domingo, 25 de março de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS-16


O ARRAIS GABRIEL ANÇÃ

Caríssima/o:

Já que andamos pelos Paços Reais, faço o convite para me acompanhar agora para irmos com o Arrais Gabriel Ançã. Perpetuado na Costa Nova, foi, desde sempre, uma referência e uma interrogação nas nossas idas aos areais do outro lado. Mesmo nas noites do fogo da Senhora da Saúde e, para além do presépio em cascata das luzes das suas casas e ruas que de longe contemplávamos, a sua imagem de pedra impunha-se no céu.
Pela pena do dr. Amadeu Cachim, que muitos de nós conhecemos, espreitemos respeitosamente a cena:

«[...]

O homem de quem vos falo,
que era diferente dos mais,
chamava-se Gabriel
e dum barco era arrais
e, como era valente,
quando saía a pescar,
só se sentia contente
roubando vidas ao março
e bebendo aguardente,
para seu bicho matar,
o que o fazia andar,
quando já velho e doente,
por vezes, a balouçar,
como se andasse no mar.

Por seus actos d'heroísmo,
recebeu muitas medalhas
e mais outros galardões;
mas foi com grande altruísmo,
sem pensar em virtualhas
ou em condecorações,
que este famoso gigante,
em várias ocasiões,
salvou o seu semelhante.

Quando chegava o Inverno
e o mar, aqui, era inferno,
juntamente com os mais,
ia p'ra Lisboa, a pé,
para pescar em Cascais
ou na Costa da Galé
e, em tempo favorável,
entrando pelo Tejo dentro,
fazia a safra do sável.

Foi aí que o Patrão Lopes,
sabendo-o bom nadador,
em palavras, bem sentidas,
lhe foi pedir o favor
d'embarcar no salva-vidas,
p'ra socorrer um navio
que naufragou no Bugio.

Ele correu, sem tardança,
e salvaram toda a gente,
que já perdia a esp'rança.

Um dia, na Capital,
foi ao Palácio Real
solicitar a pensão
a que ele tinha direito
pela sua abnegação;
mas, foi tal a confusão
por não conhecer a lei
que ali devia seguir,
que ficou quase a cair,
com uma grande aflição.

Sentindo um garrote, então,
a apertar-lhe o gasganete
que o deixou engasgado,
para não cuspir no chão,
cuspiu dentro do barrete
e ficou aliviado.

E depois, disse admirado:
Andando sempre no mar,
nunca fiquei enjoado
como nesta ocasião
em que o Rei, muito aprumado,
me estendeu a sua mão
e me disse, com agrado,
que me ia dar a pensão.

Com uma forte emoção,
disse-lhe: muito obrigado!
Nessa tão boa maré,
e já muito atrapalhado
por me ver ali à toa,
em vez d'ir de cia a ré
saí p'rà rua de proa.
Mas o Homem Poderoso
perdoou os erros meus
e, como era generoso,
com o seu olhar bondoso
veio-me dizer adeus.

Ao fitar os olhos seus
ergui meus olhos aos céus
p'ra agradecer o favor
de ver meu Rei e Senhor,
na rua, a dizer adeus
a um pobre pescador.

E, já cheio de pudor
em frente dos que me viam,
tendo a minh'alma apertada,
senti a cara molhada,
pois dos meus olhos corriam
gotinhas d'água salgada.

Mas, depois da debandada,
já safo daquele mar
que não esqueço jamais,
pus-me logo a magicar,
não sei se bem, ou se mal,
que tínhamos Grande Arrais
neste nosso Portugal.»

Curvo-me respeitosamente diante deste e de tantos lobos do mar que na sua humildade e no seu silêncio foram capazes de nos indicar caminhos de Vida.


Manuel

sexta-feira, 23 de março de 2007

Muhammad Yunus luta conta a pobreza

O Nobel da Paz de 2006
acredita mesmo que vai mudar o mundo

(...)

"Ficarei feliz se o meu legado, e todo o trabalho que estou a fazer, conseguir convencer as pessoas de que é possível criar um mundo sem pobreza, apenas imaginar que podemos fazer isso, que é possível um mundo em que nenhuma pessoa seja pobre. E acreditar nisso. Porque acreditar é percorrer metade do caminho. Quando acreditamos, fazemos.
Hoje, pelo contrário, a maioria das pessoas acredita que a pobreza é parte da vida. A partir do momento em que se aceita isso nunca se pensa em eliminá-la. Eu coloco a questão de outra forma: a pobreza não é parte da vida, não pertence à humanidade, é-lhe imposta de forma artificial pelo sistema. Sendo assim podemos eliminá-la e libertar as pessoas dela. Se pudermos todos globalmente acreditar nisso, então é possível mudar isso e, globalmente, um dia eliminar a pobreza."
:
Leia a entrevista no "PÚBLICO", no suplemento P2

Bento XVI escreve sobre Jesus de Nazaré

«Jesus de Nazaré» será lançado depois da Páscoa
e é aguardado com enorme expectativa
em todo o mundo

Livro do Papa
traduzido em 20 línguas



O novo livro de Bento XVI, "Jesus de Nazaré", será lançado logo após a Páscoa, informou o director da Libreria Editrice Vaticana, D. Claudio Rossini, que prevê um novo sucesso editorial.
Segundo o Cardeal Rossini, já foram assinados outros 20 contratos para edições em russo, grego, coreano, japonês e sérvio, além do inglês e outras línguas de maior difusão internacional.
Na Itália, o livro dedicado à vida e à figura de Cristo ficará aos cuidados da casa editorial Rizzoli. "No final de Fevereiro, tínhamos entre 20 e 22 contratos assinados para disponibilizar a palavra, a reflexão, o retrato que o teólogo nomeado Papa deseja apresentar a respeito da figura de Cristo, após 50 anos e muitas pesquisas, estudos, leituras, meditações pessoais", explica o Cardeal, em declarações à Rádio Vaticano.
Além disso, o director da Libreria Editrice Vaticana revelou que a exortação apostólica "Sacramentum Caritatis", dedicada à Eucaristia, já vendeu 220 mil cópias.
:
Leia mais em Ecclesia

AVEIRO: Feira de Março


A FESTA DO POVO

A Feira de Março, que se vai prolongar até 25 de Abril, aí está para alegria do povo. Já velhinha, nos seus 573 anos de existência, é “o mais duradouro evento comercial da Região de Aveiro, longevidade que confere ao certame um assinalável contributo para o desenvolvimento económico local”, no dizer do presidente da Câmara, Élio Maia, no desdobrável promocional que foi distribuído.
É verdade que esta feira é mesmo a festa do povo, penso eu, porque ninguém lhe fica indiferente. Nem que por lá se passe a correr, ao menos para saborear umas sempre apetitosas farturas, daquelas que se vendem em barracas que por ali assentam arraiais há décadas.
Élio Maia diz que a secular feira favoreceu o estabelecimento de “relações históricas com os aveirenses e os seus visitantes, concretizando uma destacada vertente de negócios”, mas não esquece a importância lúdica que a caracteriza e lhe empresta “um estatuto ímpar na afeição que lhe é dedicada”. Nessa linha, é com indisfarçável satisfação que é esperada por toda a gente.
Por essas razões, aqui fica a sugestão para que passe pela Feira de Março em qualquer dia. Mas se desejar divertir-se para além do normal, informe-se, porque do programa constam diversas diversões e espectáculos para todos os gostos.

Imagens da Gafanha da Nazaré

Pôr do sol, com farol à vista.
Foto enviada pelo leitor e amigo Ângelo Ribau

quinta-feira, 22 de março de 2007

50 anos da Comunidade Europeia

UMA EUROPA DE VALORES


A Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) apresentou hoje o Congresso que vai promover, de 23 a 25 de Março, para assinalar os 50 anos dos Tratados de Roma, fundadores da Comunidade Europeia, num momento de reflexão sobre o futuro da Europa.
Para discutir os "valores e perspectivas sobre a construção europeia", os Bispos católicos convocaram cerca de 400 participantes, com a intenção de "identificar valores-chave" para os cristãos, confirmando aqueles que definiram o processo de unificação europeia desde o seu início. Sábado será proclamada a "Mensagem de Roma", que vai ser enviada aos Chefes de Estado e de Governo da UE. 23 delegações episcopais estarão presentes, ao lado dos maiores movimentos e comunidades católicas da Europa.
Um grande número de políticos europeus de referência também irão marcar presença: Romano Prodi, Mary McAleese, Wolfgang Schäuble, Hans-Gert Pöttering, Peter Sutherland, Marcelino Oreja e Mario Monti. A Santa Sé será representada por D. Dominique Mamberti, Secretário para as Relações com os Estados.
O Congresso é inaugurado pela apresentação do documento "Uma Europa de valores", redigido pela comissão de sábios nomeada pela COMECE, na qual se inclui Manuela Silva, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.
Por outro lado, a COMECE já enviou aos dirigentes das instituições europeias um documento que recolhe as contribuições dos Bispos para a chamada “Declaração de Berlim”, que servirá para afirmar a UE como uma comunidade de valores. O documento tem como título “Valores comuns, a fonte viva do projecto europeu”, procurando chamar a atenção para a necessidade de colocar a pessoa no “coração do projecto europeu”.
A COMECE tem preferido falar em “unificação” europeia e não em “alargamento” da UE, dando especial destaque ao movimento de reconciliação da Europa após a queda do muro de Berlim – à imagem do que acontecia, aquando do Tratado de Roma, com um Continente saído da II Guerra Mundial e em busca de um futuro de paz.
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Leia mais na Ecclesia

Ares da Primavera

Conímbriga

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Nota: "Ares da Primavera" vai ser um espaço dedicado à estação considerada, por muitos, como a mais bonita. O que nos fizer recordar a Primavera (poemas e outros textos, fotos, obras de arte e recordações desta época) tem aqui lugar. O importante será que todos partilhemos os nossos gostos e emoções. Fico à espera.

