segunda-feira, 9 de abril de 2007

Dia do Município de Ílhavo


Exposição no Museu Marítimo de Ílhavo

Edifício da CMI

TRINTA ANOS DO PODER LOCAL


Hoje, dia do Município de Ílhavo, foi inaugurada, no Museu Marítimo da cidade maruja, uma exposição denominada “30 Anos do Poder Local Democrático – Portugal Presente”. A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que presidiu à cerimónia, enalteceu o valor do Poder Local, sublinhando que uma boa parte dos compromissos do Governo só puderam ser levados a cabo com a colaboração e o apoio das autarquias.
Penso que ninguém ignora a importância do Poder Local democrático, o Poder que está mais próximo das populações e com ela dialoga. Foi uma conquista enorme do 25 de Abril, que nem sempre sabemos reconhecer e aproveitar. Tem havido autarcas corruptos e incapazes, é certo, mas a grande maioria faz questão de viver os mandatos para que foram eleitos no sentido do serviço à grei. Em qualquer parte do País, é notória a criação de infra-estruturas de apoio às populações.
É verdade que há muito por fazer, mas também é correcto pensar que depois do 25 de Abril Portugal se desenvolveu bastante. Ainda não chegámos ao nível da maioria dos nossos parceiros da UE, mas estou em crer que lá chegaremos, se para tanto tivermos políticos à altura dos desafios que se nos põem nesta fase crucial da nossa história. Sem esquecer, no entanto, o nosso contributo, nas mais diversificadas áreas de actuação.

domingo, 8 de abril de 2007

Costa Nova Antiga

Costa Nova: Arranjo fotográfico de João Aníbal Ramalheira


Costa Nova: Para os mais velhos recordarem

Aqui fica uma antiga fotografia da Costa Nova do Prado para os mais velhos recordarem com saudade. Vendo-a, todos, os mais idosos, poderemos reviver tempos que nos deram momentos felizes. Outras se seguirão. O arranjo fotográfico é de João Aníbal Ramalheira.

Ares da Primavera

Praia da Barra: Dunas protegidas

Um artigo de D. António Marcelino



PÁSCOA É PASSAGEM,
MAS NÃO UMA FESTA
DE PASSAGEM


Vivemos na época do provisório em que tudo na vida aparece como descartável e transitório. Até o que é permanente, fundamental e indispensável para nós corre o risco de ser apanhado na enxurrada, se é que para muita gente não o foi já.
Não faltam propostas turísticas para passar a Páscoa longe de casa, agora com férias antecipadas e alargadas. Para estes dias, nos projectos feitos por alguns cristãos, o religioso já não tem lugar ou fica reduzido ao possível, que é normalmente muito pouco. Numa sociedade marcada pelo pluralismo laico a consonância alargada de sentimentos comuns deixou de existir, também no aspecto religioso. Tudo pode servir de ocasião para que cada cristão tome consciência do seu mundo de fé, se situe nele com uma deliberada decisão de o usufruir e possa, assim, testemunhar e propor aos que têm outros mundos, as riquezas que nele encontra e pessoalmente o enriquecem.
O mundo dos crentes tem a beleza que lhe é própria. Só o dom da fé sabe apreciá-lo, agradecê-lo em espírito de verdade e encontrar aí a luz para as suas opções e decisões.
Páscoa quer dizer “passagem”, mas passagem que perdura. A Páscoa de Cristo foi a sua passagem da morte à ressurreição. A ressurreição é, portanto, a vitória da vida sobre a morte, tornando-se, em Cristo, uma vitória definitiva. A Páscoa passou a constituir o ponto de apoio necessário e de referência indispensável à fé dos cristãos e da Igreja. Tudo para estes ganha luz e força vital com a Páscoa de Cristo e, na Igreja, só tem futuro e é gerador de graça o que parte da Páscoa e dela recebe permanente sentido.
Cada Domingo, ao longo do tempo, actualiza a Páscoa e torna-a próxima e fecunda para as comunidades cristãs e para os que a celebram a Eucaristia. A vida dos cristãos vai mostrando que quando se deixa de dar sentido ao Domingo e se abandona a celebração eucarística, se perde ou enfraquece também a fé em Jesus Cristo Salvador. Mais difícil se torna, então, resistir à influência de um ambiente de onde estão ausentes os valores evangélicos, os únicos que podem impedir uma vida rotineira e banal.
A Páscoa, na verdade, é, para todos os cristãos, a Festa, a verdadeira festa da fé e da vida, a festa que dá sentido a todas as outras festas da Igreja, mesmo aquelas que, na sua dimensão popular, celebram a fidelidade a tradições religiosas, legadas pelos que viveram antes a sua fé.
A Igreja enriquece a liturgia e a fé do povo cristão com a grande Vigília que encerra o Tríduo Pascal e a celebração festiva do Domingo, em muitas paróquias com a solene Procissão do Senhor ao cântico dos Aleluias e, onde a tradição se mantém, com a visita pascal às famílias, que recebem assim na sua própria casa o anúncio da Ressurreição, como convite a uma vida nova em Cristo. Em muitas zonas do país a festa pascal continua ainda no campo, na segunda-feira, com a celebração numa capela vizinha e uma refeição típica, alargada de familiares a amigos.
Viver a Páscoa ao longo do ano é fazer a experiência da passagem de todas as formas de morte que nos ocupam os dias que envelhecem e passam, à vida que não acaba mais.
Egoísmo, indiferença, mentira, vingança, injustiça, tudo isto é morte. A Vida que nos é dada, como dom gratuito, pela fé em Jesus Cristo ressuscitado, permite-nos transmitir aos outros, por força do mesmo amor, o testemunho de pessoa liberta, com os gestos habituais de amor e ajuda fraterna, que dão sentido ao viver do dia a dia.
As amêndoas da Páscoa são sinal de alegria pascal e apelo à partilha de dons e de paz. Também elas um sinal, chamado a tornar cada vez mais ricas e eficazes as relações mútuas, para que cheguem, em verdade, a ser relações verdadeiramente respeitosas e fraternas. Foi para esta reconciliação, com Deus e de uns para com os outros, que Jesus ressuscitou e está vivo no meio de nós. É esta a fé dos cristãos esclarecidos.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS-18

