sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

NATAL EM AVEIRO

O programa de animação de Natal organizado pela Câmara Municipal de Aveiro, que irá decorrer até ao dia 6 de Janeiro de 2009, inclui eventos diversos, com especial enfoque na área musical e do espectáculo. No dia 11 de Dezembro, pelas 11 horas, o Grupo de Teatro Filandorra – Teatro do Nordeste, apresentará a peça infantil “A menina do mar”, no Auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. A Sé de Aveiro acolherá, no dia 18 de Dezembro, pelas 21h30, o Concerto Coral de Natal, em que actuarão o Coral Polifónico de Aveiro, o Coral Vera-Cruz, o Coral de S. Pedro de Aradas e o Coro Santa Joana. A Orquestra Filarmonia das Beiras fará o Concerto de Ano Novo, que decorrerá no Teatro Aveirense, no dia 1 de Janeiro de 2009, pelas 18 horas. No dia 6 de Janeiro, Dia de Reis, na escadaria e pátio traseiro da Casa Municipal da Cultura terá lugar o “Cantar das Janeiras”.
Fonte: Correio do Vouga

NATAL: Notas do Meu Diário

5 de Dezembro Acordei com uma certa sensação de frio. Não que a temperatura fosse muito baixa, mas pelas notícias que a rádio me trouxe, atravessando as mantas fofas e acariciadoras. Centenas de trabalhadores perderam o emprego de um dia para o outro. A fábrica, onde muitos trabalhavam há bastantes anos, tinha sido deslocalizada para um país asiático. Aí tudo se produz a custos mais reduzidos. Os lucros dos empresários podem crescer desmesuradamente, explorando mão-de-obra barata, própria de escravos dos tempos modernos. E uma trabalhadora, com voz angustiada, clamava bem alto: “A desgraça bateu-nos à porta; este ano não há Natal para nós.”
Fernando Martins

Mais de um milhão e meio de Portugueses são voluntários

Eugénio da Fonseca, presidente da Comisssão Instaladora da Confederação Portguesa do Voluntariado, afirmou que "cerca de um milhão e meio de portugueses dedica parte do seu tempo na prática do voluntariado". E à ECCLESIA adiantou que este número não o surpreende, acrescentando que ainda há o voluntariado de proximidade “que não é possível quantificar visto que está no anonimato”.
Eugénio da Fonseca, que sabe como poucos, nesta área, o que diz, revela deste modo uma faceta muito importante da maneira de ser e de estar dos portugueses, desde sempre dados ao bem-fazer.

