sábado, 8 de dezembro de 2007

A IGREJA CATÓLICA NO LABIRINTO DO SEXO



Uma razão fundamental do mal-estar em relação à Igreja provém da sexualidade. Desde o século XVIII, muitos terão iniciado o seu abandono, porque concretamente a confissão, patologicamente centrada no pecado sexual, esmiuçado até à exaustão, começou a ser sentida como invasão indevida da intimidade e ferindo inclusivamente os direitos humanos.
A Bíblia contém, dentro da literatura mundial, um dos mais belos hinos ao amor erótico: leia-se o Cântico dos Cânticos. Desde o início, no Génesis, se diz que a sexualidade é dom de Deus. Segundo a Bíblia, o ser humano não está dividido em corpo e alma, pois forma uma unidade. Na perspectiva cristã, o corpo não é desprezível, pois o próprio Deus assumiu a humanidade corpórea.
A gnose, o maniqueísmo, Santo Agostinho, a lei do celibato dos padres, misogenias, dualismos antropológicos, concepções do poder a reprimir o prazer: eis algumas das causas do mal-estar.
A emancipação feminina e a facilitação da possibilidade de separar actividade sexual e procriação foram determinantes para uma nova vivência da sexualidade.
A Igreja terá sempre dificuldade em ter uma palavra equilibrada sobre temática tão complexa como humana, uma palavra que não seja de bênção para o "vale tudo" nem de repressão da alegria do encontro de liberdades sexuadas.
Mas, sob o nome de Monsenhor Pietro De Paoli, alguém altamente posicionado na Igreja quis reflectir sobre problemas fundamentais dessa Igreja, facilitando a questão, mediante a forma de romance: Vaticano 2035. Trata-se de um cardeal que chega a Papa, depois de ter tido a experiência do casamento, da viuvez, de duas filhas que nem sempre cumprem as regras oficiais, de um cardeal homossexual.
O novo Papa toma apontamentos para uma futura encíclica sobre a sexualidade. Já não se tratará de condenações, mas de compreensão e de apelo a uma caminhada no respeito, no amor, no desejo de progredir em humanidade digna.
Começaria por relembrar o sentido profundo da sexualidade: "o primeiro bem do casamento é o amor." A sexualidade pode e deve ser um lugar privilegiado de humanização e de aprendizagem da unidade do ser humano enquanto corpo e espírito. "É pelos nossos enlaces, união íntima do corpo e do espírito, que compreendemos, talvez da maneira mais próxima, o que significa o amor encarnado."
Seguem-se alguns pontos de referência:
1. Embora a existência humana seja um caminho, devendo cada um responsavelmente examinar em consciência em que etapa se encontra, lembra-se que o exercício da sexualidade humana, antes de formar um laço conjugal, é uma forma não plena de sexualidade. 2. "Os seres humanos não se reproduzem, fazem amor." É importante perguntar de que modo o exercício da sexualidade tem de facto o amor como fruto e de que modo dá fruto; "é certamente um critério de julgamento". 3. O exercício da paternidade e da maternidade responsáveis requer "um diálogo permanente, franco e sincero entre os esposos". Esse diálogo incidirá concretamente nos meios de assumir essa responsabilidade. 4. O homem e a mulher não são posse um do outro. 5. "A sexualidade homossexual é um facto comprovado em todas as sociedades humanas." Que sabemos sobre a sua génese, as suas causas, a sua "natureza"? "Afirmamos que não desejamos julgar nem os comportamentos nem as pessoas: os pontos seguintes permitirão exercer um discernimento sobre o exercício de toda a sexualidade humana, incluindo a homossexual." 6. "O meu corpo não é uma coisa, o corpo do outro não é um objecto." 7. O exercício da sexualidade pressupõe "o respeito mútuo, a confiança e o consentimento de cada um". 8. "A sexualidade realmente humana não pode exercer-se no âmbito do constrangimento, da chantagem ou de uma relação tarifada." 9. O exercício da sexualidade humana é feito de permuta de gestos e de intimidade revelada, "mas pressupõe antes uma troca de palavras". 10. "Violar a palavra dada, quebrar um compromisso, ser infiel são faltas graves."


Anselmo Borges


In DN


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 51



NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Caríssima/o:

Sem contar, mas com muito gosto, a sombra da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ao Marquês, no Porto, voltou a ser para mim doce refrigério e um momento de agradável reencontro. Contrariamente ao que é habitual, desta vez fui levado pela mão de uma filha...
Já lá não ia há muito! Depois de por ali andar durante vinte anos, eis que dou por mim a contar vinte e cinco que passaram desde que pela última vez me sentei na Cripta desta Igreja! Mas foi reconfortante palpar o amor a Nossa Senhora da Conceição que a todos os que lá estávamos nos aquecia.
Tratava-se da apresentação de dois livros em que se canta a Imaculada Conceição, no ano em que se comemora o 60º aniversário da sua Igreja.
Porém, sem ninguém dar por isso, esgueirei-me da sala e pulei para o Esteiro Pequeno para ver e ouvir os morteiros que os mordomos da festa lançavam nesta quadra em que muitas vezes o céu era de chumbo e a luz do foguete era brecha rasgada no escuro!
Que me perdõem D. Carlos Azevedo, P. Rúbens, Dr. Seisdedos e todos os outros e outras, não foi por mal esta escapadela! Acreditem que terminei essa noite a meditar nas linhas finais deste livro:
«Cada cristão, pelo testemunho recebido [de Maria], pode interrogar-se e construir a sua própria vida. Maria é mãe de todo o cristão que nasce para a fé e se dispõe para a entrega à dor e à alegria de um amor criador.»
E ainda ressoa dentro de mim o último apelo:
-Alegrem-se!

