quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Gaspar Albino mostra “Percurso”

De uma pintura feita aos nove anos até aos trabalhos “concluídos há dois dias”. Este é o arco temporal de “Percurso”, exposição de trabalhos de Gaspar Albino, patente na Galeria Morgados da Pedricosa.
Mas não se trata de uma retrospectiva da vida artística do autor aveirense, nascido em 1938, vencedor de um concurso de desenho a nível mundial, na sua juventude, e fundador do CETA (Círculo Experimental de Teatro de Aveiro) e da AveiroArte, que organiza esta exposição. É antes uma mostra representativa dos estilos, técnicas e temas do artista, numa exposição comissariada pela esposa, Claudete.
Estilos: o abstracto, com uma obra que, segundo o autor, terá sido “a primeira pintura abstracta feita em Aveiro”, ou o neo-realista, que o aproxima de Júlio Resende e Pomar – escreve Jeremias Bandarra no folheto da exposição. Técnicas: o óleo sobre tela, o desenho a tinta, a aguarela, o acrílico, o linóleo. Temas... Não será antes tema? Sim, Aveiro é o tema principal de Gaspar Albino.
Na abertura da exposição, no último sábado, o artista agradeceu aos amigos – eram muitos, incluindo autarcas da gestão anterior e da actual e o governador civil – e disse, emocionado: “Agradeço acima de tudo, à minha terra, Aveiro, por tudo”. E é maioritariamente Aveiro que se admira na obra de Gaspar Albino.Aveiro na forma dos seus ilustres, como no linóleo de Mário Sacramento; Aveiro nos moliceiros omnipresentes (foi um moliceiro que pintou aos nove anos); Aveiro nas figuras típicas da peixeira, do salineiro; Aveiro num quadro aparentemente abstracto mas que é feito, afinal, das curvas de uma canastra; Aveiro na arte de xávega. “Arte de xávega, porque xávega é substantivo e não adjectivo”, esclareceu, para depois rematar: “E quem anda no mar sabe como são substantivos os trabalhos do mar!” Aveiro numa série de dois quadros em que predomina o azul e em que a linha do horizonte foi abolida, como se não houvesse fronteiras entre a Ria e o céu.
Talvez seja mesmo essa a mensagem de Gaspar Albino. Há continuidade entre a Ria de Aveiro e o céu.A exposição, na Galeria Morgados da Pedricosa (Av. Princesa Santa Joana, 8), pode ser vista até 4 de Janeiro de 2006 (excepto nos dias 24, 25 e 31 de Dezembro e 1 de Janeiro), das 14 às 19h.
J.P.F.
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Fonte: Correio do Vouga