APRENDER A ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS

Todos sabemos que não é fácil viver na mudança com alegria, liberdade interior e com critérios que denunciem sabedoria. Os mais velhos carregam hábitos e preconceitos, uma carga difícil de alijar para ver o que traz de novidade a mudança. Os mais novos, porque as experiências de vida ainda não têm para eles grande expressão, mais correm atrás das emoções que das razões. Os do meio, gente mais ou menos sabida, mas não tanto como julga, vivem, por vezes, para si próprios comportamentos de uma adolescência retardada que as mudanças favorecem, mas enchem-se de autoridade e dureza para com os filhos e os de fora, em relação a exigências correntes. Muita gente acaba por ver, depois das dificuldades surgidas, que afinal andava na corda bamba ou instalada à margem da vida real, sem se aperceber das mudanças e seus desafios. Aprender a viver na mudança é uma das exigências fundamentais da educação e do crescimento. Quer queiramos ou não, quer gostemos ou critiquemos, a verdade é que as mudanças culturais, rápidas mas com anzóis que prendem, não param mais, nem se compadecem com a nostalgia de quem espera que o tempo volte para trás. Viver na mudança com decisão e serenidade, aprender a ficar de pé nos solavancos da vida, não enjoar no quebrar dos vagalhões que balanceiam o barco, sentir-se acompanhado por quem enfrenta os mesmos desafios sem desanimar, não perder o sentido do que se pretende e quer, assumir a responsabilidade das decisões nos momentos menos claros, perceber o que se está passando e quem o comanda, é muito importante para cada pessoa viva e que assim quer continuar. Indispensável para conviver na família, no trabalho, na politica, na Igreja, nos divertimentos, em tudo. Muita gente já vai compreendendo que assim é, e tenta preparar-se, sem se retirar da vida, enfrentando os desafios da mesma. Outros permanecem casmurros, contrariam as mudanças evidentes com juízos redutores, à espera que todos lhe dêem razão, nem se apercebendo que cada dia têm menos gente que os ouça ou lhes peça conselho. Também não falta quem expenda opiniões que agradam e dê conselhos superficiais, sem pensar se fortalecem as raízes do pensar e do agir, ou se apenas se fazem cócegas aos ouvidos. Preparar para a mudança, um problema grave que atinge também a Igreja, pede no caso uma atenção cuidada para reforçar e motivar a fé dos crentes e das comunidades, de modo a enfrentarem os desafios novos, com discernimento e coragem. Há dias chamou-me a atenção o artigo de uma revista de fim-de-semana que dava pelo título: “Educação: ajude os seus filhos a compreender as mudanças”. A desilusão veio logo, porque eram duas páginas, com aparato e fotografia, apenas para explicar aos meninos e meninas a sua fisiologia. No fundo, o isco é sempre o mesmo. Tratava-se da publicidade de mais um livro, vindo da Califórnia…Na véspera caíram-me os olhos no ecran do televisor, onde uma psicóloga e uma mestra de horóscopos, falavam com gente nova, mais sabida do que se julgava, e a que não faltava a sondagem de rua para ouvir pais e avós opinarem sobre a altura de filhas e netas quebrarem a virgindade… Neste procurar perceber as mudanças para responder a novos desafios, não se podem esperar ajudas para voos mais altos, de gente de asas cortadas ou que não sabe voar Preparar para a mudança é matéria educativa em muitos quadrantes da vida, que não só a sexualidade, por importante que esta seja. Nem esta será bem entendida e vivida, sem se perceberem e assumirem as suas razões mais profundas, que vão muito para além do simples cuidado para evitar consequências indesejáveis e de saber os limites do prazer. Um exemplo actual. Sondagens fiáveis e recentes concluíam que uma percentagem altíssima de pré adolescentes diz que já não pode passar sem o telemóvel? Certamente que são os pais que lhos carregam. Aprender a responder aos desafios das mudanças é aprender a ser livre, a ser pessoa em sociedade, a não ser escravo de nada, nem ninguém.
António Marcelino

Dia Internacional do Voluntariado

Integrado no programa das comemorações dos 110 anos da Restauração do Município, a Câmara Municipal realiza hoje um Encontro das Associações do Município de Ílhavo assinalando o “Dia Internacional do Voluntariado” que neste dia se comemora. Com esta iniciativa pretende-se materializar um gesto de reconhecimento e agradecimento de todo o trabalho realizado pelos Voluntários que trabalham nas Associações, prestando um serviço de relevante interesse público e comunitário. O Encontro realiza-se no Centro Cultural de Ílhavo, hoje, pelas 18 horas. Do programa destacamos a intervenção do presidente da Câmara, Ribau Esteves, e uma palestra do professor Fernando Maria, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo, subordinada ao tema "Voluntariado e Associativismo Hoje".

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

VOTO DE NATAL

Acenda-se de novo o Presépio no Mundo! Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos! Como quem na corrida entrega o testemunho, Passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.
E a corrida que siga, o facho não se apague! Eu aperto no peito uma rosa de cinza. Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade, Para sentir no peito a rosa reflorida!
Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece, Como a casca do ovo ao latejar-lhe a vida... Mas a noite infinita enfrenta a vida breve: Dentro de mim não sei qual é que se eterniza. Extinga-se o rumo, dissipem-se os fantasmas! O calor destas mãos nos meus dedos tão frios! Acende-se de novo o Presépio nas almas. Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos. David Mourão-Ferreira
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“REGRESSO AO LITORAL – Embarcações Tradicionais Portuguesas”