Boa festa de Nossa Senhora da Conceição!

Manuel
FOTO: Nossa Senhora da Conceição. Escultura gótica alterada por vários restauros; tradicionalmente terá sido adquirida em Inglaterra e oferecida pelo Condestável Nuno Álvares Pereira, primeiro donatário de Vila Viçosa, a esta igreja então chamada de Santa Maria do Castelo. D. João IV coroou esta imagem, proclamando Nossa Senhora da Conceição Padroeira de Portugal.
In "As mais belas igrejas de Portugal"

A espiritualidade de Mário Castrim


«DO LIVRO DOS SALMOS»


Do livro dos Salmos nasce o livro de Mário Castrim. Um testemunho, mais próximo e fiel, para muitos desconhecido, da sua ligação ao transcendente. “Do Livro dos Salmos” é o nome da obra que oferece uma visão mais íntima do escritor conhecido por muitos como um crítico de televisão e com “opções e ideologias diferentes”, aponta à Agência ECCLESIA, Alice Vieira, escritora e esposa de Mário Castrim.
Na realidade a obra nasceu há 13 anos, apesar do seu recente lançamento. Na origem está a colaboração que Mário Castrim manteve com os Missionários Combonianos, para a revista Audácia, uma ligação iniciada em Março de 1993.
Da leitura dos salmos, “da sua interpretação porque os sabia quase de cor”, foi re escrevendo poemas sobre os salmos.
No desejo de o ver publicado, Mário Castrim chegou a entregar o livro à editora, afirmando que a edição seria inteiramente dedicada aos Missionários Combonianos. A vida não permitiu acompanhar a publicação.
“É um livro muito bonito”, afirma sem qualquer desculpa a sua esposa de quase 40 anos. Para quem não o conheceu bem, “será uma surpresa”, admite Alice Vieira, que relembra a posição do seu marido “em desacordo com a hierarquia”, mas “católico”. Esta será uma oportunidade para as pessoas “terem uma ideia mais completa da sua pessoa”.
Alice Vieira descreve um livro de grande fervor, com uma “grande ligação ao divino”. Será esta a grande surpresa, assegura.


Leia mais na Ecclesia

Nova estátua na Gafanha da Nazaré


"EU SOU CAMINHO, VERDADE E VIDA"



A Gafanha da Nazaré tem nova estátua. Jesus Cristo, que todos os gafanhões bem conhecem, de terem ouvido falar d'Ele ou de O sentirem nas suas vidas, está agora, em estátua, junto à capela mortuária. Gravada no seu coração está uma legenda bíblica e muito expressiva, que todos também conhecem: "Eu sou caminho, verdade e vida". Tive o prazer de passar por ali, com máquina fotográfica, no momento certo. O registo aqui fica.

GRATIDÃO À TELEVISÃO




Hoje acordei com vontade de manifestar a minha gratidão à televisão, a caixinha mágica que mudou o mundo. Simplesmente por saber que há muita gente que a tem por companhia única em horas e horas de solidão.
Todos os dias chovem críticas contra os programas que as diversas televisões apresentam. Por esta ou por aquela razão, todos os cronistas da comunicação social têm nela uma muleta para alimentarem os seus escritos. A par dela, só o Governo. Mas temos de convir que muitas vezes as críticas são injustas. Isto não significa que fiquemos calados perante aquilo de que não gostamos. No fundo, as críticas bem alinhavadas, até são úteis. A partir delas, há sempre quem procure melhorar o que faz.
Há dias, em conversa com um idoso, daqueles que vivem numa solidão que será difícil de suportar, ele dizia-me que o que lhe vale é a televisão. Com ela, sente-se com alguém que o ajuda a olhar o mundo e a tocar, quase, nos seus ídolos, nas pessoas que admira, nos artistas, no povo… “Se não fosse a televisão, já imaginou o que seria a minha vida, sem ninguém com quem conversar?”, adiantou-me o meu amigo… E logo explicou: “Vejo futebol, vejo telenovelas, vejo filmes, vejo espectáculos, vejo reportagens, enfim, corro o mundo!”
Pois é verdade. Afinal, a televisão, onde muitos vêem quase tudo errado, ainda presta um serviço social nem sempre quantificado, substituindo-nos, na grande maioria das vezes, nas visitas aos que vivem sós.
Por isso, a minha (ou a nossa?) gratidão à televisão…

FM

Prémio para gafanhão

Tiago Margaça venceu
Prémio Ariane de Rothschild Tiago Margaça, um jovem artista plástico da Gafanha da Nazaré, com 26 anos de idade, venceu o Prémio Distinção, em pintura, na terceira edição do Prémio Ariane de Rothschild, promovido pela delegação portuguesa do Banque Privée Edmond de Rothschild Europe.Como prémio, Tiago Margaça recebe uma bolsa de estudo, com a duração de três meses, na Slade School of Fine Arts, de Londres, na Inglaterra.
Fonte: Correio do Vouga

PARÓQUIA, UMA ESTRUTURA A PEDIR RENOVAÇÃO?



