quarta-feira, 24 de outubro de 2007

JORNAIS EM PERIGO




”A rentabilidade da imprensa está cada vez mais em perigo. Se calhar hoje em dia 70% dos jornais portugueses dão prejuízo, portanto é óbvio que têm de arranjar soluções para reencontrar a sua rentabilidade num mercado cada vez mais difícil.”

Mário Arga Lima, proprietário e administrador de “A Bola”. Afirmação extraída de uma entrevista concedida ao Jornal de Negócios de hoje

Há muito se fala disto. Os jornais estão mesmo em perigo. Por isso, a carga, cada vez maior, dos descartáveis que os acompanham. Pagam-lhes para os suportarem e podem atrair leitores. Depois os livros, de graça, uns, e a preços baixos, outros. Outras ofertas, qual delas a mais exótica, também ajudam a vender jornais.
Quem está viciado na leitura de jornais tem pena de ver desaparecer alguns que fizeram história. Como já aconteceu tantas vezes. Então que fazer, sendo verdade que os vendedores de notícias estão a repetir-se até à náusea? Não sei. Só sei que está a generalizar-se a procura de noticiários on-line. O mundo está à nossa mão. A informação e a formação circulam a velocidades estonteantes. Novos hábitos crescem de forma acelerada. Há dias, enviaram-me um “site” com televisões gratuitas abertas aos cibernautas. Enviei-o para um amigo que está a viver um tanto ou quanto numa zona isolada. Seria para ele ocupar o tempo livre de forma saudável. Respondeu-me que já tinha um outro muito melhor…
Os jornais, claro, não poderão resistir a esta concorrência. Há também jornais gratuitos a serem distribuídos nos grandes centros. Tendo-os de borla, por que razão hão-de comprar-se outros? Só o farão, naturalmente, se o que se paga for mesmo muito bom…e diferente, para muito melhor.

FM

Na Linha Da Utopia



A MOEDA FAZ A DIFERENÇA!

1. Todos sabemos que nos hipermercados ou em centros grossistas os carrinhos de compras são instrumentos práticos, preciosos na tarefa de mais facilmente percorrer o local e realizar a finalidade dessa deslocação ao mercado. Todos sabemos, também, do incómodo que será chegar a um estacionamento e o espaço estar bloqueado com carros de compras a inundar a área reservada para o carro (sim mas), automóvel.
2. Vamos periodicamente a um desses espaços grossistas da região. Se vai havendo algumas mudanças (a par de obras de melhoramentos, normalmente também nas subidas dos preços!), todavia, algo se mantém como uma constante quase dogmática e infalível: os carros de compras desarrumados! E os mesmos carros de compras que a pessoa ao chegar verifica que atrapalham o estacionamento são os mesmos carros que são deixados para atrapalhar outros frequentadores.
3. Ainda assim, poderemos com facilidade detectar uma diferença: quando o carro tem moeda então esse é mesmo arrumado cuidadosamente, a fim de se poder tirar a moeda que lá se colocou. Ou seja, chegaremos à efectiva conclusão de que a moeda faz a diferença, como também a agradecemos a invenção da moeda no carrinho, pois imagine-se se os grandes hipermercados não contemplassem os seus carros de compras com esse estratégico equipamento: seria impossível lá entrar!
4. Por muito que se batalhe no fenómeno da formação humana e da educação cívica, enquanto não arrumarmos o carro a “pensar no outro” não iremos lá. Serão as coisas pequenas que são, afinal, as grandes demonstrações desses valores fundamentais de uma cidadania activa nas tarefas mais simples. Que pena que ainda estamos a “aprender a arrumar” o carro de compras! Será que para todas estas realidades mais simples do cumprimento dos deveres de cidadão…será para tudo necessário a invenção de uma moeda?! Será que só por interesse lá iremos e não tanto pelo VALOR JUSTO das coisas? (Claro, como tudo o que escrevemos, é um modo - simples - de dizer…)


Alexandre Cruz

Postal ilustrado


Da ilha de São Jorge, nos Açores, recebi este postal ilustrado do João, leitor do meu blogue. Ali trabalha e vive há tempos e quis partilhar comigo e com os meus amigos esta terra bonita, Calheta de seu nome, porque o que é belo é para se ver. Não sei o que é viver numa ilha, com os horizontes a perderem-se no mar, estendendo-se depois ao sabor da imaginação. Penso que em qualquer ponto da vila ou da ilha se ouve, sobretudo no silêncio da noite, o rumor do mar a atirar-se à terra, ora mansamente ora com bravura. Imagino só, mas quem sabe se um dia não hei-de experimentar, ao vivo, essas sensações de sonho.

FÁTIMA - 1




Hoje estive em Fátima. Sentia, há muito, a necessidade de lá ir. Há mais de um ano que andava a adiar a visita. Incómodos de saúde obrigaram-me a isso. Mas hoje arranjei coragem e lá fui, bem acompanhado. O ar que ali costumo respirar e a igreja da Santíssima Trindade, oferecida ao mundo em 12 de Outubro, estiveram na origem desta minha decisão. Valeu a pena. Do que vi e senti darei notícia nos próximos dias. Sem pressas, porque regressei de Fátima satisfeito. Depois direi porquê.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Museu Marítimo de Ílhavo


MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO CANDIDATO AO PRÉMIO "MUSEU EUROPEU DO ANO 2008"