Dia Mundial da Água

ALERTAS Neste Dia Mundial da Água, fica o alerta do World Wild Found (WWF) : os rios do planeta estão a morrer devido à poluição, às barragens e às alterações climáticas. Em Portugal, um dos cursos de água com mais problemas é, na opinião do hidrobiólogo Bordálo e Sá, o rio Douro, “um rio extremamente compartimentado, artificializado, porque no percurso português ou internacional tem uma barragem a cada mais ou menos 30 quilómetros”. Este professor da Universidade do Porto adverte para o facto de o caudal que chega à foz depender mais “em certas alturas do ano, da política da empresa que gere a produção hidroeléctrica nestas barragens, do que das necessidades ambientais. Nós estamos, de alguma maneira, a intervir, retirando água, exacerbando o efeito destas alterações climáticas que já ocorrem”. :
Fonte: Rádio Renascença

Dia Mundial da Água

É IMPORTANTE COMEÇAR
A POUPAR ÁGUA POTÁVEL
Na agenda do Expresso, com pequenas e grandes ideias, lê-se, sobre os consumos de água. Talvez a partir desse conhecimento possamos começar a poupar: Lavagem de roupa……. 90 litros Banho de imersão……...60 litros Lavagem do carro……...50 litros Limpezas da casa……..35 litros Descarga de sanita……15 litros E por aí adiante….

Dia Mundial da Água


A FALTA DE ÁGUA POTÁVEL
PODE PROVOCAR GUERRAS

Celebra-se hoje o Dia Mundial da Água, para todo o mundo pensar no bem que é termos este precioso líquido, usado em tudo no dia-a-dia. Acho que ninguém ignora a importância da água, mas penso, também, que toda a gente já sabe que ela começa a escassear em muitas regiões do globo. Li há tempos que a falta de água potável poderá provocar guerras devastadoras. Não sei se tal virá a acontecer, mas não me custa acreditar nessa profecia terrível de alguns.
Todos sabemos que se gasta água em demasia. Não vejo ninguém a preocupar-se com os anúncios do perigo da escassez. Parece que toda a gente pensa que a água potável é um bem inesgotável. O mal está aí. E um dia poderemos sofrer as consequências das nossas negligências.

Um artigo de D. António Marcelino



HUMILDADE DE QUEM
PRESIDE E GOVERNA

"A humildade é a verdade.” Assim dizia Teresa de Ávila, que bem o sabia por experiência própria e pelo dever e missão diária de educar quem pretendia ir além da monotonia de uma vida instalada ou apenas voltada para si própria. A frase ficou, mas a sua prática deixa ainda muito a desejar.
Os tempos não são propícios à verdade porque, também, a humildade tem um preço caro e, num mundo de aparências, poucos se dispõem a andar por tal caminho.
Quem não aceita confrontos de outros e tudo faz, sem olhar a meios, para ocupar sempre o pódio dos vencedores, acha que a humildade é deprimente e coisa de pessoas alienadas e sem brio. Nada tem a ver com os sentimentos de quem gosta de aparecer à frente do pelotão, nem que outros o levem, de bom gosto, ao colo, ou comodamente instalado num palanquim, aos ombros de escravos sorridentes.
Todos temos mais razões para ser humildes, que suficientes e orgulhosos. Mas, quem detém o poder, qualquer que ele seja, ou faz um esforço de verdadeira humildade ou entra numa atitude de mentira e arrogância que, tarde ou cedo, deixa a descoberto pés de barro, incapazes de sustentar a estátua que tem sempre o peso da sua inutilidade.
Quem preside e governa não pode ser malabarista ou ilusionista. Aqueles que são a razão de ser do serviço da autoridade têm direito à verdade. Ocultá-la ou disfarçá-la é enganar os outros e enganar-se a si próprio. Quem preside e governa não pode prometer o que sabe que não pode dar; não pode calar ou disfarçar as dificuldades e os fracassos; não pode falar de êxitos, quando já se vêem as falhas e as carências; não pode deixar-se inebriar com os elogios dos louvaminhas da corte; não pode desprezar quem não se deixou acorrentar, nem perseguir quem ousou contrariar e dissentir.
Em tudo a humildade tem um lugar indispensável. Quando se perde a consciência da própria dimensão, tudo, pessoas e acontecimentos, fica deformado e menos verdadeiro
Os orgulhosos, por mais que o disfarcem, são inseguros. A sua força é a que lhes vem de fora, quando dela podem dispor arbitrariamente. Por isso a procuram e sempre a concentram nas suas mãos. Não confiam nos outros, nem na sua opinião, nem na sua ajuda. Não gostam de estender a mão para pedir, nem de acolher a mão que se lhes estende, mesmo que seja apenas para dar e para propor. Nasceram para mandar.
O orgulho e a total suficiência dos chefes não são estímulo para ninguém. Ao contrário, provocam desinteresse, crítica, passividade, dó. O orgulhoso acaba sempre por ficar só. Mesmo os que se lhe venderam aos elogios, um dia vêem que, afinal, o engodo em que caíram, não trazia nada de válido na ponta da linha.
Só a verdade liberta e só ela permite fazer caminho com esperança e sentido. O projecto da verdade só os humildes são capazes de o realizar. Sabem o que podem e valem, dão valor aos outros, contam com todos e proporcionam a cada um a oportunidade de servir a comunidade com as suas capacidades.
Por estranho que pareça, o “Princípio de Peter”, por virtude do qual se constrói a pirâmide dos inúteis, é ainda muito seguido e apreciado, em vários campos da vida. Tem os seus cultores, que são sempre os iludidos acerca do seu valor pessoal e, por isso, se rodeiam dos que executam sem nada perguntar e concordam sempre, mesmo que vejam que é disparate. Com tal gente, o chefe nunca se sentirá incomodado, nem ajudado. Nem corrigido e aconselhado.
Sem humildade e verdade o terreno está mais propício e aberto ao orgulho e à mentira. Quem preside e governa fica mais enganado consigo próprio e mais pobre e perigoso para a comunidade que lhe é dado servir. Até o que há de bem deixará de o ser, porque a fumaça lançada um dia acabará por ocultá-lo e enegrecê-lo.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia Mundial da Poesia

POEMA 2 A palavra retira-se a silêncio. Chama-o à sua interioridade para que fique sendo um recuo feliz. Ou, talvez, mais que esse recuo, tempo de espera, de penúria, de constante transparência que cai em pensamento mas sem que o pensamento chegue a frase. E, mesmo assim, como se vai regendo a plenitude da penúria. Que age e se acrescenta pelo campo dentro onde somente mais penúria se abre. É então que a palavra recupera isento o ímpeto da sua vacuidade e se dispõe a devolvê-lo em silêncio feliz. E potestade. Fernando Echevarría Singeverga, 18 de Março de 2007 :: Leia mais sobre um retiro de poetas, em "Poeta arrisca-se à conversão católica", no "Público" de hoje, no caderno P2

Dia Mundial da Poesia

Um livro
de José Tolentino Mendonça
para esta Primavera




“A NOITE ABRE MEUS OLHOS”


Neste Dia Mundial da Poesia, com os calendários a convidarem-nos a prestar mais atenção ao que produzem os nossos poetas, sugiro um livro de José Tolentino Mendonça, “A NOITE ABRE MEUS OLHOS”.
José Tolentino Mendonça, que tem merecido lugar de destaque no meu blogue, à semelhança do que tem acontecido em diversos órgãos de comunicação social, é, de facto, um poeta inspirado e que mostra uma sensibilidade muito grande e até original. Digo-o hoje e aqui por me parecer que precisa de ser muito mais conhecido pelo portugueses.
Poesia de vários dos seus livros foi reunida nesta edição para nos encantar. “Os poemas deste livro fazem sua a condição de prosseguir nomeando o possível, respondendo ao impossível, assim fazendo ressoar a dualidade no âmago do mundo, assim inscrevendo nele os seus trajectos sem regresso”, diz Silvina Rodrigues Lopes no posfácio da obra que veio a lume em 2006.
Reli vários poemas insertos nesta colectânea, alguns já meditados nos livros donde foram extraídos, para integrarem um todo harmonioso que, de forma mais visível, nos mostra o poeta José Tolentino Mendonça, elogiado por quem sabe distinguir os grandes artistas dos fazedores de poesia.
O autor de “A NOITE ABRE MEUS OLHOS”, que também é padre e docente universitário, tem sempre presente o sagrado e a força do divino que o ilumina e inspira. José Tolentino Mendonça reflecte como poucos a vida que nos cerca e lhe dá ânimo para nos ensinar a ser poetas, nem que seja no interior de cada um.
Deixo aos meus amigos e leitores esta proposta de leitura, para a Primavera que hoje começa. Não uma leitura fugidia, mas meditada dia após dia.

