domingo, 10 de maio de 2009

Artefactos do Titanic expostos em Lisboa

Colheres do Titanic (Fonte: marintimidades)
Uma exposição com 200 artefactos recuperados do Titanic abriu em Lisboa. A reportagem veio hoje na PÚBLICA, sendo um desafio aos apaixonados por estes assuntos. Ana Maria Lopes, a “dona” do Marintimidades, publicou há tempos uns escritos sobre o seu talher do paquete que “nem Deus seria capaz de afundar”. Tenho cá um palpite que esta ilhavense, especialista em temas marítimos, não deixará de visitar esta exposição. E se assim for, teremos relato pela certa. A mostra pode ser vista no Espaço Rossio, Estação do Rossio, Lisboa, todos os dias, das 10 às 21 horas, até início de Agosto. Par mais informações, ver www.titaniclisboa.com

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 130

BACALHAU EM DATAS - 20
Iate Razoilo
OS PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XX
Caríssimo/a:
1904 - Segundo Rui Cascão : “A partir de 1904, a flotilha passa a contar com outro navio, o lugre LEOPOLDINA. A Figueira ocupava o segundo lugar a nível nacional, com 6 navios bacalhoeiros, a seguir a Lisboa (10 navios) e antes de Aveiro e Ponta Delgada (1 navio cada)”. [Oc45, 80] [Em 1904] o número de navios portugueses na pesca do bacalhau aumentou em mais seis unidades [em relação a 1903 passando a ser 18]. [Oc45, 81] A marinhagem de um barco da Figueira da Foz, quase toda de Ílhavo, foi dizimada por envenenamento das águas de provisão, contaminada pela decomposição do corpo de uma rela: “A água começou a ter mau sabor, mas bebeu-se à falta de melhor. Era a que havia.” [Oc45, 88] O primeiro arrastão francês a vapor que pescara na Terra Nova fizera-o em 1904. [Oc45, 95] 1905 - Os proprietários do NÁUTICO transferem a seca do bacalhau da Gafanha da Nazaré para Lisboa. [Oc45, 82] 1905 foi um ano bom para a pesca do bacalhau. [Oc45, 81] Em 1905, um pescador do lugre ARGUS perdeu-se no seu dóri, e andou, sozinho, na imensidão do oceano, durante três dias e três noites, até ter tido a sorte de ser recolhido por um vapor que ia carregar madeira no Canadá. De outros nunca mais se soube. [Oc45, 88] 1906 - O iate RAZOILO, propriedade de uma sociedade composta por Manuel Faúlho Razoilo, João Ramalheira Júnior e José Pereira Júnior, é enviado, pela primeira vez, à Terra Nova. A seca foi igualmente estabelecida na Cale da Vila, na Gafanha da Nazaré, sendo o bacalhau vendido para a praça do Porto, perante o protesto da imprensa aveirense.[Oc45, 82] Os argumentos apresentados pela imprensa local para a não adopção da pesca a vapor... O «Nauta»: “[...] porque, sendo com vapores, a despesa seria muito maior, e além disso o calor das caldeiras prejudicaria o peixe, logo que não houvesse rigoroso cuidado. Também havia o inconveniente de, no caso de qualquer inesperada tempestade, os vapores não poderem manobrar imediatamente como os navios de vela, visto as caldeiras não estarem acesas.” [Oc45, 81] Note-se que, em 1906, Portugal havia exportado 2.565.819$00 de peixe, mas, em contrapartida, havia importado 4.695.000$000 réis do mesmo produto. Os custos do bacalhau representaram, em 1907, uma enorme fatia de cerca de três quartos [do valor dispendido em todos os peixes adquiridos]. [Oc45, 83] Em 1906, a imprensa local noticia o incêndio a bordo do iate SANTIAGO. Por um descuido do cozinheiro, perdeu-se o navio com todos os seus aprestos e as soldadas dos tripulantes, não tendo havido perdas humanas. O iate, como escreve o capitão Francisco Gonçalves Moreira, num esclarecimento publicado na imprensa, possuía meios elementares para apagar o incêndio (bomba, baldes, etc.), mas, apesar da ajuda das tripulações de outros barcos, não foi possível salvá-lo. O fogo “tinha chegado às latas de petróleo que estavam no rancho e ao carvão que estava no pique também começando a arder o mastro do traquete por baixo da inora e cujo pé do mastro vinha assentar na sobrequilha por dentro do rancho”. Além dos “papéis” pouco mais se salvou. [Oc45, 88]
Afinal, desde sempre, «além dos papéis pouco mais se salva»! E é curioso que os Homens estão incluídos n'«o pouco mais»!
Manuel

sábado, 9 de maio de 2009

Como devem os pais proteger os filhos?


