segunda-feira, 29 de maio de 2006

Há mais católicos no mundo

Jovens católicos (Foto de arquivo) Número de católicos em todo
o mundo aumentou
45 por cento em 25 anos
O número de católicos no mundo aumentou 45 por cento de 1978 para 2004, atingindo neste ano um bilião e 98 milhões de pessoas, mas a Europa, incluindo Portugal, viu decrescer ligeiramente a influência da Igreja. Os números foram este mês divulgados pela Secretaria de Estado da Santa Sé, através do Departamento Central de Estatística, que faz uma análise da evolução da Igreja Católica até 2004.
Se o catolicismo cresceu sobretudo em África e na América e representa hoje 17,2 por cento da população mundial (89,8 dos portugueses), acompanhando o aumento dessa população, na Europa houve um crescimento mais reduzido, com Portugal a acompanhar essa tendência.
Entre 1978 e 2004, na Europa os católicos baixaram de 40,5 por cento da população para 39,5 por cento. Há agora na Europa quase 279 milhões de católicos, um aumento de 12 milhões em relação a 1978.
Situação muito diferente em África, onde o número de católicos quase triplicou, passando de 55 milhões em 1978 para os actuais 148,8 milhões. Na América (549 milhões em 2004, 62 por cento) esse aumento foi de 49 por cento e na Ásia (113,4 milhões, três por cento) de 79 por cento.
Em Portugal, embora tenha aumentado entre 1999 e 2004 o número de centros pastorais (de 6.801 para 7.131) baixou o número de católicos por cada centro, de 1.349 em 1999 para 1.316 em 2004. Comparando 2002 com 2004 verifica-se que aumentou também em cada ano o número de sacerdotes, chegando-se a 4.377 em 2004 (mais 19 do que em 2003 e mais 45 do que em 2002).
Entre 2001 e 2004, tendo em conta nomeadamente as mortes de sacerdotes diocesanos e as ordenações, Portugal teve sempre uma variação negativa entre os 41 e os 54 pontos, muito diferente da evolução positiva tendo em conta os dados à escala mundial, o que mostra que foram muitos mais os novos padres que surgiram do que os que deixaram de o ser, por morte ou outros motivos.
O número de baptismos também baixou de 2001 para 2004, tendo ultrapassado os 100 mil (100.256) em 2001, para descer para 91.194 em 2002, para 88.156 em 2003 e para 86.096 em 2004.
Segundo os dados, Portugal tinha em 2004 um total de 10.450 milhões de pessoas, dos quais 9.388 milhões de católicos, uma percentagem de 89,8.
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Padre José Maia sem papas na língua

"É urgente evitar que o idoso morra na lama, sem nada"
O Padre José Maia, antigo presidente da UIPSS (União das Instituições Particulares de Solidariedade Social e actual presidente da Fundação Filos, é um homem sem papas na língua. Fala sem complexos e diz verdades que muitos calam. No "PÚBLICO" de hoje volta à carga com a frontalidade que se lhe conhece. Diz ele: "Se o Estado gasta três milhões de contos para salvar um lobo, por causa do impacte ambiental [na construção da A24], porque não há-de gastar o mesmo com os idosos, por impacte humanitário? É urgente evitar que o idoso morra na lama, sem nada."
Na entrevista ao mesmo diário, adianta: "grande parte dos idosos têm casas abandonadas, sem dinheiro para as restaurar. Porque não há-de o Estado subsidiar a recuperação das casas, de forma a que os idosos possam receber o apoio dos vizinhos desempregados, que também seriam pagos pela Segurança Social?"
Defende, ainda, a criação de "Redes Comunitárias de Vizinhança", ao mesmo tempo que esclarece: "Sempre que um idoso não tem condições, vai, ou tenta ir, para um equipamento. Não. É preciso mantê-lo em casa, perto do mundo em que vive. Os equipamentos são para os doentes ou para as pessoas não autónomas."
F.M.