Bateira - Areão - Anos 80
No sábado, 29 de Novembro, apesar do frio e da chuva, muitos foram os que marcaram presença no Museu Marítimo de Ílhavo, para assistir ao lançamento de mais um livro de Ana Maria Lopes, “REGRESSO AO LITORAL – Embarcações Tradicionais Portuguesas”. No Museu, por ser esse, a meu ver, o ambiente natural para a apresentação de uma obra digna de qualquer estante, escrita por uma ilhavense e editada pela Comissão Cultural da Marinha. O convite veio do presidente da Câmara Municipal de Ílhavo e do presidente da Associação dos Amigos do Museu de Ílhavo, de que a autora já fora directora. A apresentação desta obra, cuja edição de muito nível valoriza sobremaneira a excelente qualidade das fotografias, muitas delas da autora, ficou a cargo do Capitão-de-Mar-e-Guerra e director do Museu de Marinha, José António Rodrigues Pereira, que sublinhou o valiosíssimo trabalho de campo levado a cabo por Ana Maria Lopes, tendo em vista registar o que é possível, face ao progressivo desaparecimento das embarcações tradicionais portuguesas. A história do seu regresso ao litoral, depois das primeiras pesquisas na década de 60 do século passado, à custa do trabalho de dissertação de licenciatura – O Vocabulário Marítimo Português e o Problema dos Mediterraneísmos –, publicado em 1975, veio a talho de foice, para sublinhar a paixão pelos temas marítimos de Ana Maria. Com o bichinho dessa paixão a inquietá-la, volta na década de 80 para “sua recriação”, e disso guarda, “religiosamente”, tudo o que pesquisa e considera fundamental para a preservação, como registo histórico, do que entende ser de mais importante. Em 2006/2007, regressa ao assunto, para fixar, para a posteridade, as ”mortes anunciadas” das embarcações tradicionais, muitas delas das paisagens da nossa laguna, que a autora conhece como as suas próprias mãos. Importa dizer, nesta altura, em que a obra “REGRESSO AO LITORAL – Embarcações Tradicionais Portuguesas” acaba de ver a luz do dia, que texto e ilustrações são um regalo para nosso enriquecimento pessoal e colectivo. Pessoal, porque passamos a ter acesso a realidades que estavam a diluir-se no tempo; colectivo, porque a partir de agora urge preservar, museologicamente falando, o que for possível. Foi alvitrada a oportunidade de enriquecer as nossas rotundas com elementos decorativos provenientes dos restos das embarcações miúdas que hão-de desaparecer, mais ano menos ano, que outros materiais começam a merecer a preferência dos construtores navais, a par da motorização, cada vez mais frequente, de todo o tipo de barcos. Em jeito de conclusões, a autora adianta, como propostas válidas, “as manifestações exteriores de fé, as chamadas procissões, com a presença de modelos de embarcações tradicionais em andores”, as “regatas, quer lagunares, fluviais, estuarinas ou flúvio-marítimas, tão em moda”, e a “construção autêntica de algumas réplicas navegantes”. Glossário, referências bibliográficas, mapas e índices pormenorizados constituem uma mais-valia para o leitor interessado nesta obra de Ana Maria Lopes. Mas ainda para os que se identificam com o litoral português e com o nosso passado marítimo e lagunar. Fernando Martins

HOSPITAL DE AVEIRO: Cirurgias suspensas por causa do frio

A ministra da Saúde, Ana Jorge, admitiu ontem, quarta-feira, a possibilidade de Aveiro vir a ter um novo hospital. No entanto, pelo sim pelo não, ainda avançou com a hipótese de remodelar o actual. Entretanto, por causa das "temperaturas desadequadas" (Diga-se por causa do frio, sem eufemismos), foram suspensas 13 cirurgias. Estas duas notícias de uma mesma notícia, a visita da ministra ao Hospital Infante D. Pedro, dão para reflectir sobre a situação do nosso hospital, quiçá de outros. A ministra, que deve estar suficientemente informada da realidade do Hospital de Aveiro, ainda não sabe o que fazer. Construir um novo ou remodelar o actual. Sempre ouvi dizer que remendo novo em pano velho nunca faz um fato novo. Será sempre um remedeio. E disso estamos todos fartos. Se é assim, por que razão havemos de andar com remendos, quando precisamos de um hospital que responda, com eficiência, às necessidades dos utentes? Pegue-se nas informações que há e decida-se, com urgência, a construção de um novo edifício, com todos os requisitos compatíveis com as exigências do nosso tempo. Acabe-se com a barracada dos pavilhões e mais pavilhões e faça-se um hospital de raiz! Repare-se no ridículo que a segunda notícia representa. Cirurgias suspensas por causa do frio. Isto nem no terceiro mundo! E se morresse alguém por força da suspensão das cirurgias? Mas, afinal, em que país estamos? FM