O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) apresentou a candidatura ao prémio "Museu Europeu do Ano 2008", instituído pelo European Museum Fórum (EMF). A avaliação técnica será feita no próximo dia 29, durante uma visita dos membros do júri do concurso criado em 1977 com o objectivo de incentivar a excelência e a inovação no campo da museologia.
Sem querer alimentar expectativas, o director do MMI, Álvaro Garrido, destaca o facto de a candidatura já ter ultrapassado com sucesso a fase inicial. "Já estamos no grupo de finalistas, o que é muito interessante", avalia Álvaro Garrido. A apresentação desta candidatura permitirá, sobretudo, "desenvolver um exercício de autocrítica, partilha e reflexão". "Colocámo-nos à prova num prémio internacional de grande prestígio e exigência onde estão muitos parceiros com ambições e um belo trabalho quotidiano", sublinha.
A celebrar 70 anos de existência, o MMI pretende consolidar o processo de internacionalização, continuando a apostar no crescimento e na qualificação do trabalho que está a ser realizado. "Queremos diversificar a amplitude geográfica e social das pessoas que gostam do museu e o visitam", assume Garrido, adiantando que o MMI "terá tanto mais futuro quanto souber consensualizar o seu projecto de uma forma firme e fundamentada com a sua crescente comunidade de públicos, sem perder o seu enfoque marítimo e as suas ancoragens regionais".


José Carlos Sá


Igreja portuguesa apresentada no Vaticano



D. Carlos Azevedo, Secretário da CEP, antecipa visita dos Bispos ao Papa, a primeira em oito anos


AE - Não era preferível dar algumas tarefas aos leigos para aliviar o trabalho dos padres?
CA - Os padres devem dedicar-se mais à sua missão específica.
AE - Qual é essa missão específica?
CA - Verem-se livres de tarefas adjacentes que foram acumulando ao longo da história. Têm alguma dificuldade em se desprenderem do que acumularam. Um padre não tem que ser gestor de centros sociais. O padre não tem que ser administrador dos bens de uma paróquia ou diocese. O padre não tem que ser o burocrata de serviço da paróquia. A sua missão específica é evangelizar e formar cristãos. Ser mistagogo. Esta é outra dimensão que tem sido descuidada.
:
Ler toda a entrevista em Ecclesia

No funeral do Padre Domingos

AS AMIZADES QUE PERDURAM Diz-se, com alguma razão, que há amigos que só se vêem de longe em longe, em situações especiais, mormente em funerais. E depois, como hoje mesmo verifiquei, no meio da tristeza vive-se a alegria do reencontro. Amigos de infância, com quem senti, há décadas, a amizade comum com um sacerdote que tinha uma forma muito especial de lidar connosco. Sempre do mesmo modo. Com um sorriso aberto, límpido, terno. Com palavras e conselhos evangélicos. Todas as situações eram oportunidades para nos brindar com a mensagem certa. Ao abraçá-los, abracei tempos que não voltam… tempos com marcas de amizades que perduram… leais, francas, sinceras… cristãs. Na missa de corpo presente (como presente estava também em todos a alma do nosso querido amigo), D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, recordou “o servidor generoso da Igreja” que o Padre Domingos foi, tão expressivamente, em especial junto dos que mais sofriam, no corpo e no espírito. Incansável no zelo e na preocupação de ser “pedra viva”, com uma maneira muito peculiar de estar com as pessoas, em comunhão plena com os Bispos da Diocese de Aveiro, com o presbitério, com todos, afinal. Evocado por D. António e confirmado por muitos foi ainda o seu amor para com a Mãe de Deus e nossa Mãe, que encaminhou o Padre Domingos para testemunhar, no dia-a-dia, a ressurreição de Cristo. Despedi-me de amigos com a certeza de que este encontro nos serviu de estímulo para o imitarmos dentro dos nossos limites e sensibilidades, na convicção de que não há dois testemunhos iguais, duas maneiras iguais de viver os valores em que acreditamos, dois caminhos iguais neste mundo carregado de contrastes. Por mais voltas que dêmos, cada um de nós partilhará o que tem para partilhar, à medida dos seus horizontes e da claridade espiritual que dá ânimo, cor e sentido à vida. FM

ÍLHAVO: Semana da Educação


A Câmara Municipal de Ílhavo promoveu a Semana da Educação, que se vai desenvolver até 26 de Outubro. O programa inclui encontros entre os responsáveis autárquicos e diversos agentes da comunidade educativa, incluindo associações de pais. Se bem aproveitada, a Semana será uma mais-valia para o ensino e para a educação que se vive e pratica entre nós. Mais encontros, nesta linha fundamental da formação de cidadãos mais comprometidos com os interesses colectivos, serão sempre importantes, não se ficando por iniciativas que têm princípio e fim no curto espaço de uma semana. Há urgências que não podem ficar mais de 50 semanas à espera da Semana de Educação que ano após ano a autarquia ilhavense promove, e bem.
Isto vem a propósito da fraca participação dos pais das nossas crianças e jovens nas reuniões programadas pelas escolas. É conhecidíssimo o divórcio que existe entre os vários membros da comunidade educativa, ficando os alunos, na sua grande maioria, entregues apenas às escolas, as quais não têm capacidade para dar respostas às múltiplas exigências de todos os alunos, quer no campo do ensino, quer da educação.
Neste contexto, urge criar mecanismos para alertar os pais para a premência de viverem a educação e o estudo dos seus filhos com mais atenção, empenhando-se, regularmente, nas associações de pais e nos projectos das respectivas escolas.

Quem tem medo da Europa unida?