Fernando Martins



::
Um poema de José Tolentino Mendonça

A NOITE ABRE MEUS OLHOS
:
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado

Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes

A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
o amor é uma noite a que se chega só

Primavera

Primavera 

Três poemas para sentirmos os cheiros e as cores de mais uma Primavera, como sugeriu a amiga Sara que mos enviou. Que a Primavera traga a todos alegria e ternura.


Berço

A cegonha chega ao ninho
Que tão alto ali a espera
Procura berço do Sol
Seu berço de Primavera.
Vem de longe muito longe
Em viagem tão comprida
Quem não amar este berço
Sabe tão pouco da vida.

Matilde Rosa Araújo
(retirado do livro "As Fadas Verdes")
:

Árvore

A semente dorme na
placenta, húmida, da
Terra. Mas começam a
percorrê-la murmúrios
de água e primavera.
Torna-se raiz e caule,
que irrompe da sua
prisão sem luz para
beber os ventos e a
claridade do dia.
O tronco firma-se como
um mastro e caminha
para os céus, claros,
num apelo a ninhos.
Em breve, brevezinho,
desfralda-se em ramos
E folhas que atraem
uma floração de asas e
de cânticos. E a árvore
começa a ser, a dar e a
permitir vida.

Luísa Dacosta

(texto incluído na colectânea organizada por 
José António Gomes "Conto Estrelas em Ti")


Primavera 


A romãzeira borda
o sorriso do sol
no lenço dos namorados


João Pedro Mésseder e Francisco Duarte Mangas 
(retirado do livro "Breviário do Sol")

PRIMAVERA


A Primavera aí está. Com o Sol que ilumina e aquece. Que dá cor e alegria à natureza. Vamos aproveitá-la da melhor maneira. Nem que seja a apreciar uma flor dos nossos jardins. Ou das muitas que enfeitam todos os recantos, sem que ninguém as tivesse semeado.
Boa Primavera para todos.

terça-feira, 20 de março de 2007

Um artigo de António Rego


A Exaltação do Amor

Embora exista e deva ser exercido o direito à indignação, nem sempre é a melhor resposta a afirmações que, não sendo mentira, ocultam o essencial da verdade. Claro que me refiro a um conjunto de notícias e reportagens surgidas entre nós sobre a Exortação Apostólica "Sacramentum Caritatis". Extraída das propostas essenciais do último Sínodo dos Bispos, ganha um voo exaltante na integração teológica, litúrgica e pastoral que Bento XVI imprime à Eucaristia como o maior dos dons concedidos à Igreja.
Não apresenta qualquer nova rubrica. Há, isso sim, uma reafirmação vigorosa da incomensurável dignidade do mistério Eucarístico em todas as suas vertentes. E as "exortações" concretas aos intervenientes na acção litúrgica, não são mais que breves afinações no concerto sublime de louvor que constitui cada celebração Eucarística. Reduzir este documento à questão do celibato, do latim e do gregoriano, é distorcer por inteiro a missão de Pedro que, com os Doze, vai à frente do rebanho apontando luminosamente o caminho traçado pelo Mestre.
A teologia e a pastoral encarnadas têm direito e dever de estudar e repropor novos olhares no campo da liturgia, da arte, da participação, da cultura, das sensibilidades dos intervenientes nos diferentes escalões etários e nas aproximações ou distanciamentos no itinerário da fé. Assim, também se torna importante um olhar crítico, iluminado pelo Espírito, para se caminhar ao ritmo de Deus e do homem. E, felizmente, na Igreja esse debate existe, não apenas a nível de laboratório teológico mas também de cristãos que na sua fidelidade ao Evangelho rompem novos caminhos sugeridos pelo Espírito que habita a Igreja e os novos dinamismos do mundo. Mas tudo isso é diferente duma limitação, primária e obtusa, dum instrumento pastoral, a um ressequido legalismo litúrgico. A melhor resposta que os cristãos podem dar a (esta) avalanche de banalidades, é ler o documento. Não é longo. É simples, claro, directo. Mas que se não perca o seu espírito. E a sua referência à beleza - uma nota recortada dum bispo português que participou activamente no Sínodo. Reduzir este documento a rubricas é ler um poema como se fosse uma fria peça jurídica. E estamos perante a exaltação do grande Sacramento do Amor.

Campanha contra a pobreza

Mais de mil milhões de católicos de todo o mundo
estão a ser convidados a apoiar
a campanha global contra a pobreza
“FAÇA A AJUDA FUNCIONAR.
O MUNDO NÃO PODE ESPERAR”
A Cáritas Internacional e a Cooperação Internacional pelo Desenvolvimento e Solidariedade querem pressionar os países ricos para que cumpram as suas promessas de erradicar a pobreza. Trata-se de promessas feitas pelos líderes do G8, em 2005, numa reunião que decorreu nos Estados Unidos e que vão no sentido de mais ajuda ao desenvolvimento e ao cancelamento da dívida dos países pobres. Esta campanha mundial chama-se “Faça a ajuda funcionar. O mundo não pode esperar”. A Cáritas Portuguesa respondeu ao apelo e criou um “site” com informação sobre a campanha e a forma de pressão que entendem que deve ser feita. “Propõe que se escrevam pequenos cartões com frases que indiquem, no fundo, um compromisso, um desafio para os nossos tempos face ao tema. Há também desenhos que poderemos escolher dentro de um pequeno portfólio. Depois há outras iniciativas que são propostas mais de nível local: sensibilização das populações locais”, explica Isabel Monteiro, a presidente em exercício desta organização católica. :
Fonte: RR

Um artigo de Alexandre Cruz



De Aveiro
para o mundo,
nos 400 anos de Vieira
::


1. No passado dia 17 de Março, partiu (transitando da Ria de Aveiro para o Mar, na Praia da Barra) o Veleiro que percorrerá os mares respirados, vividos e sonhados pelo arauto “em português” do século 17, o Padre António Vieira. O contexto desta assinalável partida para todas as viagens com futuro, são os 400 anos de nascimento de António Vieira. Tal efeméride, numa vasta parceria, rasgadora de horizontes novos, mesmo ao jeito de Vieira, pretenderá criar pontes entre todos os mares do pensamento e cultura com a finalidade de mais e melhor ser despertada a nossa própria “identidade e cidadania”, esta precisamente a temática envolvente de todo este projecto transversal.
António Vieira, incontornável personalidade intercultural da história da Europa, de Portugal e do Brasil (presente na história dos livros que se abrem ao fascínio das boas novidades), nasceu a 6 de Fevereiro de 1608, em Lisboa. Este é o motivo feliz gerador de pontes numa pluralidade aberta que sabe promover encontro criativo de culturas, de modos de fazer, ser e pensar. É neste mesmo ambiente de novas navegações que o veleiro CHIC (Cruzeiro Histórico Identidade e Cidadania) irá percorrer os caminhos marítimos que o humanista precursor dos direitos humanos viveu no seu (e nosso) problemático tempo do século 17.
2. O horizonte universalista da iniciativa, para além do veleiro agora a caminho de Cabo Verde e do Brasil, é de envolvências amplas, ilimitadas mesmo, quase como que querendo assumir a identidade e cidadania de Vieira, que se projecta no infinito do tempo que abre, pelo surpreendente, todas as portas a novas possibilidades. Se na sua época de primeira globalização Vieira, “imperador da língua portuguesa” (no dizer de Pessoa), “ergueu” a ‘lusofonia’ e percorreu os lugares determinantes da Europa em convulsão, não haverá melhor forma de o relembrar, nos seus 400 anos de nascimento, que reavivar e atravessar todos os mares, indo aos “lugares” essenciais “em português” para reinterpretar tudo, os tempos e os modos desta globalização.
Surge este horizonte, essencialmente aberto e culturalmente plural, no âmbito do projecto de investigação ICIPAV 2008 (Identidade e Cidadania: Padre António Vieira 2008) da Universidade de Aveiro. Será com “chama” visionária, pelo reinterpretar das viagens - das utopias às realidades - desse e do nosso tempo, que está garantida a certeza de chegar a bom porto, sendo este, em última instância, uma dignidade humana festejada em “feira universal”.
3. Mais que qualquer “camisola” que António Vieira tenha vestido o essencial, hoje, será o apreciar os frutos da sua árvore. Vieira, tal como os “grandes” (que sempre são pequenos) de todos os tempos, dá tudo de si aos outros. Será esta a chave de leitura pretendida desta homenagem em que a dádiva de Vieira será o pretexto para nos reencontrarmos, hoje, na nossa identidade plural em cidadania planetária. Mesmo para o Portugal que tem “medo de existir”, e talvez mais ainda nesta menoridade de vazios, será importante o reaprender das brilhantes viagens interculturais que nos precederam para nos deixarmos agarrar e engrandecer interiormente; neste processo Vieira é personalidade incontornável.
Interessando a sua vida muito acima dos reconhecimentos formais, todavia valerá a pena dizer-se, quando do terceiro centenário da morte de Vieira (18 de Julho de 1997), que a Assembleia da República proclamou o Padre António Vieira como “um dos maiores representantes da identidade nacional” [Lopes, António (1999). Vieira o encoberto – 74 anos de evolução da sua utopia. Cascais: Principia], no seu papel fundamental na consolidação da restauração da independência de 1640 e no panorama sócio-cultural.
4. No mundo actual, é rica de oportunidade e refrescante de imaginação (que António Damásio diz rarear em tempos de quase-exclusividade da razão tecnológica) a iniciativa que cruzará mares em língua portuguesa; “em língua portuguesa”, tal como também Agostinho da Silva desejaria (nos cem anos de seu nascimento que celebrámos).
Hoje, que lições tirar da vida de António Vieira, das suas causas humaníssimas de cidadão do mundo? Que lugar actual para os seus sonhos, as suas utopias? Que tempo, hoje, para as nossas expectativas, as esperanças renovadas, em último grau, a utopia? É bem significativo que segundo o Thomas More (1478-1535), teria sido um navegador português quem, nos princípios do século XVI, lhe teria relatado o modo de viver, tão racional e humano, dos habitantes de umas ilhas por onde teria passado, a que chamou “Utopia”. Seria essa descrição do navegador português que Thomas More nos transmitiria na sua tão célebre obra, Utopia (publicada em 1516). Quem dera que despertássemos, cada minuto de cada dia e sempre mais, esse dinâmico e visionário Rafael Hytlodeu que habita o nosso sangue (Hytlodeu, esse cidadão do mundo que More concebeu como tendo nascido em Portugal).
5. Não haverá melhor forma de prestar tributo que começar por navegar os seus mares neste século XXI. Iremos acompanhando a frescura das águas atlânticas (que “falam” português) no veleiro “de” António Vieira. Para “seguir” viagem:
http://www.ua.pt/vieira2008