Capela de Nossa Senhora da Penha, Vista Alegre:
Túmulo de D. Manuel de Moura Manuel


A CAPELA DA VISTA ALEGRE
E O ESCULTOR

Caríssima/o:

Uma tradição e costume dos habitantes da nossa terra era ir à Feira da Vista Alegre. Esta feira, mais conhecida pela “Feira dos 13”, é realizada no espaço da «quinta», nos dias 13 de cada mês. Foi devida a influências de D. Manuel de Moura Manuel, pedida pelo juiz, vereadores e povo das «vilas» da Ermida e Ílhavo, e autorizada por alvará régio de 14 de Junho de 1663.
Também eu um dia lá fui na companhia de minha Mãe em busca de um agasalho: que sobretudo quentinho se comprou em segunda mão! E como me resguardou nos primeiros anos do liceu nas viagens invernosas de bicicleta para Aveiro!...
Ora, Viale Moutinho, em “Lendas de Portugal”, edição de Diário de Notícias, 2003, a páginas 117, fala-nos daquele bispo e da capela da Vista Alegre. Vamos ler:
«Na capela da Vista Alegre, da invocação de Nossa Senhora da Penha de França, há uma notável obra de arte tumular em mármore, em que a figura não se encontra exactamente jacente mas soerguida. Como se visse algo espantoso diante dela, a visão do outro mundo. E o que não poderia ver aquele que, para além de 16.º bispo de Miranda e reitor da Universidade de Coimbra, fora sobretudo pessoa graúda na cruel Inquisição? Trata-se de D. Manuel de Moura Manuel, protagonista de uma lenda, dono da vizinha Quinta do Paço da Ermida. Pois a lenda diz que esse túmulo foi feito pelo próprio Diabo, ainda em vida do prelado. Admiram-se? Já vão saber como.
O bispo de Miranda, quando as obras do templo iam adiantadas, lembrou-se de mandar ali fazer o túmulo em que seriam guardadas as suas cinzas. Concebera o projecto e precisava de um bom artista para o executar. Cismava nisso quando lhe apareceu um jovem desconhecido, que se ofereceu para dar corpo à sua ideia. Era todo um misterioso personagem que evitava falar de si e não trazia recomendações de ninguém.
- Quem lhe disse que eu não encontrava artistas para as obras que desejo fazer?
- Adivinhei-o.
- Então, estou a falar com um adivinho?
- Sim, senhor.
- Pois deixe-me em paz.
- Mas eu nem sei com quem trato...
- Ouça-me, olhe que quem eu sou pouco importa. Precisa ou não de um bom escultor?
- Preciso.
- Então, contrate-me. Eu sou escultor e não dos piores!
O prelado começou por rejeitá-lo, por falta de confiança. Em desespero de causa, o escultor disse que faria uma peça à experiência e lha traria de amostra. Relutante, o bispo aceitou, mas só para se ver livre dele.
Dias mais tarde, o desconhecido procurou D. Manuel e exibiu-lhe uma escultura. Trabalhara nela mesmo ali, ao pé da capela, encerrado numa cabana de palha. Finalmente, acabara a obra. Era um retrato do Diabo. D. Manuel de Moura Manuel ficou deslumbrado com a perfeição e o vigor da escultura. Logo ali entregou a capela e o seu túmulo àquele misterioso desconhecido, afastando todos quantos se lhe ofereceram e por quem tantos e tão altos se interessavam. E ele não só acabou as obras da igreja e o túmulo do bispo, como também de D. Teodora, a filha do prelado.
E o mais misterioso foi que, estando as obras apontadas pela mão do indivíduo misterioso, já não se tornando necessária qualquer sua ulterior intervenção, ele desapareceu. Não faltou quem dissesse que ele tinha pactos diabólicos. Nem sequer se apresentou para receber, e não era tão pouco como isso. Os que não acreditam em lendas, alvitram que o artista poderá ter sido assassinado por ladrões, que decerto lhe roubaram alguma coisa que o bispo lhe tivesse pago. Mas até isso já é ganga da lenda...»

