quinta-feira, 17 de setembro de 2009

JESUS FAZ AULA EXCELENTE



Que dificuldades teremos de enfrentar?


Estamos a começar o novo ano escolar. Há muito que o ambiente social e publicitário nos fazia respirar um ar diferente, semeando sonhos e alimentando esperanças. Ao mesmo tempo, surgiam interrogações: Que novidades nos vão surpreender? Que dificuldades teremos de enfrentar? Como irá ser o nosso futuro próximo?
O grupo dos discípulos de Jesus vivia uma situação semelhante. Apreensivo, discute entre si. Temeroso, pretende ter garantias. Ousado, alimenta ambições. Tímido, não se atreve a fazer perguntas.
Jesus capta este estado de espírito e faz-lhe “uma aula” em que alia a novidade da mensagem ao requinte da pedagogia. Chama-os aparte, cria ambiente propício, provoca-os com um pergunta desbloqueadora, toma uma criança que coloca no meio de todos e distingue-a com um abraço carinhoso. E acrescenta, sem rodeios: ser como ela é a novidade que vos ofereço, o sinal da importância que aprecio, a marca de distinção da comunidade que convosco quero edificar.
A mensagem é clara, simples e interpelante: A grandeza do que é pequeno, a riqueza de quem é pobre, a excelência do serviço feito por amor, a audácia corajosa em avançar nos caminhos da vida.
A criança surge como “elemento” pedagógico em que se podem destacar estes valores. Na sociedade judaica era irrelevante o seu papel até aos doze ou treze anos, vivia uma situação de extrema fragilidade e dependia completamente dos cuidados maternos. Daí, a relação de proximidade e de extrema confiança filial; daí, a estabilidade afectiva e emocional; daí, a coragem de enfrentar o futuro e suas surpresas com normalidade; daí, a certeza do valor da vida e da fé em Deus.
A “aula” de Jesus ocorre em casa. A mensagem é universal e definitiva. O jeito de fazer a sua transmissão constitui referência fundamental para os que assumem esta missão. E são todos nos mais diversos saberes. Bom Ano Académico!
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P. Georgino Rocha

Ateus a quem Deus incomoda


Saramago: um homem incomodado
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É frequente os ateus virarem teólogos. Coisa esquisita, por certo. Se não acreditam, porque se incomodam e perdem tempo a negar o que para eles não existe? Se é para empurrarem os crentes para a descrença, então tem que se lhes pedir que respeitem os sentimentos de quem não afina pelo seu diapasão. Muita gente simples é profundamente sábia e dispensa conselhos e ajudas daqueles que presumem de muito saber e pouco respeito.
Quem subiu alto, por seu pé ou, como acontece frequentemente, porque outros o levaram ao colo, e se vê, por fim, no trono que lhe prepararam, se não tem consciência de que toda a glória é passageira, como “flor que murcha e erva que seca”, e de que não faltam na sociedade estátuas com pés de barro, acontece pensar que o esplendor do trono diviniza os mortais e é, por si, fonte de saber sem limites e razão para tudo poder afirmar ou negar.
Temos aí um exemplo de casa, que me aparece - é a minha opinião - como alguém atormentado pelos maus espíritos que procura exorcizar, sem grande resultado prático. Refiro-me ao Nobel Saramago. Nada tenho contra o senhor. Li um ou outro dos seus livros. Não consegui acabar alguns que ainda comecei. Por razões meramente literárias, não é o meu género, mas também não estranho nem me incomodo, que o seja de muitos dos seus leitores. Feita a casa na praça, tem de aceitar, se for capaz, quem queira opinar livremente sobre ela. O que ele faz com os outros.
Por vezes penso que se trata de um homem incomodado, senão mesmo atormentado, pelos espíritos, talvez de Sofia, de Torga, ou até de gente de outras terras, onde se escreve em bom português, mas onde os padrinhos podem faltar ou serem menos eficazes.
(...)
António Marcelino
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Ler toda a crónica aqui, (procurar em opinião)

O Fio do Tempo: Não esquecer para não repetir


O efeito dominó espalhou o pânico

1. Foi há um ano que o quarto maior banco dos Estados Unidos faliu. O famoso banco de investimentos Lehman Brothres arrastou consigo o início galupante de uma crise que conduziu os historiadores da finança aos anos 30, momento da chamada grande depressão. O efeito dominó espalhou o pânico e proporcionou incertezas diante dos novos cenários ainda não previstos nos livros de economia recente. Da imprescindível ética que faltou muitos apontaram o fim de uma era que até à queda do muro de Berlim (1989) só admitia dois cenários, comunismo ou capitalismo. Confundia-se a parte pelo todo (queria-se substituir a constatada falta de seriedade ética no sistema de negócios pela limitação da liberdade de comércio concorrencial), como se o regresso a passados idos fosse agora o caminho a retomar.

2. Um ano depois da grande crise financeira já a distância vai permitindo uma visão mais crítica e com maior maturidade. Embora corre-se o perigo stressado, pelos sinais do levantar da economia mundial (normalmente para os mesmos!) do não amadurecimento necessário e das lições a tirar para ser impossível repetir tamanha amplitude de crise. De há um ano para cá, naturalmente, os Estados foram lançando mão salvadora para o cataclismo não ser maior. Mas a procura do equilíbrio dessa mão imprescindível exigirá atenção constante, não só por hoje ainda em todo o mundo se sentirem os efeitos nefastos da crise. Será tão importante a situada função reguladora dos estados (hoje transnacionais) como estes permitirem na base de regras claras a liberdade saudável dos sistemas de trocas de bens e serviços.
3. No dia aniversário o presidente norte-americano fez o discurso para não esquecer: a exigência de maior regulação dos mercados e supervisão do sistema financeiro. Dizer-se que «é necessário alterar as regras» após um ano poderá parecer que este ano nada se fez… Este foi o ano do SOS. Agora será o ano da consistência ético-jurídica impeditiva de crise(s)?

Alexandre Cruz

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Elogios à comunicação


Todos os projectos de comunicação são úteis. Basta que ofereçam contributos à construção dessa característica fundamental da pessoa humana: a relação.
Por esta perspectiva passa o trabalho de muitos projectos mediáticos. Também os que dependem, pessoal ou institucionalmente, da Igreja Católica em Portugal.
As recentes Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais constituíram prova disso: pela presença de mulheres e homens apostados em propor a toda a sociedade o Evangelho pelos meios de comunicação, pela partilha de diferentes metodologias para comunicar, pelo desejo de ver novos e diferentes projectos audiovisuais a concretizarem-se entre nós, pela busca do trabalho profissional e sobretudo pela constatação do que já se oferece à história da comunicação por imperativos missionários. Aí se incluem projectos pessoais, disseminados pelas redes, ou posturas institucionais, representativas de um todo, que podem chegar aos receptores em qualquer soundbyte mediático.
Esta prioridade oferecida à comunicação acontece em diferentes funções: naquelas que têm por objectivo a comunicação institucional, nas que cumprem um desejo de comunicação em proximidade, nas que geram grupos virtuais e nas que se jogam no palco mediático generalista. E em todas segundo critérios de profissionalismo próprios, tão distantes quanto as ferramentas e metodologias comunicativas: dependem da natureza e dos objectivos da instituição que se quer em comunicação, estão em sintonia com a identidade histórica exigida pelos leitores dos meios regionais e locais, obedecem às gramáticas da comunicação em rede e ombreiam com as demais empresas ou agentes da comunicação quando as mensagens se lançam nos areópagos audiovisuais.
Diferentes funções e ferramentas da comunicação, mas todas necessárias. Palpites sobre o que depende de outros também são precisos. Mais ainda contributos efectivos, concretizados na multiplicidade de presenças mediáticas, pessoais ou institucionais.
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Paulo Rocha

Pequena entrevista ao Padre Miguel Lencastre


O Sangue de Mártires
Fecunda a Seara
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O Padre Miguel Lencastre, que ontem também celebrou os 50 anos do anúncio de que seria presbítero, não podia deixar de estar presente na abertura do Jubileu dos 50 anos da entrada de Schoenstatt em Portugal. E fê-lo após o regresso de Friburgo, na Suíça, onde aconteceu essa decisão. Ali se havia deslocado para celebrar com colegas data tão marcante para a sua vida.
Ontem, na eucaristia presidida por D. António Francisco, apresentou o testemunho da caminhada de fé, com destaque para a recordação, ao jeito intimista, da descoberta da sua vocação, há meio século. No final, ouvi-o, ainda, para o levar até aos seus amigos, schoenstattianos e não só.
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- Que espera deste Jubileu?
- Um jubileu é sempre um ano de graças; não é só um ano festivo, mas vai ser um ano muito abençoado.
 - Como assim?
- Sabemos isso através da Bíblia, em que houve jubileus muito abençoados. É o que nós esperamos para este ano.
- Será um ponto de partida?
- Vai ser um ponto de partida para uma fase de grandes esperanças. E o Ano Sacerdotal, curiosamente, coincidente com os 100 anos do nosso Pai Fundador, será, para o nosso Movimento, uma nova primavera.
- O Movimento passou por períodos difíceis…
- Claro. O nosso Movimento tem sido muito provado, um pouco por todo o lado, ao longo dos tempos, mas eu tenho a certeza de que, com este impulso do Ano Jubilar, tudo vai melhorar.
- Os cristão também foram e são perseguidos…
- O sangue dos mártires fecunda a seara.
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FM

Bispo de Aveiro abre Jubileu dos 50 anos de Schoenstatt em Portugal

Padre Miguel e D. António Francisco
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Saibamos ser exemplo
do espírito que daqui irradia



