quarta-feira, 21 de março de 2007
Dia Mundial da Poesia
Dia Mundial da Poesia
Poesia de vários dos seus livros foi reunida nesta edição para nos encantar. “Os poemas deste livro fazem sua a condição de prosseguir nomeando o possível, respondendo ao impossível, assim fazendo ressoar a dualidade no âmago do mundo, assim inscrevendo nele os seus trajectos sem regresso”, diz Silvina Rodrigues Lopes no posfácio da obra que veio a lume em 2006.
Reli vários poemas insertos nesta colectânea, alguns já meditados nos livros donde foram extraídos, para integrarem um todo harmonioso que, de forma mais visível, nos mostra o poeta José Tolentino Mendonça, elogiado por quem sabe distinguir os grandes artistas dos fazedores de poesia.
O autor de “A NOITE ABRE MEUS OLHOS”, que também é padre e docente universitário, tem sempre presente o sagrado e a força do divino que o ilumina e inspira. José Tolentino Mendonça reflecte como poucos a vida que nos cerca e lhe dá ânimo para nos ensinar a ser poetas, nem que seja no interior de cada um.
Deixo aos meus amigos e leitores esta proposta de leitura, para a Primavera que hoje começa. Não uma leitura fugidia, mas meditada dia após dia.
Fernando Martins
A NOITE ABRE MEUS OLHOS
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
A aurora para a qual todos se voltam
Primavera
A cegonha chega ao ninho
Que tão alto ali a espera
Procura berço do Sol
Seu berço de Primavera.
Vem de longe muito longe
Em viagem tão comprida
Quem não amar este berço
Sabe tão pouco da vida.
Matilde Rosa Araújo
(retirado do livro "As Fadas Verdes")
:
Árvore
A semente dorme na
placenta, húmida, da
Terra. Mas começam a
percorrê-la murmúrios
de água e primavera.
Torna-se raiz e caule,
que irrompe da sua
prisão sem luz para
beber os ventos e a
claridade do dia.
O tronco firma-se como
um mastro e caminha
para os céus, claros,
num apelo a ninhos.
Em breve, brevezinho,
desfralda-se em ramos
E folhas que atraem
uma floração de asas e
de cânticos. E a árvore
começa a ser, a dar e a
permitir vida.
Luísa Dacosta
(texto incluído na colectânea organizada por
Primavera
A romãzeira borda
o sorriso do sol
no lenço dos namorados
João Pedro Mésseder e Francisco Duarte Mangas
PRIMAVERA
terça-feira, 20 de março de 2007
Um artigo de António Rego
Embora exista e deva ser exercido o direito à indignação, nem sempre é a melhor resposta a afirmações que, não sendo mentira, ocultam o essencial da verdade. Claro que me refiro a um conjunto de notícias e reportagens surgidas entre nós sobre a Exortação Apostólica "Sacramentum Caritatis". Extraída das propostas essenciais do último Sínodo dos Bispos, ganha um voo exaltante na integração teológica, litúrgica e pastoral que Bento XVI imprime à Eucaristia como o maior dos dons concedidos à Igreja.
Não apresenta qualquer nova rubrica. Há, isso sim, uma reafirmação vigorosa da incomensurável dignidade do mistério Eucarístico em todas as suas vertentes. E as "exortações" concretas aos intervenientes na acção litúrgica, não são mais que breves afinações no concerto sublime de louvor que constitui cada celebração Eucarística. Reduzir este documento à questão do celibato, do latim e do gregoriano, é distorcer por inteiro a missão de Pedro que, com os Doze, vai à frente do rebanho apontando luminosamente o caminho traçado pelo Mestre.
A teologia e a pastoral encarnadas têm direito e dever de estudar e repropor novos olhares no campo da liturgia, da arte, da participação, da cultura, das sensibilidades dos intervenientes nos diferentes escalões etários e nas aproximações ou distanciamentos no itinerário da fé. Assim, também se torna importante um olhar crítico, iluminado pelo Espírito, para se caminhar ao ritmo de Deus e do homem. E, felizmente, na Igreja esse debate existe, não apenas a nível de laboratório teológico mas também de cristãos que na sua fidelidade ao Evangelho rompem novos caminhos sugeridos pelo Espírito que habita a Igreja e os novos dinamismos do mundo. Mas tudo isso é diferente duma limitação, primária e obtusa, dum instrumento pastoral, a um ressequido legalismo litúrgico. A melhor resposta que os cristãos podem dar a (esta) avalanche de banalidades, é ler o documento. Não é longo. É simples, claro, directo. Mas que se não perca o seu espírito. E a sua referência à beleza - uma nota recortada dum bispo português que participou activamente no Sínodo. Reduzir este documento a rubricas é ler um poema como se fosse uma fria peça jurídica. E estamos perante a exaltação do grande Sacramento do Amor.