No âmbito da Semana da Vida, que decorre de 10 a 17 de Maio 2009, enquadrando o dia 15 de Maio, constituído, universalmente, como Dia Mundial da Família, a Paróquia de Nossa Senhora da Glória – Sé de Aveiro promove uma conferência sobre “Como devem os Pais proteger os filhos?” 
A conferência vai ter lugar no dia 15 de Maio, pelas 21.30 horas, no Centro Paroquial Nossa Senhora da Glória, na Rua Batalhão Caçadores Dez, 67, com entrada livre. Como convidados, vão intervir o Prof. Freitas Gomes, director da Clínica do Outeiro e professor no Instituto Superior da Maia, Faculdade Lusófona do Porto, e no Instituto Superior de Serviço Social do Porto; e o dr. Rui Nunes, Coordenador de Investigação Criminal da Polícia Judiciária.

"Noite" na Barra vai ter aviso contra drogas

Jesus Zing, jornalista, diz, em artigo publicado no JN, que a “Noite” na Barra vai ter aviso contra drogas. Trata-se de uma iniciativa da Fundação Prior Sardo, da Gafanha da Nazaré, dirigida aos frequentadores dos espaços recreativos na Praia da Barra, durante a época balnear .

Os cristãos do Oriente

Quando se fala nos cristãos do Oriente, pensa-se geralmente nos "ortodoxos", que, em 1054, cortaram os laços com o Papa de Roma. Aqui, porém, refiro-me aos cristãos do Médio Oriente e do Egipto, incluindo os arménios, e também os do Iraque, Irão, Turquia, Etiópia. Na sua visita à Jordânia, Israel e Territórios Palestinianos, o Papa encontrará alguns deles, pois também há comunidades católicas. Embora o cristianismo tenha lá o seu berço, o número de cristãos no Médio Oriente é hoje minoritário, rondando os 6 milhões, uns 4% da população da região. Em Israel, são uns 500 000 (8% da população); na Palestina, 54 000 (1,5%); no Líbano, 40% (1 milhão e 400 mil); na Síria, 4% (750 000), no Egipto, 4 a 5 milhões (6%). Segundo a revista l'Histoire (Dezembro de 2008), há 4 milhões na diáspora (Europa, Estados Unidos e Austrália) e uns 6 milhões de cristãos siríacos na Índia. Estas Igrejas, que remontam muitas vezes aos inícios do cristianismo - foi em Antioquia, então capital da província romana da Síria, hoje, na Turquia, que aos discípulos de Jesus foi dado pela primeira vez o nome de cristãos -, caracterizam-se pela língua (frequentemente, o aramaico) e rituais litúrgicos especiais. A sua diversidade deve-se a múltiplos factores: históricos, políticos, teológicos. As controvérsias teológicas e a História - lembrar o Império bizantino, a irrupção islâmica, as cruzadas (a quarta teve efeitos dramáticos, com o terrível saque de Constantinopla), a conquista otomana, a Primeira Guerra Mundial, a queda do Império otomano, o imperialismo europeu, o estabelecimento do Estado judaico em 1948, a invasão do Iraque...) - criaram um mosaico de comunidades para as quais não é fácil traçar linhas claras de identificação. De qualquer modo, ainda hoje, quando por lá passamos, fica-se impressionado com divisões que podem chegar a agressões físicas por causa da ocupação dos "Lugares Santos". Os debates teológicos tiveram lugar nos primeiros séculos, concretamente IV e V, na tentativa de compreender o mistério de Cristo. Como é que Jesus pode ser Deus e homem? O arianismo negou a divindade de Jesus e foi condenado no Concílio de Niceia, convocado pelo imperador Constantino em 325. Os nestorianos reclamam--se de Nestório (381-451), patriarca de Constantinopla, que deu origem ao nestorianismo: afirma que Maria é mãe de Cristo-homem e não mãe de Deus (theotokos). Os coptas são monofisitas, afirmando que Cristo tem uma só natureza - a natureza divina. O monofisismo foi condenado em 451, no Concílio de Calcedónia, que formulou a definição da fé de que em Cristo há duas naturezas - a natureza divina e a natureza humana - que subsistem numa só pessoa, e teve como consequência a formação de Igrejas independentes: coptas, jacobitas, arménios, nestorianos. Nesta história complexa, estão presentes as controvérsias teológicas, mas não se pode esquecer a conquista muçulmana nem as cruzadas. De qualquer forma, os cristãos, cujo estatuto, no Império otomano, estava subordinado à lei islâmica, que os discriminava, mas não os impediu de ocupar cargos importantes, representariam, aquando da Primeira Guerra Mundial, 25% da população total na grande Síria otomana (Síria, Líbano, Palestina actuais). Depois, o século XX trouxe tempos mais sombrios - hoje serão, como disse, uns 4% -, do genocídio arménio ao êxodo em massa do Iraque. Mas, como escreve C. Mayeur-Jaouen, atenção para não reduzi-los a um "estatuto de eternas vítimas"! Têm de ser denunciadas a prática quotidiana de desigualdade e a perseguição a que estão sujeitos, mas também se não pode esquecer as consequências do fim do império otomano nem o "discurso de cruzada" do invasor americano no Iraque. Para o decréscimo do seu número contribuíram também razões demográficas e até mais possibilidades de saída para o Ocidente - 25 000 caldeus (ramo católico) vivem em França. É esperável um contributo positivo da viagem, difícil, de Bento XVI. A paz e o futuro destes cristãos dependem também da capacidade que os Estados da região e a comunidade internacional tenham para formar sociedades pluralistas e democráticas. Anselmo Borges