Aveiro, cidade jardim


"AVEIRO CIDADE JARDIM
- JANELAS E VARANDAS
FLORIDAS"


Para incentivar a descoberta e o gos-to pelos espaços verdes da cidade, tirando partido dos jardins, públicos ou privados, proporcionando, desse modo, novas vivências e formas de estar, o civismo, a consciência ambiental e o contacto com a natureza, a Câmara Municipal de Aveiro lança o concurso "Aveiro Cidade Jardim - Janelas e Varandas Floridas".
Assim, e com a finalidade de embelezar as janelas e varandas no perímetro urbano da cidade, o concurso “Aveiro Cidade Jardim – Janelas e Varandas Floridas” destina-se a todos os moradores, pessoas que possuam residência dentro do perímetro urbano, a título individual ou colectivo, e todas as entidades públicas ou privadas que possuam ou ocupem imóveis na referida área.
:

Fé na poesia

"É fundamental que a poesia tenha cidadania"




HOMENAGEM AO POETA
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA


A vida e obra de José Tolentino Mendonça acabam de ser reconhecidas publicamente pela Câmara Municipal de Santo Tirso. Em cerimónia que decorreu no dia 17 de Março, no salão nobre dos Paços do Concelho, o padre e poeta foi alvo de homenagem no âmbito da iniciativa camarária "Fé na Poesia".
O edil Castro Fernandes foi o primeiro a usar da palavra para referir que o objectivo da iniciativa "a Poesia está na rua" era a de "retirar a poesia dos lugares comuns, fazendo-a escutar com audácia no maior número de locais e espaços públicos do concelho". Este responsável considerou uma honra homenagear pela quarta vez um distinto poeta português, depois de em 2004, 2005 e 2006 o ter feito, respectivamente, com António Ramos Rosa, Cruzeiro Seixas e Manuel António Pina.
Sobre a iniciativa "A fé na poesia", o autarca referiu que em Santo Tirso "se continua a sentir no ar a presença de poetas, independentemente, de seis deles terem aceite o convite de entrar pelo arco do convento para experimentarem no mais fundo recolhimento o húmido silêncio espiritual".
Emocionado, o Padre Tolentino de Mendonça agradeceu a cerimónia, enaltecendo a grandiosidade desta iniciativa de a "Semana da Poesia", este ano dedicada à "Fé na Poesia" e referindo ser "muito importante que num espaço como Santo Tirso, a poesia tenha lugar". "É fundamental que a poesia tenha cidadania", sublinhou, afirmando que "esta iniciativa de colocar poetas em retiro é de extrema importância.
O poeta continuou as congratulações à autarquia pela iniciativa, defendendo sempre que a "poesia é uma grande iniciação à vida do espírito" e "prepara-nos para o silêncio das nossas vidas". A comprovar todo o discurso de José Tolentino Mendonça, no final da cerimónia, Ivo Machado, um dos poetas em retiro conventual, e comovido com as palavras do homenageado, confessou que não escrevia há cerca de um mês e agora, em clausura conventual, "difícil é não largar o lápis"."Não sei dizer mais .nem acerca de poesia, nem acerca de fé", afirmou o poeta, finalizando assim a cerimónia.
Nascido em 1965, em Machico, na Madeira, José Tolentino Mendonça iniciou os seus estudos de Teologia em 1982 e foi ordenado sacerdote em Julho de 1990, após o que foi para Roma para frequentar o mestrado em Ciências Bíblicas, tendo-se doutorado em Teologia Biblíca pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). É, actualmente, director da revista de teologia Didaskalia, editada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, onde é professor auxiliar.
A sua poesia é considerada unanimemente como uma das mais rigorosas e originais da moderna poesia portuguesa. Como ensaísta, publicou textos sobre Ruy Belo, Teixeira de Pascoaes e Eugénio de Andrade. É biblista, tendo realizado estudos como "O Outro Que Me Torna Justo" e "Métodos de Leitura da Bíblia". Traduziu do hebraico o "Cântico dos Cânticos" e o "Livro de Ruth".Além dos seus sete livros de poesia, entre os quais "A Noite abre os meus olhos" (2006) - uma antologia da sua obra poética - é autor de uma peça de teatro, dois ensaios sobre Teologia e diversos artigos em revistas científicas desta matéria.
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Fonte: Ecclesia

segunda-feira, 19 de março de 2007

História inventada

Cientista israelita
diz que ossário de Jesus
é uma história inventada
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“Um dos cientistas que aparecem no documentário sobre o ossário de Jesus contesta agora o fundamento das alegadas provas recolhidas pelos realizadores do programa. Stephen Pfann, paleógrafo e investigador da Universidade da Terra Santa, de Jerusalém, diz que James Cameron e Simcha Jacobovici se enganaram redondamente em relação a uma das peças fundamentais. "Pega-se num bocadinho de ciência, inventa-se uma história e faz-se um novo Terminator ou Vida de Brian, afirmou Pfann, não poupando na crítica ao premiado realizador de Hollywood. O que está em causa é uma inscrição que diz uma coisa diferente daquela que os realizadores do documentário pretendem. No filme, produzido pelo Discovery Channel, sugere-se que um ossário encontrado em 1980 conteria os ossos de Jesus Cristo, Maria Madalena, um filho de ambos e restante família. A inscrição diria "Mariamene e Mara", o que significa "Maria a mestra". Jacobovici afirmava, em defesa da sua tese, que o nome Mariamene era raro, e que o seu aparecimento em vários textos cristãos é interpretado como sendo referido a Maria Madalena.Stephen Pfann diz que nada mais errado. Citado pela AP, o investigador diz que os nomes foram escritos por mãos diferentes: Mariame está escrito em grego formal; quando os restos mortais de outra mulher se juntaram aos da primeira, mão diferente acrescentou, em cursivo, "kai Mara", o que quer dizer "e Mara". Mara é uma forma diferente do nome Marta. Assim, a leitura de Pfann é que o ossário não contém os ossos de Maria, "a mestra", mas de "Maria e Marta". "Assim sendo, não há razão nenhuma para ligar este ossário a Maria Madalena ou a qualquer outra pessoa na tradição bíblica, extrabíblica ou eclesial." Com o objectivo de conseguir uma boa história, o documentário compromete-se com alguns "disparates", critica Pfann.”
: Li este texto no PÚBLICO de hoje. Mais uma vez, houve alguém que gostou de brincar com coisas sérias. Agindo certamente de má-fé, quis criar públicos para o documentário que, mesmo assim, não deixará de correr mundo. A comunicação social está cheia de manigâncias destas. A Internet também. Ainda há dias os meus e.mail’s foram invadidos por um abaixo-assinado sobre um filme horrível, em que se apresentava Jesus Cristo como homossexual, em práticas com os seus apóstolos. Estranhei o caso por nunca ter lido nada disso em qualquer órgão de comunicação social, dos muitos, portugueses e estrangeiros, que diariamente consulto. Não lhe dei seguimento como se pedia. Dias depois veio o desmentido. Mais uma vez, alguém sem moral quis brincar com coisa séria, explorando quem julga que todas as pessoas são honestas. Temos de estar muito atentos.

domingo, 18 de março de 2007

Um poema de Miguel Torga

REGRESSO Regresso às fragas de onde me roubaram. Ah! Minha serra, minha dura infância! Como os rijos carvalhos me acenaram, Mal eu surgi, cansado, na distância! Cantava cada fonte à sua porta: O poeta voltou! Atrás ia ficando a terra morta Dos versos que o desterro esfarelou. Depois o céu abriu-se num sorriso, E eu deitei-me no colo dos penedos A contar aventuras e segredos Aos deuses do meu velho paraíso. In “Diário VI”

Ao sabor da maré

A HISTÓRIA DA JOANA (ANDREIA)
A menina que foi roubada no hospital de Penafiel, há 13 meses, já foi resti-tuída à família, no sábado. Houve festa em Cernadelo. A família é mesmo muito pobres e a criança, antes Joana e agora Andreia, mal cabe em casa dos pais, por tão pequena ser a habitação. Os meios de comunicação social deram largos espaços à notícia do roubo da criança e agora à sua devolução aos pais. Ele desempregado e ela a trabalhar no que calha, no campo e em casa. Recebem um subsídio do Rendimento Social de Inserção. Por força da divulgação do caso, a pobreza da família passou a ser conhecida no País. Pelos vistos, agora, não falta quem queira ajudar. A casa vai ser ampliada e melhorada e uma empresa vai oferecer os móveis, à medida, para uma vida mais decente. Também a cozinha vai ser equipada. A Junta de Freguesia e o senhorio darão o seu apoio. Tudo muito bem A solidariedade e a justiça social continuam com muitas lacunas, apesar do muito que se vai fazendo. Toda a freguesia sabia da pobreza em que vivia aquela família. Todas as autoridades políticas e sociais daquela zona decerto já haviam sido informadas da debilidade económica dos pais da Andreia. Ninguém, pelos vistos, fez nada. E foi preciso que a Andreia tivesse sido roubada aos pais, no hospital em que nasceu, para que a solidariedade se manifestasse. Claro que apenas depois de a menina ser devolvida à família, com direito a festa. Moral da história: importa estarmos atentos às carências dos mais pobres que vivem à nossa volta, sem que seja necessário a comunicação social acordar-nos da letargia em que por vezes vivemos. Fernando Martins

Bienal Internacional de Cerâmica Artística em Aveiro

Painel cerâmico de Aveiro

15 mil euros para o primeiro prémio



O prazo de inscrição para a participação na VIII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro termina no dia 4 de Maio, estando o respectivo secretariado instalado na Divisão de Acção Cultural, sita na Casa Municipal da Cultura / Edifício Fernando Távora, em Aveiro.
A bienal está aberta a artistas nacionais ou estrangeiros, com um máximo de duas obras por artista, as quais poderão ser trabalhos individuais ou colectivos. No momento da inscrição, e para além do respectivo boletim de inscrição, cada artista concorrente deve apresentar uma nota biográfica dactilografada, com um máximo de 20 linhas, pelo menos uma foto da obra, em formato digital ou em diapositivo a cores, e descrição da obra proposta, com nota explicativa das características técnicas utilizadas, respectivas medidas e posição da peça para efeitos de exposição. Mediante os elementos apresentados, o júri da bienal fará uma primeira triagem das obras, sendo comunicado aos concorrentes seleccionados que devem entregar os seus trabalhos até 22 de Junho.
As obras seleccionadas e as obras dos artistas convidados pela organização estarão em exposição de 8 a 30 de Dezembro, no Parque de Exposições de Aveiro. As entradas para a exposição serão pagas.
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Leia mais em CV

Venda de artesanato

De 4 a 8 de Abril, no Rossio






FEIRA DA PRIMAVERA
EM AVEIRO



Para “proporcionar, à cidade e a quem nos visita, mais uma exposição e venda de artesanato”, a associação A Barrica promove, de 4 a 8 de Abril, a Feira da Primavera, no Rossio. Cerâmica, fumeiro, bijuteria, calçado, cestaria e trapologia são algumas das artes tradicionais que integram a feira.
O artesanato, sob as mais variadas formas, é uma riqueza genuína do nosso povo. Por isso, acho que se justifica, perfeitamente, uma passagem por lá. Para ver, apreciar, comprar e provar...

Um artigo de Anselmo Borges, no DN



Dezanove de Março:
o Dia do Pai





O génio de Kant não estaria num dos seus momentos mais altos, quando, num texto célebre, pôs esta pergunta na boca de Deus: "Não conseguimos libertar-nos deste pensamento, mas também não podemos suportá-lo: que um ser, que nos representamos como o supremo entre todos os possíveis, de certo modo se diga a si mesmo: 'Eu sou de eternidade em eternidade, fora de mim não existe senão o que existe por minha vontade; mas então donde venho eu?' Aqui, tudo se afunda debaixo dos nossos pés."
Há realmente uma pergunta vertiginosa, que constitui um abismo para a razão humana: qual é o Fundo sem fundo donde vem tudo o que vem à luz e se manifesta? Mas essa é uma pergunta do Homem e para o Homem, não de Deus e para Deus. Deus não pergunta, porque é Deus. O animal não pergunta, porque é animal. A pergunta é própria do Homem, e a razão é que ele é ao mesmo tempo finito e abertura ao infinito. Perguntar é constitutivo do Homem, e a pergunta radical é precisamente: qual é o Fundo sem fundo donde vem tudo o que vem à luz e se manifesta? Porque ao mesmo tempo que se manifesta esconde-se - revela-se e oculta-se simultaneamente.
Na tentativa de balbuciarem algo sobre o Mistério último da realidade, a fé e a teologia cristãs falam de Deus como comunhão de diferentes - Pai, Filho e Espírito Santo -, sendo o Pai o Princípio sem princípio, a Fonte originária, Criador de tudo o que existe e Mistério abissal, invisível e inexprimível. Ele diz-se no Filho, que é o Verbo, a Palavra do Pai, e o Espírito Santo é o Amor que une o Pai e o Filho.
Pai é alguém que está na origem de, algo ou alguém que é força criadora do novo.
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Leia mais em DN

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 15


O TIO JOÃO AMARANTE

Caríssima/o:

Apetecia-me escrever
como o Prior Resende:

«E agora um episódio
para fechar este capítulo.»

Vamos então espreitar das páginas 85 a 87, da sua Monografia, e enquadremos a cena em verdadeiro espírito quaresmal.

«João Amarante, de proveniência incerta, veio de abalada por aí fora até poisar na charneca paulenta da Gafanha, a uns 200 metros ao sul da actual estrada de Ílhavo para a Costa Nova. Mal tratado pela fome, lá ia remexendo a areia, a ver se dela podia colheitar algumas batatas e ervilhas que lhe enchessem o estômago e lhe cobrissem os ossos. Mas aquela magreira não se debelava, nem pela polpa dos caranguejos, nem pelas caldeiradas dos barbudos camarões.
A necessidade obrigava-o a arrotear a improdutiva areia. Destruída a primeira barraca de madeira, surgiu uma nova construção de barro, mais sólida, que ele preventivamente cercava de junqueiras para arrostar a inclemente invasão das areias furiosamente tocadas dos ventos. Por algum tempo viveu feliz o tio Amarante com as caldeiradas de batatas condimentadas com os caranguejos e camarões.
Eram assim as caldeiradas dos pobres, à falta da saborosa enguia ou do delicioso peixe do mar. As ervilhas e as favas eram um repasto mais reconfortante para a hora do meio dia. Pouco lhe aproveitavam as marinhas além porque não havia porco na salgadeira. Vivia pobre o tio Amarante, e ainda por cima se riam dele. Desde épocas remotas até há poucos anos, era a Gafanha largo e abundante pascigo para as manadas, sobretudo de touros, que infestavam estas paragens. As da Carapinheira por aqui se demoravam frequentemente. Os pastores, maldosamente e também levados pela fome, perseguiam o tio Amarante, escolhendo para teatro das suas diabruras a vivenda do pobre velho. Repetidamente lhe destruíam a horta, arrombavam a porta e furavam o forno.
Era o forno que sobremaneira atraía estes importunos visitantes, e o tio Amarante todas as semanas tinha que repetir a fornada e contar com estes improvisados comensais, porque as boroas batiam sempre as asas e passavam do forno para o estômago daqueles pastores. Era um tormento com que não podia compadecer-se a provada paciência do bom velho. A esta desgraça outra maior se juntou. A Câmara de Vagos, com a sua proverbial magreza, também quis espoliar aquele infeliz que nem carne tinha para cobrir os ossos. Era ele um esquelético cabide que mal segurava uns reduzidos e andrajosos farrapos.
Quis ela auferir alguns cobres de foro pelas areias e pela pousada do pobre. Como encontrasse resistência às suas pretensões, mandava-lhe arrasar a choupana. Por várias vezes, teve o pobre homem de se conformar com a violência da autoridade, e construir de novo. Câmara e pastores eram os algozes atrevidos que muito e muito o faziam sofrer, e que mais lhe faziam dissecar as suas já minguadas carnes.
Um dia, porém, aquele pássaro que pretendiam depenar, fixou as penas e bateu as asas. De cuecas, bordão na mão, alforje bem fornecido às costas, seguiu para Lisboa.
Fez-se anunciar no Paço Real e é recebido por Sua Majestade. Antes, porém, de desfiar todo o seu rosário de amarguras, ajoelha para beijar a mão real. Não é consentida comovedoramente a reverência a quem tão humildemente se apresenta nos Paços Reais. Ouvida a queixa e o pedido de providências, é mandado em paz com a promessa de deferimento.
Efectivamente a Câmara recebe ordens terminantes que garantiam ao Amarante a posse tranquila de uma grande extensão de terreno, livre de quaisquer encargos. É aquele terreno (agora subdividido) que constituiu a chamada “Quinta do Amarante”.
Foi a única quinta da Gafanha que nunca pagou foro por munificência régia, a pedido do Amarante que, de ceroulas curtas e de sacola às costas, foi a pé a Lisboa falar a Sua Majestade. Estes acontecimentos deram-se por cerca do ano 1800, ou ainda antes, e o facto ainda hoje se relata com frequência.»