Vou partir da paróquia para que a recomendação do Papa seja melhor compreendida. A paróquia, que é ainda uma instituição importante na Igreja, tornou-se uma realidade muito diferenciada e complexa. No meio urbano, ela mostra que falar de limites de território é estar fora do tempo. Nos meios de transição e de mobilidade, por razões de trabalho e outras, ela perde identidade. Nos meios rurais desertificados, é uma memória sem sonhos nem projectos.
Há dezenas de anos, as dioceses com muitos padres criavam paróquias para os ocupar. Não se pensava em ajudar outras que os não tinham. Ir para as missões implicava sair da diocese e o padre dizia ao bispo que se ordenara para a sua diocese e não para outras.
Nos meios urbanos, a crescer demograficamente, a solução mais normal foi criar novas paróquias, sem uma reflexão que as tornasse operativas já no tempo que corria. Nasciam com o destino traçado de serem o que outras sempre foram, com alguma cosmética de imaginação e cheiro de juventude. Mas, por vezes, já nasceram velhas.
Se a solução de “um novo estilo de organização” começar pela paróquia, o diagnóstico da realidade é tão simples, como inconsequente. Neste país de dois palmos, há zonas populacionais onde faltam paróquias, zonas onde elas abundam, apesar de mortas, zonas intermédias, em que nem se sabe bem quem são os paroquianos. O resto pouco conta.As últimas sondagens à prática dominical mostram que, mesmo em zonas não urbanas, a igreja da paróquia já não é pólo de atracção para alguns paroquianos ainda residentes.
Exigências canónicas e planos pastorais da Diocese passam até agora pelas paróquias. Porém, em muitos casos, não passam de facto. A ferrugem do tempo sedimentou formas de individualismo pastoral, hoje sem qualquer futuro. A mobilidade, ainda que apenas verificada e lamentada, gera cristãos que, se ainda cumprem o preceito dominical, não têm qualquer vínculo comunitário. Não se sentem bem na sua paróquia da residência, porque não vão lá. Não são da paróquia ou da igreja onde vão, dos religiosos ou outra, porque não residem lá e não querem nada que os prenda. Apenas laços de amizade pessoal ou mesmo nenhuns. Numa Igreja, Povo de Deus e Comunhão responsável, isto não chega.
Muitas paróquias já são pouco mais que instâncias canónicas obrigatórias para actos de jurisdição paroquial: baptizados, comunhões solenes, confirmações, processos de casamento, funerais… Mesmo assim, o sistema de licenças pagas para transferências e de excepções aceites para lugares especiais, como colégios e santuários, debilita ou mata a vida comunitária ainda possível, e deixa as pessoas, no presente e para o futuro, sem raízes e referências visíveis e sensíveis. O anonimato nunca responsabiliza.Deste modo, torna-se difícil a formação cristã de adultos, continuada e diferenciada.
Quando as paróquias, e são muitas, pouco ou nada oferecem de válido neste campo, os que não se resignam a ser apenas cristãos rotineiros e ignorantes procuram noutros espaços eclesiais o alimento da sua fé e do seu compromisso apostólico. Será este o caminho? Em tempo de reflexão e de procura não se pode excluir nenhuma hipótese válida.A paróquia estará então condenada a desaparecer? As instituições seguem as leis da vida. Renovar não é matar, sem mais, mas também não é cedência, de modo habitual e acrítico, a situações que empatam e impedem uma renovação necessária e urgente.
Onde se justifica a paróquia, e justifica-se ainda em muitos casos, ela e o seu responsável devem ter consciência de que, por mais apetrechados que estejam, necessitam de integração complementar em novas formas e espaços pastorais, que melhor sirvam a vida e potenciem a acção da Igreja. Estruturas intermédias alargadas tornaram-se necessárias, porque a vida e as relações das pessoas passam-se em espaços novos e abertos. Equipas eclesiais arciprestais e vicariais, unidades pastorais comunitárias, novos modos de servir e assistir os fiéis, podem e devem ser caminho renovador. Se for só o clero a procurar este caminho, depressa ele se tornará velho. Os leigos são mais sensíveis às mudanças que interpelam a Igreja. Sofrem-nas mais. Há que ouvi-los, interrogar-se em comum, e decidir solidariamente.

António Marcelino

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Na Linha Da Utopia




Novas Sendas, no terreno…


1. Precisamos cada vez mais de apreciar e valorizar aqueles projectos que antecipam o futuro, pelo colocar em rede a sociedade integrando a diversidade das comunidades. Quando não, por vezes, só ao nos deparamos com os problemas das crispadas intolerâncias que facilmente enchem os noticiários, nessa hora, então discursamos sobre o que fazer em ordem a uma coexistência social na diversidade de razões, culturas, formas de ser e pensar…em ordem a um desenvolvimento assente na dignidade da pessoa humana. Que bom seria que, numa sensibilidade social (desejada de forma sempre maior), fosse enaltecida a consistência de projectos (que são vida) que no silêncio de todos os dias procuram semear os valores da paz, do sentido do outro e da educação (a chave do futuro).
2. O Projecto Novas Sendas (promovido pela Cáritas Diocesana de Aveiro e com o apoio parceiro de inúmeras entidades da região, de autarquias até às áreas de saúde, educação-formação, segurança social, emprego, pastoral) representa este sinal da cooperação entre todos em ordem a uma integração social positiva e estimulante da diversidade. Derivando de anterior projecto “Senda Gitana”, este “Novas Sendas” nasceu em Fevereiro de 2005, chegando ao (final no) presente como um rasto de luz para a população de etnia cigana dos três bairros do Lugar de Ervideiros (Quinta do Simão). Uma esperança se vai confirmando ao observarmos as crianças a quererem a Escola e os seus Pais a considerarem como importante a convivência e a formação…
3. Deste esforço de anos, um eco de co-responsabilidade social vai dizendo que o projecto não pode parar. Chega-se, sim, ao final de uma etapa, pois parar seria o risco de deitar a perder este esforço intercultural de anos. Não é nem foram teorias, foi a vida no “terreno” (como tanto sublinha a coordenação), no procurar semear nas famílias o ideal de que uma sempre mais saudável forma de viver é possível e desejável. Um caminho feito numa ténue e por vezes surpreendente fronteira, entre o respeito cultural e a dignidade das pessoas. Visionário projecto que transforma as mentalidades de uns e outros, a ponto de não se ficar à espera dos problemas para obter soluções. Se é certo que as dificuldades sempre persistem, a procura antecipada de soluções comprometidas e alargadas confirma que, também nesta área, Aveiro vai abrindo as portas do futuro.
4. Uma realização dinâmica, em que também a “imagem social” das comunidades diferentes vai mudando (embora lenta), nesta aprendizagem inclusiva da cultura do outro e numa convergência recíproca, tendo como horizonte a dignificação da pessoa humana. Assim continue, cada vez mais, sempre ensinando a “pescar”. No “terreno”, dando e recebendo, estimulando esses “outros” que graças ao “projecto” são hoje mais próximos, esses que também somos nós. Se assim não for, adiaremos o futuro.