Um poema de Domingos Cardoso

POVO Cai o sol às chapadas sobre a aldeia E a procissão se alonga, lentamente, Entre a gente apinhada, pura e crente, Olhos no andor que o santo bamboleia. Embalada p’la banda que estrondeia Marca passo a irmandade reluzente Nas suas brancas opas, penitente, Remindo, quase sempre, culpa alheia. São homens que da terra se alimentam E, em suas mãos, os calos representam A nobre identidade... o seu brasão! O orgulho que em mim cresce é grande, é imenso Por ver que a este povo eu já pertenço Desde que ao mundo vim, sobre este chão!... Domingos Freire Cardoso

Crónica de um Professor

IRREVERÊNCIA
A aula iniciara às 8:30, como era a rotina, de mais uma 2.ª feira do seu horário lectivo. Era um bloco de 90 minutos… para começar bem a semana! Depois de um break prolongado do fim-de-semana, para recobrar forças, preparava-se a teacher parar um profícuo trabalho. Apresenta o material da aula, tenta cativar a atenção dos mais obstinados na dispersão mental, envolve-os nos skills que pretende desenvolver, nomeadamente no Speaking e a aula segue o seu ritmo habitual. Observa, com alguma estranheza, que o L.P. se dispersava, se perdia em gestos e movimentos pouco habituais. Era um aluno dedicado, participativo, com alguma puerilidade excedentária para a sua faixa etária e nível escolar. Várias vezes o interpela, no sentido de o chamar à ordem, no intuito de o fazer apreender e aprender os conteúdos daquela lição. Mas… o L.P., evocando na teacher o movimento de longa duração dos discos de vinil do século passado, teimava em manifestar a sua irrequietude. Estava agitado, aos olhos da mestra que já fora até, noutra circunstância, alvo de um seu rasgadíssimo “piropo”! Era uma “música” que não parava de “tocar”, insistente, insistente. Estranhava este inusitado comportamento! Era um modus operandi atípico, nesta criança dócil, viva, só um nisquinho irreverente, mas nada com que uma paciente e experiente professora não pudesse lidar. - Estranho! Cogitava a mestra falando com os seus botões! Noutro aluno, até teria achado normal, não num discente que sabia, até, ter um fraquinho por ela! No fim da aula, sorrateiramente, abeira-se dela e revela o segredo. - Setôra… hoje… portei-me mal… tenho consciência disso! Costumo portar-me bem e como já não me portava mal, há muito tempo… quis recordar o que era isso! A teacher fica desconcertada e um sorriso malicioso aflorou-lhe ao rosto… desvanecendo qualquer indício de irascibilidade. O que lhe perpassou, num relâmpago, foi a expressão muito utilizada pelas mães da Gafanha, no século passado, quando se deslumbravam com as gracinhas dos seus rebentos! - Apetecia-me roê-lo todo! Sem qualquer conotação pedófila (!?)… o que a teacher quis manifestar foi o gozo, o humor que aquela tirada do L.P., havia provocado nela. E… perante isto... que para a teacher é apenas mais uma das suas inúmeras peripécias docentes, resta a sugestão: a próxima canonização a integrar a Hagiografia Portuguesa, logo a seguir ao beato Nuno, deverá ser de um Professor! Merecem, não acham? Não se candidata, pela simples razão – tem o martírio (!!!), mas nem sempre a resignação de santo! E… mais acrescenta… até se disponibiliza a formar a comissão ad hoc, tal como aconteceu para a comemoração do Dia Mundial do Homem. As mulheres… trabalham!!!
Mª Donzília Almeida 08.05.09

