sexta-feira, 18 de abril de 2008

PSD: Menezes bateu com a porta

É público que Luís Filipe Menezes bateu com a porta. Registo o facto, porque o maior partido da oposição estava de rastos, com os grandes inimigos entre os seus próprios militantes. E quando assim é, não há líder que possa resistir.
Menezes bateu com a porta, mas ainda pode voltar. Se isso acontecer, Sócrates vai continuar a cantar de galo, porque os críticos de Menezes não se calarão. Com opositores destes qualquer Governo dorme descansado.
Mesmo não sendo do PSD, nem de qualquer outro partido, embora me sinta um político no activo (a política não se vive só dentro dos partidos), tenho pena que o antigo PPD de Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota e outros, não consiga posicionar-se numa alternativa credível. O pior que pode acontecer a uma democracia é uma situação como esta, susceptível de levar o Governo, qualquer que ele seja, a ter no horizonte o caminho livre para fazer o que lhe apetecer.
O que me ocorre dizer neste momento é muito simples: que o PSD encontre depressa, entre os diversos candidatos à liderança ou entre os seus membros, um líder carismático, ponderado, arguto e capaz de oferecer luta, dentro de uma sociedade democrática como a nossa. Se optar por um líder de vistas curtas, de cultura mediana e sem postura de Estado, adeus PSD.
FM

AGNÓSTICOS E IGREJA CATÓLICA


Sempre que na Igreja há qualquer acontecimento que a comunicação social realça, normalmente os primeiros comentadores vêm do lado dos que se professam agnósticos ou são conhecidos como tal. Penso que é bem que assim aconteça. É sinal de que o que se passa não deixa desatentos os que se preocupam com o evoluir da sociedade e reconhecem que a acção dos cristãos ou incomoda ou não é sempre de desprezar.
Mesmo entre estes comentadores, os tons são diferentes, as perspectivas nem sempre coincidem, o que para uns é mais ou menos indiferente, para outros não o é tanto. Há preconceitos não ultrapassados e nostalgias difíceis de apagar ou esquecer.
Não falta quem se fixe mais nas pessoas da Igreja, outros mais nas suas afirmações, sempre com um misto de cultura adquirida noutro contexto e com horizontes onde a Igreja ainda cabe, apesar de tudo. Procuro estar muito atento e apreciar, sem rótulos nem preconceitos, estas críticas. Estou convicto de que se a Igreja não atende os que não concordam com ela ou pensam que os seus caminhos devem ser outros, estará cada vez estará mais ausente de tudo e mais fechada numa torre inacessível, mas insegura.
A história está cheia de páginas que denunciam atitudes de superioridade e sobranceria de membros da Igreja, sempre carregadas de consequências que não foram de conversão evangélica.
Vasco Pulido Valente faz também a sua leitura da última assembleia dos bispos, insistindo nos incómodos da Igreja ao verificar que perde cada vez mais a sua influência na sociedade portuguesa, e conclui o seu artigo no Público (4.4.08) dizendo: “Se a Igreja quer recuperar o que perdeu, esqueça finalmente o Estado e os ridículos privilégios de que ainda goza, e venha para a rua. Não há outra maneira de ganhar uma existência pública e política”.
A Igreja quando intervém em problemas de ordem ética e moral ou de bem comum e humanização social, não pode esquecer quem actua no mesmo terreno. Como instituição religiosa que tem por missão servir, também não pode pretender a recuperação de prestígios e privilégios. A sua missão é dar um contributo, no meio do marasmo reinante e, também, do pluralismo aceite, para o reencontro normal, no seio da sociedade portuguesa, do sentido da vida e da dignificação pessoal e comunitária, no contexto cultural e histórico que nos plasmou.
Também eu estou de acordo que é na rua que se ganham as batalhas em que vale a pena entrar. A Igreja tem por vocação viver com as pessoas e sempre próxima das suas vidas. Nasceu no meio do povo, sente-se ao seu serviço, alegra-se e sofre com ele, bebe da sua sabedoria e enriquece esta com a mensagem e a solidariedade evangélica. A sua pedagogia não é de palácios, de linguagem erudita, de trato privilegiado com os senhores, sem que deixe de ser para todos e para a todos ajudar a ser mais de Deus, origem e a garantia da sua dignificação. É uma pedagogia de presença e de testemunho convincente. Foi isso que o Concílio Vaticano II lhe veio recordar, quando a levou a considerar que, por sua natureza, ela é povo e não elite, povo que serve, porque ao ser servido pela hierarquia, deve ter capacidade para se tornar um povo original, fermento e referência de valores novos e determinantes, que o tempo não pode desgastar, porque são indispensáveis na ordenação da sociedade e na relação das pessoas.
Quando se esqueceu ou menosprezou o rumo certo, deu-se mais valor ao templo, que é sempre um lugar de passagem, e menos à rua, onde a vida é concreta e se joga todos os dias o destino, se alcançam as vitórias e se sentem as derrotas.
Concordo com VPV. A Igreja tem de andar na rua, falar uma linguagem que todos entendam, dialogar com todos, concordem ou não com a sua mensagem.
O mundo laico e plural aceita a Igreja hoje, se ela aceitar e respeitar as regras do jogo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Não te esqueças do que estás para dizer…