Uma Santa Páscoa, com bons folares.

Manuel

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Santa Páscoa

Neste início do tríduo pascal, quero desejar a todos os meus leitores e amigos uma Santa Páscoa.
Aproveito para sublinhar que tenho estado um pouco ausente deste meu espaço por razões, muito simples, de algum cansaço.
Espero retomar, em breve, a dinâmica habitual, com mais atenção ao mundo que nos cerca e que temos o dever de o tornar mais fraterno.

Mensagem pascal do Bispo de Aveiro

TESTEMUNHO DE VIDA,
A GRANDE MENSAGEM PASCAL

Em Aveiro, cidade e diocese, fui descobrindo, nestes primeiros meses de vida e ministério, através de tantas pessoas que encontro, dos movimentos apostólicos e grupos cristãos com que reúno, das comunidades cristãs que visito e das iniciativas pastorais que acompanho e incentivo, um modo peculiar e belo de celebrar a fé com alegria, de viver a Quaresma com intensidade e de preparar a Páscoa com entusiasmo.
Cada paróquia teve os seus dias de confissões, oferecendo a cada crente momentos únicos de celebração sacramental da reconciliação. Cada paróquia fez a sua caminhada quaresmal e proporcionou oportunidades próprias ou de índole arciprestal de formação teológica, espiritual e pastoral.
O testemunho de vida e de fé dos sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos de Aveiro e a proposta de iniciativas pastorais e de acções litúrgicas das comunidades cristãs e dos movimentos apostólicos da diocese são a grande mensagem pascal que, na comunhão da Igreja que somos, acolho, assumo e transmito a todos os Aveirenses.
Importa ter presente que a Páscoa não é apenas o Domingo da Ressurreição. A Quaresma termina na manhã de Quinta-feira Santa com a Missa Crismal. Com a Celebração do Senhor inicia-se o Tríduo Pascal; na Sexta-feira Santa celebra-se a Paixão e a Morte de Jesus; no Sábado Santo vive-se um longo dia de silêncio e de meditação na expectativa do Domingo e na esperança do anúncio solene da Ressurreição. Este Domingo começa com a maior de todas as vigílias: a Vigília Pascal.
Por seu lado o tempo pascal prolonga-se até ao Pentecostes e a celebração da Páscoa tem lugar em cada Domingo, que é o dia do Senhor Ressuscitado, e em cada Eucaristia em que anunciamos a morte de Jesus, proclamamos a sua ressurreição enquanto aguardamos a sua vinda.
Na Eucaristia, sacramento de amor compreendemos que Aquele que volta à vida é Aquele que dá a vida.
Se em alguma época ou circunstância a Igreja for tentada pelo desânimo, pelo medo, ou pelo pessimismo tudo isso se deve desvanecer à luz da Páscoa. Aqui renasce em cada ano e em cada tempo o dinamismo redentor da fé, a certeza inabalável da esperança cristã e a garantia serena de que toda a vida tem sentido indeclinável e valor eterno.
É dando a vida que Jesus vence a morte. É ressuscitando que Jesus nos reconduz à vida e à graça de sermos filhos de Deus, salvos do medo, do pecado e da morte.
Este é o mais denso e santo mistério que a Páscoa nos oferece e que nos chama a viver, a celebrar e a testemunhar.
São múltiplas as manifestações de alegria, de festa, de vida e de esperança que envolvem a celebração da Páscoa nas nossas terras cristãs.
Devemos saber cultivá-las e mantê-las na medida em que são expressão pública da fé no Ressuscitado, dão colorido à vida humana, familiar e social e emprestam interioridade espiritual e beleza aos nossos ambientes. Procuremos impregnar de forma criativa estas manifestações de conteúdo doutrinal e de aprofundamento formativo para que sejam gestos evangelizadores e instrumentos de diálogo com o mundo e pontes de sadia articulação entre a fé e a cultura.
Voltada para a família como prioridade pastoral, a Igreja de Aveiro conhece a urgência que as famílias sentem de descobrir na Páscoa a força da reconciliação, o segredo da harmonia e da fidelidade, a fonte do amor santo e feliz, a alegria do acolhimento da vida e da educação religiosa dos filhos, o encanto da oração em comum, o sentido da disponibilidade para o bem e para a missão apostólica e o sabor saudável da festa e da esperança cristãs.
Dirijo esta mensagem pascal, com particular afecto pastoral, a todas as famílias da diocese para que encontrem na Páscoa de Jesus Cristo, que a Igreja renova e celebra, a fortaleza do amor e a alegria da felicidade e ajudem os que vivem em provação a manterem vivas a fé, a esperança e a fidelidade.
Santa e Feliz Páscoa.

+ António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro