domingo, 14 de junho de 2009

CRISTIANO RONALDO vai ganhar, por hora, mesmo a dormir, 1255 euros: Ofensa grave à moral social

O que tem feito o Cristiano Ronaldo
na Selecção Nacional?
Nada que se veja.
Será que a Federação Portuguesa
não lhe paga o devido?
Não gosto de me meter em coisas do futebol porque há muito deixou de ser um desporto, onde se jogava por amor à camisola. Hoje o dinheiro é rei e senhor num mundo dentro do mundo em que vivemos. Inclusive com leis e tribunais à margem do que existe para o comum o cidadãos. No tal mundo os jogadores são vendidos e comprados como escravos dos tempos antigos. Com uma diferença: os tais escravos antigos não eram remunerados; os jogadores do futebol, agarrados à ideia de que a sua vida profissional é mais curta do que o habitual, ganham fortunas. Não serão todos, é certo, mas muitos, quando deixam o futebol, não precisam mais de trabalhar. Com isto, há clubes que vão à falência e outros que, por artes nem sempre claras, descobrem maneira de pagar somas fabulosas a alguns craques. É frequente ouvir-se dizer que o clube tal está falido, mas na hora das contratações o dinheiro aparece na mesma. Terminam o ano desportivo com dívidas aos milhões, mas a vida continua como se isto tudo fosse coisa normal. Cristiano Ronaldo, até há pouco jogador do Manchester United, foi transferido por 94 milhões de euros para o Real de Madrid. Em Espanha, como em Inglaterra e em Portugal, e mesmo por toda a parte, há milhões de desempregados e outros tantos a passar fome. E por mais que o povo proteste e reclame medidas para debelar a crise económica e social, os Estados vêem-se e desejam-se para encontrar soluções, que garantam pão para a boca de imensa gente. E não conseguem descobrir a varinha mágica que, por encanto, dê trabalho a quem dele precisa. Mas para um jogador de futebol, o dinheiro aparece. Pois o nosso compatriota Ronaldo, que marca tantos golos ao clube que lhe paga bem como muda de namorada a qualquer hora do dia e da noite (que exemplo para a juventude!), vai ganhar 211 mil euros por semana, ou seja, 1255 euros por hora. Ganha numa hora de sono mais do que a grande maioria dos trabalhadores portugueses durante um mês. E tudo isto perante a passividade da UEFA e da FIFA, organismos que superintendem nesta actividade escandalosa. Confesso, como homem comum, que nem sei como hei-de classificar esta pouca-vergonha: se desonestidade social ou outra coisa qualquer. E mais curioso é que há muita gente a rir-se, porque o seu ídolo (que não o meu) vale isso e muito mais. Até pessoas que não têm onde cair mortas de fome deliram com as aventuras futebolísticas e amorosas do craque. Bem vejo a satisfação desses adeptos. E mais: em países onde não se apoiam condignamente cientistas, artistas de vários matizes, instituições abertas a ajudar quem mais precisa, desempregados, esfomeados, sem-abrigo e empresas que caem na falência, por não haver dinheiro para ajudas, há milhões para uns tantos nos alienarem (eu não vou nisso) com o futebol. Que mundo este, meu Deus. Só mais uma ideia. O que tem feito o Cristiano Ronaldo na Selecção Nacional? Nada que se veja. Será que a Federação Portuguesa não lhe paga o devido? Fernando Martins

Legitimidade democrática

Cada eleição tem a sua finalidade muito concreta,
que deve ser rigorosamente respeitada.
Fugir disso é brincar com a política,
com a democracia e com a vontade do povo.
Todos nós sabemos que o PS foi eleito para governar o nosso País, desta feita com maioria parlamentar. Tem, por isso, legitimidade democrática para levar até ao fim o mandato que recebeu do povo, pese embora o grito de protesto que desde sempre surge, por parte de quem saiu derrotado nas eleições. O actual Governo não fugiu à regra. Outro que fosse passaria pelo mesmo calvário. Dizem que faz parte da democracia. Houve há dias eleições para o Parlamento Europeu, tendo saído vencedor o PSD, para nos representar, na UE, com maior número de deputados. Tanto bastou para que por todos os cantos se clame contra o primeiro-ministro e o seu Governo, alegando-se que está provado à saciedade que o executivo já não tem legitimidade para ocupar as cadeiras do poder. Diz-se, até, que Sócrates nada mais pode fazer do que administrar um Governo de gestão, limitando-se a dar seguimento a assuntos correntes e sem significado político. Tenho pena que muitos políticos percam, por doentia visão interesseira e partidária, a noção dos direitos decorrentes de eleições legítimas. Cada eleição tem a sua finalidade muito concreta, que deve ser rigorosamente respeitada. Fugir disso é brincar com a política, com a democracia e com a vontade do povo. Fernando Martins