Vi hoje o Jerónimo. Já não o via há muito. Estava à mesa do café a dormitar, como dormitam todos os velhos. Em qualquer sítio e a qualquer hora. Cá para mim, o Jerónimo estava a ensaiar mais uma das suas muitas histórias, para contar a quem se sentasse com ele à mesa do café.
O Jerónimo é um conversador nato. Basta uma palavra dita por um amigo, em qualquer circunstância, para logo ele disparar:
- Não te esqueças do que estás para dizer…
A partir daí, começava mais uma história de um rol enorme de recordações que não tinham fim. Mas as histórias saíam-lhe com graça. Uns esgares faciais, expressivos, e mãos que enriqueciam os pormenores davam-lhe uma dimensão única. Por vezes, os ouvintes, que outra coisa não podiam ser junto dele, ainda suportavam umas palmadinhas, mais ou menos agressivas, conforme a força das convicções do orador por vocação.
- Pois é, meu caro Jerónimo. Ontem encontrei um amigo que regressou da estranja…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Aconteceu-me precisamente a mesma coisa. Um dia destes também dei de caras com o Xico, que não via há anos.
E lá vinha a história do Xico, que só o Jerónimo conhecia e que dava para um romance, como costumava sublinhar. Com pormenores, ora tristes ora alegres, sempre ampliados ao jeito dos bons contadores de histórias, que, de uma palavra, podem muito bem ditar lindos contos. E no ar ficou perdida a conversa interrompida.
- Ó Jerónimo, ao jantar, com a fome que tinha, comi um frango que…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer! Um dia destes, à merenda, com a minha mulher a apreciar, comi um galo de uns dois quilos… Teimava que não era capaz de o comer e quis mostrar-lhe que à mesa ninguém me bate...
Ligadas a essa outras histórias de comezainas saíam cantadas da boca do nosso Jerónimo, qual delas a mais romanceada. É que o nosso homem não era pessoa para deixar para boca alheia a arte de convencer quem o ouvia. E a conversa interrompida lá ficava, mais uma vez, para quando o Jerónimo deixasse, se alguma vez deixasse…
Um dia também eu entrei no jogo do Jerónimo.
- Quer o meu amigo saber que há tempos, à entrada da Barra, um petroleiro…
- Ó pá, não te esqueças do que estás para dizer…
Ora o Jerónimo, um oficial náutico na reforma, não perdoou a minha ousadia de entrar nos seus domínios. Vai daí, entra a desfiar uma carrada de tempestades no mar alto, barcos que eram cascas de nozes, naufrágios e heroicidades de lobos-do-mar… Até que, cansados de o ouvir, o Jerónimo, voltando-se para mim, perguntou:
- Ó pá, então o petroleiro?
- Qual petroleiro, Jerónimo?