Presidência Aberta começa a Sul

Voluntariado de apoio a idosos no roteiro de Cavaco Silva
Se há locais do país onde a comemora-ção de uma efeméride teve efeitos duradouros e que conseguiram ultrapassar o medo ao que é novo, Mértola está nesse mapa. E nele inscreveu um núcleo de voluntariado persistente, que há já quatro anos diariamente leva "o mundo lá de fora" a 70 idosos internados no lar da Santa Casa da Misericórdia. Este é um dos projectos com os quais o Presidente da República irá tomar contacto e que foi incluído nas primeiras actividades desta espécie de Presidência Aberta de Cavaco Silva - a que prefere chamar roteiros -, em torno do tema da inclusão social.
"Foi em Dezembro de 2001, quando se comemorou aqui o Ano Internacional do Voluntário, que me lançaram o desafio de criar em Mértola um núcleo de voluntariado", conta Maria Fernanda Romba, ex-chefe de repartição na Câmara Municipal. "Eu tinha-me aposentado e no início fiquei assustada, tinha medo de começar algo que depois não durasse. Mas comecei a contactar pessoas e, em Março de 2002, o projecto arrancou. Hoje somos 36 voluntários activos", diz a voluntária número um da vila de Mértola que tem cerca de três mil habitantes.
"A maioria das pessoas que aceitaram fazer voluntariado tem entre 50 e 60 anos e alguns, até, mais. Eram as que tinham mais disponibilidade, porque ou se aposentaram ou estavam na pré-reforma. Isso foi uma mais valia para o projecto. Mas também temos gente mais nova: uma psicóloga, com 28, uma estudante que está a acabar o 12º ano, com 18, e uma doméstica com 30", acrescenta.
"O nosso papel é levar o mundo cá de fora às pessoas que estão internadas no lar da Santa Casa da Misericórdia, algumas delas acamadas e a maioria com pouca mobilidade. Para os que são autónomos, que são uma minoria, organizam-se passeios e outras saídas", explica Fernanda Romba.
O núcleo tem várias equipas de apoio - além das dez pessoas que ao todo prestam serviço no lar - entre elas uma que acompanha doentes em recuperação do Hospital de Beja, a par de outra que serve lanches aos doentes à espera de consultas, no centro de saúde de Mértola.
As populações idosas e o apoio que lhes é prestado preenchem boa parte do programa de Cavaco Silva, cuja primeira jornada deste ano começa em Alcoutim, onde o Presidente se informará também sobre os projectos de combate a um outro problema nacional: o alcoolismo, outra face da exclusão.
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Texto de Fernanda Ribeiro, no PÚBLICO
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domingo, 28 de maio de 2006

Um texto de Pedro Vassalo, no PÚBLICO

Os deputados sabichões
Depois de assistirem a uma sessão de esclarecimento, em Faro, Maria e Francisco perceberam o problema: o que fazer dos três embriões congelados há anos? A idade desaconselha a educação de uma nova criança (e há três embriões), e Francisco recusa-se que outra mulher possa receber o embrião. Explica que não quer dar de caras, no futuro, com um filho que não conhece. E destruí-los? Quem decide? O médico?
Carlos, lisboeta, concebido artificialmente, namora com Joana, também concebida da mesma forma. Querem casar, ou viver juntos, mas têm medo de fazer o teste não vá serem irmãos! É que eles não sabem, nem podem saber, porque o dador é anónimo.
António, portuense de gema, é meio psicopata. Como sabe que não há limite para ser dador tem um sonho (louco) de ser pai de mil crianças. Pode? Pode, porque não há qualquer limite para um homem ser dador.
Teresa, alentejana de Évora, concebeu artificialmente, mas nada disse ao marido, porque a lei permite que a mulher possa conceber artificialmente quando quiser. E assim viveram anos. O filho/a é herdeiro/a?
Quem leu até aqui o texto, julgará que trata sobre ficção científica. Mas engana-se. Tudo isto está previsto na lei aprovada no Parlamento na quinta-feira. Duvido que os deputados percebam o que votaram. E a dúvida só existe porque uma lei desta magnitude merece a reflexão que não aconteceu. E porquê? Não sei dizer.
Há inúmeros países na Europa que já trataram deste assunto e o debateram vezes sem conta. Foram consultados especialistas médicos e juristas de renome, académicos que estudam a ética em profundidade e escreveram sobre o assunto. E falo de países que estão longe, muito longe, de poderem ser considerados confessionais ou onde não exista investigação científica digna do nome (caso da Alemanha). E o que se sabe é que as soluções foram muito diferentes do que foi aprovado entre nós.
Talvez por isso um conjunto de cidadãos conseguiu recolher quase 80 mil assinaturas em pouco mais de dois meses e meio. A intenção? Pedir aos deputados que se querem aprovar uma lei sem um mínimo de debate público, que não consta do seu programa eleitoral e se não querem saber de outras experiências, então que se dignem a consultar o povo.
Há uns meses, o país votou expressivamente num candidato (por acaso socialista) que clamava por maior intervenção do povo na política. Há semanas, um conjunto de arquitectos influenciou, e bem, o Parlamento para aprovar uma lei. Agora há quase 80 mil eleitores, reunidos em tempo recorde, que pedem para serem ouvidos e... nada.
Dir-se-á que é gente simples, sem formação e incapaz de perceberem este problema. Talvez. Mas convinha saber que estão no rol apenas cinco membros do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, um antigo reitor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Toscano Rico, professores de Medicina como Gentil Martins, juristas como Germano Marques da Silva, políticos como António Capucho e Bagão Félix, jornalistas como Laurinda Alves.
Fico pois satisfeito de saber que os nossos deputados encerram em si sabedoria tamanha que lhes permite dispensar tantos e avisados conselhos. Provavelmente devem estudar tudo isto quando tiram as tais férias sem explicação aparente, ou suspendem os mandatos.
Mas estou a ser injusto, porque as tais férias a que me refiro são com certeza para ir junto do povo, nos respectivos círculos eleitorais, explicar que o querem ouvir, saber das suas angústias porque, afinal de contas, eles (deputados) só lá estão para o representar. Como diz uma amiga, só faltava que o poder consultasse o povo.
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Pedro Vassalo, mandatário para o referendo sobre a RMA.
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Fonte: PÚBLICO de 26 de Maio de 2006

Mensagem do Papa para o dia Mundial das Comunicações Sociais

:: «Os Media:
rede de comunicação,
comunhão e cooperação»
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"Iluminar as consciências dos indivíduos e ajudá-los a desenvolver o próprio pensamento não é uma tarefa fácil. A comunicação autêntica deve basear-se na coragem e na decisão. Quantos trabalham nos media devem estar determinados a não se deixarem subjugar pela grande quantidade de informações e não devem contentar-se com verdades parciais ou transitórias. De facto, é preciso procurar difundir as verdades fundamentais e o significado profundo da existência humana, pessoal e social (cf. Fides et ratio, 5). Desta forma os meios de comunicação podem contribuir construtivamente para a difusão de tudo o que é bom e verdadeiro"
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Para ler toda a Mensagem, clique aqui

Gotas do Arco-Íris - 19

Torreira: Ria de Aveiro
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ENGUIAS vs. CABO-DE-MAR
Caríssimo/a: «Enguias. São a tentação da gente marinhoa da Beira-Ria: negócio chorudo para alguns; delicioso passatempo para outros; petisco especioso para turistas; reclame sonoro da Murtosa e de toda a orla ribeirinha. Nas águas temperadas da Ria de Aveiro, onde a poluição lhes permite viver, fazem estágio permanente, ocultando a todos a sua origem misteriosa e hábitos. Dentre as artes tradicionais da pesca, a fisga, a fisga proibida, é a preferida. Os marinheiros, sempre no encalço dos prevaricadores, às ordens da Capitania e da Lei,são eterna consumição e perdição destes pescadores furtivos. As histórias que correm pela Borda d'Água sobre peripécias, fugas desvairadas, ludíbrios engenhosos da marinhagem na caça aos audazes prevaricadores, não têm conto. Vamos hoje a casa do Abílio da Pega ouvi-lo contar o que lhe aconteceu por mor das enguias e da maldita fisga. Personagens: o Abílio, o Cabo-do-Mar Madeira, o Comandante da Capitania de Aveiro. Repartamos esta miniatura trágico-cómica por três actos. Cenário do 1.º acto, a Ribeira do Solão. Cenário do 2.º acto, a Sala de Julgamentos da Capitania. O 3.º acto tem por cenário aquele que o leitor quiser imaginar a seu gosto. Todas as personagens fixaram há muito a sua residência no Bairro Social dos Mortos. Os cenários continuam os mesmos, tais como naqueles tempos, e os instrumentos do crime estão longe de serem considerados peças de museu, pelo contrário, têm-se multiplicado e aperfeiçoado, num repto audacioso à repressão policial e à lei. O Abílio não tinha família. Ninguém se sentia honrado em contá-lo no número dos familiares e amigos... Vivia sozinho num cubículo sem divisões, com uma única porta de contacto com o mundo exterior. Apesar da exiguidade do quartelho, conseguia inventar espaço para a tarimba, para a cozinha, para o w. c., e para a oficina de sapateiro-biscateiro-remendão, onde a mesa de trabalho era o móvel de maior vulto e valor. Pobre como Job e maroto como uma pega, quando os rendimentos das tombas e da graxa não davam para enganar o estômago exigente, pegava na fisga e, aos saltos (era coxo da perna direita e usava muleta) atravessava o adro da igreja de que era vizinho, e em meia dúzia de passos tinha a Ribeira do Solão, meio escondida do lado do cemitério e fora das vistas de quem passava na estrada a nascente. Tomava a bateira mais a jeito e, vamos a isto! Sempre junto à borda, porque o perigo rondava e os recursos para a fuga não eram muitos, uma mancheia de bichatas dava para a caldeirada. Depois, na loja, sempre havia alma caridosa que o obsequiasse com um copo, porque, embora vivam na água, as enguias, na caldeirada, ou na sertã, dão-se melhor com uma pinguita. Ora um dia, o Cabo Madeira, terror e caçador traiçoeiro dos fisgueiros, apanhou-o com a boca na botija. O Abílio não teve tempo sequer de se esconder entre a canízia que por ali cresce à vontade, e caíu como avezinha nas garras do gavião. Fisga apreendida e ordem para se apresentar na Capitania, em dia e hora aprazados. O Abílio não se afligiu. Não tinha nada a perder. No dia indicado na notificação que o correio trouxera dias depois, ainda no céu ardiam todas as estrelas, vestiu os andrajos mais sujos e rotos que encontrou, e com a barba de cinco semanas, meteu-se a caminho, a pé, por atalhos da marinha que bem conhecia. Passou a muleta quase cinco léguas, com incrível ligeireza para um coxo. O sol veio dar com ele à porta da Capitania. Aí aguardou, sob os olhares curiosos de quem ia entrando, que chegasse a vez de ser chamado. Da entrada da sala onde seria julgado, um marujo lançou no corredor o nome do Abílio. Ao lado do Cabo Madeira, que entretanto chegara, postou-se em frente do comandante-juiz que, perante a aparição inesperada daquele monte de trapos mal cheirosos, através dos quais se expunham porções do corpo, não pôde conter o espanto que lhe arregalou os olhos e entreabriu a boca como quem não acredita no que tem à sua frente. Pausa. Silêncio profundo com esboços de sorrisos nalguns rostos. [...]» O que aí fica é a primeira parte de “uma história por contar”, escrita pelo professor Jaime Vilar e que hoje me dá um jeitinho para prestar a minha homenagem ao Capitão do Porto há dias empossado e a todas as pessoas que com ele colaboram na difícil tarefa de manter um equilíbrio em toda a extensa laguna... Se for oportuno (e se me for permitido...) concluiremos a transcrição...
Manuel

sábado, 27 de maio de 2006

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

O lucro fácil e a natureza humana
Desde que rebentou o escândalo do negócio dos selos sucedem-se as prosas moralistas sobre a irresponsabilidade de quem ali investiu. Comentários um tanto enjoativos, porque é fácil falar depois de ter estalado a bronca - poucos alertaram antes de ela acontecer. E também porque sempre existiram, e continuarão a existir, negócios especulativos, mais ou menos lícitos, que atraem analfabetos e pessoas cultas na ilusão do lucro fácil.
São conhecidas as febres na Bolsa, com as acções a valorizarem-se porque muitos julgam que elas irão subir ainda mais (lucro garantido!), portanto compram, puxando para cima as cotações - até que um dia a bolha rebenta, pondo o mecanismo a funcionar ao contrário, com toda a gente angustiada a vender quanto antes.
Aconteceu no crash de 1929, a que se seguiu a maior depressão económica da história, só terminada com a Segunda Guerra Mundial.
Mais recentemente, e em menor escala, deu-se a queda brutal em Wall Street em Outubro de 1987 e o rebentar em 2000 da bolha especulativa envolvendo empresas de novas tecnologias.
Por cá, foi sentido o crash de 1987, mas já no tempo de Marcello Caetano se registara entre nós uma euforia bolsista que acabou mal, como é da regra.
A especulação não é um exclusivo da Bolsa. No princípio do século XVII as tulipas que então a Holanda importava da Turquia contraíram um vírus benigno, que lhes alterava as cores.
Essas tulipas valorizaram-se então extraordinariamente. Os holandeses desataram a comprar bolbos na convicção de que a subida do preço das tulipas não iria parar. Mas quando alguém, mais prudente, começou a vender, a queda dos preços foi vertiginosa, arruinando muita gente.
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Novas regras para a abertura de farmácias

Numa sociedade
democrática,
os monopólios
não fazem sentido
Ontem, o Governo de José Sócrates avançou com a notícia do fim do monopólio das farmácias, cujos proprietários apenas podiam ser farmacêuticos devidamente habilitados. Qualquer pessoa, a partir de agora, pode vir a instalar uma farmácia em qualquer ponto do País, a partir de algumas regras que serão definidas em breve. O acesso a esse direito está vedado, tão-somente, a médicos e industriais de produtos farmacêuticos, directa ou indirectamente. No entanto, nenhum proprietário poderá ser detentor de mais de quatro farmácias. O Governo criou ainda as farmácias hospitalares, que funcionarão 24 horas por dia e todos os dias do ano, devendo ir a concurso a sua exploração. Terão preferência os proprietários da zona dos hospitais. Por outro lado, as farmácias ficarão livres para estabelecer os preços dos medicamentos, tendo em conta um tecto máximo a definir pela tutela, ficando aberta a porta à livre concorrência. Haverá, também, a possibilidade de adquirir medicamentos por unidade. Por incrível que pareça, numa sociedade democrática com mais de 30 anos de vida, tínhamos entre nós um monopólio escandaloso, que não fazia qualquer sentido nos tempos de hoje. Ainda bem que o Governo tomou esta decisão, corajosa, o que mereceu o apoio da oposição. No fundo, resta-nos esperar que tudo isto venha a contribuir para a descida do preço dos medicamentos, muitos dos quais não estão acessíveis à grande maioria de quem vive apenas do salário mínimo nacional ou de salários muito próximos desse. E a possibilidade de se poder comprar por unidade virá reduzir, significativamente, o desperdício de medicamentos. Fernando Martins

Pressão do lucro e competição

Mota Amaral critica desumanização da sociedade
O ex-presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, criticou hoje as alterações dos ritmos de vida das pessoas “ditadas pelo lucro e competição”, apelando a uma reflexão da sociedade sobre o assunto. “Chego a pensar se não é preciso encontrar uma forma de dizer que o rei vai nu”, disse o social-democrata João Bosco Mota Amaral, ao defender a necessidade de “evitar a desumanização” das actuais sociedades do mundo global.
O antigo presidente do Governo Regional dos Açores falava na Casa Municipal da Cultura de Coimbra, num debate subordinado ao tema “20 anos de Portugal na União Europeia” (UE), organizado pela Associação Juvenil de Estudos Europeus e Comunitários (AJEEC).
Mota Amaral, tendo por mote uma parte da intervenção do economista Marcelo Nuno, líder da Comissão Política Concelhia de Coimbra do PSD, que fez uma retrospectiva dos progressos registados em Portugal após a adesão à UE, em 1986, introduziu no debate “algumas linhas de crítica a esta mudança vertiginosa da nossa sociedade”.
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Um poema de Cabral do Nascimento

AMO O SILÊNCIO Amo o silêncio e as vozes que insinuam, Meigas ciciam, musicais, veladas, Fracas, serenas, pálidas, cansadas, Doces palavras que no ar flutuam. Amo o silêncio e a luz difusa… E amo A tarde cor de cinza, a chuva calma, E o mar sem ondas, liso como a palma Da minha mão aberta… E em cada ramo Das árvores sem folhas, amo os verdes Musgos pendentes, flácidos, em tiras… Assim, minh’alma extática, suspiras, Meu coração tranquilo, assim te perdes! Rude fragor do mundo, sombra fria, Passa de largo! Não me acordes, não! Deixa correr a fonte da ilusão, Enche-me a vida de melancolia…

sexta-feira, 26 de maio de 2006

A importância de procurar a verdade

"Código Da Vince" confunde muita gente
O "Código Da Vince" e outra literatura semelhante estão a confundir muita gente, sobretudo a que não tem uma cultura com raízes seguras. Depois desta obra, muitas outras se seguiram para explorar essa realidade. É certo que há pessoas que buscam permanentemente o sagrado e o religioso, de tal modo andam insatisfeitas com a fé ( ou a falta dela) que lhe ofereceram (ou não ofereceram) ao longo da vida.
Outras deixaram adormecer a formação religiosa que receberam durante a infância e agora são acordadas por estas literaturas especulativas, que não têm como finalidade qualquer rigor histórico, porque o que interessa aos seus autores e editores é vender muitos livros.
Baralhados com o que lêem, os leitores podem perder o rumo ou desligar-se das raízes que os ligaram à religião que lhes foi legada pelos seus pais ou educadores.
Hoje proponho a leitura de um trabalho esclarecedor.
Que seja uma leitura atenta e que sirva de ponto de partida para outros estudos. São os meus votos. Clique aqui.

Um artigo de D. António Marcelino

RESPEITO
QUE DIGNIFICA,
DESRESPEITO
QUE EMPOBRECE As confusões que o laicismo levanta cada dia, premeditadas e alimen-tadas, continuam a fazer estragos sociais e a sujar a vida das pessoas. Não me refiro ao problema ao lugar no protocolo do Estado dos responsáveis da Igreja Católica, em actos civis oficiais. Uma presença que parece ser cada vez mais incómoda para o estado laico e para os intérpretes do que este significa, exige e exclui. Certamente que as instituições locais, que não são nem anónimas, nem intemporais, agirão segundo o bom senso e o respeito que lhe merecem outras instituições, quando servidoras incontestáveis do bem comum e da humanização pessoal e local. E se estas, por pruridos ou razões, não convidarem para as suas celebrações, nenhum membro da hierarquia católica se sentirá penalizado na sua pessoa, nem deixará, por isso, de continuar a sua missão de serviço à comunidade, com igual ou crescente dedicação. A falta de respeito, sempre impune, que se vai espalhando e que conspurca tudo o que se relaciona com o sagrado, é que me parece preocupante e de efeitos negativos para o tecido social em geral, para as relações que se operam no seio do mesmo, para a salvaguarda e promoção dos padrões fundamentais da educação e da cultura, para a tentativa de rasgar páginas incómodas da história. A história mostra que quem não respeita o sagrado, a seu tempo não respeitará nada, nem ninguém. A referência à dignificação de nós mesmos está, necessariamente, acima de nós e postula e procura um horizonte mais largo, que nos dê segurança interior e nos permita emergir do banal. A igual dignidade de todos nós ou tem uma origem e uma fonte indiscutível que nos ultrapassa, ou depressa desaparece, porque logo surgirá no horizonte quem pretenda nivelar por baixo e quem classifique os outros, pelas mais diversas razões, como gente desprezível ou apenas joguete dos seus próprios interesses. Os grandes da sociedade e os indispensáveis ao progresso da mesma, serão, então e apenas, os membros do grupo. O desrespeito pelo sagrado concretiza-se de muitas e variadas maneiras. Desrespeito pela verdade, pelas pessoas concretas, pela justiça, pela história… Mas é, principalmente, desrespeito por Deus, pela Sua Divindade e manifestações, pelo transcendente. É, por vezes, adulteração consciente da verdade, a pretexto de liberdade, ateísmo ou laicismo agnóstico. Quando alguém perde o respeito pelo sagrado, perde-o por si e pelos outros e julga-se livre para fazer ou dizer, sem peias, o que lhe apetece. As verdadeiras balizas do viver em sociedade estão no respeito que se tem por tudo quanto nos ultrapassa a todos por igual. A isso se diz “sagrado”, importante para que cada um se sinta respeitado na sua dignidade, nas legítimas expressões da mesma e no mundo dos valores que cimentam a sua história e a sua cultura. Hoje, os interesses dos grupos económicos e dos media comandam a sociedade, por vezes sem freios éticos ou morais. O sensacionalismo vende tudo e não respeita nada, nem ninguém. A pitada do anti-religioso tornou-se aliciante para o negócio que dispensa escrúpulos. O mundo escravo do dinheiro, do poder e do prazer é pobre e sem futuro. Estará a Igreja dominada por medo destes fantasmas? Nem de longe. Está é preocupada, por amor à verdade e por respeito às pessoas, com o empobrecimento humano e social que se expande. É uma sementeira de onde nada se pode esperar. As vitórias contra Deus e o que há de mais sagrado na vida são sempre efémeras. Vence quem acredita que qualquer forma de morte jamais pode gerar vida. O sagrado e o divino resistem sempre ao tempo. O laicismo ateu ainda não viu que assim é e os desrespeitadores de Deus e do homem fingem vitórias que nunca terão.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Presidente da República aposta na CNIS

CAVACO SILVA VAI FALAR AO PAÍS DAS BOAS PRÁTICAS DAS IPSS
O Presidente da República considera a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), um parceiro social muito importante e credível e vai apresentar ao país as boas práticas das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) como exemplo, “para que se saia da letargia e do desânimo” que a actual crise tem provocado. Segundo declarações do responsável da CNIS, Pe. Lino Maia, à Agência ECCLESIA, a preocupação foi ontem manifestada, ao final da tarde, no decorrer do encontro de uma delegação da CNIS com Aníbal Cavaco Silva. Neste encontro, de cerca de uma hora, o Presidente da República “mostrou que estava bem informado sobre a actividade da CNIS e das IPSS, manifestou grande apreço por aquilo que vêm fazendo”, disse o Pe. Lino Maia. No Palácio de Belém, a delegação da CNIS foi dizer ao Presidente que tinha ficado agradada com o discurso do dia 25 de Abril, em que apontou a inclusão como via para a liberdade”, apresentando a Cavaco Silva a disponibilidade para colaborar com todas as outras organizações para esta causa. A CNIS manifestou ainda vontade e disponibilidade em “integrar o compromisso cívico tendo como causa a inclusão”. Antes deste encontro com o Presidente da República, o Pe. Lino Maia já tinha referido que os bairros sociais e a desertificação do interior devem merecer "particular atenção" na preparação do roteiro contra a inclusão, a lançar pelo Presidente da República. "O interior, que deixa muitas pessoas sós, e os bairros sociais são os dois aspectos mais prementes a que se devia dar maior atenção", disse o presidente da CNIS, em declarações ao órgão oficial da Confederação, “Solidariedade”. Satisfeitos com a confiança depositada por Cavaco Silva, os responsáveis da CNIS assumem essa responsabilidade e prometem continuar a colaborar.
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Fonte: Ecclesia

Um artigo de Jorge Pires Ferreira, no Correio do Vouga

Ameaça ou sintoma e oportunidade?
Estreou na semana passada, nos cinemas, “O Código da Vinci”, filme baseado no romance homónimo de Dan Brown que em Portugal vendeu de 470 mil exemplares e no mundo terá vendido 40 milhões.
O filme segue a par e passo o livro, que, como foi algumas vezes referido no Correio do Vouga, tem basicamente o seguinte enredo: Há um segredo que vai mudar a história da humanidade. A Opus Dei manda matar, mas não consegue impedir que se venha a conhecer aquilo que a Igreja escondeu durante séculos. E o que a Igreja escondeu é: Jesus e Madalena casaram e tiveram filhos. A protagonista do livro/filme é descendente directa de Jesus e Maria de Magdala.
Obviamente, a obra é uma ficção. Uma ficção que os críticos têm denegrido enquanto obra literária (talvez por ter vendido muito), mas que os leitores têm devorado como poucas. A linguagem é simples; os capítulos são curtos; o enredo, misturando história, religião, arquitectura, pintura, matemática e segredos é fascinante; e o tema central, tocando em Jesus, toca no centro da cultura em que vivemos. Mais: a ficção é construída com factos, meio-factos e não-factos, provocando frequentemente um sentimento de indignação a quem está minimamente por dentro dos assuntos. Indignação, mas também admiração pelo engenho do autor. Pode não ser grande literato, mas sabe prender com mestria o leitor, relacionando os factos mais improváveis.
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Divorciados recasados

Divorciados recasados e a Eucaristia É uma questão delicada e atinge cada vez mais cristãos: os divorciados que decidem refazer a sua vida voltando a casar. Por isso, impõe-se que se conheça o que diz a Igreja sobre isso e que propostas pastorais há para estas pessoas. Numa iniciativa da Escola de Pais da Vera Cruz, o Pe Manuel Joaquim Rocha, vigário judicial do Tribunal Diocesano, abordará o tema “Divorciados recasados e a Eucaristia”. A sessão, aberta a todas as pessoas, está marcada para o dia 26 de Maio, no Salão Paroquial da Vera Cruz, às 21h30.