Para alguns analistas os tempos nunca são bons. Sobretudo nas vésperas duma crónica ou comentário, os tempos são os piores que a história já conheceu. Há críticos tão mal dispostos cuja alegria única é azedar o maior número de pessoas possível. Isto acontece com quase tudo: na política, economia, cultura, ou mesmo religião. Não há milagre que valha.
Mas falemos, para não irmos mais longe, da Europa. Do nosso Continente, da nossa matriz e memória. Do nosso passado e do nosso futuro. Com as glórias e desaires que vamos conhecendo e adivinhando. Entre lutas, opressões, pecados mortais contra a humanidade e contra Deus. Terra de heróis e santos, sábios e místicos, aventureiros e contemplativos. Ponto de irradiação de tantos sinais luminosos que ajudaram a desenhar o planeta que habitamos.
Não esquecemos as guerras e mortes. Não esquecemos o pós-guerra e as iniciativas de ressurgimento que surgiram. Ligada ao que chamamos Ocidente, a Europa deu corpo aos tempos novos que vivemos. A União Europeia começou, como sabemos, por ser uma estratégia económica de muito poucos. A história e o espírito empreendedor de alguns foi rasgando horizontes, abrindo portas, alargando a comunidade. Com maiores e menores, mais ricos e mais pobres. O Tratado há pouco aprovado em Lisboa pelos líderes da União Europeia, surge na esteira de entendimento entre os mais e menos velozes na caminhada do progresso. Se são os mais pequenos que correm mais riscos - e são - também em muitos aspectos serão os que recebem maiores benefícios com a aproximação. A solidariedade favorece mais os mais fracos.
Certamente poucos pacientes lerão o complexo texto do Tratado. Mas o essencial está dito e entendido, foi sendo relatado ao longo de anos com total abertura para os protestos e achegas em ordem ao respeito por todos e à solidariedade dum Continente que conhece a sua importância no concerto das Nações.
A questão que agora se coloca é esta: quem explicará todo o articulado do Tratado de Lisboa para o colocar em Referendo? Como pode o povo dizer sim ou não a um todo que é muito mais que meia dúzia de chavões? Para que servem os eleitos do povo se não para estudarem e decidirem questões na especialidade? O gosto pelo desprazer não justifica o número de objecções artificiais que agora se podem levantar. Nem, a esta hora, o pretenso arranjo dum tijolo deve colocar em risco todo o edifício.

António Rego

Na Linha Da Utopia



Sociedade de (des)confiança?

1. As recentes declarações do (PGR) Procurador-Geral da República têm proporcionado os mais variados sentimentos, e vindo despertar mesmo uma opinião pública tantas vezes longínqua destes mecanismos essenciais do Estado de Direito. Ao fim de um ano na gestão de órgão tão importante para a credibilidade democrática, o que está declarado, declarado está, a ponto de o próprio Procurador-Geral, dono da “tutela”, sentir alguns “sons” no telefone. No mínimo estranho, no máximo alarmante; mas está dito, e em entrevista não formal, o que torna as coisas mais verdadeiras.
2. Como comentário ao “comentário” do PGR, muitas vozes se fazem sentir, algumas mesmo estando contra a realização de qualquer escuta telefónica e outras a favor da sua generalização, dizendo que só com um sistema fiscalizador constante (quase inquisitorial) é que conseguiremos instaurar uma ordem de justa justiça. Dir-se-á que tudo isto (da realidade ao comentário) é muito preocupante, mas tanto mais quando o “dono” da casa partilha a sua impotência no lidar com este barco social que, diremos, mais que imposição de uma ordem pela “força” terá de ser capaz de instaurar uma ordem educativa, numa (insistente) ética transversal, pessoal e social.
3. Há breves anos, quando da obra Portugal, o Medo de Existir, do filósofo-ensaísta José Gil, muito se falou sobre a “inveja” como manifestação cultural de menoridade (se o vizinho tem, também tenho de ter!). Alguns pensadores vão sublinhando que, em comparação com outros países europeus, a CONFIANÇA terá de ser a base de construção da nossa comunidade. Mas como assumir a confiança, como factor decisivo, diante de sistemas de corrupção e crime organizado? Se o “combate” tem de ser em todas as frentes (dos sistemas judiciais aos da educação ética), uma coisa será certa: não se pode() generalizar a desconfiança, tanto na comunidade em geral, como fundamentalmente naqueles de cuja acção depende a esperança de sociedade justa.
4. O eco das declarações do PGR estão aí, pairando no ar. Um ar poluído que carece de purificação. Novamente, só a ética nos pode salvar! Como multiplicá-la como antídoto para todas as desconfianças?

Alexandre Cruz

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

ARES DO OUTONO



Pisei a areia da praia
à cata do silêncio terno
do teu olhar
E vi no teu andar
ao longe
a ternura que brota
sempre
da tua caminhada
Segura
serena
feliz
É a certeza da paz
que me dás
É a garantia
que aceito
e anseio
Numa tardinha quente
do Outono
Fernando Martins

Um livro de Georgino Rocha




“AO SERVIÇO DA FÉ
NA SOCIEDADE PLURAL”

Acaba de sair mais um livro do Padre Georgino Rocha, que vai merecer, decerto, a atenção dos agentes de pastoral, clérigos, religiosos e leigos. “Ao Serviço da Fé na Sociedade Plural” reveste-se de uma oportunidade evidente, ou não fosse a sociedade globalizada um desafio constante para todos, sobretudo para quantos acreditam que a acção da Igreja Católica tem de estar em sintonia com as exigências dos tempos que correm.
A obra, editada pela Princípia, reúne 12 ensaios deste sacerdote da Diocese de Aveiro, os quais reflectem uma boa diversidade de documentos do Magistério Pontifício e da Conferência Episcopal Portuguesa. São fruto, sem dúvida, do seu labor académico e das suas vivências pastorais, como pessoa aberta às realidades concretas da vida, em todas as suas vertentes.
Na apresentação, o autor sublinha que, “Para ter consciência recta e agir livremente, a consciência necessita de estar bem informada e de ser bem formada”, porque “só assim se defenderá do relativismo e do subjectivismo”. Adianta que “os direitos humanos fundamentais e a mensagem cristã devem destacar-se entre os conteúdos substanciais da informação e da formação” e frisa que a construção da sociedade, tendo como sonho utópico o lema de São Paulo –“Tudo é vosso, vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” –, “é desafio que indicará o rumo de todo o progresso, mobilizará todas as energias humanas e dará sentido a todas as opções fundamentais alicerçadas nesta escola de valores e nas respectivas realizações”.
No Prefácio, D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, recorda que o autor tem “credenciais que o recomendam” e acrescenta que a sua vida tem sido “dedicada à formação dos mais diversos agentes pastorais”. Fala das experiências pessoais e reflexões do Padre Georgino Rocha, da preocupação de diálogo com “as realidades sociais e culturais mais diversas”, da “capacidade de entender e dar sentido à vida diária dos cristãos” e, ainda, da “sua vivência conciliar diária, numa Igreja diocesana que não se cansa de fazer esforços para ser fiel aos tempos que vive e aos desafios que enfrenta”.
“Ao Serviço da Fé na Sociedade Plural” comporta temas elaborados em épocas distintas para situações concretas, tendo merecido, agora, uma actualização, na certeza de que nada neste mundo é estático. No fundo, este trabalho vai ser, indubitavelmente, uma mais-valia para a formação e informação dos que não se resignam a ficar parados a ver passar a carruagem da globalização, característica fundamental das gerações do presente e do futuro.
Ao ler este trabalho, com o cuidado que ele merece, senti, de forma bem palpável, em cada tema, direi mesmo em cada parágrafo, vontade de parar, para meditar cada ideia e cada proposta, que o autor nos oferece para estes dias de correrias, quantas vezes sem sentido.
Como estímulo a quem busca um trabalho de referência, nem que seja simplesmente para a sua autoformação, é pertinente indicar alguns temas que o autor desenvolveu, com citações que são outras tantas pistas de estudo: Educação e Pastoral dos Direitos Humanos; Por uma Evangelização Eficaz; Propor a Fé com Ousadia Confiante; Conversão Cristã e Propostas Pastorais; Evangelizar o Social, Missão Urgente; Função dos Bens e Consumo Responsável; Cristãos com Cristo? Provocação Oportuna; e Testemunhas e Arautos da Fé.

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia



A IMPORTÂNCIA DE REFLECTIR

1. Não se pode fazer omeletas sem ovos! As omeletas serão a vida diária, os ovos poderão ser a reflexão, o pensar, o interiorizar. Reflectir, criar a própria (equi)distância em relação às coisas e à vida agitada, discernindo o essencial (Ser) dos acessórios relativos será, hoje, a base fundamental da construção. Garantirá a continuada “reciclagem” da frescura e do equilíbrio da gestão da própria vida e do que cada “hora” temos em mãos, sempre para que tudo seja para o bem de todos. No tempo sociológico presente, onde é exigido qualidade em quantidade, redescobrindo cada dia essa novidade de sentidos e de sabedoria poderemos, bem melhor, aliar a criatividade à responsabilidade o ser pessoal ao compromisso comunitário.
2. Não dando lucro imediato, não se enquadrando na lógica do pragmatismo que nos pode ir cegando os horizontes, a “reflexão” assumirá hoje um lugar decisivo, determinante, para ser possível reinventar cada dia o sentido da própria vida, lendo-a acima das coisas acidentais. E quanto mais as tecnologias (da velocidade) nos inundam tanto mais, em proporção, deverão ser as oportunidades criadas como tempo e espaço diferentes, da profunda paz criativa, esta que saberá da escuridão vislumbrar a luz da esperança. No ano passado, em iniciativa internacional sobre o papel da Educação Artística destacava o investigador António Damásio que está a ocorrer uma profunda transformação especialmente verificada nas idades mais novas que acolhem todo o impacto as novas tecnologias, facto que está fortemente a limitar a criatividade gerando posturas como a apatia ou a indiferença. Será este (já) o futuro?
3. Há dias em conversa com um grupo de adolescentes, deparámo-nos com uma pergunta inquietante: “O que é reflectir?” Surpreendidos, procurámos, da forma possível, explicar que reflectir é pensar, ter uma visão crítica de tudo, ter ideias, e que é algo tipicamente humano… Após essa conversa (ao que parece pouco frutífera), a inquietação interrogante ficou-nos a pairar o pensamento sobre, afinal, o que andamos a ‘fazer’ e que mensagens conseguimos passar… Como às mãos cheias de telemóveis dizer que o essencial são os VALORES que se sentem no coração e que as “coisas” pouco valem?... Precisamos de valorizar mais a reflexão, o pensamento, as ideias (para mais e melhor agir); seja valorizada a “sabedoria”, esta que requer tempos e modos: a sabedoria que se vive, que se partilha, que se apr(e)ende. Mas, quem a ensina? Onde ela se aprende? (Ninguém dá o que não tem…) Precisamos mesmo de “reflectir” sobre estas questões. Quando não, vamos perdendo características de sermos humanos…