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia


15-0: Parabéns Magna Tuna Cartola

1. «Quinze a Zero». Foi este o irreverente resultado final escolhido para comemorar nestes dias (16 e 17 de Abril) o 15º Aniversário da Magna Tuna Cartola (http://www.magnatunacartola.net/) (MTC), núcleo cultural da Associação Académica da Universidade de Aveiro. O espectáculo, reflexo de muitos anos de inovação e criatividade na área musical académica, também já chegou à ilha virtual do Second Life da UA. Nesta hora aniversária, como em tudo na vida, vem à memória o caminho percorrido, os esforços, sacrifícios e vitórias alcançadas. Muito acima mesmo de todos os prémios recebidos, em que no panorama nacional (e mesmo internacional) as tunas de estudantes universitários em Aveiro têm merecido brilhantes reconhecimentos, os aniversários tornam-se oportunidade de apreciar e aplaudir o quanto a cidade, a vida académica e a comunidade em geral, beneficiam desta riqueza cultural que representam as tunas universitárias.
2. Para a sociedade em geral é importante dizer-se que as tunas, constituídas por estudantes, estabelecem uma ponte feliz para com a comunidade mais alargada. Essa sua dinâmica presença está espelhada em inúmeras actuações e animações ao longo de muitos anos, não só nos festivais da especialidade de tunas académicas por esse país fora e no estrangeiro, mas muito especialmente nas festas populares da região, em arraiais típicos e tradições comunitárias e, de salientar, no inestimável contributo que as tunas dão em relevantes iniciativas de solidariedade ao serviço de causas de todos. Todo o riquíssimo caminho cultural e académico realizado ao longo de muitos anos tem, neste sentido cívico de comunidade, o seu ápice como reflexo de uma visão da vida como sensibilizado serviço. Quantas actuações, noites, cansaços, viagens, ao serviço de causas de todos! Ousamos dizer que nestes 15 anos da Cartola e nas vésperas de condignas festas académicas, as tunas da UA (TUA, MTC e Tuna Feminina), que vivem o espírito de cooperação e unidade pelo bem comum, na riqueza da diversidade de cada uma, estão todas de parabéns!
3. Se formos a fazer o filme da vida, das pessoas, dos grupos informais como das associações e instituições, quase que poderíamos perguntar que seria de nós uns sem os outros? Que seria do espírito da vida académica sem as magníficas tunas? As coisas são como são, e a “energia positiva” que estes núcleos culturais trazem à comunidade universitária como animação e abertura de serviço à sociedade é um bem inestimável. Se fazer aniversário é reparar na história que vamos construindo, então será hora de apreciar as pontes que se foram criando pela mão de quem foi dando as ideias e a vida por grupos culturais estimulantes entre nós. Se 15 anos é muito tempo, todavia, é só o princípio! É bom sentir que um dia festejaremos os «30 a Zero»! A gratidão da história construída junta-se à expectativa de que comunidade que acolhe os valores da cultura e da participação é comunidade mais viva, por isso com mais futuro. É isso mesmo! Não há irreverência que (vos) pare! Venham mais 50!

Alexandre Cruz

É assim o desporto


Hoje li mágoas de benfiquistas, por causa da derrota, histórica, do Benfica. A tristeza de uns é a alegria de outros. Ensinaram-me, era eu criança, que perder e ganhar é tudo desporto. Mas a verdade é que a derrota custa sempre a engolir. É assim o desporto; é assim a vida. O importante é respeitar os adversários, que não são nossos inimigos. Mas ontem aprendi outra coisa importante. O Sporting perdia por 2 a 0 e eu perdi a paciência. Mandei-os todos à fava (os jogadores do Sporting, claro) e retirei-me para as leituras. Tempos depois recebo uma mensagem estranha no meu telemóvel: " E esta?" Mas que será isto? Ligo a televisão e a euforia, por banda dos sportinguistas, dominava os ecrãs. Vi logo... Conclusão: No futuro tenho de ter mais paciência, confiando em quem veste a camisola do Sporting!

FM

EUA: Papa fala dos abusos sexuais


“Responder a esta situação não tem sido fácil e, como o presidente da Conferência Episcopal indiciou, ela foi por vezes ‘muito mal gerida’. Agora que a dimensão e a gravidade do problema é mais claramente entendido, (os Bispos) têm sido capazes de adoptar soluções e medidas disciplinares mais direccionadas, promovendo um ambiente seguro que dê mais protecção aos menores”, disse.
Num encontro com os Bispos católicos do país, em Washington, o Papa lembrou “a dor que muitas comunidades experimentaram quando os clérigos traíram as suas obrigações sacerdotais e os seus deveres, com este comportamento tão gravemente imoral”, assegurando o apoio de toda a Igreja na tarefa de “eliminar este mal onde quer que ele ocorra”.
Num longo discurso, o Papa aprovou a política da Conferência Episcopal, que passou por dar prioridade ao cuidado das vítimas, “curando as feridas causadas por qualquer quebra na confiança”, “promovendo a reconciliação” e “indo ao encontro dos que foram tão seriamente atingidos, com carinhosa preocupação”.
Leia mais em Ecclesia

Imagens da Ria



Com organização da Escola de Vela do Sporting Clube de Aveiro e em colaboração com o Porto de Aveiro, decorreu no fim de semana de 5 e 6 de Abril a Regata “200 Anos da Abertura da Barra de Aveiro” – Vela Ligeira, enquadrada no Troféu Norte da Classe Optimist (6-15 anos). Esta regata, que se enquadra no “Projecto Aveiro Vela”, decorreu na Baía do Terminal de Granéis Sólidos do Porto de Aveiro, tendo reunido cerca de 60 velejadores Optimists dos grupos A,B e P, distribuídos por vários clubes da região norte e centro do país. De salientar a presença nesta regata de 19 velejadores da Escola do Sporting, verdadeira referência na formação de excelência de velejadores de todas as idades.