Alexandre Cruz

Foto: Crianças do projecto "Novas sendas", do meu arquivo


NATAL
:
Um anjo imaginado,
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: — É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e oiro
Derramados

No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quezilento,
Redemoinha e sai:


À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Miguel Torga

In “POESIA COMPLETA”

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 50



FESTA DAS CRUZES OU DO ABRAÇO

Caríssima/o:


“Por fim, em Guardão (Vila do Caramulo), Festa das Cruzes ou do Abraço (quinta-feira da Ascensão) com bênção dos campos (ritual propiciatória da abundância). Há quem lhe chame Festa das Ladainhas com o abraço das cruzes (processionais) de vários povos em redor, cerimonial ligado à lenda de batalha dos infiéis e o povo de Guardão festejou com abraços depois da vitória. “
Assim podíamos começar a conversa que pessoa amiga puxou e toda ela está envolvida em lenda. Mas afinal onde fica Guardão?

«Freguesia do concelho de Tondela e do distrito de Viseu, possui uma área de 18.700 km2.
Enquadrada pela Serra do Caramulo, dista cerca de 20 km da sede concelhia e abrange as seguintes povoações: Cadraço, Carvalhinho, Caselho, Ceidão, Guardão de Cima, Guardão de Baixo, Janardo, Jueus, Laceiras, Caramulo, Pedrógão.
A antiguidade da povoação, anterior à fundação da Nacionalidade Portuguesa, é comprovada pelo Castro de São Bartolomeu, situado num cabeço a 631 metros de altitude, onde se encontram inúmeros vestígios de outras épocas, como cerâmicas ou moedas medievais, cuja origem se desconhece, mas que facilmente se poderá ligar à existência de uma feira na região, desde o período de formação de Portugal.
Pensa-se que Guardão constituiria um dos extremos da "civitas" romana.»

Afinal como se processa o “abraço”?

«Enfeitadas com ouro, laços e flores, as cruzes saem em procissão das respectivas Capelas, levando na frente o pendão da freguesia. Encontram-se todas no adro da Capela de São Bartolomeu, seguindo os cortejos, depois, um por um, para a Igreja de Nª Sª dos Milagres.
Pelas dez horas da manhã, chegam as primeiras cruzes, as de Santiago, depois as de Santa Eulália e, por fim, as de Castelões.
À chegada das primeiras cruzes, anunciadas pelo tocar do sino, saem da Igreja Matriz as cruzes de Guardão, dirigindo-se para o largo, junto do cruzeiro, de modo a receberem aí os primeiros cruciferários. À medida que vai chegando cada um dos cortejos, cumpre-se o ritual do “tocar das cruzes”, até que, no final se unem todas “como num abraço”.

Este cerimonial que se realiza, segundo a população, há mais de mil anos, pretende recordar e homenagear o abraço dado pelos habitantes aos soldados que ali, um dia, lutaram contra os Mouros, expulsando-os, definitivamente, daquela região.»


Um tanto longe do tempo, entremos no espírito deste abraço e brindemos com o povo!

Manuel

Na Linha Da Utopia

SEM DILEMAS, COM REALISMOS 1. A complexidade da vida em sociedade democrática faz com que os dilemas que, de quando em quando se vão levantando, sejam ineficientes em ordem a um sempre maior desenvolvimento futuro. Dilemas como “público ou privado”, “tecnologias ou filosofias”, “igrejas ou estados”, “máquinas ou pessoas”, quando ainda tornados presentes espelham uma visão parcelar (quando não mesmo radical) da realidade que é bem mais abrangente que qualquer esquema predefinido. Quando se quer considerar a realidade como se ela fosse “preta ou branca” estamos diante de uma visão pragmática e tecnocrática que se fica pela rama… O tempo histórico dos dilemas na abordagem social, como se esta pudesse ser vista numa linha instrumental, teve a sua época e quando ainda brilham reflexos desta forma de pensar será porque as bases de uma memória aberta e consciente andam pela rama. 2. A própria história, na sua construção (dialéctica) em crescendo é mesmo assim, e tantas vezes as querelas culturais entre os conservadores do passado e os progressistas do “amanhã” ocuparam demasiado espaço, como se a história das pessoas em sociedade fosse algo desgarrado da vida simples e concreta e não tivesse a capacidade razoável de ser receptora dos impulsos renovadores. (Por vezes assim foi!) Um desses momentos marcantes, que valerá a pena recordar, de tensão entre o passado e o futuro foi a famosa crise cultural francesa dos fins do séc. XVII, a designada de “Querela dos Antigos e dos Modernos” (1687-1715); uma “guerra” cultural na viragem do século e no fim de uma época. Dizem os estudiosos que este tempo, em muito, preparou as ideias futuras, mesmo nas ciências das sociais e psicologias. 3. Sendo certo que os tempos de mudança acelerada (como a globalização presente) desafiam grandemente à consistência dos valores essenciais, verificamos que diante das tensões e fragmentações sociais ganha essencial importância o equilíbrio de pontes entre o passado e o futuro. A mudança (silenciosa) de paradigmas em andamento que vão transformando as concepções de Família, Escola, Religião, Estado, Comunicação (on-line)… precisam de novas pontes de entendimento e não de dilemas que separam toda a densidade da realidade, hoje em “rede”. Neste procurado equilíbrio, não há fórmulas, na certeza de que o futuro daqui a uma década será muitíssimo diferente do passado de há dez anos. Basta ouvir os sentimentos que pairam nas “ruas” do mundo para que a apreensão se transforme em pontes de realismo para um saudável futuro. Na obra “As Chaves para o séc. XXI” (com a UNESCO, 2000), sublinha-se que este não pode ser um monólogo tecnológico, mas de diálogo entre as pessoas. Aqui todos os instrumentos podem ajudar, mas tudo depende, cada vez mais, dos valores realistas dos utilizadores. Afinal, sempre assim foi! Alexandre Cruz