Figueira da Foz: Varandas Floridas

Sinal inquestionável de bom gosto
:
Gosto muito de apreciar varandas floridas. Por norma, quem passa olha e volta a olhar. Na Figueira da Foz, como em muitas outras terras, há esse bom gosto. O ar florido é inquestionavelmente visto como sinal de amor à vida campestre. Dizem que flores em casa traduz o prazer e a necessidade de se ter a natureza por perto. Quem diz isto tem razão. Daí o facto de os urbanos ornamentarem as suas casas e varandas com plantas e flores. Cultive-se, então, esse amor à mãe-natureza.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 135

BACALHAU EM DATAS - 25
NAVIOS REQUISITADOS
NA I GRANDE GUERRA 1914-1918
Caríssimo/a:
Já aqui falámos do arrastão ELITE, da Parceria Geral de Pescarias, que tinha sido adquirido para a pesca do bacalhau na Terra Nova em 1909. Apesar de participar nas campanhas de 1909 e 1910, não provou bem por razões várias: máquina grande mas pouco potente para puxar as redes; elevado consumo de carvão; a técnica da pesca com a rede estava na mão do mestre de redes; um francês contratado não colaborava com o capitão do arrastão; o pessoal não estava preparado para este tipo de pesca. O navio foi retirado da pesca do bacalhau. Entretanto deflagrou a I Grande Guerra...
Todos sabemos que «é prática corrente a maioria das Marinhas, mesmo as mais dotadas de meios, em períodos de crise e em casos de hostilidades declaradas, socorrerem-se de navios de comércio, de pesca e até de recreio, para aumentarem os seus efectivos navais pois em tempo de guerra os navios militares nunca são demais».
Como a Alemanha declarou guerra a Portugal, em 9 de Março de 1916, algumas dezenas de navios (26 de comércio, 13 de pesca e 2 de recreio) foram requisitados, artilhados e incorporados na nossa Armada. O arrastão “ELITE”, (o primeiro arrastão Português destinado à pesca do bacalhau) foi requisitado em 13 de Junho de 1916, passando a ser o N.R.P. “AUGUSTO DE CASTILHO” que teve vários encontros com submarinos alemães: Em 23 de Março de 1918, navegando do Funchal para Lisboa, comandado pelo Primeiro Tenente Augusto de Almeida Teixeira, comboiando o paquete “LOANDA”, abriu fogo a cerca de 500 metros sobre um submarino inimigo que mergulhou prontamente. Em 21 de Agosto de 1918, navegando ao largo do Cabo Raso, comandado pelo Primeiro Tenente Fernando de Oliveira Pinto, atacou com tiros de artilharia um submarino alemão de grandes dimensões que desapareceu rapidamente. No dia 14 de Outubro de 1918, navegando do porto do Funchal para o de Ponta Delgada, comandado pelo Primeiro Tenente José Botelho de Carvalho Araújo, escoltando o paquete “SAN MIGUEL”, da Empresa Insulana de Navegação, o qual, por sua vez, era comandado pelo Capitão da Marinha Mercante Caetano Moniz de Vasconcelos e transportava 206 passageiros e muitas toneladas de carga diversa. Às primeiras horas da manhã foram os dois navios Portugueses avistados pelo submarino alemão U-139 que tentou atingir o paquete o que só não conseguiu porque o “AUGUSTO DE CASTILHO” se interpôs entre o atacante e o atacado. No combate desigual, que se seguiu e que incrivelmente se prolongou por mais de duas horas, perdeu a vida o heróico Comandante Carvalho Araújo e mais seis elementos da sua guarnição de 42 homens. Ora, a nossa geração muito falou da heroicidade do Comandante Carvalho Araújo e alguns ainda se lembrarão duma poesia de Adolfo de Simões Müller (na página 272 da antologia «Portugal Gigante»): Comboiava o «S. Miguel» A caminho dos Açores Um barquinho português Que fora de pescadores. Quando os nossos iam quase Seguros do seu destino, Surgiu de repente ao longe Um enorme submarino. ... Travou-se um longo combate, Como outro nunca se deu: Era assim como um gigante A lutar contra um pigmeu! Dentro em pouco o nosso barco Era um monte de madeira, Tendo dentro um coração E no topo uma bandeira. ... Carvalho Araújo expira, Dizendo com altivez: - «Morro..» (e mal se ouviu o resto) «... Como morre um Português!» O seu corpo lá ficou Tendo as ondas por coval, Aquelas ondas que foram O berço de Portugal... ... Além do patrulha de alto mar “AUGUSTO DE CASTILHO” perdeu-se nesse período também o caça-minas “ROBERTO IVENS”, anteriormente arrastão da pesca do alto. Manuel

