quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Casa cheia no Centro Cultural de Ilhavo para ouvir Jacinta

Quem tem amigos não morre na cadeia
De férias, não pude ir ver e ouvir Jacinta, ontem, no Centro Cultural de Ílhavo. Os amigos também informam e eu gosto disso. Da informação, da disponibiliadade, da colaboração.
Carlos Duarte disse: Pela 3.ª vez Jacinta volta ao Centro Cultural de Ilhavo e enche a sala com o seu novo espectáculo Songs of Freedom. Com Jacinta, Pedro Costa ao piano e Paulo Gravato ao saxofone foram os componentes deste trio que durante todo o espectáculo prendeu o público com aplausos e algumas vezes dialogando com os artistas em palco.
Anunciado pela Jacinta foi o próximo lançamento deste trabalho em CD, no mês de Outubro, e que tem o apoio do Centro Cultural de Ilhavo.

Vou apagar o que de errado fiz...

Propósito Vou apagar o que de errado fiz Ao longo desta vida já passada Como este Sol que, em cada madrugada, Lava as trevas das noites que eu não quis. Esta minha vontade é o pau de giz Que deixa em cada linha desenhada Na lousa de uma vida renovada, A intenção de voltar a ser feliz. Nela vou escrever só o que eu quero, Recomeço a partir de um novo zero Perseguindo outro modo de viver. Não temo quaisquer ventos de revés Que trago, bem assente, nos meus pés, A sólida certeza de vencer! Domingos Freire Cardoso

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A nossa gente: Carlos Duarte na primeira pessoa

Carlos Duarte na sua mais recente exposição, na Costa Nova
Tanto gosto de umas rugas de um idoso
como de um sorriso de criança…
Tudo começou quando fui viver para casa do meu avô na baixa coimbrã, com cerca de dois anos. Meu avô era professor do liceu e tinha três paixões: jornais, fotografia e caça. Todos os dias entrava em minha casa o Diário de Lisboa. Ao fim-de-semana o jornal e mais tarde a revista Vida Mundial; ao domingo era o Primeiro de Janeiro, com a célebre banda desenhada O Reizinho. Todos os domingos, lá ia com ele até ao choupal, jardim Botânico ou jardim junto ao Mondego, sempre na companhia do seu caixote Kodak, com o qual fazia fotografias da natureza e, claro, do neto. Depois era vê-lo no corredor da casa a abrir a máquina, tirar o rolo de papel encarnado, revelar num tanque e pendurar o negativo com uma mola, enquanto os carretos de lata do referido rolo iriam servir para, juntamente com uma caixa de sapatos e os quadrados do Reizinho, fazer de máquina de "projectar cinema", para os putos da rua Corpo de Deus. Assim nasceu em mim o gosto pela fotografia, paralelamente com o gosto pelos jornais. Era a época do final da 2.ª Grande Guerra, com imagens espectaculares dos primeiros repórteres de guerra; as notícias eram lidas pelo meu avô, como se tratasse dum Telejornal! E assim nasceu o gosto pela fotografia e pelos jornais, que se mantém hoje da mesma forma. A vida foi vivida intensamente em Coimbra e na época de 65/69 tudo se alterou, não só pelas novas leituras que nos chegavam da França em ebulição, dos EUA e, mais junto a nós, das crises académicas que se viveram na Lusa Atenas. E é nessa altura que a fotografia surge de novo na companhia de alguns amigos do núcleo de fotografia da AAC [Associação Académica de Coimbra], tendo como grande entusiasta António Portugal, com quem mais tarde criei o núcleo de fotografia do Ateneu. Mas foi na guerra de África que a fotografia veio com mais força; muitas imagens foram publicadas na revista Tempo e no Diário de Notícias; recentemente, voltaram às páginas do meu livro. E assim, desde 1971, que não tenho parado, sempre a fazer fotografia e jornalismo, e raramente faço um artigo que não seja acompanhado de imagens. Para mim a fotografia tem sempre que me dizer algo, seja uma paisagem ou um rosto, e tanto gosto de umas rugas de um idoso como de um sorriso de criança ou, ainda, de uma paisagem, mas tento sempre destacar um pormenor que, normalmente, passa despercebido à maioria das pessoas. Desde 1978 que vivo nesta região e a paixão pela Ria surge porque sou um amante de tudo o que me rodeia; depois, aprendi com o Mestre Cândido Teles a "ver" a Ria da forma como ele a via e, na minha opinião, até agora, ele foi o único pintor que a "viu" como eu a "sinto e vejo". Fiz muita fotografia a preto e branco, em especial no "25 de Abril 1974", mas o custo dos processos laboratoriais e a demora, em contrapartida com os processos de revelação a cores, mais rápidos e baratos, fizeram com que as fotos a preto e branco fossem "esquecidas", até porque a minha colaboração com os jornais tinha de ser a cores. Claro que o preto e branco tem as suas características e eu costumo dizer que há fotografias que só "resultam" a cores e outras a preto e branco. A fotografia dos nossos dias nada tem a ver com a de há cinco ou dez anos atrás; porém, o principal continua, isto é, quem não tiver imaginação e não souber "ver", pode até ter o melhor equipamento do mundo, mas não conseguirá fazer fotos com arte, seja ela analógica ou digital. Sobre as minhas exposições, posso dizer que tenho tido boa aceitação por parte dos visitantes, e até o meu livro – "40 de fotografia" – já vai na 2.ª edição. Faço estas exposições com duas finalidades: mostrar o que faço e dar oportunidade a outros de possuírem trabalhos meus, o que me dá um grande prazer; depois, ajudar quem precisa, sendo o resultado das exposições entregue ao Rotary Clube de Ílhavo, para apoio à Obra da Criança. E como agora a colaboração nos jornais já é reduzida, devido às novas tecnologias, a fotografia vai ter um papel importante e já está na forja uma exposição sobre o tema VIDA! Texto elaborado a partir de uma entrevista via e-mail
Fernando Martins