“Na expressão da gratidão da diocese, quero deixar a alegria de hoje iniciarmos as celebrações jubilares e vivermos este ano com particular entusiasmo, tornando mais divulgada a mensagem que daqui recebem, cada vez mais centralizada na peregrinação daqueles que procuram a serenidade, a paz e o silêncio na oração, no encontro, no acompanhamento espiritual, nesta presença do louvor perene a Jesus Cristo, solenemente exposto em adoração”, afirmou ontem, 15 de Setembro, na homilia celebrada no santuário diocesano, em ambiente de festa, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro.
Concelebraram padres do Arciprestado de Ílhavo e outros, directa ou indirectamente ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, sendo de assinalar a significativa participação do Padre Miguel Lencastre, “uma das referências maiores da presença de Schoenstatt na nossa diocese ”, como sublinhou D. António.
Referindo que uma das expressões maiores do carisma de Schoenstatt é a valorização da causa da família, D. António Francisco lembrou que, “se em algum momento foi importante este serviço, se foi oportuno este zelo e esta dedicação, são, certamente nestas circunstâncias e no nosso tempo, mais preciosos e apreciados estes valores”.
Dirigindo-se às famílias, o Bispo de Aveiro pediu-lhes que saibam ser exemplo do “espírito que daqui irradia”, testemunhando com coerência “o amor abençoado no mundo e sinal transformador da sociedade do nosso tempo”. A Igreja aveirense "confia-vos essa missão e agradece-vos este testemunho”, referiu D. António.
Com o salão cheio de membros e amigos do Movimento de Schoenstatt, de Aveiro e de outras zonas ligadas a este santuário da nossa diocese, onde se venera Nossa Senhora – Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt –, a eucaristia, presidida por D. António Francisco, foi marco importante da abertura do Jubileu dos 50 anos da entrada daquele Movimento Apostólico na nossa diocese e em Portugal. Mas o prelado aveirense lembrou, com oportunidade, que todos ali estávamos, ainda e fundamentalmente, “pelo anúncio do Evangelho e pela causa do Evangelho, abençoados por Maria”, para agradecer ao Senhor e a todos quantos, ao longo destes 50 anos, deram vida a este santuário e a este centro, “com a sua generosidade, com a sua dedicação e com o seu testemunho”.
Louvou os que souberam fazer convergir para aqui “os seus pés de peregrino”, irradiando a devoção a Nossa Senhora, sendo “presença abençoada de Deus, neste doce encanto de Maria Mãe Admirável”. E acrescentou: “Sejamos dignos de todos quantos, ao longo do tempo, aqui afirmaram o testemunho da sua fé, da sua dedicação e da sua consagração.”
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Fernando Martins

O FIO DO TEMPO:Descubra as diferenças

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A Campanha Desceu das Televisões às Ruas
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1. A campanha eleitoral desceu das televisões às ruas. A maratona este ano tem direito a prolongamento, depois das legislativas seguem-se as eleições autárquicas. Em tão longas jornadas, terão de existir razões de sobra para debates sérios pois esclarecedores das visões de sociedade e dos programas correspondentes. Não se podem perder (mais) oportunidades, pois sempre que iniciam as campanhas (e este ano até iniciam com a vida escolar!) sublinham-se os apelos à ética do debate, à re-ligação da sociedade às visões políticas, ao procurar vencer as indiferenças e as descredibilizações que com o passar dos tempos as linhas políticas vão arrastando… Talvez este pedido seja optimista demais em relação a uma certa realidade viciada em que se tornou o debate público de ideias... Estará, ainda, para chegar o líder que prefira a consistência à intriga?!
2. Não se poderá ter a tentação de fazer juízos prévios nem precipitados, mas a primeira parte da campanha (a pré-campanha), que este ano teve debates (só) entre as lideranças parlamentares, dois a dois, primou pela procura do empate. Por um lado um empatar analisado quase ao jeito de quem procura os pequenos deslizes para vencer mais o outro que as ideias que ele representa, por outro uma acérrima procura em descortinar e acentuar o «descubra as diferenças». Claro que, mesmo na mais cintilante isenção, nunca se conseguirá (nem tal interessará) um unanimismo que paralisa. Todos pensarem sobre tudo da mesma maneira seria reflexo de asfixia intelectual que não interessa. Mas, primar por um certo radicalismo de dar o passo em frente na procura de mostrar as diferenças, sejam elas quais forem…, também é sinal menor.
3. Se nas campanhas de rua andam muitas artilharias e grandes investimentos, facto que já se tornou tradição, então que a sua aplicação possa ser sinal de procura de mais e melhor. A contraposição irritada como primeira bandeira diz o quanto continuamos longe da expectativa de uma cidadania política arejada.
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Alexandre Cruz