NATAL: Um texto de Alexandre Cruz

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Natal na Cidade? Repensar as Cidades, nas suas desagregações e mobilidades, evoluções e misérias escondidas, será hoje um desafio de humanização cada vez mais premente. Ao apercebermo-nos de que setenta por cento da população da Europa, Ásia e América vive em cidades, uma imensidão de reflexões serão cada vez mais uma oportunidade inadiável no sentido de humanizar, de passar do típico anonimato às pontes fraternas entre as pessoas. A Cidade, enquanto organização da sociedade é, por si mesma, um ponto brilhante da própria Civilização. Todavia, a Cidade, para o ser de facto, nunca poderá simplesmente existir por si mesma, nunca poderá ser um conjunto de avenidas, edifícios, instituições, comércios, apartamentos, … A Cidade reclama que o Cidadão seja mesmo Homem da Cidade! Como na amálgama da multidão, das escravaturas ou interesses do corre-corre individual de hoje, da vida familiar fragmentada e mais ligada à ‘empregada doméstica TV’ que às palavras humanas, conseguir gerar espaços e tempos de reencontro do Cidadão (com os outros e por isso) com a Cidade Natalícia? Reflectir a urbanidade, toda a panóplia de âmbitos (com valores e limites) da Cidade contemporânea, tem sido tarefa levada a cabo em termos eclesiais pelo Congresso da Nova Evangelização das Cidades, onde, a par de algumas cidades Europeias, está também a nossa capital, Lisboa, que acolherá o Encontro de 2005. Aproximando-se a época natalícia cabe reinterpretar os sinais que vemos ao nosso redor, colher neles o que haverá de sensibilização colectiva, e proporcionar um reconstruir do pensamento e vida que nos leve à verdadeira origem do acontecimento Natal. Mas aquele Natal, que não se compra nem se vende! Que contém em si uma chama de simplicidade e humildade capazes de encher de luz e sentido de viver as noites da caminhada pessoal e social. Seria possível hoje dizer ‘Natal’ sem o acontecimento de há cerca de 2000 anos, o nascimento de Jesus Cristo? (Já dizia Lapalisse, claro que não!) Na sociedade e Cidade(s) do Ocidente já globalmente rendidas, vendidas, patrocinadas e vestidas de vermelho e de barbas brancas, que, após dolorosas e saturantes compras, carregam de presentes as crianças que já estão fartas,… que lugar para a raiz de toda esta festividade colectiva, o Natal de Cristo? Será este já só o ‘arranjo’, ou nem sequer isso?!... É preciso parar, e vermos donde vimos para saber onde vamos! Nem que seja por honestidade intelectual, da quadra por excelência da maior sensibilização comunitária repleta de valores e referências positivas, terá de haver lugar de sensibilidade para Ele re-nascer e recriar as nossas cidades. A Cidade humana precisa do Natal, ou não existam tantas pessoas que ainda não viram sua dignidade reconhecida; as pessoas, cidadãos, precisam de se aperceber sempre mais de que sem esse humilde ‘gesto’ Absoluto (de Deus), o nascimento de Cristo estaríamos muitos séculos atrás no re-conhecimento do Ser Humano em si mesmo e com possibilidades bem menores na (às vezes tão frágil) convivência de uns com os outros. Estes dados serão, simplesmente, uma questão de reconhecimento intelectual, mesmo para a nossa Cidade Europeia que vai caminhando para a asfixia (das raízes) dos seus Valores. Um estudioso deste fenómeno das cidades há dias dizia que “a cidade contemporânea é um organismo vivo que tenderá a suicidar-se como sociedade humana se esquecer o lugar das Pessoas”. Só com uma grande dose de humildade e projecção da esperança no invisível, depois de toda a inteligência se ter esforçado ao máximo na Sua compreensão, será possível apreciarmos o que na enigmática Gruta de Belém ocorreu no primeiro Natal… Fomos visitados pelo Absoluto, em primeira Pessoa! Inédito, para sempre! Lá, nesse espírito infinitamente criativo e dinâmico, motor da história, nunca chegará a frase feita, pois tudo foi e continua a ser constante novidade; aquilo que os homens do século XX encontraram como o sonho de coordenadas comuns, a Declaração dos Direitos Humanos (celebrada cada 10 de Dezembro), já há 2000 anos fora a gigantesca janela aberta da dignidade (divina) de cada ser humano. Uma vida lida nesta ‘chave’ atingirá novas altitudes, terá a arte de construir Natal cada dia! Que todas as luzes da(s) Nossa(s) Cidade(s) sejam mesmo sinal profundo da Grande Luz que quer possibilitar um renascimento de cada Pessoa, no caminho da justiça, do amor, da felicidade comum. Se assim for, será mesmo confraternização de Natal! Se não, será só uma (vazia, desenraizada) festa social…

"Pela-Positiva": Um texto de José Carlos Sá

PARECE QUE FOI ONTEM E JÁ LÁ VAI UM ANO
Parece que foi ontem e, afinal, já lá vai um ano. Este é, porventura, o melhor elogio que podemos fazer ao blogue "Pela Positiva" da autoria do professor Fernando Martins. Primeiro por curiosidade, depois por manifesto interesse pelos artigos e pelas fotografias que são editadas com uma regularidade notável passei a ser um leitor atento. Sem surpresa, o "Pela Positiva" faz parte da minha lista de sítios na internet aos quais dedico atenção diariamente.
Pelos temas que trata, pelos pontos de vista que regista, pela atenção que presta a temas de inegável interesse, o blogue "Pela Positiva" passou, com toda a naturalidade, a ser uma referência obrigatória na blogosfera regional. Chegou, viu e venceu.
Acresce que este espaço já ultrapassou fronteiras e, ao completar um ano de actividade, é também uma presença semanal, às quartas-feiras, na "Rádio Terra Nova". Depois de mais de trinta anos ao serviço do Ministério da Educação, o professor Fernando Martins continua, por esta via, a “ensinar” os cidadãos anónimos dos quatro cantos do mundo que não dispensam uma visita regular ao seu espaço na Internet.
Bem-haja por isso e conte muitos anos de actividade na blogosfera. Sempre Pela Positiva. Parabéns e um forte abraço deste seu leitor, José Carlos Sá.