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO


Celebra-se hoje, 5 de Dezembro, o Dia Internacional do Voluntariado. Penso que ninguém no mundo ignora a impor-tância de quem se dedica ao serviço dos outros, em especial dos que mais precisam. Os voluntários estão por toda a parte, servindo, gratuitamente, quem está necessitado do essencial para vi-ver. Há organizações vocacionadas e organizadas para responder às mais variadas solicitações, tanto nos campos de guerra como nas zonas de catás-trofes naturais. Tanto junto de quem passa fome e sofre de doenças graves como dos que se encontram perseguidos pelas suas ideias políticas ou religiosas. Seria extensíssima a lista de quem precisa da acção generosa dos voluntários. Mas todos sabem que é assim, pelo que me fico por aqui.
Quero, contudo, enaltecer quem se dá sem esperar nada em troca. Quem vive para os outros. Quem está sempre atento a responder a situações de carência.
Por isso, esta nota, com uma sugestão. Quem puder, e todos podemos duma forma ou outra, dê um pouco de si a quem mais precisa. Nem que seja, apenas, um sorriso e uma palavra de conforto.

FM

Gafanha da Nazaré: Adjudicada requalificação do Jardim Oudinot


A obra de requalificação do Jardim Oudinot, que se encontrava a concurso público, já foi adjudicada ao consórcio Conduril, SA e Rosas Construtores, SA. O espaço está transformado daqui a cinco meses


O concurso público para a execução da obra de requalificação do Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, foi, anteontem, adjudicado pelo Executivo municipal, ao consórcio Condurir, SA e Rosas Construtores, SA. A obra, com um valor estimado de cerca de três milhões de euros, tem um prazo de execução de cinco meses. O processo seguiu, agora, para visto do Tribunal de Contas, perspectivando-se o início da obra já para o próximo mês.

Ler mais em Diário de Aveiro

LÍNGUA PORTUGUESA


Língua Portuguesa vai dispor de portal
a partir de meados do próximo ano



A Língua Portuguesa vai dispor, a partir do segundo semestre do próximo ano, de um portal – Lingu@e – que visa pensar a língua em termos práticos, como disse ontem Rui Machete. O presidente da Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento (FLAD) falava em Lisboa, no âmbito do protocolo ontem assinado entre esta fundação, o Instituto Camões e o Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, que tornará possível colocar o portal na Internet.
Actualmente o portal, “em fase bastante embrionária”, como disse Rui Vaz, do Instituto Camões, está ligado ao site deste instituto, http://www.instituto-camoes.pt. A sua presidente, Simonetta Luz Afonso, disse à Lusa que “em finais de Maio, princípios do segundo semestre, o portal entrará em funcionamento pleno”.
A responsável salientou que o português, sendo falado “por apenas 10 milhões de pessoas na Europa, é falado por 230 milhões no mundo”, sendo a terceira língua europeia mais falada internacionalmente. Este portal visa debater o Português no âmbito da problemática do multilinguismo europeu e “como a Língua Portuguesa e outras línguas comunitárias globais podem ser instrumento de projecção das relações exteriores da União Europeia”.
Paulo de Almeida Sande, do Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, referiu, a propósito, que esta assembleia parlamentar “é um exemplo de como conciliar 23 línguas oficiais diferentes” e que o portal permitirá “registar” grande parte do debate que se faz a propósito do multilinguismo. “Será um instrumento não só de diálogo como um repositório de documentos produzidos pelos vários debates que se têm feito sobre o multilinguismo”, disse. O portal terá sete temas de debate, cada um com um coordenador específico.


Leia mais em PÚBLICO on-line

ARES DO OUTONO


ILHA DE SAMA OU ILHA DO REBOCHO
As tecnologias fazem por vezes quase o impossível. Na Gafanha da Nazaré, junto ao Porto de Pesca Longínqua, vê-se ao longe a célebre Ilha de Sama, também conhecida por Ilha do Rebocho. O que mal se vê ou vê mal a olho nu pode ser ampliado por qualquer razoável máquina fotográfica. O que fica, nesta fotografia, é uma imagem do abandono a que foi votada a ilha. A casa em ruínas dá a sensação de que é filha de guerra ou de puro esquecimento. Numa zona turística talvez a ilha pudesse ser devidamente aproveitada. Outrora foi propriedade agrícola, não sei se muito ou pouco produtiva. Mas tinha alguma vida. Hoje, está em agonia plena.