Ora digam lá que esta estória não valeu bem os minutos que demorou a ler?!

Manuel

sexta-feira, 16 de março de 2007

Porto de Aveiro

Trabalho fotográfico de Dinis Alves
(Clique na foto para a ampliar)


PORTO DE AVEIRO,
UM PORTO COM HISTÓRIA
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O Porto de Aveiro é, realmente, um porto com história. Digno, por isso, de ser mais conhecido e mais apreciado. A sua história está cheia de pessoas que fizeram dele, de há dois séculos para cá, pelo menos, um porto polivalente e dinâmico, e, também, com capacidade de intervenção notória, a nível económico e social. O futuro, disso ninguém duvida, pertence-lhe.

Ílhavo: Concurso de Fotografia



Olhos Sobre o Mar
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No seguimento do grande sucesso obtido com a realização das primeiras edições do Concurso de Fotografia "Olhos sobre o Mar", quer ao nível da quantidade quer ao nível da qualidade dos trabalhos recebidos, a Câmara Municipal de Ílhavo decidiu lançar recentemente a quarta edição deste concurso
Este ano, e mais uma vez, o Concurso de Fotografia conta com o apoio do Centro Português de Fotografia/Ministério da Cultura, do Diário de Aveiro e da revista FotoPlus.
Tal como tem acontecido, o concurso será de âmbito nacional, nas categorias cor e preto e branco, decorrendo até meados de Junho. A entrega dos prémios acontecerá em Agosto, mês em que os 50 melhores trabalhos irão ficar expostos na Sala de Exposições Temporárias do Navio Museu Santo André.Mais informações em www.cm-ilhavo.pt, na própria Câmara Municipal, através do telefone 234 329 602 ou no e-mail geral@cm-ilhavo.pt.

"O CONTADOR DE HISTÓRIAS"

Aveiro, Salão Cultural, Domingo
OFICINA PARA
CONTADORES DE HISTÓRIAS
No dia 18, domingo, às 10 horas, no Salão Cultural, vai realizar-se a “Oficina de Sobrevivência para pais contadores de histórias” por “O Contador de Histórias”. A oficina pretende ser um espaço de diálogo e informação para aqueles que diariamente se vêem confrontados com a necessidade de contar histórias aos filhos.
Os interessados em participar podem efectuar a sua inscrição até dia 16 de Março, na Divisão de Acção Cultural, Casa Municipal da Cultura - Edifício Fernando Távora.
A oficina destina-se a pais e encarregados de educação, tem a duração de três horas e permite o máximo de 25 participantes.
De uma forma descontraída e sem o peso de uma formação propriamente dita, os participantes são convidados a falar das suas dúvidas e dos seus receios no que toca a este tipo de abordagem. É fornecida uma perspectiva histórica do papel dos contadores de histórias, são abordados os tipos de métodos e as diversas opções para cativar a atenção de quem ouve e são dados exemplos muito concretos de como certas histórias podem ser trabalhadas.
Os participantes podem ser convidados a trazer um livro de casa, de forma a ser trabalhado na sessão. Um aspecto significativo deste projecto é a forma informal como chega aos pais: as sessões são divertidas, os participantes são convidados a mudarem o seu ângulo de visão para se tornarem eles próprios receptores dos contos, entendendo assim de uma forma mais correcta como é que os seus filhos ouvem as histórias.
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Fonte: Site da CMA

União Europeia precisa de uma referência

Bispos alemães reforçam tradição cristã na construção da história europeia
“Europa: responsável perante Deus e perante os homens” é o título da declaração publicada hoje pela Conferência dos Bispos alemães, por ocasião do cinquentenário da assinatura do Tratado de Roma. Os bispos alemães convidam “a relembrar as origens do processo de integração europeu, para adoptar as disposições fundamentais e para reconhecer as tarefas essenciais da Europa”. O documento relembra a “experiência da guerra, a dominação da violência, a culpa”, assim como “a boa vontade para construir a paz” como pontos de partida no processo de unificação da Europa. “A pacificação e construção da paz era a força principal do processo europeu” e ainda é “uma das suas habilitações mais importantes”. “A Europa não é mais sinónimo de rivalidades históricas ou guerra, mas antes contributo para a paz e ajuda na prevenção dos conflitos sem o recurso a armas”, pode ler-se na declaração. “A União Europeia é a resposta à história trágica do continente”. Os Bispos alemães sublinham que “o princípio fundamental do ser humano” foi resumido “para uma maior ênfase aos direitos humanos, aos direitos de liberdade e aos fundamentais direitos sociais. Também aqui se reflecte a visão cristã do ser humano”.
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Leia mais na Ecclesia

quinta-feira, 15 de março de 2007



DOENÇA DA ESCOLA,
UM BECO SEM SAÍDA?

A semana que passou foi rica de informação sobre a debilidade das escolas e dos projectos educativos. Mas foi também de informações, de dentro e de fora, a mostrar a possibilidade de caminhos diversos, esperançosos, acessíveis e urgentes.
As crises são já tão normais e generalizadas, que se vai pensando que governar é, acima de tudo, gerir as crises. Na educação, na saúde, na justiça, na segurança social, nas finanças, parece assim acontecer. Se é isso governar, então cada vez teremos mais comprometido o futuro. Este não se constrói sem que, no presente, se faça um bom diagnóstico da situação e suas causas e se procurem medidas acertadas que levem a olhar para além da crise.
Tanto no diagnóstico como na procura de soluções há ajudas que não se podem desperdiçar e têm de ser olhadas sem preconceitos, segundo o seu valor objectivo e o empenhamento daqueles que as propõem. Neste campo, os que podem influenciar positivamente devem ser competentes, honestos e abertos. A comunicação social tem aqui um papel importante. A opinião pública, bem informada e formada, ajuda a criar ambiente favorável às medidas válidas, mesmo quando não agradam a alguns.
Esteve em Lisboa, na Gulbenkian, numa iniciativa da Embaixada dos EUA e das Fundações Calouste Gulbenkian e Luso-Americana, o senhor Jeb Bush, a quem chamam “o governador da educação” Veio falar dos caminhos do sucesso educativo na Florida, ante o abandono escolar e o mau aproveitamento dos alunos das escolas públicas, marcadas por “fracassos crónicos”. Deu indicação de que o seu projecto assentou numa cultura de “exigência de excelência”; na permissão de os pais, com base no cheque-ensino, escolherem a escola, pública ou privada, para os seus filhos, estimulando todas, por via de um confronto sadio, a melhorarem a sua acção; no apoio e estímulos privilegiados às diversas escolas, tendo em conta os seus resultados; na apreciação do valor dos professores, de harmonia com a sua prestação; na mudança da direcção da escola, quando objectivamente se verifica que ela não consegue criar condições de êxito educativo.
Houve contestação de alguns sectores e, como é óbvio, dos sindicatos. A verdade, porém, é que, perante os resultados obtidos, que logo chamaram a atenção, outros estados se inspiraram no projecto da Florida. Este estado, como era do conhecimento geral, estava nos piores lugares do país, a nível de resultados escolares. Em poucos anos viu-se a mudança e os seus alunos subiram ao nível dos melhores.
Como foi sublinhado por diversos críticos presentes, criteriosos e com reconhecida competência, o modelo pode constituir inspiração válida para o nosso governo e ajudar o Ministério da Educação, que todos os dias nos surpreende com novas medidas avulsas, a ir ao encontro de uma crise cada vez mais grave, que se manifesta no insucesso escolar, no abandono da escolaridade com índices preocupantes, na violência nas escolas, na indisciplina crescente, na desmotivação de muitos professores, no baixo nível cultural de quem termina os diversos ciclos e, por vezes, até o ensino superior.
Também na passada semana tivemos notícia do relatório do Conselho Nacional de Educação e das medidas propostas pelo mesmo, após uma alargada participação dos cidadãos.
Não falta gente a dar contributos válidos e a procurar que os problemas da educação não sejam cativos do poder e das lutas dos sindicatos. Muitos outros têm lugar e competência. Todos têm de ser ouvidos, porque o problema é só dos professores e dos seus direitos.. Com paixão ou sem ela, há que gritar a indignação do que se passa e, com esperança, dar as mãos para sair deste círculo asfixiante e vicioso.