NB: Foto e texto cedidos pelo Porto de Aveiro

D. Manuel Almeida Trindade, 90 anos de vida


Se compararmos a vida a uma maratona, D. Manuel de Almeida Trindade está a entrar na recta final para o centenário do seu nascimento. Completará 90 anos de vida no próximo dia 20 de Abril. O seu natal foi em Monsanto, mas saiu de lá com apenas três anos de idade. No livro «Memórias de um bispo», da sua autoria, D. Manuel de Almeida Trindade realça: “Ficou-me na memória a configuração do penhasco recortado no horizonte azul do céu, e também a de alguns ciclópicos que eu avistava da janela da nossa casa”.


Pode ler todo o texto de Luís Santos, na Ecclesia e no Correio do Vouga

A CAMINHADA


Às vezes sentimo-nos meio perdidos, sozinhos, e sentimos a necessidade
de procurar novos caminhos para nossas vidas...
Nestas caminhadas encontramos muitas pedras...
Que lapidadas transformam-se numa jóia preciosa: a experiência!

Encontraremos pessoas mais novas...
E com elas reaprendemos a inocência perdida...
Encontraremos pessoas mais idosas e com elas aprenderemos a ser maduros...
Aprenderemos que o fogo, que queima, também esquenta as noites de frio...

Em algum momento nossa caminhada será interrompida e
aprenderemos que foi apenas uma pausa para o descanso da alma ...
Às vezes achamos que perdemos algumas pessoas,
mas depois percebemos que elas é que nos perderam.
Sentiremos medo e solidão, mas encontraremos sempre
a mão amiga d' Aquele que morreu por nós...

E se achamos que a caminhada é longa demais,
temos a garantia do abraço sempre aconchegante
daqueles que também dariam a vida por nós: nossos pais.
Ao final desta grande caminhada que se chama VIDA
percebemos que o que realmente importa são aquelas coisas
que podemos carregar dentro dos nossos corações.

Portanto, guarda somente os bons sentimentos.
Assim chegaremos com o coração leve e a mala cheia de boas lembranças...


Texto enviado pelo leitor e amigo João Marçal

ONU: QUE OBJECTVOS PARA 2015?