“Pela-Positiva” nasceu há um ano

TUDO FOI BOM.
VOU CONTINUAR A ideia já fervilhava há muito. Mas foi há um ano, precisamente no dia 14 de Dezembro de 2004, que o meu blogue viu a luz do dia. Graças ao estímulo e às primeiras lições, rápidas mas muito objectivas, do meu amigo e jornalista José Carlos Sá, foi possível, poucas horas depois, entrar na blogosfera. Até hoje. Foi um ano em que tempos porventura mortos foram ocupados com a partilha de gostos, saberes, sentimentos, emoções e sonhos com amigos e desconhecidos. Foi um ano de troca de ideias, de receber e de dar experiências e certezas, de oferecer a quem me lê o que gostei de ler e de ver, na esperança de contribuir para um mundo melhor. Não fiz tudo o que queria, houve muita coisa bonita que me passou ao largo, mas o saldo foi positivo, tendo em conta os reflexos que ao longo do ano me foram chegando. Deste meu recanto aberto ao mundo, cheguei onde nunca pensei que fosse possível chegar, contactei com gente que longe me leu, respondi a questões que muitos me lançaram, de conhecidos e desconhecidos. Senti-me membro interveniente da aldeia global de cujo futuro todos somos responsáveis. Tudo foi bom. Vou continuar. Fernando Martins

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

CRUCIFIXOS NAS ESCOLAS

Conferência Episcopal pede bom senso na questão dos Crucifixos
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) espera “bom senso” de todas as partes na questão da retirada dos Crucifixos das escolas do país.Reunido esta manhã em Fátima, o Conselho Permanente da CEP analisou este tema da actualidade e defendeu um sistema de laicidade que respeite os símbolos religiosos e não que os elimine.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Carlos Azevedo, secretário da CEP, esclarece que “esta é uma questão de respeito para com uma dimensão religiosa e cultural dos cidadãos”.“O debate, sereno ou mais acalorado, que tem ocorrido nestes últimos dias, é muito proveitoso”, considera o prelado, esperando que o mesmo ilumine “qualquer decisão sobre este tema”.
Este responsável assegura que “a Igreja Católica não vai exigir que os Crucifixos permaneçam nas escolas, porque não foi ela quem exigiu que eles lá fossem colocados”. “Aqui há uma questão de bom senso, em cada comunidade educativa, e não pode haver um grupo de pessoas que se dê à inquisição das escolas que têm ou não crucifixos para denunciar esse facto ao Ministério”, acrescenta.
Para o futuro, refere o secretário da CEP, é necessário “que se tenha em conta a realidade das comunidades educativas, os problemas que lá existem ou não, o que levará a que se respeitem, retirem ou acrescentem símbolos religiosos”.“As pessoas devem habituar-se a viver na tolerância, num verdadeiro regime de laicidade, que é um regime de respeito para com os sistemas religiosos e não de apagamento dos seus símbolos, como parece ser o sistema laicista”, observa.

BANCO ALIMENTAR RECEBE PRÉMIO

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HÁ FOME MESMO À NOSSA PORTA Se há prémios merecidos, o que foi atribuído ao Banco Alimentar Contra a Fome (BACF), pela Assembleia da República, é um deles. Aliás, penso que ninguém em Portugal desconhece a acção desta instituição que tem lutado, com denodo, contra a fome, flagelo que atinge mais de um milhão de portugueses, sendo certo que outros tantos estão no limiar da pobreza, numa época de tanta abundância para tantos. Na cerimónia de entrega do Prémio Direitos Humanos, na Assembleia da República, a presidente do BACF, Isabel Jonet, apontou como objectivo fundamental da organização que dirige “quebrar o ciclo de pobreza, permitindo aos beneficiários partir para uma nova vida digna e autónoma”, segundo li no “PÚBLICO”. Entretanto, Osvaldo de Castro, presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República, sublinhou que “a entrega do prémio ao BACF não constitui um lavar de consciências, mas antes um estímulo ao trabalho desenvolvido, com muita imaginação e grande recurso ao voluntariado, na luta contra a pobreza e a exclusão social". E como deputado, ainda disse que “há muito a fazer e há muito a aprender com os exemplos da sociedade civil”. Ao apontar este exemplo do BACF, quero simplesmente lembrar que nesta quadra não hão-de faltar iniciativas para matar a fome a alguns portugueses, com a mobilização de muitos voluntários, o que é de louvar. Mas seria muito mais bonito se essas acções se repetissem durante todo o ano ou se a justiça social fosse capaz e estivesse à altura de erradicar a fome que grassa entre nós, quantas vezes à nossa porta. F.M.