Campanha contra a pobreza
Um artigo de Alexandre Cruz
nos 400 anos de Vieira
António Vieira, incontornável personalidade intercultural da história da Europa, de Portugal e do Brasil (presente na história dos livros que se abrem ao fascínio das boas novidades), nasceu a 6 de Fevereiro de 1608, em Lisboa. Este é o motivo feliz gerador de pontes numa pluralidade aberta que sabe promover encontro criativo de culturas, de modos de fazer, ser e pensar. É neste mesmo ambiente de novas navegações que o veleiro CHIC (Cruzeiro Histórico Identidade e Cidadania) irá percorrer os caminhos marítimos que o humanista precursor dos direitos humanos viveu no seu (e nosso) problemático tempo do século 17.
2. O horizonte universalista da iniciativa, para além do veleiro agora a caminho de Cabo Verde e do Brasil, é de envolvências amplas, ilimitadas mesmo, quase como que querendo assumir a identidade e cidadania de Vieira, que se projecta no infinito do tempo que abre, pelo surpreendente, todas as portas a novas possibilidades. Se na sua época de primeira globalização Vieira, “imperador da língua portuguesa” (no dizer de Pessoa), “ergueu” a ‘lusofonia’ e percorreu os lugares determinantes da Europa em convulsão, não haverá melhor forma de o relembrar, nos seus 400 anos de nascimento, que reavivar e atravessar todos os mares, indo aos “lugares” essenciais “em português” para reinterpretar tudo, os tempos e os modos desta globalização.
Surge este horizonte, essencialmente aberto e culturalmente plural, no âmbito do projecto de investigação ICIPAV 2008 (Identidade e Cidadania: Padre António Vieira 2008) da Universidade de Aveiro. Será com “chama” visionária, pelo reinterpretar das viagens - das utopias às realidades - desse e do nosso tempo, que está garantida a certeza de chegar a bom porto, sendo este, em última instância, uma dignidade humana festejada em “feira universal”.
3. Mais que qualquer “camisola” que António Vieira tenha vestido o essencial, hoje, será o apreciar os frutos da sua árvore. Vieira, tal como os “grandes” (que sempre são pequenos) de todos os tempos, dá tudo de si aos outros. Será esta a chave de leitura pretendida desta homenagem em que a dádiva de Vieira será o pretexto para nos reencontrarmos, hoje, na nossa identidade plural em cidadania planetária. Mesmo para o Portugal que tem “medo de existir”, e talvez mais ainda nesta menoridade de vazios, será importante o reaprender das brilhantes viagens interculturais que nos precederam para nos deixarmos agarrar e engrandecer interiormente; neste processo Vieira é personalidade incontornável.
Interessando a sua vida muito acima dos reconhecimentos formais, todavia valerá a pena dizer-se, quando do terceiro centenário da morte de Vieira (18 de Julho de 1997), que a Assembleia da República proclamou o Padre António Vieira como “um dos maiores representantes da identidade nacional” [Lopes, António (1999). Vieira o encoberto – 74 anos de evolução da sua utopia. Cascais: Principia], no seu papel fundamental na consolidação da restauração da independência de 1640 e no panorama sócio-cultural.
4. No mundo actual, é rica de oportunidade e refrescante de imaginação (que António Damásio diz rarear em tempos de quase-exclusividade da razão tecnológica) a iniciativa que cruzará mares em língua portuguesa; “em língua portuguesa”, tal como também Agostinho da Silva desejaria (nos cem anos de seu nascimento que celebrámos).