O NATAL DE TODAS AS NOITES

No CUFC, 10 de Dezembro, 21 horas


Em mais uma Conversa Aberta do Fórum::Universal, no CUFC, no próximo dia 10 de Dezembro, segunda-feira, pelas 21 horas, vai reflectir-se sobre O NATAL DE TODAS AS NOITES. Tema sem dúvida oportuno e desafiante. Urge pensar, de facto, num Natal de sempre e para sempre. Sem hesitações.
Como convidado, estará presente João Abrunhosa, presidente da Comunidade Vida e Paz, que põe em prática, todas as noites, junto dos sem-abrigo de Lisboa, a utopia, para muitos, de um Natal durante todos os dias do ano. Ano após ano. Quando se diz que o Natal é sempre que o homem quiser, para muita gente não é utopia. É realidade palpável, sentida, talvez, por quem está sem norte, sem auto-estima, sem horizontes de qualidade de vida digna.
Estou certo de que muitos hão-se saber aproveitar muito da experiência de João Abrunhosa. Da sua experiência e do seu testemunho, decerto rico no saber estar com quem sofre e nada tem. Nem pão, nem família, nem calor humano, nem trabalho, nem amigos. E na noite do dia 10 de Dezembro, quem sabe se um ou outro não sairá da Conversa Aberta com vontade de se abrir um pouco mais a quem mais precisa.

Fernando Martins

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Na Linha Da Utopia

A CIMEIRA 1. Aproxima-se a “hora” da Cimeira Europa-África. Depois de longa preparação e expectativa sobre as presenças e ausências, dos que ficam em hotéis ou em tendas, dos que tomam as refeições oficiais ou trazem as suas cozinhas, eis que finalmente, no próximo fim-de-semana realiza-se, sob a coordenação da presidência portuguesa da UA, a tão desejada Cimeira Europa-África. Para Portugal é importante que corra bem. Para os países europeus é o “regresso” geopolítico a África. Para África é a presença diplomática como um “mostrar-se” na estabilidade para consolidação de parcerias socioeconómicas. Para além deste pró-forma haverá oportunidade para agarrar a fundo as questões fundamentais de um mundo desequilibrado em desigualdades gritantes? Que frutos para o futuro serão expectáveis de tão grandioso encontro? 2. Desde já, uma conta parece estar garantida. A Cimeira, acima do previsto, custará ao Estado (aos contribuintes portugueses) dez milhões de Euros. Pelo valor garantido muito se tem mesmo de esperar de um fim-de-semana tão pesado que, mesmo assim, conta com quatro ausências dos 27 europeus (Reino Unido, República Checa, Eslováquia, Lituânia). Não faltará o champanhe, como há dias no brinde da presidência chinesa com o presidente da Comissão Europeia e o primeiro-ministro de Portugal; direitos humanos, depois! Também o próprio ditador Mugabe do Zimbabwé beberá duas taças, a dele e a da ausência de Gordon Brown; direitos humanos, a ver vamos. Tudo preparado, num cumprir de calendário onde alguns desafios estão em agenda. 3. Paz e segurança; desenvolvimento; democracia; energia; migrações e alterações climáticas; direitos humanos; Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Em perspectiva oito parcerias estratégicas entre a União Europeia e a União Africana, também num forte apelo às sociedades civis africanas. Da parte africana, das 53 presenças possíveis, estarão em Lisboa 46 ou 47 chefes de Estado. É importante que tudo corra bem, especialmente para Portugal. A diplomacia da presidência portuguesa já considera “histórico” o acontecimento (Diário de Notícias, 4 Dez.). Já?! Será por se esperarem poucos frutos concretos ou tudo já estará predefinido? Então, Cimeira para quê? Ou não haverá (sequer algum) significativo discurso directo? Estará a diplomacia do gabinete a fechar o diálogo político vivo? 4. Tudo com chefes de Estado…Não haverá para além destes quem dê eco das sociedades concretas? Que nova conjugação possível entre diplomacia política e verdade social? Tantas vezes não se chegam a soluções, também porque os chefes de Estado vivem longe dos problemas. Alexandre Cruz

Violência nas escolas


MAIS DE 300 PROFESSORES
E FUNCIONÁRIOS AGREDIDOS


Algo vai mal nas escolas portuguesas. Quando mais de 300 professores e funcionários são agredidos no ano lectivo de 2006/2007, temos de reconhecer que o mundo da educação e da aprendizagem tem um longo caminho a percorrer para se tornar num mundo onde o respeito por quem aprende e por quem ensina e educa é norma que todos aceitam e cumprem.
Confesso que acho estranho reconhecer-se que, nas escolas portuguesas, a violência, mesmo circunscrita a certas zonas, é uma situação sem solução à vista a curto prazo. Os professores e demais educadores precisam, mesmo, não de guardas, mas de condições que permitam uma educação integral dos alunos, com apoios altamente qualificados. Os improvisos e as soluções de remedeio não levam a parte nenhuma.
Urge, de facto, estudar-se o problema, até porque, creio eu, não faltarão estudos, técnicas e gente qualificada para enquadrar os violentos e os mal-educados num clima propício à educação. As crianças não precisam de ser enjauladas para serem educadas. Mas precisam, isso sim, de acompanhamento adequado na hora certa.

ARES DO OUTONO





Gafanhão que se preze não passa sem navios. E se não puder navegar, não resiste a passar por onde eles estão, como que a descansar das labutas no mar alto. Nos portos de pesca, na Gafanha da Nazaré, há sempre navios à espera que os gafanhões, e não só, os apreciem. Ontem por lá andei a contemplar estes bravos que, com homens valentes, enfretam, por vezes, a brutalidade das ondas marinhas. Mas também pensei no que foi a frota portuguesa antes da entrada na UE. A mais importante e mais dinâmica do País ancorava na Gafanha da Nazaré. Agora... é melhor pensar que um dia ela poderá regressar.




COMO O PÃO DE CADA DIA



Começou pela caridade, passa pela esperança e tudo leva a crer que nos conduzirá proximamente à fé. Bento XVI, na sua segunda Carta ao Povo Cristão. Que, como "encíclica" se destina a circular pelas comunidades para ser lida como uma epístola de Paulo ou de Pedro aos cristãos dispersos por diversas igrejas.
Tal como Paulo fazia, conhecedor da realidade e da missão da Igreja, Bento XVI fala a este tempo a partir do olhar sobre os acontecimentos convertidos em sinais que precisam ser lidos com a iluminação da fé. E parece-nos de facto muitas vezes que o homem de hoje anda um pouco perturbado com os sinais preponderantes ou que mais se impõem nas narrativas de palavras e imagens que constituem sempre referência aos caminhos por onde andamos. E pode dizer-se que estes tempos não são, para muitos, timbrados de esperança. Há uma série de esforços e promessas em muitos terrenos que parecem ter fracassado. A fome ainda habita o nosso mundo e o nosso país nas suas múltiplas formas. Os acordos e tratados, convenções e cimeiras parecem sugerir-nos um novo tempo de paz parecido com o sonhado por Isaías. Mas os tropeços são constantes e a paz perde-se outra vez no horizonte, como ponto minúsculo e inalcançável. E por aí adiante.
É neste contexto que a esperança ganha uma especial dimensão e oportunidade. Tal como a fé, sua parente íntima que não se define pelo somatório de razões lógicas ou filosóficas, a esperança não brota como instinto de saída de emergência para as crises, ou dum optimismo barato que só vê meia face do globo, como se a noite não existisse. É nesse complexo de luz e sombra que a esperança brota. Com algo desconhecido: "esse desconhecido - diz o Papa - é a verdadeira "esperança" que nos impele e o facto de nos ser desconhecida é, ao mesmo tempo, a causa de todas as ansiedades como também de todos os impulsos positivos ou destruidores, para o mundo autêntico e o ser humano verdadeiro."
Tudo isto tem a ver com Deus. A esperança é sobrenatural. Mas o problema é que muitos crentes, mesmo cristãos, em matéria de esperança, ainda que com muita fé, não vêem mais longe que os pagãos porque se refugiam nos seus próprios becos. É a novidade dum horizonte desenhado pela redenção de Jesus que importa proclamar ao mundo de hoje para que se não aprisione nos próprios instrumentos de redenção.
Mesmo com alguns acentos técnicos e teológicos mais áridos, esta carta de Bento XVI clarifica o momento que vivemos e o grande depois que é a eternidade. Com a esperança colocada de permeio. E algumas propostas concretas de celebrar a vida e a morte e o além, na esperança… onde somos salvos. Por isso é tão importante pedir a Deus a esperança. Como pedir o pão de cada dia.

António Rego

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mensagem de Advento e Natal


Neste Advento e Natal de 2007, como Organizações Católicas de apoio aos Imigrantes, queremos, enviar uma mensagem de paz e esperança, de alegria e solidariedade a todos os homens e mulheres do nosso país, solidarizando-nos com todos, mas, de uma forma muito especial, com todos os que, devido a circunstâncias adversas nos seus países de origem, escolheram ou se viram forçados a escolher Portugal para viver e trabalhar.
Vivemos tempos difíceis! As situações de crise económica, política e social repercutem-se, cada vez mais, na vida concreta das pessoas, e manifestam-se de maneira especial, na falta e precariedade de emprego e, por consequência, num maior empobrecimento de grande parte da população, fazendo aumentar os conflitos sociais, originando vagas de migrações que buscam, longe das suas terras, os meios para viver com o mínimo de dignidade.
A situação actual de crise económica afecta todos, mas especialmente os pobres e com mais força os imigrados, frequentemente em situação irregular e precária, sendo explorados, sem direitos efectivos e sem esperança. Nós, porque conhecemos directamente a realidade dos imigrantes, queremos partilhar com todos e de uma forma especial com os cristãos, pistas para reflexão e partilha afim de que na nossa caminhada de Advento possamos criar atitudes que, face ao fenómeno das migrações, nos ajudem a viver um Natal centrado no mistério da explosão de alegria surgida em Belém com Jesus, o imigrante por excelência, que integrou a história da humanidade.

Fórum de Organizações Católicas de Apoio aos Imigrantes (FORCIM)

ARES DO OUTONO





O Forte da Barra, em dia de Outono frio e húmido, não deixou de ser agradável à vista. Passei por lá e registei estas imagens que partilho com todos, em especial com os emigrantes que daqui partiram para um dia voltarem às origens.

DIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA



Hoje celebra-se o Dia da Pessoa com Deficiência. Para recordar que os deficientes existem e que têm direitos. Se pensarmos bem, todos nós temos, de alguma forma, uma qualquer deficiência. Mas não me refiro a esses, os que, por exemplo, têm de usar óculos para poderem ver melhor. Refiro-me aos que estão mais limitados para viverem no dia-a-dia. São esses que precisam que os tratemos como pessoas de pleno direito, embora carentes de infra-estruturas para se movimentarem com naturalidade. E para viverem dignamente.
Há, em Portugal, e decerto no mundo civilizado, instituições vocacionadas para apoiarem a pessoa com deficiência. E aí, se muitos de nós quisermos, poderemos contribuir para facilitar o mundo aos que estão nessa situação.
Há sempre algo que poderemos fazer pelos outros. Quem sabe se amanhã não seremos nós a precisar.