Alexandre Cruz

TODOS EM MISSÃO


HÁ AINDA MUITO A FAZER

Onde quer que estejas. Seja qual for a tua idade e profissão. Cultives os sonhos e projectos que cultivares. Tenhas as aspirações que tiveres. A missão é a força dinâmica da vida a que estás chamado.
Estar em missão é sentir a urgência do amor com que Deus ama o mundo. É deixar-se envolver por Jesus Cristo na sua paixão pela humanidade. É viver em sintonia com o Espírito que, de forma irreversível, quer suscitar em nós um “coração novo” e renovar a face da terra, suas estruturas e organizações.
Há ainda muito a fazer. Há horizontes a prosseguir, caminhos a percorrer, iniciativas a promover.
Os problemas parecem maiores do que os esforços empreendidos. Só a fé alicerçada no amor alimenta a esperança num mundo melhor, numa sociedade digna da condição humana, numa Igreja que, graças ao Espírito Santo, permanece fiel ao mandato de Jesus Cristo e o prolonga no tempo por meio de nós.
A coragem de evangelizar é a medida do amor. Agir com o coração em benefício de todos, sobretudo dos mais necessitados. Dando e recebendo o que há de melhor na vida: Colaborar com Deus no projecto de salvação; estar disponível para a missão, pronto para servir sem hesitação, firme na convicção.
Esta é a fonte da nossa alegria. Esta é a razão da nossa maior responsabilidade. Colaborar com Deus para que Jesus realize a sua obra e todos possam descobrir e apreciar o amor com que somos amados.
Então, encher-se-ão de brilho os olhos da humanidade inteira, de contentamento os corações amargurados, de alimento os estômagos atrofiados, de esperança as aspirações silenciadas, de harmonia o universo, liberto de tudo o que desumaniza e aberto à plenitude que, sorridente, nos atrai à família dos filhos de Deus reunidos à mesa do Pai comum a celebrar festivamente a sua vida em família.
O serviço à missão reveste muitas e atraentes modalidades. Umas já estão experimentadas com êxito, outras terão de ser criadas pela “fantasia da caridade”. É o desafio que o Espírito nos faz por meio das situações provocantes que exigem soluções concretas
A oração é o primeiro e principal contributo missionário. É tempo de rezar mais e, sobretudo, melhor. Procurar a sintonia e o ritmo do coração de Cristo. Escutar o desabafo que sempre nos segreda: Vim para que tenham vida em abundância. Ide até aos confins da terra e comunicai esta boa nova a todas as pessoas que Deus ama. A vós, a ti confio esta missão, fruto do meu amor e prova da tua fé.

Georgino Rocha

domingo, 21 de outubro de 2007

Faleceu o Padre Domingos Rebelo Santos

DEUS JÁ O TEM NO SEU SEIO

Acabo de receber a triste notícia do falecimento do Padre Domingos José Rebelo dos Santos. Ainda no domingo o vi, com a alegria a que sempre me habituou. Mas se a sua partida me comoveu, conforta-me a certeza de que regressou ao seio de Deus, momento que ele está a viver na plenitude do bem que fez a muita gente. Ao Padre Domingos, o meu prior como sempre o tratei, muito fiquei a dever, como crente que sou e como comprometido na construção do Reino de Deus que ele me ajudou e estimulou a compreender.
É muito difícil, num momento como este, recordar, com a riqueza de pormenores que a sua memória merecia, a fé que ele me ensinou a viver, o testemunho de entrega à vontade de Deus que ele incutiu em mim. O Padre Domingos viveu intensamente o sacerdócio, como discípulo amado de Deus que ele tanto amou, como arauto do Evangelho que tão bem assumiu, como homem de fé que nunca regateou o serviço à Igreja, especialmente no apostolado junto dos que mais sofriam, no hospital ou em suas casas. Também o conheci na situação de doença, na flor da minha juventude inquieta. Estou a vê-lo, aos pés da minha cama, a esclarecer-me dúvidas de fé, com um entusiasmo que nunca tinha visto. Nem nunca mais vi. Por isso, a amizade que nutria por ele, o carinho que lhe dedicava, sempre que o via e com ele falava. Ainda no meu último internamento hospitalar, lá foi ele ao meu encontro com a preocupação que só uma grande empatia justificava.
Deus já o tem Consigo. E junto d’Ele, o Padre Domingos não se esquecerá de nós.

Fernando Martins

Nota: O Padre Domingos foi prior da Gafanha da Nazaré entre Dezembro de 1955 e Abril de 1973. O funeral será na Murtosa, na terça-feira, às 10 horas.