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bento XVI e rei Abdallah II reforçam necessidade de diálogo na promoção da paz e respeito pelos lugares santos

Bento XVI sublinha as suas intenções de “peregrino da paz”, de quem quer “venerar os lugares santos que têm desempenhado uma parte tão importante em alguns dos principais acontecimentos da história bíblica”. No discurso de chegada, o Papa evidenciou a sua motivação espiritual e pastoral na viagem à Terra Santa. O Papa expressou um “profundo respeito pela comunidade muçulmana” e saudou o papel de liderança do rei Abdallah na promoção “de uma melhor compreensão das virtudes do Islão”. Bento XVI recordou a mensagem de Amman (2004), uma das “nobres acções” para “promover uma aliança de civilizações entre o Ocidente e o mundo muçulmano”, contrariando “as previsões daqueles que consideram a violência e os conflitos inevitáveis”. Também o rei Abdallah II, no seu discurso de boas vindas, apontou os esforços para promover a paz no Médio Oriente e no mundo, “incentivando o diálogo inter-religioso, apoiando os esforços para encontrar uma solução justa, evitando o extremismo”. O Papa relembrou ainda os esforços de paz desenvolvidos pelo antigo rei Hussein, pai de Abdallah II. “Que o seu empenho em resolver os conflitos na região continuem a dar frutos num esforço para promover uma paz duradoura e verdadeira justiça para todos aqueles que vivem no Médio Oriente”.
Fonte: Ecclesia

Conferências Primavera: Carlos Borrego falou sobre ambiente

Carlos Borrego, Alexandre Cruz e Francisco Melo, prior da Gafanha da Nazaré
É POSSÍVEL POUPAR ENERGIA SEM PERDER QUALIDADE DE VIDA
Depois de justificar que as areias depositadas na área do Porto de Aveiro resultaram de dragagens necessárias para a manutenção da Ria, Carlos Borrego, professor catedrático da universidade aveirense e presidente do Conselho Directivo do Departamento do Ambiente e Ordenamento, garantiu que há, “efectivamente”, zonas próximas do porto “que têm concentrações de partículas na atmosfera um pouco mais elevadas do que deveriam ter”, mas isso “não é genérico para toda a Gafanha”. O antigo ministro do Ambiente e Recursos Naturais de um Governo de Cavaco Silva abriu o 1.º Ciclo de Conferências da Primavera, ontem, no salão principal da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, por iniciativa da paróquia, abordando o tema “Questões Ambientais: Moda ou Urgência?” Antecedendo a intervenção do Prof. Carlos Borrego, actuou o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que apresentou alguns números do seu reportório, com o natural agrado dos que aderiram ao convite da paróquia.
Aspecto da assistência
Sobre a questão das areias depositadas na zona portuária, Carlos Borrego lembrou que a Ria precisa de ser dragada, para não correr o risco de desaparecer. Disse que tem conhecimento dos esforços desenvolvidos pela APA (Administração do Porto de Aveiro), mas não deixou de frisar que, por vezes, os benefícios de uns podem trazer prejuízos a outros. Reclamou o bom senso de saber “até onde é que nós devemos andar sem criar problemas ambientais complicados de resolver”. A propósito de algumas críticas sobre a instalação de certas unidades fabris, Carlos Borrego referiu que temos de olhar os assuntos sem o “fundamentalismo” que muitas vezes as questões ambientais suscitam. Contudo, salientou que “há limites, mas também há muito progresso que pode continuar a existir, desde que adequadamente sejam feitas as intervenções, sem criar problemas ao ambiente”. “Há hoje uma componente tecnológica que tem vindo a reduzir os efeitos que as indústrias têm, quer sobre a humanidade propriamente dita, quer relativamente a alguns recursos que temos disponíveis.” Na opinião do conferencista, se não houver respeito pela natureza, dentro de um século, 67 por cento da costa portuguesa poderão desaparecer, chegando “as praias a Coimbra”, tendo em conta que as temperaturas irão sofrer um aumento até sete por cento. O professor da UA afirmou que “a pobreza é o verdadeiro problema do ambiente, porque o número de pobres não pára de crescer”. Em 2007 havia no mundo 854 milhões de pessoas a passar fome, adiantou. Entretanto, enfatizou o facto de as catástrofes naturais estarem a crescer, década após década, naturalmente pelas ofensas que são feitas à natureza. Nessa linha, sugeriu que os consumidores devem rejeitar os produtos inimigos do ambiente, nunca descurando a obrigação de poupar energia. Sobre a poluição, que temos “o hábito de atribuir sempre aos outros”, o conferencista lembrou que uma simples e pequena pilha, atirada para o solo, pode poluir mil litros de água, se atingir o nível freático.
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
Mostrou, com exemplos práticos, que é possível diminuir os consumos “sem perder a qualidade de vida”. Desperdiçamos água e energia eléctrica, poluímos o ar e os solos, ignorando que são bens escassos, esclareceu. “Só perdemos qualidade de vida se não formos criativos”, referiu. Considerou importante e urgente promover campanhas de esclarecimento sobre a poupança nos consumos. Disse que as energias eólica, solar e das marés “não resolvem os problemas da sociedade”, acabando por anunciar que, dentro de 50 anos, a fusão nuclear será a mais viável “alternativa às actuais formas de energia”. As Conferências prosseguem nas restantes quintas-feiras de Maio, pelas 21 horas. Fernando Martins