“Nós, Chefes de Estado e de Governo, reunimo-nos na Sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, entre os dias 6 e 8 de Setembro de 2000, no início de um novo milénio, para reafirmar a nossa fé na Organização e na sua Carta como bases indispensáveis de um mundo mais pacífico, mais próspero e mais justo.” (…) “Decidimos ainda”: 1. Reduzir para metade a pobreza extrema e a fome, até ao ano de 2015; 2. Alcançar o ensino primário e universal, até ao ano de 2015; 3. Promover a igualdade entre sexos; 4. Reduzir em dois terços a mortalidade das crianças, até ao ano de 2015; 5. Reduzir em três quartos a taxa da mortalidade materna, até ao ano de 2015; 6. Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças graves, invertendo a tendência de crescimento até 2015; 7. Garantir a sustentabilidade ambiental; 8. Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Caros leitores, o que leram não é ficção. Trata-se de um pequeníssimo resumo de oito objectivos que fazem parte da Declaração do Milénio das Nações Unidas, assinada, no ano 2000, por todos os seus Estados-membros, e a atingir até ao ano de 2015!
Passados cerca de 8 anos, é razoável que se pergunte: o que é que se tem feito para que estes compromissos estejam a ser cumpridos. Afinal, o ano de 2015 está próximo!
Infelizmente, estamos, mais uma vez, perante um conjunto de boas intenções, que não passam disso mesmo. O declínio de uma sociedade humana inicia-se quando os princípios apregoados pelos seus responsáveis políticos não correspondem à realidade e aspirações, legítimas, dessa sociedade, tendo como premissa as reais necessidades dos seus cidadãos, fundamentadas na paz, na verdade, na justiça e igualdade, a que se junta a execução, eficaz e imediata, dos mesmos princípios, junto das populações.
No último texto que partilhei com os leitores, perguntava pelo futuro da ONU. Hoje, a pergunta que deixo, vai um pouco mais além: qual o futuro da humanidade? Em rigor, não há uma resposta exacta, ainda que existam sinais preocupantes por todo o mundo.
O mês de Abril, tem sido fértil em manifestações, algumas bem violentas, devido ao aumento brutal do preço dos cereais, como o milho, trigo e arroz, e da fome que está a originar nas pessoas. Haiti, Egipto, Costa do Marfim, Camarões, Bolívia, Filipinas e México foram alguns dos países onde decorreram incidentes, já que estes cereais são a base da alimentação dos seus cidadãos. No dia 9 de Abril, em Nova Deli, Jacques Douf, Director-Geral da FAO, fez um alerta, veemente, para as consequências do aumento dos preços dos cereais (houve casos de aumentos de 181%) e dos seus efeitos na alimentação dos países mais pobres. O FMI também tem feito alertas importantes.
No Quénia, Etiópia, Paquistão, Indonésia, Bolívia, também já começaram a surgir sinais de insegurança alimentar e os países mais ricos não estão imunes a esta crise.
O aumento brutal do preço do petróleo (ainda não explicado) está a estimular, cada vez mais, a produção de biocombustíveis, à base, sobretudo, do milho, que devia ir para a alimentação, gerando profundos desequilíbrios em toda a cadeia alimentar e afectando todo o circuito alimentar envolvido. A isto, há que juntar as alterações climáticas, em algumas zonas do globo, com a consequente baixa da produção dos cereais e as alterações da dieta alimentar na China e na Índia.
Ao crescimento económico e à extraordinária evolução científica e tecnológica, que se tem verificado em todos os domínios, nos últimos anos, não têm correspondido medidas para que a desigualdade e a pobreza deixem de aumentar e as doenças deixem de alastrar um pouco por todo o planeta.
A Declaração do Milénio das Nações Unidas parece estar a transformar-se numa nova miragem, das tantas que, os que nos (des) governam, são pródigos em prometer.
Até quando o mundo e os seus povos aguentam este somatório de disparates?
Vítor Amorim

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Papa Bento XVI na América


"No dia em que celebra 81 anos, o Papa entrou na Casa Branca afirmando-se como “um amigo, um pregador do Evangelho e um com grande respeito pela vasta sociedade pluralista” norte-americana. A Bento XVI, Bush sublinhou o papel da fé na vida dos norte-americanos. “Num mundo em que alguns evocam o nome de Deus para justificar actos de terror e homicídio, precisamos da sua mensagem de que Deus é amor. E abraçar esse amor é o caminho certo para salvar os homens de abandonarem a oração para o ensino do fanatismo e terrorismo”, disse Bush. Sem tocar nos assuntos mas polémicos que dividem a opinião pública norte-americana, como a presença dos Estados Unidos no Iraque ou a questão do aborto, Bento XVI fez referências no seu discurso aos pais da nação norte-americana, citando a Declaração da Independência e o seu primeiro Presidente, George Washington."
Texto e foto do PÚBLICO on-line
NOTA: Depois dos escândalos dos padres pedófilos, o Papa Bento XVI, "envergonhado", procurará animar os católicos americanos, sublinhando que a Boa Nova não pode pactuar com crimes desta natureza. Admiro a franqueza de Bento XVI quando se declara envergonhado com a atitude desses sacerdotes e, decerto, com o silêncio cúmplice de alguns bispos. A sua franqueza não deixará de pesar nesta viagem a uma das mais poderosas nações do mundo.
FM

Irmão de Taizé em Aveiro: 18 de Abril

Jovens em Taizé

O único Irmão Português que, actualmente, integra a Comunidade Ecuménica de Taizé, na localidade com o mesmo nome, na Borgonha Francesa, estará no próximo dia 18 em Aveiro de visita à diocese, a convite da Pastoral Juvenil e Vocacional desta diocese.
O Irmão David, natural de Portalegre, vai encontrar-se com D. António Francisco, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, vai visitar estudantes de Educação Moral e Católica na Escola Secundária de Estarreja e à noite vai integrar a oração mensal de Taizé e participar numa mesa redonda no final da celebração.