Hoje, que lições tirar da vida de António Vieira, das suas causas humaníssimas de cidadão do mundo? Que lugar actual para os seus sonhos, as suas utopias? Que tempo, hoje, para as nossas expectativas, as esperanças renovadas, em último grau, a utopia? É bem significativo que segundo o Thomas More (1478-1535), teria sido um navegador português quem, nos princípios do século XVI, lhe teria relatado o modo de viver, tão racional e humano, dos habitantes de umas ilhas por onde teria passado, a que chamou “Utopia”. Seria essa descrição do navegador português que Thomas More nos transmitiria na sua tão célebre obra, Utopia (publicada em 1516). Quem dera que despertássemos, cada minuto de cada dia e sempre mais, esse dinâmico e visionário Rafael Hytlodeu que habita o nosso sangue (Hytlodeu, esse cidadão do mundo que More concebeu como tendo nascido em Portugal).
5. Não haverá melhor forma de prestar tributo que começar por navegar os seus mares neste século XXI. Iremos acompanhando a frescura das águas atlânticas (que “falam” português) no veleiro “de” António Vieira. Para “seguir” viagem: http://www.ua.pt/vieira2008
Aveiro, cidade jardim
"AVEIRO CIDADE JARDIM
Assim, e com a finalidade de embelezar as janelas e varandas no perímetro urbano da cidade, o concurso “Aveiro Cidade Jardim – Janelas e Varandas Floridas” destina-se a todos os moradores, pessoas que possuam residência dentro do perímetro urbano, a título individual ou colectivo, e todas as entidades públicas ou privadas que possuam ou ocupem imóveis na referida área.
Fé na poesia
segunda-feira, 19 de março de 2007
História inventada
domingo, 18 de março de 2007
Um poema de Miguel Torga
Ao sabor da maré
Bienal Internacional de Cerâmica Artística em Aveiro
15 mil euros para o primeiro prémio
Venda de artesanato
Um artigo de Anselmo Borges, no DN
TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 15
«João Amarante, de proveniência incerta, veio de abalada por aí fora até poisar na charneca paulenta da Gafanha, a uns 200 metros ao sul da actual estrada de Ílhavo para a Costa Nova. Mal tratado pela fome, lá ia remexendo a areia, a ver se dela podia colheitar algumas batatas e ervilhas que lhe enchessem o estômago e lhe cobrissem os ossos. Mas aquela magreira não se debelava, nem pela polpa dos caranguejos, nem pelas caldeiradas dos barbudos camarões.
A necessidade obrigava-o a arrotear a improdutiva areia. Destruída a primeira barraca de madeira, surgiu uma nova construção de barro, mais sólida, que ele preventivamente cercava de junqueiras para arrostar a inclemente invasão das areias furiosamente tocadas dos ventos. Por algum tempo viveu feliz o tio Amarante com as caldeiradas de batatas condimentadas com os caranguejos e camarões.
Eram assim as caldeiradas dos pobres, à falta da saborosa enguia ou do delicioso peixe do mar. As ervilhas e as favas eram um repasto mais reconfortante para a hora do meio dia. Pouco lhe aproveitavam as marinhas além porque não havia porco na salgadeira. Vivia pobre o tio Amarante, e ainda por cima se riam dele. Desde épocas remotas até há poucos anos, era a Gafanha largo e abundante pascigo para as manadas, sobretudo de touros, que infestavam estas paragens. As da Carapinheira por aqui se demoravam frequentemente. Os pastores, maldosamente e também levados pela fome, perseguiam o tio Amarante, escolhendo para teatro das suas diabruras a vivenda do pobre velho. Repetidamente lhe destruíam a horta, arrombavam a porta e furavam o forno.
Era o forno que sobremaneira atraía estes importunos visitantes, e o tio Amarante todas as semanas tinha que repetir a fornada e contar com estes improvisados comensais, porque as boroas batiam sempre as asas e passavam do forno para o estômago daqueles pastores. Era um tormento com que não podia compadecer-se a provada paciência do bom velho. A esta desgraça outra maior se juntou. A Câmara de Vagos, com a sua proverbial magreza, também quis espoliar aquele infeliz que nem carne tinha para cobrir os ossos. Era ele um esquelético cabide que mal segurava uns reduzidos e andrajosos farrapos.
Quis ela auferir alguns cobres de foro pelas areias e pela pousada do pobre. Como encontrasse resistência às suas pretensões, mandava-lhe arrasar a choupana. Por várias vezes, teve o pobre homem de se conformar com a violência da autoridade, e construir de novo. Câmara e pastores eram os algozes atrevidos que muito e muito o faziam sofrer, e que mais lhe faziam dissecar as suas já minguadas carnes.