PORTO DE AVEIRO

Trabalho gentilmente cedido por Carlos Anastácio, que agradeço.
FM

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O país dos hipermercados

Dolce Vita Tejo
1. A inauguração nestes dias de mais um mega centro comercial (Dolce Vita Tejo, inaugurado a 7 de Maio) continua a suscitar muitas e justas reflexões. Antes de mais, mesmo em cenários de crise, o novo espaço abre com 99% de ocupação, e estando apontado o retorno do investimento para longo prazo (15 anos). Claro que nada falta no novo espaço, havendo lugar privilegiado para a área de hipermercado além de toda uma variedade de serviços que vão crescendo nestas novas catedrais públicas que são os centros de consumo. Todas as marcas querem aparecer e reservar o seu lugar, as apostas da empresa promotora, a Chamartin Imobiliária, diz que o projecto está muito para além das crises ocasionais ou sazonais. 2. O investimento rondou os 300 milhões de euros, estando previstos cerca de 18 milhões de visitantes por ano e uma facturação estimada a mais de 280 milhões de euros. Tudo números tão altos que querem eles próprios ser atractivos e multiplicadores, não parecendo deixar qualquer sobra para o pequeno, para o campo e a aldeia, para o rústico, para o designado mercado tradicional. Ao olharmos para os países desenvolvidos do norte da Europa, observamos que conseguiram regular em ordem à preservação da loja, do mercado familiar e local, de modo a tudo não ficar centralizado unicamente nas mãos de alguns. Que significará a sedução nacional pelos grandes centros comerciais como se fossem o novo modelo de vida tido como moda de rico ou estilo citadino desenvolvido? Será reflexo do abandono rural da “terra” e do “campo”? Ter-nos-á faltado a devida regulação para não permitir toda esta centralização? 3. Nem saudosismos do passado, nem uma indiferença presente em relação ao tradicional e local que garanta a justa subsistência de tantas famílias… Talvez o “meio” esteja mesmo em fazer crescer, até pelas comunicações de internet, a rede de ofertas de bons produtos tradicionais (agrícolas) e serviços para que tudo não fuja para o hipermercado. Há vida para além...
Alexandre Cruz

Regata Santa Joana Princesa

Nos próximos dias 9 e 10 de Maio (sábado e domingo), vai realizar-se a Regata Santa Joana Princesa/Porto de Aveiro/ Universidade de Aveiro. Prova desportiva a decorrer no Campo de Regatas de Aveiro (logo após a Marinha da Troncalhada) entre as 11h-18h. Conta com o apoio do Porto de Aveiro e organização em parceria com a Escola de Vela do Sporting Clube de Aveiro. A regata vai reunir mais de uma centena de velejadores das várias classes de Vela, provenientes de vários pontos do país, proporcionado momentos de rara beleza.
Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