Bicentenário da abertura da Barra de Aveiro



Rumar a MAR ALTO

Não sei se as gentes da Ria de Aveiro já se aperceberam da importância da abertura da Barra há dois séculos, que os completará em 3 de Abril de 2008. Diz a história, contada pelo Comandante Silvério da Rocha e Cunha, que, “Às 7 horas da tarde, em segredo, acompanhado por Verney, pelo marinheiro Cláudio e poucas pessoas mais, arrancam a pequena barragem de estacas e faxinas que defendia o resto da duna na Cabeça do Molhe. Cortam a areia com pés e enxadas, e Luís Gomes, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota no frágil obstáculo que separava a Ria do mar, dá passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica de Aveiro, depois de uma pressão que durava há 60 anos”. Como sublinha, na parte final deste pequeno mas elucidativo texto, aquele gesto deu passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica de Aveiro. Eu acrescentarei: de toda a região.
Direi ainda que as águas estagnadas da laguna eram, frequentemente, causa de doenças que afectavam as populações ribeirinhas. A importância económica e social da abertura da barra está à vista de todos, residentes e visitantes. E se mais progresso não tem havido à sombra da ria e do Porto de Aveiro, tal ficará a dever-se à falta de visão dos responsáveis políticos, que não souberam, em muitas circunstâncias, criar incentivos e condições que mobilizassem as populações para mais notório desenvolvimento económico, social, cultural e turístico. Quantas vezes tenho ouvido dizer que a nossa laguna, em países com visão estratégica no campo do turismo, teria possibilidades, com as suas potencialidades, para se tornar num dos mais apetecidos destinos de quem passeia e gosta de gozar férias em recantos paradisíacos.
Isto vem a propósito da exposição “Rumar a MAR ALTO” que está patente ao público no Teatro Aveirense até 12 de Novembro e que precisa de ser visitada por todos. Eu já lá fui. Encontrei muito pouca gente. Enquanto estive a apreciar pintura, escultura, fotografia e desenho, tudo de braço dado com instalação multimédia, só vi um jovem casal mais preocupado com o amor que estava a sentir, e a viver, do que com a arte exposta.
De qualquer forma, aqui ficam algumas fotos da exposição organizada pelo Teatro Aveirense e pela Comissão do Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro. Se lá forem, e julgo mesmo que vão, hão-de reconhecer que a arte, qualquer que ela seja, é sempre uma mais-valia para qualquer comemoração.

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMA COISITAS - 43



O S. PAIO DA TORREIRA


Caríssima/o

Desta vez também fomos ao S. Paio de motorizada – atravessámos na lancha e lá vamos nós pela nova estrada que, junto à Ria, nos leva à Torreira. Mas outras e várias fomos de bicicleta; algumas ainda a estrada era, em boa e longa distância, por areia, apenas e só projecto (e mesmo assim lá íamos, lembras-te, Diamantino?). De bateira ou de barco não tenho memória de lá ter ido (falha minha!). Mas ali o Baltasar mai-la sua Madalena anos seguidos o fizeram e acampavam na sua característica tenda!
Depois lendas, tradições, cantares e dizeres vão surgindo.
Este escrito aí fica à vossa consideração:

«A romaria de S. Paio da Torreira é uma tradição formada no século XIX, que não tardou a transformar-se numa das maiores e mais concorridas romarias da costa norte de Portugal. Só o facto de estar voltada para a ria, integrando o grosso da frota de moliceiros da Ria de Aveiro, dá-lhe um invulgar colorido e uma rara animação. Inclusive na aposta que é feita através de uma corrida de moliceiros e outras embarcações, que diariamente se movem mais pachorrentamente. Ah, o dinamismo que aquela gente consegue desenvolver quando tem os seus barcos engalanados!
Agora uma das razões mais fortes para a concorrência crescente à romaria é que o santo, o bom do S. Paio da Torreira, é molhado em vinho. Aliás, no antigamente, por altura da festa, a imagem do santo era posta ao lado de uma tina de vinho, na qual eram depositadas as oferendas. E estas eram constituídas por tudo aquilo que os pescadores consideravam com valor.
E a tina não estava ali só para vista, não. À própria imagem do santo era dado um banho a preceito, as mais das vezes por crentes que naquele instante já se encontravam um tanto aquecidos pelo que já haviam bebido! Bem, mas apesar deste banho ter sido riscado do programa, desde há algum tempo, o S. Paio continua a ser encarado pela população da Torreira como Santo Bêbado. Mas isto é dito com todo o respeito…
Ora, pensando que, durante muito tempo, a Murtosa viveu os chamados caprichos da barra de Aveiro, que ora abria ora cerrava, provocando várias vezes a estagnação das águas da bela laguna, o reflexo disto era o surgimento de doenças. Aliás, uma das mais perigosas que sobreveio numa dessas situações foi o paludismo. Daí a veneração de um santo que é advogado divino das febres quartãs, que é como quem diz sezões.
E de 6 a 8 de Setembro, as gentes da Torreira entregam-se à festa da invocação de S. Paio, para que ele as proteja o ano inteiro. Por esses dias, de toda a parte da Ria de Aveiro chegam romeiros e festeiros. A elegante Ponte da Varela enche-se de automóveis e gente a pé. E as cinco léguas de dunas entre o Furadouro e S. Jacinto são pisadas por milhares de pessoas que vão para a romaria que à conta deles cresce que é um regalo.
S. Paio, recorde-se, foi um jovem mártir que deu a vida em defesa da fé cristã. Teria uns doze ou treze anos. Desprezou ofertas de riqueza e de liberdade. E conta-nos a lenda que se encontrava preso como refém dum rei sarraceno e era a garantia do regresso de um tio, que tinha sido condicionalmente posto em liberdade para encontrar maneira de pagar o resgate de ambos. Pois o menino Paio, mostrando-se inflexível na sua opção de crença cristã, acabaria por ser cruelmente torturado pelo rei mouro, que o tinha em cativeiro, e feito em pedaços, que foram lançados ao Guadalquivir. De qualquer modo, não esquecer a caldeirada de enguias pelo S. Paio da Torreira como quem põe um ex-voto pela consolação prandial dos povos…

A formação do núcleo populacional da Murtosa data do século XIII, altura em que ali se fixaram famílias de marmoteiros e pescadores, que se valeram dos recursos da terra e do mar. Já a sua actual freguesia da Torreira pertenceu ao termo de Cabanões e depois Ovar. Em 1855, a Torreira é integrada no concelho de Estarreja, ficando então a pertencer administrativa e judicialmente à freguesia da Murtosa. Passou a Torreira a freguesia em Outubro de 1926 e incluída no concelho da Murtosa, mas apenas em 1997 obteve a categoria de vila.»
[V. M., 168]

E como este ano o S. Paio e as festas populares já lá vão, resguardemo-nos que… para o ano há mais!...