VISITA À LOJA DE DEUS

Na loja de Deus só temos sementes e não árvores
Fui à feira do mundo. Atraído por um slogan, entrei na zona das lojas. Encontrei de tudo, até uma que, em reclame publicitário, reluzia ao longe: “Loja de Deus”. Cheio de curiosidade, entrei com cuidado e pus-me a observar. Aproxima-se de mim o empregado que, solícito, me pergunta: “que deseja, senhor?” Eu, que ainda não tinha desejos claros, senti-me cúmplice e disse, a conta-gotas, com humilde simplicidade: “Eu preciso de algo que suavize as minhas necessidades: paciência, sobriedade, atenção aos outros, delicadeza, humor, olhos limpos de preconceitos, coração sem pressas de julgar”. «Quero felicitá-lo porque acertou em cheio. Aqui temos o que procura e ainda mais» – respondeu, sem demora, despertando em mim uma enorme curiosidade e alegria. Ia a retirar-se quando lhe disse a quantidade dos produtos que pretendia. Anotou, sorridente, e foi-se. A minha expectativa era enorme... Os momentos de espera foram longos e sofridos. Era desta vez que alcançaria o que há muito procurava. Finalmente, vejo por trás da estante a silhueta do funcionário que regressa. Entro em agitação exultante. Aproxima-se de mim com uns saquinhos que continham pequenas quantidades, bem doseadas e arrumadas. “Mas”… ia eu a perguntar, quando ele me disse com voz clara e ar sorridente: «Na loja de Deus, só temos sementes e não árvores. Ofereço-lhas, de boa vontade, pois aqui tudo é gratuito. O resto é consigo e com a sua família ou colegas de trabalho, com a sociedade e a comunidade cristã a que pertence. A árvore e os frutos que produz são o símbolo da nossa vida. Hão-de brotar, crescer, amadurecer e serem saboreados com esforço persistente e ambiente favorável. Embora a seiva que lhe imprime tal ritmo e vitalidade ultrapasse a nossa compreensão. Pertence a Deus!» Agradeci ao Anjo do Senhor o seu sábio conselho e, desde então, vou tentando ser um ramo novo da Árvore da Vida que um dia foi semente em germinação. Georgino Rocha

sábado, 13 de junho de 2009

Martini: o outro Papa?

Cardeal Martini

Lembro-me de há anos um professor de Teologia, em Tubinga - encontrava-me lá na altura -, aquando da proibição pelo Vaticano de homilias feitas na Missa por leigos e leigas, ter feito apelo à greve às Missas no Domingo seguinte. Aquando da expulsão do bispo de Nampula, em 1974, os padres, porque a Diocese estava de luto, fizeram greve às celebrações litúrgicas da Semana Santa. Agora, foram padres da República Centro-Africana que anunciaram - depois, fizeram marcha atrás - que, como sinal de respeito e carinho para com o arcebispo de Bangui, P. Pomodino, destituído pelo Vaticano, bem como Fr.-X. Yombandje, Presidente da Conferência Episcopal, por terem mulher e filhos, não celebrariam sacramento algum.

Entretanto, a Cúria Romana apressa-se a estabelecer penas mais severas para os padres que violem a promessa de castidade ou a doutrina oficial.

Independentemente da questão da greve religiosa, é-se hoje convocado para alguns problemas complexos da Igreja institucional, que exigem debate livre, plural e responsável. Entre eles, a questão da democracia interna, da igualdade das mulheres, da sexualidade e, neste domínio, concretamente, da lei do celibato obrigatório para os padres.

Neste contexto, evoco o Cardeal Carlo Martini, biblista eminente, antigo arcebispo de Milão, apontado por muitos como "papabile", no seu último livro. O padre Luigi Verzé encontrou-se com ele de Fevereiro a Abril deste ano, e, das suas conversas, nasceu o livro Siamo tutti nella stessa barca (Estamos todos no mesmo barco), que acaba de ser publicado.

Martini começa por confessar o sofrimento que lhe causa "o facto de ver que a cultura do mundo avança com um passo mais veloz do que o da Igreja oficial". Exemplificando com a biologia, depois de afirmar que o embrião não pode ser considerado "de modo puramente instrumental", também diz que compreende que "se ponha hoje o problema de tantos embriões destinados um dia a morrer congelados e que poderiam ser utilizados para a investigação".

Precisamente quanto ao celibato, reconhecendo que é "uma questão delicadíssima", afirma que é preciso caminhar no sentido da opção livre: "Creio que o celibato é um grande valor, que permanecerá sempre na Igreja: é um sinal evangélico. Mas isto não significa que seja necessário impô-lo a todos. Aliás, nas Igrejas orientais católicas já não é exigido a todos os sacerdotes". Alguns bispos propõem ordenar homens casados com experiência e maturidade. Martini chama a atenção para o perigo do clericalismo, acrescentando: "Estou certo de que haverá sempre muitos que optarão pela via celibatária. Porque os jovens são idealistas e generosos. Mas há no mundo algumas situações particularmente difíceis, especialmente nalguns continentes. Penso que compete aos bispos desses países apresentar estas situações e encontrar soluções".

O cardeal confessa, em comunhão com Verzé, que há múltiplos problemas que mostram uma Igreja "demasiado afastada da realidade". Outro exemplo disso é a sua atitude para com os católicos divorciados e recasados, que se encontram entre "as muitíssimas pessoas que na Igreja sofrem porque se sentem marginalizadas". Evidentemente, é preciso distinguir, pois "não devemos favorecer a leviandade nem a superficialidade, mas promover a fidelidade e a perseverança. No entanto, há alguns que se encontram hoje numa situação irreversível e sem culpa. Talvez tenham contraído novos deveres para com os filhos do segundo casamento, não havendo nenhum motivo para voltar atrás; pelo contrário, esse comportamento não seria adequado. Assumo que a Igreja deve encontrar soluções para estas pessoas".

A eleição dos bispos merece igualmente atenção. É uma questão muito complexa, mas o actual modo de elegê-los "deve ser melhorado". O problema existe e "deve poder fazer-se uma discussão pública sobre o tema".

Martini não é o outro Papa, no quadro de uma cisão na Igreja. Ele exprime a sã multiplicidade de opiniões na Igreja. Como ele próprio diz, "é necessário que a Igreja toda se ponha a reflectir e, guiada pelo Papa, encontre vias de saída".

Anselmo Borges

sexta-feira, 12 de junho de 2009

NOVA LETRA PARA O HINO NACIONAL?

“Tem de haver uma mudança radical no nosso olhar para nós mesmos. Portugal vive praticamente a duas cores. Cor-de-rosa e cinzento. Pouco adequado a um país com muito sol e um enorme mar azul à frente. Há cada vez mais gente a cantar em inglês (especialmente na zona centro, vá-se lá saber porquê), o que denota um afastamento gradual da língua mãe, e portanto da nossa razão de ser povo. Porque não voltar a ter uma bandeira bonita? Já a tivemos, era azul e branca. E, já agora, tirar aquela ridícula letra do hino e deixar a música viver em pleno, que o hino é muito bonito.” Rui Veloso Citado pelo jornal i
IDEIAS PARA PENSAR
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Ora aqui está uma ideia para pensar. Eu sei que as nossas prioridades estão centradas na política e no mais feroz e avassalador objectivo, que é a economia. Sem ela, não creio que haja vida digna. A velha teoria do amor e duma cabana já lá vai há muito. Mesmo assim, acho que há ideias interessantes, como esta lançada por Rui Veloso. Diz ele que o nosso mar e o nosso céu, com sol que baste para tornar o nosso País bastante luminoso, poderiam inspirar uma bandeira diferente, com cores mais consentâneas com a nossa realidade. O verde e vermelho, duas cores que casam tão mal, apenas terão surgido por oposição agressiva às tradicionais cores da bandeira nacional, em que o azul e o branco pontificavam. E assim ficou, até hoje, explicando-se o facto com argumentos que de outra forma também se arranjariam a contento de todos. Depois abordou a questão da letra que considerou ridícula. Aliás, não é primeira vez que alguém a contesta. Que eu saiba, o primeiro a fazê-lo foi Alçada Baptista, em Chaves, no discurso (depois publicado num dos seus livros) do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Na altura, não faltaram protestos contra o autor da ideia. Mas ele, com a sua bonomia, ria-se e dizia, com graça, que há muita gente que canta o Hino Nacional, sem sequer pensar no que está a dizer. Pois é. Então, por que razão não se há-de pensar no assunto? Alçada Batista tinha destas coisas. Um dia também contestou a oração que nós, católicos, muito rezamos e que é a Salve, Rainha. Afirma ele que não faz sentido usar palavras e expressões como “os degredados filhos de Eva”, “vale de lágrimas” e “desterro”. Expressões e palavras que denunciam pessimismo e uma visão negativa da vida. Seja como for, acho que o Hino Nacional merece outra letra, já que a música, como diz Rui Veloso, é muito bonita. Quanto à Salve, Rainha, não acredito que alguém lhe mexa. Mas como há tantas outras orações expressivas e optimistas, o melhor é optar por elas.
Que dizem os meus leitores e amigos? Fernando Martins