Saber ouvir com o coração

Ser Professor
Saber ouvir com o coração! Esperar pelo fruto que semeou; Renunciar à decepção! Prometer a si mesmo Repudiar o desalento. Onde há sinceridade, Ficará a amizade. Eternamente sonhador; Sonhos loucos Sonhos poucos Onde está o Reformador? Mª Donzília Ameida 06.05.09

ABERTURA DA BARRA DE AVEIRO

Planta da Barra em 1843. Arquivo do Porto de Aveiro
Ao longo do ano de 2008 assistiu-se, com agrado, às diferentes iniciativas e cerimónias destinadas a assinalar os duzentos anos da abertura da Barra de Aveiro.
Organizaram-se exposições muito interessantes e elucidativas sobre os antecedentes que levaram à execução do projecto, a complexidade dos trabalhos a executar, a tremenda dificuldade para os levar a cabo, a importância do seu funcionamento para o progresso verificado paulatinamente na região, a qualidade dos responsáveis e executores principais, que foram homenageados, como era natural.
Orquídea Ribau
Ler mais aqui

quarta-feira, 6 de maio de 2009

ALIMENTO PARA TODOS

A crise alimentar tem muitas faces, mas duas são especialmente provocantes: a que se manifesta na legião dos esfomeados do mundo inteiro e a que se desvenda a conta gotas na opulência obesa de pequenas minorias “orgulhosamente sós”. A crise não está em haver falta de alimentos, mas na injustiça da posse, na iniquidade das leis da distribuição e comercialização, na sedução publicitária das marcas criadas para satisfazer necessidades de ostentação e luxo, na apetência desmedida que pretende alcançar e manter um padrão de vida superior às posses reguladas pela justiça equitativa. Há fome de pão, fome que “rói” o estômago, fome que prejudica o normal funcionamento da mente e leva à inanição, à morte. E esta não se soma por dezenas ou centenas, mas por muitos milhões. E esta está remetida ao silêncio “oficioso” enquanto outras são objecto de notícias constantes, de alertas públicos, de medidas de prevenção generalizada. Por que não atender a umas e a outras? As razões serão muitas, mas uma adquire especial relevância: a do vazio de valores éticos, a da anorexia espiritual, a da religião dos satisfeitos com os mínimos. Esta parece ser a realidade mais dura do mundo detentor dos alimentos, da riqueza, da obesidade e de tantas outras malformações consequentes. Há alimentos para todos. Não tem justificação ética a actual situação em qualquer parte do mundo. E ou se resolve a bem de uns e de outros ou tenderá a acentuar-se a desigualdade social com o cortejo de “anoréxicos” espirituais e de famintos reais, com o aumento dos que morrem por doenças de abundância egoísta e com o crescimento exponencial dos que são vítimas do esgotamento total das energias humanas. Isto é, a humanidade pressionada pelas circunstâncias tem de redescobrir a sua vocação original: reconhecer a dignidade de cada um, ser solidária, fazer chegar a todos o indispensável para uma vida digna. É lei da própria natureza, assumida pela ética cristã e pela moral económica: os bens estão ao serviço da vida. Não há contra-ordenação justificável. Em caso de extrema necessidade, tudo está permitido e pode ser recomendado. A procura de bens para sobreviver pode chegar a estes limites, como parece verificar-se na situação actual.
Georgino Rocha

Espaços de opinião livre na Igreja

"Na Igreja não deve haver temas tabus. Há problemas, por si não discutíveis dada a sua natureza. Não são muitos, mas, mesmo assim, podem-se reflectir, de modo aberto, para melhor se compreenderem e comunicarem. Muitos problemas da Igreja, trazem consigo uma carga histórica, que os foi sedimentando e, por vezes, os tornou dogmáticos e intocáveis. Precisam, agora, de ser abanados e confrontados com novas situações sociais e culturais, que lhes dêem vida e os tornem mais actuais, ricos e expressivos.
Nas últimas décadas, assistimos a mudanças na Igreja: reforma da Semana Santa, jejum eucarístico, missas vespertinas, ministérios laicais, relações ecuménicas, leigos na Cúria Romana e nas cúrias diocesanas… Coisas que pareciam intocáveis, mas não o eram.
João Paulo II mandou que fosse repensada a teologia e a história do primado, porque não queria que ele fosse obstáculo à unidade dos cristãos. Há hoje situações em retrocesso. Passam-se à margem do Vaticano II e de uma sã tradição, faltando coragem para reflectir em voz alta e em clima de comunhão."
António Marcelino
Leia todo o texto aqui