A morte e a morte

"Estamos todos bem servidos/ de solidão", escreve Alexandre O'Neill. Não de solidão sozinha; de multitudinária solidão sim, e essa "de manhã a recolhemos/ no saco, em lugar de pão". Porque, ao mesmo tempo que abandonamos os nossos velhos à pior e mais dolorosa das solidões, desaprendemos de estar sós connosco. A verdade é que a maior parte de nós não é boa companhia para si próprio. À nossa volta, nos locais de trabalho, na rua, quantas vezes na família, a humilhação tomou cada canto e esquina das nossas vidas, instalou-se nos comportamentos e nos corações, corroendo, como um cancro, a existência individual e social. Tememos ficar sós porque tememos aquilo que temos para nos dizer, e sentamo-nos diariamente diante da TV como quem fecha os olhos. Há uma novela de Cesare Zavattini cuja personagem planeia durante toda a vida dar uma merecida bofetada ao chefe e morre sufocada por esse desejo nunca consumado e pelo desprezo de si mesmo. Quantas vezes morreram por dentro, antes de se matarem, os polícias e GNR (este ano já são 14) que em Portugal regularmente se suicidam "com a arma de serviço"?
Manuel António Pina, no JN

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

NATAL - 2008

A Prenda
Do Santa Claus, herdara o nome e a destreza física. O primeiro deslizava pelas planícies geladas da Lapónia, num trenó puxado por renas amestradas, numa correria expresso, para entregar as prendas a tempo e horas. O segundo fazia piruetas e cavalos com a sua bicicleta, na rua onde morava, para expandir o excesso de energia que o dominava. Era vê-lo correr, com o rabito levantado, do selim, ou exibir o seu talento de malabarista, levantando a roda da frente, tal qual garboso cavalo, arqueando as patas dianteiras. Era ele um adolescente cheio de vivacidade, com os fartos cabelos louros, caindo-lhe em anéis sobre os ombros, ou presos atrás, em rabo-de-cavalo, com ar desafiador perante a vida e muita contestação reprimida. A vida fora madrasta para ele, em toda a extensão da palavra. A morte prematura da mãe precipitara a desagregação dos laços familiares, que aquela conciliara enquanto viva. O padrasto, remetendo-o para a sua situação de filho “adquirido”, restituíra-o à sua anterior condição de órfão de pai, agora da família inteira. Teria ficado sozinho no mundo, não fora a generosidade, a abnegação e o amor da avó materna, que desfrutava, há bem pouco tempo, a tranquilidade duma reforma bem merecida. Prodigalizava esforços, carinhos, para o compensar da falta prematura e súbita da mãe. Havia passado ainda pouco tempo após a sua morte, quando se avizinhava mais um Natal, na vida do protagonista desta história. Na ânsia de lhe minorar o sofrimento e a falta do amor maternal, a avó inquiriu um dia, o neto, sobre a prenda que gostaria de receber. Foi enumerando coisas que fazem as delícias da criançada e que são habitualmente pedidas ao Pai Natal. Escurecia-se-lhe o rosto, sempre que era interpelado sobre tal questão. O tom pesaroso e sombrio que o acometia evidenciava a nostalgia que perpassava na mente deste jovem. Escusava-se a responder, permanecendo num mutismo prolongado. Um dia, depois de muito instado para dar a resposta, sem medo, sem contemplações, atirou, em desespero: - Quero a minha mãe! A torrente de lágrimas aprisionada no cárcere da tristeza jorrou livremente, inundando o campo que tanto quisera proteger! Essa prenda, nem com toda a fortuna do mundo lha poderia dar! Mª Donzília Almeida 01.12.08