Citação

"A poesia é uma resposta ao insuportável"
Lídia Jorge,
in "Visão" de hoje

Trabalho social em rede



Bispo de Aveiro
propõe fórum
para despertar alma social

D. António Francisco dos Santos propôs a rea-lização de um “fórum que congregue instituições de solidariedade social” da diocese, como forma de “implicar, sensibilizar e dinamizar” a acção sociocaritativa dos cristãos. Esta proposta do Bispo de Aveiro, adiantada hoje pelo "Correio do Vouga", é perfeitamente oportuna, ou não fosse ela uma iniciativa capaz de suscitar um trabalho em rede.
É certo e sabido que há muito individualismo nas IPSS, Misericórdias e demais instituições, quando todos sabem que a cooperação e a partilha de saberes e de responsabilidades é uma urgência dos tempos que correm. Não mais há lugar, a meu ver, para um trabalho social e caritativo isolado. Estar de mãos dadas no mundo tem de ser assumido por toda a gente, e muito mais pelos cristãos. Excluindo, necessariamente, projectos individualistas e de pessoas auto-suficientes.
Por experiência própria, posso dizer que a dificuldade em trabalhar em rede, a nível de freguesia e de concelho, no mínimo, é altamente prejudicial no serviço aos mais carenciados das nossas terras. Por isso, apoio este fórum, na certeza de que ele será um bom ponto de partida para uma trabalho social e caritativo apoiado em parcerias e em redes de valências.
F.M.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Portugal precisa de um Movimento Social Cristão



IMPORTA DAR
UMA DIMENSÃO MODERNA
À PALAVRA ESMOLA

"Tenho pena que nós, os cristãos, não tenhamos criado um grande Movimento Social Cristão (MSC)" - disse, ontem, ao Programa ECCLESIA, Acácio Catarino, consultor social e ex-presidente da Cáritas Portuguesa. Com um percurso longo na acção social, o entrevistado referiu que "é indispensável" que os cristãos vivam "intensamente" este período quaresmal e "assumam as responsabilidades nas suas actividades mas também influenciando as diferentes estruturas".
Neste caminho de preparação para a Páscoa, Acácio Catarino - ex-consultor para assuntos sociais do anterior Presidente da República - propõe a conversão - interior e exterior - para "ultrapassarmos este momento actual onde a economia não avança e verificamos graves problemas sociais". E acrescenta: "um convite a sermos mais justos e mais fraternos".
Se o Movimento Social Cristão nascer - "oxalá que sim" -; o ex-presidente da Cáritas Portuguesa garante que haverá "uma nova tomada de consciência dos problemas sociais, de motivação para a respectiva solução e apresentação de propostas". O que falta para tal acontecer? A resposta de Acácio Catarino rápida: "Muito e quase nada". E adianta: "Há milhares de cristãos envolvidos nas estruturas e uma doutrina fortíssima. Há milhares de instituições de acção social. Falta congregar esforços e avançar". Mas solta um desejo: "Seria desejável que fosse objecto de uma iniciativa forte, pela Conferência Episcopal Portuguesa ou organismos laicais.
Em relação aos sinais da Quaresma - Esmola, Jejum e Cinzas -, o consultor sublinhou que "importa dar uma dimensão moderna à palavra esmola". Só conhecendo os problemas sociais, "empenharmo-nos na sua solução e actuarmos junto das diferentes instituições é que surgem resultados positivos" porque "sozinhos não conseguimos resolver os problemas".
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Efeméride

14 de Março




Faleceu, neste dia, José Pereira Tavares

Faleceu, em 14 de Março de 1983, em Aveiro, o Dr. José Pereira Tavares. Além de ter sido professor do liceu de Aveiro, também exerceu o cargo de reitor do mesmo estabelecimento de ensino, de 1940 a 1957.
Natural de Pinheiro da Bemposta, Oliveira de Azeméis, onde nasceu em 30 de Janeiro de 1887, veio a falecer na cidade dos canais, com a provecta idade de 96 anos, como refere monsenhor João Gaspar, no seu livro “Caminhar na Esperança”.
Lembro-me perfeitamente dele. Era, de facto, uma pessoa veneranda na cidade. No liceu de Aveiro, onde foi reitor, a sua figura suscitava respeito, tal era a força da sua personalidade.
O seu nome andava frequentemente associado à Língua Portuguesa, área em que era mestre competentíssimo. Mas ainda como cidadão merecia o respeito e a admiração de toda a gente, pela verticalidade do seu carácter e pela integridade do seu espírito.
Deu vida ao primeiro grupo cénico do liceu, dirigiu o Museu de Aveiro, fundou a revista Labor, foi um dinamizador de congressos do Ensino Liceal, promoveu celebrações centenárias de grandes vultos da nossa literatura, nomeadamente de Eça de Queirós, Gomes Leal e de Guerra Junqueiro, entre outros, lembra monsenhor João Gaspar.

Imagens da Ria


A TORREIRA CONTINUA BONITA
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Num dia de sol, como o de hoje, vá à Torreira, no concelho da Murtosa. Terra de pescadores e de veraneantes, por causa da Ria e do Mar, que garantem vida, quando garantem, a muita gente, a Torreira tem imagem belíssimas a perder de vista.
Apreciem a calma das águas e o colorido das embarcações dos pescadores...

terça-feira, 13 de março de 2007

Um artigo de Alexandre Cruz


Reformar:
determinação mas com participação



1. Refomar, criar nova forma, novo dinamismo, é sempre um “acto” que envolve fronteiras e realidades de ténue sensibilidade. De pouco interessa reformar à força; de nada valerá o reformar por reformar só porque está na moda ou os números económicos assim o aconselham. Reformar implicará um misto de transformações evolventes e colectivas de mentalidade, de cultura, de modos de estar, sentir, fazer. Reformar, palavra sempre tão proclamada e pouco assumida como ideal comunitário, implicará uma visão de envolvente ampla para todo o investimento reformista não cair em “saco roto”, mesmo para quando das naturais e saudáveis mudanças governamentais não se voltar à “estaca zero”. É que tudo passa, e o que fica será aquilo que – com capacidade de abertura à totalidade - se “fez” com os outros.
2. No mobilizar para a Reforma concreta de áreas fundamentais de um país, é certo, não se poderá atingir (nem será saudável mesmo) o ideal da absoluta sintonia de pensamentos, não se poderá dialogar infinitamente sem a coragem da decisão. Mas também, reformar sem ouvir, sem incluir, sem falar, sem dialogar, reformar sem estimular a participação (eixo essencial da democracia) será sinal de défice, afinal, de falta de ligação explícita àqueles que elegeram os representantes soberanos. Reformar, fronteira sempre exigente e difícil, terá de significar envolver, abarcar todas as pontes possíveis, capacidade de incluir (no mais e melhor) “todos” os pontos de vista. Só na base do espírito comunitário, de participação envolvente e compreensível, a reforma dará os seus efeitos pretendidos a médio e longo prazo.
3. Neste sentido, hoje, em democracia, não será possível reformar sem o povo. Pretender mudar o rumo da história sem nesse rumo estimular e envolver aqueles a quem a renovação se dirige será sinal de automática precaridade da própria reforma, esta que de vistas tão curtas pode não ultrapassar as fronteiras de um grupo ou de uma ideia. Reformar sem mais participação dos destinatários no erguer da própria reforma desagrega, ainda mais, a sociedade, faltando a noção clara de um “ideal comunitário” compreendido, explícito, que sirva as pessoas concretas nas suas cidades, freguesias, instituições, ruas. Também, a esta realidade, junte-se a verdade objectiva de que não há reforma, mudança, que agrade a todos; mas no fim de tudo, todos terão de compreender – a todos deve ser explicado – o rumo que se pretende, pois só assim dos sacrifícios se vislumbrará o procurado futuro melhor.
4. No nosso país, (mentalmente) carente de lideranças e afirmações (por vezes quaisquer que elas sejam), vivemos tempos de reformas apressadas. Tal a sede colectiva de uma “salvação” que nos tire do fundo da “tabela europeia”. Esta “reformofobia”, entre o mérito da determinação mas o limite da participação, de tão apressada no procurar recuperar o terreno perdido, poderá correr o risco de ficar na rama pois não assumida e interiorizada convenientemente pelos cidadãos, e pela incapacidade de integrar de forma estimulante as diversidades de pensamento. Reformar a sério nunca será acto isolado, reformar requererá o esforço máximo do dialogado “consenso” como “escola” de serviço e paradigma de referência para os cidadãos na vida de todos os dias; este ideal que será tão diferente da inflexibilidade, da visão única, do diálogo de surdos ou mesmo do não “não falar”, deitando a perder as proximidades necessárias de uns com os outros em democracia.
5. O povo diz que “depressa e bem há pouco quem”. (A nós é-nos pedido depressa e bem!) Não chega, assim, o dizer-se “que” vamos reformar, importará bem mais o “como” vamos fazê-lo. É impossível haver fruto sério e com futuro de qualquer reforma sem apostas claras nos três eixos essenciais de um país democrático: a Educação, a Saúde, a Justiça; melhor, uma educação transversal para a saúde e a justiça que assim se iluminam interiormente para o ideal do bem-comum. Se a educação será, no fundo, a mãe de todas as novas mentalidades pretendidas, ela terá de ser a base de todas as reformas. Como vão e que pretendem as reformas nestas três áreas fundamentais do país (educação, saúde, justiça)? Como “jogam” umas com as outras? Como os diferentes actores e as diferentes visões as lêem em coabitação e sinergia para “puxar” o país? (Uma coisa será certa, os euros não poderão condicionar estes eixos…)
6. Perguntar será, estrategicamente, sentir que tudo pode ser sempre melhor; não haverá reforma com futuro se todos os agentes não estiverem envolvidos na participação. Perguntar, afinal, será participar. É que poderão existir “determinações” à força, ainda sem a capacidade e lastro para integrar todos os actores que estão em jogo. Talvez seja oportuno lembrar que antes das reformas já havia país (pessoas e serviços), e só com o seu respeito e “participação” as reformas darão frutos. Só a participação será a base para a mudança de mentalidade que qualquer reforma pretende. Tem sido louvável este esforço em muitas áreas; mas, falta imenso… Mesmo que a reforma em estruturação e/ou andamento não o preveja ou não o pretenda, vamos participar mais!...