Manuel

sábado, 20 de outubro de 2007

SAIR NA HORA CERTA

Aqui ao lado, em OPINIÃO, publiquei uma afirmação, oportuna, de Miguel Sousa Tavares. O colunista do EXPRESSO e escritor tem razão. Se quisesse, poderia indicar outras pessoas, dos vários campos sociais, que têm dificuldade em deixar o poder. Sublinha ele que “A grandeza está em largar e não em continuar agarrado ao poder. Como acontece com tantas outras situações, em determinadas alturas da vida, a sabedoria consiste em saber sair, antes que nos peçam para sair". É verdade. Acontece, porém, que não vale a pena continuar a indicar pessoas que só sabem viver no poder e com o poder. Há casos evidentes em todo o lado, mesmo em campos onde era suposto encontrarmos gente com a humildade suficiente para ceder o lugar a outros. Concretamente, nas Igrejas, nos clubes, na política, nas instituições de solidariedade social e da cultura, em todo o lado. Tanto quanto sei, são pessoas generosas, capazes dos maiores sacrifícios, mas convencidas de que são insubstituíveis. Pensam, até, que a sua saída dos lugares que ocupam pode ser o caos, o fim do que lideram. Puro engano. As pessoas passam e as instituições permanecem de pé, quiçá com outras dinâmicas. Pelo que tenho visto, em diversas situações, estes responsáveis que se encontram agarrados ao poder parece que já não sabem viver sem ele. De tal modo que, uma vez fora das lideranças, até são capazes de fazer a vida negra a quem os substituiu, procurando estar na crista da onda, esforçando-se por dar nas vistas, teimando em mostrar que estão vivos. E afinal, mesmo sem os lugares de mando, poderiam muito bem continuar a trabalhar para o bem comum, em lugares mais humildes, mais apagados, mas úteis. FM

ARES DO OUTONO


O PÔR DO SOL É PARA NOS ELEVAR
Há anos recebi uma lição que jamais esquecerei. Viajava com um amigo, com o crespúsculo do fim de tarde a aproximar-se a passos largos. De repente, ao virar de uma esquina, eis um pôr do Sol deslumbrante. O meu amigo parou o carro, de repente, e convidou-me a sair. E disse: esta beleza é para ser apreciada com serenidade; isto eleva-nos. E ali ficámos a contemplar, numa tarde de Outono, a riqueza multivariada do colorido de um Sol coado pelas nuvens que iam emprestando tonalidades quase inexplicáveis ao astro rei que mudava de hemisfério.
O meu amigo e leitor Ângelo Ribau tem destas sensibilidades. Esta foto, que lhe agradeço, foi tirada junto ao navio-museu Santo André. Aqui a partilhamos com os leitores do meu blogue.

O CASTIGO A SCOLARI

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) multou Scolari em 35 mil euros, pela sua infeliz atitude num jogo internacional de futebol. Esta multa vem na sequência do castigo que foi aplicado ao seleccionador Scolari pela UEFA, que não ignorou o gesto impróprio de um homem que tem de ser um educador. Scolari reconheceu, na altura, embora um pouco tarde, que fez mal. Agora, a verba que lhe vai ser retirada do ordenado vai ser aplicado "num fundo de fair play", conforme informou Gilberto Madail, presidente da FPF.
O presidente esclareceu, ainda, que "o fundo de fair play e código de ética" já estava a ser pensado antes do incidente que envolveu Scolari no Portugal-Sérvia, realizado em Alvalade."A UEFA tem mecanismos de decisão mais rápidos que nós", explicou Madail sobre as razões que levaram a Federação Portuguesa de Futebol a só agora sancionar o treinador brasileiro.
Gestos de ofensas ao “fair play" no desporto português, nomeadamente no Futebol, não faltam. Infelizmente. Indiciará este comportamento, sobretudo de atletas, pouco cuidado, ao nível dos responsáveis, na sua preparação global? Penso que sim. Tantas atitudes irreflectidas, tanta má educação, tantas agressões na disputa da bola e tantas simulações no sentido de enganar os árbitros (que alguns consideram legítimas, como um dia disse o treinador Fernando Santos) só podem ter uma explicação: ensinam os jovens a dominar a bola, mesmo com arte, mas não educam para o respeito absoluto pelos adversários, profissionais da mesma profissão, e pelos adeptos.
Então, que o "fair play e o código de ética" venham quanto antes, com um objectivo fundamental: educar os atletas, os treinadores e os dirigentes. Os castigos serão sempre secundários, porque não resolvem problemas nenhuns. Se os resolvessem, nos países com pena de morte para os infractores não haveria crimes.