Lembrança dessa coisinha tão querida

Miura na cesta
Miura Longo tempo em dedicação exclusiva Viveram lado a lado, em liberdade. Mas num golpe de pura crueldade De mau destino ela ficou cativa. Amargurado, triste em recidiva Refém de uma corrosiva saudade, Abrandou na sua vitalidade E a sua existência foi passiva. Miura dele partiu, estremecida, Privaram-no da sua companheira Que sempre foi uma dádiva da vida! Lembrança dessa coisinha tão querida Há-de ser para a dona uma bandeira De ternura total e bem cumprida! M.ª Donzília Almeida 11.08.09

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quando eu era menino...

O regueirão
Escrevi hoje uma pequena história vivida há uns 60 anos. Pode lê-la aqui.

Viver um cristianismo com piada

Se dissermos que Deus é Amor, ninguém se espanta. A afirmação tornou-se até um pouco banal à força da repetição. Mas se dissermos que Deus é Humor, ficamos em estado de alerta, porque nos parece que alguém está a tentar entrar, no território de Deus, “pela entrada dos fundos” e não pela “porta principal”. A verdade é que o Amor não dispensa o Humor.
O cristianismo não é propriamente conhecido por ser a religião da alegria, e é uma pena. «O cristianismo seria muito mais credível se os cristãos vivessem em alegria», escreveu Nietzsche, e não podemos dizer que sem razão. O nosso testemunho fica muitas vezes refém de uma gravitas insonsa. Esquecemos demasiado o Evangelho da alegria que arrisca-se a tornar uma espécie de tópico marginal.
Por exemplo, quando citamos uma frase bíblica, raramente ela diz respeito à alegria. E, no entanto, a Bíblia é uma espécie de gramática do Humor de Deus. Por incrível que pareça, aquela biblioteca tão séria é também hilariante e está cheia de risos, embora esta dimensão seja, entre nós, escassamente referida. Há páginas que constituem um puro alfabeto da Alegria e muitos momentos que só são compreendidos por quem arriscar sorrir. É que a Revelação de Deus propaga-se numa dinâmica que é claramente jubilosa. Talvez tenhamos de levar mais a sério o verso brincado que o Salmo 2 nos segreda: «O que habita nos Céus, sorri». Ou perceber que a expressão crente é chamada a desenvolver-se como uma coreografia festiva, à maneira do que descreve o Salmo 33: «Alegrai-vos no Senhor, louvai o Senhor com cítaras e poemas, com a harpa das dez cordas louvai o Senhor; cantai-lhe um cântico novo, tocai e dançai com arte por entre aclamações».
O humor abre espaço nas nossas vidas à surpresa. Rimo-nos porque, sem esperarmos, uma palavra cheia de graça vem ao nosso encontro. Na verdade, também a Fé não é, de todo, uma experiência previsível, um mapa prévio muito detalhado, mas uma abertura ao inesperado de Deus que nos convoca... José Tolentino Mendonça