Um artigo de João César das Neves

Meio século depois da aprovação do Tratado de Roma, João César das Neves olha para o percurso europeu




50 anos da Europa

Meio século depois da aprovação do Tratado de Roma, vivem-se momento de balanço e avaliação nos corredores europeus. Também por cá se pretende ajuizar se a nossa adesão foi boa ou má, se o Pacto de Estabilidade nos estrangula ou nos protege.
A União Europeia começou como Comunidade Económica Europeia ou, até antes, com o carvão e o aço. Não faltam os que criticam este pecado económico original, achando que se deveria ter lançado em temas mais elevados.
De facto, tratou-se de uma intuição genial dos "pais da Europa". Eles entenderam que a única forma de conseguir uma aproximação entre povos tradicionalmente inimigos, e que se tinha acabado de destruir mutuamente na pior guerra da história, era começar pelos mercados. Todas as outras dimensões, políticas, diplomáticas, culturais, religiosas, artísticas, climáticas, sociais, os dividiam. A única coisa que os podia aproximar era a possibilidade de cooperarem na abertura e desenvolvimento dos seus mercados.
Temos de dizer que essa opção foi um grande sucesso. Passados cinquenta anos, não só os países europeus estão reconstruídos e prósperos, mas todos seus vizinhos querem aderir à comunidade e todas as zonas do mundo pretendem copiar este modelo. É verdade que nenhuma outra até hoje o conseguiu, e a União Europeia constitui o único caso da história mundial em que países independentes partilham voluntariamente soberania para benefício mútuo.
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Educação rodoviária


ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
RODOVIÁRIA CELEBRA ANIVERSÁRIO

A Câmara Municipal de Ílhavo vai comemorar, no próximo dia 18 de Março (Domingo), o 3º Aniversário da Escola Municipal de Educação Rodoviária (EMER), abrindo a mesma ao público, durante todo o dia.
A EMER está localizada junto à Piscina Municipal da Gafanha da Nazaré e foi inaugurada no dia 18 de Março de 2004, sendo o corolário de uma aposta, partilhada em protocolo entre a Câmara Municipal de Ílhavo, o Governo Civil de Aveiro e a Direcção Geral de Viação. Trata-se de um importante instrumento de formação e sensibilização da população para a boa utilização da via pública.

Um artigo de António Rego


RETIRO DA QUARESMA

Não há dúvida que o excesso de proximidade dos factos tira a visão clara das coisas. O coração sempre se interpõe e cobre-se de poeiras que desfocam o real e sobrevalorizam o acessório no conjunto da construção de qualquer história. Também sabemos que, sem o coração, pouco se vislumbra da complexidade da vida e até das grandes razões e objectivos da existência. Quando nos afastamos, ainda que por pouco, do país, da aldeia, do círculo habitual de amigos e companheiros, e nos retiramos do real, parece que tudo ganha uma nova perspectiva e a casa da vida aconchega melhor as peças e articula mais ordenadamente as sequências fundamentais de qualquer facto. Mas que não seja muita a distância num excessivamente longo o tempo. O desafecto também estraga a luminosidade dos raios que nos entrelaçam com os acontecimentos e pessoas que mais proximamente fazem história connosco.
Quando Deus diz a Moisés ”eu sou Aquele que sou” abre essa dimensão infinita de tempo e espaço que ultrapassa todas as medidas estreitas e até mesquinhas com que nos medimos. O tempo é nada, o rio da história é uma insignificância comparado com o grande oceano de Deus. Metade do que pensamos, dizemos e fazemos é para deitar fora, deixar no lodo das margens, porque a água prossegue na sua limpidez e pressa para o grande oceano.
Mas logo a seguir Deus descreve a grande viagem do Egipto para a Terra prometida. Aí não há um minuto a perder, nem um grão de areia, nem uma gota de água a desperdiçar. Todos os passos são preciosos, todo o esforço é anotado, todas as migalhas essenciais à grande viagem. Longe e próximo são um só. Vontade e inteligência, um só. Um povo dividido nos seus desalentos, é um só, e não pode esbanjar um átomo do sonho e do cansaço.
Não estamos perante a poetização de Deus. Esta é a nossa história feita das insignificâncias na vida política, social, cultural, familiar, colectiva e privada. E neste todo se tece o nosso percurso de infinito com sentido pleno no caminho estreito que trilhamos. Mas que vai mais longe que a soma dos nossos passos ou os anseios do nosso coração. Foi Deus que nos ensinou a fazer história.

Exortação Apostólica do Papa

Exortação Apostólica de Bento XVI aborda celibato sacerdotal e matrimónio religioso como caminhos para essência da vida cristã




“SACRAMENTUM CARITATIS”


Um documento “com um futuro promissor”, porque “propõe a essência da vida cristã, que surge da santidade e da missão para todos os tempos, inclusivamente o momento actual”, assim descreveu Mons. Nicola Eterovic, secretário geral do Sínodo dos Bispos a Exortação Apostólica “Sacramentum caritatis” - Sacramento do Amor, apresentado esta manhã no Vaticano.
“Apresentando de um modo acessível ao homem contemporâneo a grande verdade da fé eucarística”, o documento papal “exorta a um renovado empenho na construção de um mundo mais justo e pacífico em que o Pão partilhado se torne, para a vida de todos, causa exemplar na luta contra a fome e contra qualquer espécie de pobreza”, que “degrada a dignidade do homem criado à imagem de Deus”.
A nova exortação apostólica, dá continuidade aos “grandes documentos sobre o sublime sacramento da Eucaristia”, e aos textos de João Paulo II. “Propõe de um modo actual algumas verdades essenciais da doutrina eucarística, exortando a uma decente celebração do santo rito” e “recorda a necessidade urgente de desenvolver uma vida eucarística na vida de todos os dias”.
Por sua vez, o Cardeal Angelo Scola, patriarca de Veneza, também presente na apresentação da Exortação Apostólica, afirmou que através da “Sacramentum caritatis”, o Papa confirma “o rito latino da obrigatoriedade do celibato sacerdotal como riqueza inestimável para toda a comunidade eclesial”, e confirma também a indissolubilidade do sacerdócio ministerial para a celebração da Missa, que não deve ser mais confundida com outras celebrações na ausência do presbítero”.
Acolhendo o que foi proposto no último Sínodo dos Bispos, o Papa “reafirma e aprofunda a relação entre sacerdotes ordenados e celibato, rejeitando qualquer justificação do celibato com bases puramente funcionais”. Quanto à “reorganização numérica do clero, que já acontece em alguns continentes”, para Bento XVI, observou Scola, “deve ser enfrentado acima de tudo com um testemunho da beleza da vida sacerdotal e também com uma cuidada formação vocacional, mediante uma proposta precisa de vida espiritual e um rigoroso discernimento que verifique a autenticidade da motivação vocacional”.
“Sacramentum caritatis” é um documento que contem “um forte encorajamento e mostra a relação da Igreja a toda a família fundada no sacramento do matrimónio, protagonista da educação cristã dos filhos”, apontou o Cardeal Angelo Scola.
Bento XVI elege o tema da unidade do matrimónio cristão, fazendo referência à questão da poligamia e à indissolubilidade do vinculo conjugal”, mas também fornece importantes sugestões pastorais para uma “situação dolorosa” em que se encontram esposos divorciados, a quem a exortação sugere “nove novas modalidades de participação na vida da comunidade cristã dos fieis que, sem receber a Comunhão, podem adoptar um estilo de vida cristã”.
Ao Tribunal Eclesiástico, disse Scola, o Papa pede “que quando surgirem dúvidas legítimas, verifiquem em tempo razoável a eventual nulidade do matrimónio” enquanto que aqueles que tenham celebrado de forma válida o matrimónio, por condições objectivas, não possam escolher uma nova relação”, propondo transformar “a sua relação numa amizade fraterna”.
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Fonte: ECCLESIA

segunda-feira, 12 de março de 2007

Quadras de Fernando Pessoa

Leve sonho, vais no chão A andares sem teres ser. És como o meu coração Que sente sem nada ter. Vai alta a nuvem que passa. Vai alto o meu pensamento Que é escravo da tua graça Como a nuvem o é do vento NB: Quadras enviadas por um leitor amigo

Citação

“Confiar é correr o risco de se decepcionar”
Séneca