O Ambiente precisa de todos

1. À medida que os problemas ambientais se foram confirmando e no crescer dos efeitos maléficos das poluições a agenda política, mesmo que começando pela agenda da boa vontade, foi abrindo espaço activo e efectivo para as questões ambientais. Em quantas circunstâncias humanas, só na hora da doença se aprecia devidamente e saúde; mas também, quantas vezes, para a cura já poderá ser tarde demais. No sentido comum, por isso sem a essencial dose de conhecimento científico, diz-se que poluímos mais nos últimos 30 anos que em 30 séculos. Ou sublinha-se que as comprovadas alterações climáticas reflectem esse “queixar” da natureza e questionam o estilo da acção humana sobre a vida ambiental. 3. Nos últimos anos as questões relacionadas com o ambiente têm merecido um amplo destaque, despertado pelas urgências de grandes tragédias ambientais (Tsunami na Ásia 2004, Katrina nos EUA 2005, impressionantes cheias, grandes incêndios…). Em causa recolocam-se as lupas da observação física e mental: já não se trata de uma questão de “mania” de ideologias ambientais mas está mesmo em causa a sobrevivência da Humanidade. Esta consciência planetária trazida pela globalização em curso, a mundialização de fenómenos trágicos no quadro ambiental, a biodiversidade em perigo, o desenvolvimento sustentável como forma de ler a beleza da vida, as energias renováveis no seu pressuposto ambiental, entre outros, factores que foram elevando a fasquia da responsabilidade, até ao histórico documentário de All Gore: Uma verdade inconveniente (2006). 3. Neste contexto, ergue-se como missão o trazer para a praça pública diária, das escolas à opinião e acção da sociedade civil, de iniciativas que fortaleçam este laço ético indeclinável de todos nas questões do ambiente. Convite aberto a todos: 7 de Maio, 21h, Auditório Mãe do Redentor na Gafanha da Nazaré: Conferência «Questões ambientais: moda ou urgência?», Carlos Borrego (UA).
Alexandre Cruz

Morreu o Manuel Casqueira, um homem bom

Manuel Casqueira


Hoje de manhã recebi uma daquelas notícias que nos deixam petrificados. Morreu o Manuel Ramos Casqueira. Notícia inesperada como todas as que nos falam da partida para a última viagem terrena de pessoas que por qualquer motivo admiramos.
Manuel Casqueira, que conheço desde há muitos anos, gafanhão de 79 anos, morreu depois de uma longa vida de trabalho e de esforço nunca regateado para educar uma família numerosa. Casado com Rosa Merendeiro, era pai de 11 filhos, um dos quais, o Dinis, já falecido. Era pessoa de uma fé inquebrantável, que sabia e soube transmitir a todos os seus, não simplesmente por palavras, mas pelo exemplo, durante uma vida de canseiras.
Homem de missa diária, só faltando quando os trabalhos não lhe davam espaços livres, punha em prática, no seu dia a dia, a fé que o animava, estando permanentemente disponível para dirigir, em momentos difíceis, palavras amigas, de conforto e de estímulo, a quantos delas necessitassem, porque acreditava que o cristão não pode nem deve ficar indiferente à vida da comunidade.
Assíduo a todas as cerimónias, leitor nas eucaristias e ministro extraordinário da comunhão, Manuel Casqueira era membro da Associação do Sagrado Coração de Jesus, tendo ainda uma grande preocupação pelo estudo bíblico. Sempre que podia, e podia quase sempre, participava nos funerais que se realizavam na paróquia, levando, com muita frequência, a Cruz à frente do cortejo.
Homem bom, pai de família exemplar, cristão comprometido e fervoroso, cidadão compenetrado dos seus deveres, deixa, entre nós, um testemunho de santidade. O seu funeral terá lugar amanhã, quinta-feira, pelas 15.30 horas, na igreja matriz da Gafanha da Nazaré, com missa de corpo presente. Paz à sua alma.