Comandante José Vilarinho, algures em cruzeiro

Comandante José Vilarinho, ao centro, num Polar-Bar

ITTOQOORTOMIT, para quem chega,
é como chegar ao fim do mundo
Espero que estas minhas linhas o possam encontra de boa saúde, assim como toda a sua família. Deve pensar que me esqueci de si e dos leitores do seu blogue, mas não é o caso; apenas a rotina por aqui tem sido muito pesada e stressante, pois estes cruzeiros do norte são mais exigentes, a nível de horas na ponte; e no final, quem paga é o descanso. De qualquer modo, não podia deixar de passar algumas imagens destes distantes destinos, que muito gosto de partilhar consigo e com todos os leitores do Pela Positiva. Da minha parte, mais uma vez, um muito obrigado pela companhia feita através da blogosfera, pois é raro o dia em que não vou dar uma espreitadela, para saber coisas da nossa terra.

Paquete do Com. José Vilarinho

Estou quase no final da minha temporada. Dentro de 15 dias desembarco para férias. Estou a terminar uma viagem de 23 dias, que nos levou desde a Alemanha, subindo toda a Noruega, depois todo o Spitzbergen, até aos 80 graus de Latitude Norte. Daí cruzámos para as distantes paragens da Gronelândia, descendo a sua costa Leste até a uma pequena cidade chamada ITTOQOORTOMIT, que, para quem chega, é como chegar ao fim do mundo. Da Gronelândia cruzámos para a Islândia, Ilhas Faroes, de volta ao Sul da Noruega, e vamos terminar na Alemanha, de novo. A subida da Noruega é feita através das passagens maravilhosas dos famosos Fiordes, onde cada cidade visitada parece um paraíso, tirado de um livro de histórias de encantar, onde não faltam as lendárias personagens Norueguesas, chamadas TROLLS, a dar-nos as boas-vindas.

Bebé em terra de muito frio

A natureza mistura, numa harmonia perfeita, neve, florestas, água doce originária dos degelos nas montanhas, criando lindíssimas quedas de agua, e, na base de tudo, água do mar. Tudo isto torna os fiordes da Noruega algo único, que só visitando é possível apreciar devidamente, já que não há fotos que possam descrever tanta beleza. No Norte da Noruega foi possível admirar um maravilhoso Sol da meia-noite, no Cabo Norte, e desde então praticamente não se encontram seres humanos, pelas remotas paragens dos Spitzbergen. Ao chegar a Ittoqoortomit, uma pequena aldeia perdida no sul da Gronelândia, voltamos a encontrar pessoas, e aí muitos valores das riquezas materiais, tão importantes no mundo ocidental, perdem todo o seu valor, e somos levados a pensar, seriamente, quanto somos RICOS, sem muitas vezes darmos o devido valor a essa realidade.

Iceberg a caminho do Sul

A pobreza e as condições de vida destas 200 pessoas que ali vivem, em condições tão difíceis, principalmente no Inverno, são visíveis por todos os lados da aldeia. São visitados apenas por dois navios de abastecimento duas vezes por ano, raramente são visitados por navios de cruzeiro, mas mesmo assim é possível ver alegria no rosto das crianças que brincavam com vários objectos e que alguns deles, no nosso civilizado mundo, são chamados lixo ou sucata. As pessoas que se cruzavam nos caminhos sorriam, simpáticos e felizes, por poderem mostrar os seus bebés, as suas casas e os seus cães.
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José Vilarinho
NOTA: Continua