Um dia, porém, aquele pássaro que pretendiam depenar, fixou as penas e bateu as asas. De cuecas, bordão na mão, alforje bem fornecido às costas, seguiu para Lisboa.
Fez-se anunciar no Paço Real e é recebido por Sua Majestade. Antes, porém, de desfiar todo o seu rosário de amarguras, ajoelha para beijar a mão real. Não é consentida comovedoramente a reverência a quem tão humildemente se apresenta nos Paços Reais. Ouvida a queixa e o pedido de providências, é mandado em paz com a promessa de deferimento.
Efectivamente a Câmara recebe ordens terminantes que garantiam ao Amarante a posse tranquila de uma grande extensão de terreno, livre de quaisquer encargos. É aquele terreno (agora subdividido) que constituiu a chamada “Quinta do Amarante”.
Foi a única quinta da Gafanha que nunca pagou foro por munificência régia, a pedido do Amarante que, de ceroulas curtas e de sacola às costas, foi a pé a Lisboa falar a Sua Majestade. Estes acontecimentos deram-se por cerca do ano 1800, ou ainda antes, e o facto ainda hoje se relata com frequência.»
Ora digam lá que esta estória não valeu bem os minutos que demorou a ler?!
Manuel
sexta-feira, 16 de março de 2007
Porto de Aveiro
Ílhavo: Concurso de Fotografia
Este ano, e mais uma vez, o Concurso de Fotografia conta com o apoio do Centro Português de Fotografia/Ministério da Cultura, do Diário de Aveiro e da revista FotoPlus.
"O CONTADOR DE HISTÓRIAS"
União Europeia precisa de uma referência
quinta-feira, 15 de março de 2007
As crises são já tão normais e generalizadas, que se vai pensando que governar é, acima de tudo, gerir as crises. Na educação, na saúde, na justiça, na segurança social, nas finanças, parece assim acontecer. Se é isso governar, então cada vez teremos mais comprometido o futuro. Este não se constrói sem que, no presente, se faça um bom diagnóstico da situação e suas causas e se procurem medidas acertadas que levem a olhar para além da crise.
Tanto no diagnóstico como na procura de soluções há ajudas que não se podem desperdiçar e têm de ser olhadas sem preconceitos, segundo o seu valor objectivo e o empenhamento daqueles que as propõem. Neste campo, os que podem influenciar positivamente devem ser competentes, honestos e abertos. A comunicação social tem aqui um papel importante. A opinião pública, bem informada e formada, ajuda a criar ambiente favorável às medidas válidas, mesmo quando não agradam a alguns.
Esteve em Lisboa, na Gulbenkian, numa iniciativa da Embaixada dos EUA e das Fundações Calouste Gulbenkian e Luso-Americana, o senhor Jeb Bush, a quem chamam “o governador da educação” Veio falar dos caminhos do sucesso educativo na Florida, ante o abandono escolar e o mau aproveitamento dos alunos das escolas públicas, marcadas por “fracassos crónicos”. Deu indicação de que o seu projecto assentou numa cultura de “exigência de excelência”; na permissão de os pais, com base no cheque-ensino, escolherem a escola, pública ou privada, para os seus filhos, estimulando todas, por via de um confronto sadio, a melhorarem a sua acção; no apoio e estímulos privilegiados às diversas escolas, tendo em conta os seus resultados; na apreciação do valor dos professores, de harmonia com a sua prestação; na mudança da direcção da escola, quando objectivamente se verifica que ela não consegue criar condições de êxito educativo.
Houve contestação de alguns sectores e, como é óbvio, dos sindicatos. A verdade, porém, é que, perante os resultados obtidos, que logo chamaram a atenção, outros estados se inspiraram no projecto da Florida. Este estado, como era do conhecimento geral, estava nos piores lugares do país, a nível de resultados escolares. Em poucos anos viu-se a mudança e os seus alunos subiram ao nível dos melhores.
Como foi sublinhado por diversos críticos presentes, criteriosos e com reconhecida competência, o modelo pode constituir inspiração válida para o nosso governo e ajudar o Ministério da Educação, que todos os dias nos surpreende com novas medidas avulsas, a ir ao encontro de uma crise cada vez mais grave, que se manifesta no insucesso escolar, no abandono da escolaridade com índices preocupantes, na violência nas escolas, na indisciplina crescente, na desmotivação de muitos professores, no baixo nível cultural de quem termina os diversos ciclos e, por vezes, até o ensino superior.
Também na passada semana tivemos notícia do relatório do Conselho Nacional de Educação e das medidas propostas pelo mesmo, após uma alargada participação dos cidadãos.
Não falta gente a dar contributos válidos e a procurar que os problemas da educação não sejam cativos do poder e das lutas dos sindicatos. Muitos outros têm lugar e competência. Todos têm de ser ouvidos, porque o problema é só dos professores e dos seus direitos.. Com paixão ou sem ela, há que gritar a indignação do que se passa e, com esperança, dar as mãos para sair deste círculo asfixiante e vicioso.
Trabalho social em rede
É certo e sabido que há muito individualismo nas IPSS, Misericórdias e demais instituições, quando todos sabem que a cooperação e a partilha de saberes e de responsabilidades é uma urgência dos tempos que correm. Não mais há lugar, a meu ver, para um trabalho social e caritativo isolado. Estar de mãos dadas no mundo tem de ser assumido por toda a gente, e muito mais pelos cristãos. Excluindo, necessariamente, projectos individualistas e de pessoas auto-suficientes.
quarta-feira, 14 de março de 2007
Portugal precisa de um Movimento Social Cristão
Neste caminho de preparação para a Páscoa, Acácio Catarino - ex-consultor para assuntos sociais do anterior Presidente da República - propõe a conversão - interior e exterior - para "ultrapassarmos este momento actual onde a economia não avança e verificamos graves problemas sociais". E acrescenta: "um convite a sermos mais justos e mais fraternos".
Se o Movimento Social Cristão nascer - "oxalá que sim" -; o ex-presidente da Cáritas Portuguesa garante que haverá "uma nova tomada de consciência dos problemas sociais, de motivação para a respectiva solução e apresentação de propostas". O que falta para tal acontecer? A resposta de Acácio Catarino rápida: "Muito e quase nada". E adianta: "Há milhares de cristãos envolvidos nas estruturas e uma doutrina fortíssima. Há milhares de instituições de acção social. Falta congregar esforços e avançar". Mas solta um desejo: "Seria desejável que fosse objecto de uma iniciativa forte, pela Conferência Episcopal Portuguesa ou organismos laicais.
Em relação aos sinais da Quaresma - Esmola, Jejum e Cinzas -, o consultor sublinhou que "importa dar uma dimensão moderna à palavra esmola". Só conhecendo os problemas sociais, "empenharmo-nos na sua solução e actuarmos junto das diferentes instituições é que surgem resultados positivos" porque "sozinhos não conseguimos resolver os problemas".
Efeméride
Faleceu, neste dia, José Pereira Tavares
Faleceu, em 14 de Março de 1983, em Aveiro, o Dr. José Pereira Tavares. Além de ter sido professor do liceu de Aveiro, também exerceu o cargo de reitor do mesmo estabelecimento de ensino, de 1940 a 1957.
Natural de Pinheiro da Bemposta, Oliveira de Azeméis, onde nasceu em 30 de Janeiro de 1887, veio a falecer na cidade dos canais, com a provecta idade de 96 anos, como refere monsenhor João Gaspar, no seu livro “Caminhar na Esperança”.
Lembro-me perfeitamente dele. Era, de facto, uma pessoa veneranda na cidade. No liceu de Aveiro, onde foi reitor, a sua figura suscitava respeito, tal era a força da sua personalidade.
O seu nome andava frequentemente associado à Língua Portuguesa, área em que era mestre competentíssimo. Mas ainda como cidadão merecia o respeito e a admiração de toda a gente, pela verticalidade do seu carácter e pela integridade do seu espírito.
Deu vida ao primeiro grupo cénico do liceu, dirigiu o Museu de Aveiro, fundou a revista Labor, foi um dinamizador de congressos do Ensino Liceal, promoveu celebrações centenárias de grandes vultos da nossa literatura, nomeadamente de Eça de Queirós, Gomes Leal e de Guerra Junqueiro, entre outros, lembra monsenhor João Gaspar.