HUC: Estacionamento muito difícil

Por motivo de consulta médica, acompanhei hoje uma familiar ao Hospital Universitário de Coimbra, onde, aliás, tenho ido inúmeras vezes. Hoje como sempre foi muito difícil estacionar. A paciente teve que correr para não perder a consulta e eu tive de andar, andar, andar à procura de um cantinho para estacionar o carro. Como é sabido, naquela zona da cidade há vários hospitais ou diversas dependências do mesmo. O HUC propriamente dito, o Hospital Pediátrico, o IPO e outros. E o problema está aqui. Com tão completa concentração de serviços, decerto com muitas centenas de funcionários, entre médicos, paramédicos, auxiliares e administrativos, os espaços existentes mal dão para eles. E para os doentes e acompanhantes que chegam de toda a Região Centro para as consultas e exames? É impossível. Não se compreende como é que os programadores, projectistas, políticos e demais responsáveis por estes equipamentos não pensam nestas questões. Usar transportes públicos? É complicado. Mas quem usa os seus meios próprios, como é que há-de fazer? Só há uma solução: cada doente tem de levar um condutor para andar por ali às voltas enquanto dura a consulta. Hoje de manhã havia muitos, como eu. Em conclusão: pensar na construção de hospitais (e de quaisquer equipamentos) exige que se pense na qualidade de apoios aos doentes, seus familiares e utentes.
FM

Na Linha Da Utopia

D. Ximenes Belo

Diálogo de culturas, ciências e religiões

1. «Onde há diálogo não pode haver agressividade» (Emmanuel Mounier, 1905-1950). Consequentemente, quando há agressividade é sinal de que não se assume o diálogo como procura de entendimento do diverso humano. O ano 2000, a passagem do milénio, trazia consigo a expectativa, finalmente, de “todo” o progresso humano; agora que estavam derrubadas as ideologias do séc. XX, faltando unicamente regular, humanizando, a desordem do capitalismo (selvagem) florescente. Este não se regulou e o momento dramático do “11 de Setembro 2001” trouxe consigo o novo imperativo ético de integrar no esforço reconciliador (uma hermenêutica = estruturação com degraus, como uma escada) todas as ordens do pensamento, não só os admiráveis conhecimentos científicos experimentáveis “tocavelmente”. Todas as culturas, filosofias e religiões, na riqueza da sua diversidade, são caminhos de procura de sentido que condensam em si próprios milhentos símbolos e significados que os tempos, apressados, que vivemos dão pouco lugar ao seu reconhecer e mesmo apreciar como apelo ao “sentido”: tarefa essencial para que a bondade substitua a agressividade.
2. Segundo estudo da UNESCO (ano 2000), existem no mundo cerca de cinquenta mil culturas. Neste contexto, a diversidade é, pois, a riqueza maior a destacar, num enraizamento que brota, naturalmente, do desígnio da unidade comum a todos os seres humanos. Por vezes sente-se que o prato da balança tem crescido muitíssimo para alguns em termos de sociedade de conhecimento científico, tecnológico e económico; mas, ao que parece e pelos efeitos de uma certa “agressividade” intolerante espelhada em múltiplos acontecimentos mundiais, tem crescido (ainda) pouco o prato da balança da inclusão positiva dos conhecimentos da ordem mais filosófico-social e cultural, solidária e essencialmente humana. O desafio do século XXI pode estar espelhado no slogan que a Europa escolheu para si própria neste Ano 2008 – Ano Europeu para o Diálogo Intercultural.
3. Assinalando este Ano Europeu em Aveiro, a EPA – Escola Profissional de Aveiro, levou a efeito significativa iniciativa de alargada sensibilização para os valores do diálogo intercultural e inter-religioso. No Centro Cultural e de Congressos de Aveiro as centenas de estudantes, na linha programática da escola, no âmbito da formação humana para a cultura e sociedade contemporâneas, acolheram com agrado intervenientes de diversas culturas e religiões presentes em Portugal e no mundo, numa óptica do «diálogo inter-religioso para a construção de uma Europa pluralista». Vale a pena referir os nomes: da comunidade islâmica esteve Faranaz Keshavjee; da comunidade judaica, Joshua Ruah; pelo cristianismo, Anselmo Borges. Foi especialmente convidado e homenageado D. Ximenes Belo (bispo emérito de Díli, Nobel da Paz 1996), neste desígnio das culturas, ciências e religiões em diálogo na promoção da paz mundial e da inalienável dignidade da pessoa humana. De tanta riqueza partilhada fica a expectativa feita certeza de que o cidadão do futuro terá de ter estas questões bem presentes na sua formação de todos os dias. Dizemos formação e não formatação!... Para que a bondade humana da PAZ brilhe acima de tudo e em todos.

DIA MUNDIAL DA VOZ

No Dia Mundial da Voz, nada melhor do que ouvir "A VOZ" - Frank Sinatra.