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

JARDIM OUDINOT – Um Ano de Vida Nova



Assinala-se, hoje, 10 de Agosto, o primeiro aniversário do Jardim Oudinot, na sua nova versão surgida como consequência de um investimento de reabilitação e requalificação ambiental e patrimonial, que a Câmara Municipal de Ílhavo realizou com de cerca de 3,5 milhões de euros e uma parceria com a APA (Administração do Porto de Aveiro). 
Localizado numa zona ribeirinha de relevante interesse paisagístico, ambiental e histórico-patrimonial, entre a área urbana da Cidade da Gafanha da Nazaré, o Forte da Barra e a área de actividade portuária, o Jardim Oudinot, que foi inaugurado há um ano, veio dar qualidade à zona que acolhe por terra o Navio-Museu Santo André, Pólo do Museu Marítimo de Ílhavo. 
No seu primeiro ano de vida, viveu momentos altos, com a realização do Festival do Bacalhau 2008 e com a Regata dos Grandes Veleiros, tendo acolhido milhares de pessoas que, durante todo o ano, fizeram os seus passeios, merendas, utilizaram o Circuito de Manutenção, os dois equipamentos polidesportivos, os dois parques infantis, o parque de manutenção Sénior, a praia fluvial, e os seus espaços verdes.
Neste seu segundo ano, vai ser activado o Bar de Praia e o Bar-Restaurante da Guarita, e iniciada a utilização do ancoradouro situado junto à Capela da Nossa Senhora dos Navegantes. O futuro próximo vai seguramente ser marcado pela chegada de novas e importantes capacidades que, agregadas ao Jardim Oudinot, vão aumentar cada vez mais a sua atractividade e a sua condição de local de múltiplas actividades e de carácter extraordinário. 
O Festival do Bacalhau 2009, que vai decorrer de 19 a 23 de Agosto, é o próximo acontecimento importante que o Jardim Oudinot vai acolher. Fonte: CMI

Casa-Museu Afonso Lopes Vieira

Passar por São Pedro do Moel e não visitar a Casa-Museu Afonso Lopes Vieira é como ir a Roma e não ver o Papa. Afonso Lopes Vieira (1878-1946) foi um escritor multifacetado, onde sempre sobressaía o poeta e o homem de cultura. 
A poesia, a prosa, a literatura infantil, as adaptações, o cinema e o ensaio encheram a sua vida. Mas no fim, ainda houve lugar para o homem solidário, tendo doado a sua casa, em São Pedro do Moel, para ali funcionar uma colónia de férias para filhos dos trabalhadores vidreiros e florestais. Ainda hoje funciona. 
Não tendo sido, na sua juventude, um crente, pelo casamento tornou-se um homem de fé. Curiosamente, a ele se devem os versos que são uma indiscutível marca das aparições de Fátima, o célebre Ave de Fátima, com a assinatura de um servita. 
A Casa-Museu, antiga residência de férias, e não só, do poeta, merece uma visita. O visitante pode, se quiser, sentir ao vivo a ambiência que Afonso Lopes Vieira usufruiu, com o bater das ondas na sala de estar banhada de sol, que o artista fixou em fotografias. 
A luz é presença permanente na sua alma e nos seus registos. Cultor do espírito franciscano, manifestado numa vida austera e numa preocupação pelos mais sofredores, a sua obra é reflexo de grande humanismo e da sua ternura para com as crianças.

FM

Poema de Afonso Lopes Vieira,

Onde a terra se acaba e o mar começa
é Portugal;
simples pretexto para o litoral,
verde nau qu'ao mar largo se arremessa.

Onde a terra se acaba e o mar começa
a Estremadura está,
com o Verde Pino que em glória floreça,
mosteiros, castelos, tanta pátria ali há!

Onde a terra se acaba e o mar começa
há uma casa onde amei, sonhei, sofri;
encheu-se-me de brancas a cabeça
e, debruçado para o mar, envelheci...

Onde a terra se acaba e o mar começa
é a bruma, a ilha qu'o Desejo tem;
e ouço nos búzios, té que o som esmoreça,
novas da minha pátria - além, além!...


Afonso Lopes Vieira, 

Onde a Terra se Acaba e o Mar Começa, 

Bertrand, 1940

O odiado Pinho estava no bom caminho

Martim Avillez Figueiredo, director do i, usa o seu editorial para, de forma simples e directa, traçar linhas esclarecedoras da nossa realidade política, social e económica.
Hoje afirmou que “A Inglaterra corre o risco de ficar sem electricidade já em 2012. Isso: sem electricidade. Um dos países mais poderosos do planeta está em vias de se apagar porque não consegue produzir energia suficiente para as suas necessidades”. E depois explica porquê. E adianta: “O odiado Manuel Pinho, com que todos embirravam pelas suas curiosas aparições públicas, (…) montou um plano de investimento em energias renováveis – vento e água, sobretudo – que chamou até a atenção do prémio Pollitzer”. O editorial merece ser lido Esta minha chamada de atenção serve para dizer que muitas vezes somos levados a ficar com ideias erradas de certos políticos, e não só, por força de tiradas jornalísticas e de ataques políticos, com o único intuito de dizer mal, para destruir. Afinal, o ministro que foi despedido pelo Governo estava no bom caminho. FM