Na Linha Da Utopia

TÃO ANTES DO TEMPO QUE… 1. Não esquecemos uma história, já lá vão uns cinco anos, numa grande superfície comercial da região. Lembramo-nos que era o dia 7 de Novembro e os locais de comércio estavam a ser engalanados para a chamada quadra comercial natalícia. Nesta história real, havia um avô, uma mãe e uma criança. Três gerações diferentes diante do mesmo acontecimento. O choro da criança era a todo o custo o pedido exigente à mãe para lhe comprar aquele brinquedo. Ela, talvez para conseguir acomodar a situação, parecia na disposição de fazer a sua vontade… Entretanto, intervém o avô, guardião da tradição, com um chavão que gravámos na memória: “não, o Natal é só em Dezembro!” 2. O “século” que vivemos vai elegendo o comercial acima de tudo, já nem se conseguindo um domingo à tarde (em certas quadras) que seja para estar em família, conversar, passear ou descansar. A concorrência aberta, bom sinal no sentido pluralista, não havendo “bela sem senão”, faz do chegar primeiro o lema de todas as casas. E com o passar dos anos vem-se ampliando toda a antecipação de tudo, em que quando se chegam aos dias festivos já pouco faz sentido. Saturação. O “mágico” das quadras especiais, como o Natal, vai-se diluindo pelo tempo fora… Que bom seria que esses mesmos valores correspondentes (ao menos da tradição) também fossem passando, mas parece que quanto a esses o Pai Natal Comercial abafa, este tornou-se dono e senhor. 3. O homem do saco vermelho já há muito que anda por aí, e até vai tendo direito a entradas triunfais como se ele merecesse toda a adoração. Em vez de “amor e paz” a sua palavra mágica é “prendas”e mais “prendas”, num ter que se gasta e vai arrefecendo o tão essencial calor humano da ternura dos gestos sensibilizantes. É um facto. E se os grandes têm a distância crítica de quem sabe a origem e o sentido do Natal (e em que os gestos calorosos são o seu prolongamento festivo), já aos pequenos, predominantemente, pelo que vemos, pouco lhes interessa alguma mensagem. E mais, de tanta sobrecarga de prendas e coisas tanto antes do tempo, quando chegar o dia nada tem sentido, nada tem valor. 4. Este ano a meados de Setembro começou a “vender-se” Natal. Para o ano, será em Agosto? Pela quantidade das coisas vamos perdendo o calor dos gestos... Verdade? Exagero? Os vindouros serão o que “lhes damos” hoje. Seja o AMOR o presente mais dado. Não estraga, é gratuito, tem todo o futuro e representa mesmo o verdadeiro Natal! Até nesta mensagem da “memória” os avós são tão necessários. Alexandre Cruz

domingo, 2 de dezembro de 2007

Na Linha Da Utopia

A ESPERANÇA 1. A esperança é o encontro com o desejado (bom e belo) futuro. Uma esperança que supera toda a ciência e tecnologia, pois que abarca a totalidade da existência, como encontro do que se é com o que se procura, envolvendo tudo o que se sente de mais profundo. Nesta fase histórica da globalização comunicacional do séc. XXI, que sobrecarregada nas mudanças de paradigmas de pensamento-vida gera um ansioso pessimismo, falar e propor esperança é perspectivar e antecipar um amanhã melhor que relativiza o poder das “coisas” ou dos “sistemas” e eleva a dignidade humana como centro de toda a experiência histórica. 2. Que bom seria que todos os líderes das grandes instituições, ciências sociais e humanas, filosofias, e religiões, esboçassem o seu Tratado da Esperança como compromisso com o futuro do século…e nesse caminho de reflexão sentissem o comum desígnio humano como transcendência, numa realização humana que se completa para além da historicidade sempre limitada. Diremos que neste aprofundamento dos valores essenciais da paz, amor, esperança, sentido da vida, todas as energias ganham proximidade, parceria, dando assim, “razões” para acreditar na esperança, pois esta não pode ser palavra “vã” que se professa sem se alimentar da interioridade…pois só depois se manifestará na (vida ética da) exterioridade histórica concreta. 3. Como que procurando partilhar uma mensagem esboçada nas raízes do ocidente, Bento XVI na recente Carta Encíclica (Spe Salvi – Salvos na Esperança) propõe-se a essa reflexão, na qual constrói o caminho da esperança, do Humano ao Divino, que para os cristãos brota na Primeira Pessoa. Nesta proposta da Esperança Cristã que culminará com a reflexão da época patrística (Agostinho de Hipona) e do magistério eclesial, o papa cita Platão, Lutero, Kant, Bacon, Dostoiesvski, Engels e Marx. Numa visão de confronto reflexivo, visando uma distância crítica em relação aos sistemas técnico-sociais que, levados ao absoluto, podem asfixiar a esperança. 4. A esperança, como brotar contínuo de um sentido da vida que não “seca”, não se compra nem se vende, nem se produz em laboratório ou se detecta nas tecnologias da comunicação, por mais aperfeiçoadas que venham a ser. A esperança exige a “entrega” para além de si mesmo e para além das visões da história humana, sempre procuradora de verdades maiores. A viagem dos anos da vida apura a esperança, e em circunstâncias onde as forças da lógica racionalista humana nada valem… essa luz de esperança existencial (no fundo, sempre procurada) brota anunciando um amanhã melhor. Não é algo da ordem das pressas técnicas, exige a capacidade de sabedoria poética, elevada ao infinito! Não haja dúvida, na junção de todas as reflexões da esperança, o edifício da Nova Humanidade ganhará alicerces para todo o futuro! Alexandre Cruz