa, a vida de Aveiro e sua região.

Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré em jantar de Natal muito participado


Ribau Esteves e Ferreira da Silva


Com centenário da freguesia à porta,
esperam-se prendas condignas


Participei, no sábado, na jantar de Natal do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN). Como acontece todos os anos, a família do folclore junta-se para conviver, à volta da mesa, onde o espírito natalício marca presença indelével no coração de todos.
Se é verdade que esta festa se faz à sombra do Menino Deus que vem a caminho, também é justo dizer que este encontro encerra um ano de muito trabalho e de muitos quilómetros andados para levar longe o nome da nossa terra, como sublinhou o presidente do Grupo, Alfredo Ferreira da Silva.



Aspecto do jantar

Recordou, mais uma vez, que o GEGN nasceu na Catequese da paróquia, felicitou o Acácio Nunes, membro do grupo desde a primeira hora e que agora faz parte do Conselho Técnico da Federação do Folclore Português, falou da Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes, com a sua procissão pela ria, e perguntou onde estava o Programa das Festas do Centenário da Freguesia, porque "uma vida de 100 anos tem de ser comemorada condignamente".
O presidente da Câmara, Ribau Esteves, louvou o trabalho do GEGN, que luta pela "preservação dos nossos valores culturais", desenvolvido em “espírito de missão”, e garantiu que o próximo ano está na agenda da autarquia municipal, da Junta e da paróquia. Sublinhou que a inauguração do “renovadíssimo” Centro Cultural da Gafanha da Nazaré vai acontecer neste ano festivo, sendo uma “presença estética” de grande valia. Informou que a responsabilidade artística ficará garantida pela gerência do Centro Cultural de Ílhavo, com “toda a sua experiência”.
Ribau Esteves disse que o Festival do Bacalhau vai continuar no Jardim Oudinot e que a Casa Gafanhoa, a completar 10 anos, “vai ter nova vida, no que diz respeito à sua valorização”. E sobre a Casa da Música, espera “que tudo se resolva”, o mais breve possível. Ainda se mostrou esperançado de que “2010 vai ser o melhor de todos os anos para todos”.
FM

Para preparar o Natal


Presépio de Carlos Duarte

Jesus Cristo é a luz do mundo

Das trevas, ao fundo, brota a brancura do Presépio, como sinal de pureza, de simplicidade, de ternura. Para os crentes, Jesus Cristo é a luz do mundo, que ilumina  os homens e mulheres de boa vontade. Para todos, Ele pode ser porta aberta à fraternidade, à solidariedade, ao amor que tudo perdoa. Então, que este Presépio do Carlos Duarte nos inspire gestos de paz e bem, que nos tornem próximos de quantos nos rodeiam, nesta quadra e sempre.

FM

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

É preciso pensar sobre as razões da festa e o porquê da necessária sobriedade de vida…

A sobriedade infantil

1. A quadra, nas propostas aliciantes de consumo, é de forte apelo à quantidade. Não faltam em todos os escaparates as mil e uma ofertas com as mais variadas vantagens para outras tantas situações em que o gerar do hábito e da necessidade é a arma mais poderosa. Ninguém está obrigado a comprar, é certo. Mas a designada sociedade de consumo tem neste mês o pico mais visível. A necessária educação para o consumo, no pressuposto lógico da “liberdade de comprar”, tem nestas quadras razões maiores para se justificar, mas estas são precisamente as alturas em que, mesmo sem qualquer generalização, a reflexão sobre os hábitos de consumo mais se manifesta infecunda. Gilles Lipovetsky, autor da Era do Vazio, na sua obra Felicidade Paradoxal (2008), bem tentou compreender os contornos do hiper-consumo.

Crónica de um Professor



Involução docente

Com a evolução dos tempos, há a necessidade de o cidadão comum se adaptar às novas realidades. Se isto se aplica a qualquer sector de actividade, com mais premência se aplica à vida docente.
Com uma formação académica centrada numa componente específica do saber, esperar-se-ia que o professor se dedicasse ao seu mister, não extravasando o domínio da sua área curricular.
Isto passava-se, antigamente, em que cada saber estava a cargo do seu detentor, sem que o professor metesse a foice em seara alheia.
Era assim, na mesma época em que as estações do ano estavam bem definidas, antes de as alterações climáticas terem destruído essa harmonia. Num qualquer Outono de meados do século passado, todos sabíamos que urgia reordenar o guarda-fatos e guardar para uma hibernação de alguns meses, as roupas da estação cessante – o Verão.
Hoje, no ano da Graça de 2009, em pleno século XXI, se por um lado o conhecimento tende a especializar-se e cada um tende a saber o máximo num campo, cada vez mais restrito, aparece algo de paradoxal com a profissão docente. A esta estão atribuídas funções de pai, amigo, médico, psicólogo, animador cultural, etc, etc. O mais surpreendente e inesperado é a sua função emergente de baby-sitter que integra a nova carga horária de qualquer interveniente, na acção educativa!
Quando falta o professor da disciplina, lá vai o baby-sitter de serviço, que a Escola moderna tem sempre em reserva. Nunca as nossas criancinhas foram tão bem tratadas (!?), “domesticadas”, vigiadas por pessoal especializado e tão competente! Noutros tempos, era uma alegria quando, raramente, um professor faltava; hoje, nenhuma das crianças que frequentam as nossas escolas, fica entregue a si própria, pode pôr o pé em ramo verde! Com toda esta vigilância, este acompanhamento próximo da perseguição detectivesca, pensarão alguns, esperar-se-ia uma sociedade perfeita, cumpridora de regras, bem formada e informada!
Hoje, no contexto da Escola actual, quase todos os professores têm, na sua carga horária, uma parte dedicada a esta actividade: baby-sitting!