Fernando Martins

Os nossos emigrantes: Teresa e Nelson Calção

Nelson e Teresa Sempre divididos é o grande dilema de todos os emigrantes
O Nelson emigrou em Outubro de 1969 e eu em Marco de 1973, muito contra a minha vontade, porque não queria deixar para trás a minha querida avozinha. O Nelson emigrou forçado pelo denominador comum a tantos outros: em Portugal não havia futuro para as novas gerações. E também pelo facto de se ouvirem histórias lá de longe, que soavam melhor que o quotidiano que sentíamos em Portugal. O Nelson nunca tinha tido ideias de emigrar, pois no momento trabalhava na Metalurgia Casal, uma companhia bem acreditada na altura, mas de um dia para o outro a decisão foi tomada e partiu mesmo... Foi ter com uma irmã que ao tempo vivia em Newark, o que no fundo talvez tivesse sido a razão desta decisão repentina. A estada do Nelson não foi longa nos EUA devido a estar em trânsito para o Canadá, para onde seguiu e onde permaneceu dois anos. Depois voltou a Newark onde fixou residência, já como emigrante legal. Pouco tempo depois, em Fevereiro de1973, resolvemos casar e começar a nossa vida, a dois, nesse país distante mas muito acolhedor, que hoje consideramos a nossa segunda Pátria. A língua, no início, foi a maior barreira que encontrámos, mas com boa vontade e persistência tudo se ultrapassou. Basta querer, pois os estabelecimentos de ensino abundam por todo o lado, e nós, graças a Deus, também, já não sendo jovenzinhos, conseguimos frequentar a universidade por algum tempo, eu de dia e o Nelson à noite. Isto foi algo que nos marcou e nos deixou recordações inesquecíveis Um outro grande obstáculo foram as saudades, pois estávamos longe daquilo que nos fez, nos é querido e nos faz sentir seguros. Mas, a pouco e pouco, com a ajuda de novas amizades que vão surgindo e de novas experiências, a adaptação foi acontecendo. Graças, ainda, a certos grupos que, com o seu trabalho e boa vontade, nos vão oferecendo o que Portugal tem de melhor, que são as nossas tradições!

Da esquerda para a direita - sentados: Jessica, Nelson e Teresa; de pé: Peter e Ricky

Vale a pena mencionar o grande acontecimento do ano, 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, onde todos os portugueses de vários cantos da América se encontram pelas ruas da Ferry St. No meio da animação, trocam-se sempre aqueles abraços, como que a matar saudades da nossa terra e das nossas gentes. Que orgulho em ser português! Infelizmente, a nova geração, com as crises que se têm feito sentir por todo o mundo, está um pouco arrefecida, mas a área da gastronomia, essa não, porque continua em força e em cada canto, a nossa bandeira, desfraldada ao vento, convida a entrar e a desfrutar a nossa comidinha portuguesa. A família entretanto, foi aumentando. Temos três filhos, dois rapazes e uma menina, já adultos. O nosso mais velho, o Ricky, é advogado em S. Francisco, Califórnia; o Peter é economista e a Jessica, ainda estudante, residem no Estado de New Jersey. Há cerca de quase três anos, um rebentinho, o Madison, fruto do casamento do nosso filho Peter com a Christine, uma moça americana, veio enriquecer ainda mais as nossas vidas. Nos EUA sentimo-nos muito portugueses e participamos em bastantes eventos da comunidade portuguesa. Vivemos três anos no "Ironbound", nome dado ao lugar onde os portugueses vivem em Newark, e depois comprámos casa no meio americano, onde nos últimos quase trinta anos da nossa estada nos EU vivemos, participando activamente na paróquia de St. Mary's em Colts Neck, NJ, paróquia esta que é um exemplo para qualquer comunidade, devido aos programas educacionais e morais que aí se praticam e que têm feito a diferença na vida de muitas famílias. Há cerca de sete anos tomámos a decisão de voltar definitivamente às nossas raízes, a nossa querida Gafanha, um sonho tornado realidade, mas que acarreta por vezes muita tristeza, muita saudade, muita nostalgia, porque já não viemos inteiros. Parte de nós ficou na família que constituímos, nos lugares onde vivemos e nos amigos que fizemos, ao longo dos anos. Sempre divididos é o grande dilema de todos os emigrantes, e nós não somos excepção! Teresa e Nelson Nota: Texto elaborado a partir de uma entrevista, via Internet, com a Teresa e o Nelson Calção, gafanhões, com muitos anos a mostrarem uma grande alegria de viver. Fernando Martins