FM

DEUS: UMA QUESTÃO ABERTA




"O que entender por ateísmo? Perante o mistério da existência, talvez alguns não ponham sequer a questão da fé. Outros têm respostas prontas, claras e indiscutíveis. Há também os que não compreendem e, porque, no meio de um mundo ambíguo, grandioso e inquietante, se não satisfazem com nenhuma resposta, se interrogam angustiados: porquê? G. Minois, na sua História do Ateísmo, pensa que é tarefa do historiador explorar o passado destas três atitudes com "compreensão e compaixão". Assim, ele 'fala da história dos descrentes, agrupando sob esse vocábulo todos os que não reconhecem a existência de um Deus pessoal que intervenha na sua vida: ateus, panteístas, cépticos, agnósticos, mas também deístas'."
Leia todo o artigo em DN

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

AVEIRENSES ILUSTRES



EXEMPLO A IMITAR



Está a decorrer, em Aveiro, por iniciativa da Câmara Municipal, um ciclo de conferências, com o objectivo de manter viva a nossa memória, a respeito dos nossos maiores. Este projecto, a todos os títulos louvável, tem o aplauso de toda a gente e merece ser repetido, por esta ou outra forma, nas autarquias do País. Isto, porque nem sempre somos dados a recordar, com ênfase, aqueles que se deram ao serviço público, às ciências, às artes, à solidariedade, aos valores do espírito, ao desporto, ao amor ao próximo.
É frequente olharmos para a toponímia, lermos os nomes de baptismo de algumas ruas e praças, mas nem sempre sabemos, verdadeiramente, quem foram e o que fizeram de relevante essas personalidade, famosas ou humildes, que, de alguma maneira, contribuíram para o enriquecimento da sociedade, projectando-se e projectando-nos para um futuro mais justo e mais fraterno.
Os meus parabéns e que outros sigam o exemplo da autarquia aveirense, são os meus votos.

FM

Museu Marítimo de Ílhavo






PARA ABRIR O APETITE
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Para abrir o apetite, aqui ficam três fotografias do Museu Marítimo de Ílhavo, mais concretamente da Sala da Ria de Aveiro. Claro que há outras salas, outros espaços, onde o nosso mar e o nosso povo também são reis.

MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO




6º ANIVERSÁRIO
DA SUA AMPLIAÇÃO E REMODELAÇÃO

O grande dia das comemorações do 6º aniversário da ampliação e remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo será no domingo, 21, no auditório, pelas 17 horas. O evento principal será a apresentação do livro “Museu Marítimo de Ílhavo - Um Museu com História”, que assinala o fecho das comemorações dos 70 anos do Museu. Na mesma sessão será também apresentado o catálogo da exposição “A Diáspora dos Ílhavos”.
Entretanto, hoje e amanhã, tem lugar no mesmo museu o Colóquio Internacional de Patrimónios Marítimos e Museologia.
Permitam-me que reforce o conselho, tantas vezes aqui formulado: visitem o Museu Marítimo de Ílhavo, porque vale bem a pena. As especificidades das suas colecções, que tanto dizem às nossas gentes, precisam de ser apreciadas. E se aproveitarmos a circunstância de haver festa, como é o caso deste fim-de-semana, tanto melhor.

Na Linha Da Utopia



SOCIEDADE MAIS INCLUSIVA, QUANDO?

1. Já estivemos a anos-luz deste ideal que perseguimos. Que o digam os heróis que ao longo tantos dos séculos como das últimas décadas têm lutado por uma sociedade (mais) inclusiva, que saiba acolher cada pessoa na sua situação, especialmente na procura de um tempo social que tenha como referência de especial atenção a pessoa que tem mais dificuldades, o “pobre” (aquele a quem falta algo) e nele elas a pessoa com deficiência.
2. Periodicamente, de forma especial em datas comemorativas (seja de âmbito local ou mundial) convivemos com as promessas interessantes de quem diante dos factos espelha a justa sensibilidade para com esta causa de todos. Mas no dia (mês, ano) seguinte tudo volta à estaca “zero”, quase ao ponto de partida, deixando na ansiosa insegurança quem já vive um peso incalculável, como também as suas famílias e as pessoas e instituições que acompanham a vida das pessoas com deficiência.
3. Do ano 2003, Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, continuam ainda um conjunto de expectativas para serem cumpridas (dos passeios das estradas públicas até aos acessos a edifícios, e muitas vezes em construções novíssimas); da estruturante Declaração de Salamanca (10 de Junho de 1994, http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/deficiente/lex63.htm) continua aberto o longo caminho a percorrer nessa estruturação de uma educação inclusiva que tarda em ser a referência paradigmática na perspectiva de uma educação para todos e ao longo de toda a vida. Mas, sublinhe-se, para se chegar onde já se chegou tem sido heróica a entrega daqueles que, contra todos os ventos do pragmatismo, vão dando esta sensibilidade como o único caminho possível de futuro.
4. Todos sabemos que passeios da rua adaptados para a pessoa com deficiência são caminhos melhores para todos. Desta evidência, porque tarda desmedidamente a implementação dos novos modelos de acessibilidades (tanto de “caminhos” porque antes) de mentalidades? Porque aquilo que deveria ser o essencial pedagógico para todos é praticamente esquecido? Porque os cidadãos não “sentem” (só quando toca na pele) esta como uma causa de todos e essencial para uma sociedade mais sensível? Porque vêm as políticas, agora, também, sacar os cêntimos de pessoas cuja vida…? Porque andamos para trás em termos de sensibilidade social? Eis onde chegámos, e como o permitimos. Quem diria!

Alexandre Cruz