NATAL: Um poema de Miguel Torga

Posted by Picasa NATAL Um Deus à nossa medida… A fé sempre apetecida De ver nascer um menino Divino E habitual. A transcendência à lareira A receber da fogueira Calor sobrenatural. In Diário

"AVEIRO JOVEM CRIADOR"

EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS DO CONCURSO ATÉ 6 DE JANEIRO
A Câmara Municipal de Aveiro, através da Divisão de Juventude, informa que foi inaugurada a Exposição dos Trabalhos do Concurso «Aveiro Jovem Criador – 2005» no Museu da República Arlindo Vicente, podendo ser visitada até 6 de Janeiro, todos os dias, das 14 às 20 horas.
O Concurso “Aveiro Jovem Criador 2005”, instituído pela Câmara Municipal de Aveiro, teve por objectivo promover a participação de todos os jovens artistas, nas áreas de arte digital, escrita, fotografia e pintura, bem como o reconhecimento pelo público de novos talentos.
O número total participantes no Concurso “Aveiro Jovem Criador 2005” foi de 168, distribuídos pelas quatro áreas a concurso da seguinte forma.
(Para ver a quem foram atribuídos os prémios, clique aqui)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

PELA-POSITIVA mais político?

VOU TENTAR, ENQUANTO ESPERO SUGESTÕES
Têm-me chegado apelos no sentido de tornar este meu espaço mais “político”. Penso que esses apelos mostram que os meus leitores estão preocupados com as questões políticas que a todos dizem respeito, porque todos andamos preocupados com as politiquices. Não sei, contudo, se valerá a pena entrar mais a fundo nessa questão, quando há outros campos que estão mais deficitários, a nível da intervenção da e na sociedade. Mas vou tentar não descurar essa área, não obstante sentir que o tenho feito, pela positiva, quando sublinho acções e comportamentos meritórios. Eu sei que a política ainda é, infelizmente, um factor de contendas e de guerras, quando devia ser um fórum de trocas de ideias e de partilhas, no sentido de se procurar o melhor para toda a gente. De qualquer modo, acho que vale a pena insistir na aposta de contribuir para o debate de projectos políticos que a todos interessam, sobretudo se o fizermos sempre pela positiva. Vou tentar, enquanto espero sugestões. Fernando Martins

Um artigo de Francisco Sarsfiel Cabral, no DN

MULTICULTURAL
A falência do modelo francês de assimilação dos imigrantes relançou o debate sobre o multiculturalismo. Isto é, sobre se, em vez de os integrarmos na nossa cultura, deveríamos aceitar as culturas desses estrangeiros. Cada vez mais as nossas sociedades são multiculturais, com grupos seguindo diferentes religiões, hábitos e valores. Até onde deve ir o respeito pela diferença? Na Grã-Bretanha, por exemplo, os sikhs estão autorizados a andar de moto sem capacete e com o seu turbante. E não há proibição de usar o véu islâmico ou de ostentar símbolos religiosos.
A identidade pessoal inclui uma dimensão colectiva - por isso há um direito à cultura em que se está originariamente inserido. E quando esse direito colide com direitos que, nós, ocidentais, reputamos básicos? Por exemplo, a tolerância de culturas alheias não pode ir ao ponto de, em Portugal, se permitir a poligamia, a mutilação genital das mulheres, os casamentos forçados pelas famílias, etc. Ou de se negar a igual dignidade do homem e da mulher. Nesses casos, o respeito pela cultura específica do imigrante desrespeita-o como pessoa. É algo não tolerável. Nem são aceitáveis os argumentos daqueles que, na Ásia, defendem a violação dos direitos humanos em nome do que chamam "valores asiáticos", encarando como imperialismo cultural a vigência de valores universais.
O imigrante que vem viver e trabalhar para a nossa terra não pode ser obrigado a seguir todos os hábitos nem a adoptar todos os valores entre nós prevalecentes. Mas tem o dever de não violar algumas regras essenciais do nosso convívio social. Transigir aí, em nome do politicamente correcto ou de outra moda qualquer, só traz problemas para o futuro. Por muito multiculturais que sejam - e serão cada vez mais - as nossas sociedades.

NATAL: PROVÉRBIOS

Posted by Picasa PROVÉRBIOS
- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar. - Caindo o Natal à segunda-feira, tem o lavrador de alugar a eira. - Festa do Natal no lar, da Páscoa na praça, do Espírito Santo no campo. - Mal vai a Portugal se não há três cheias antes do Natal. - Natal à sexta-feira, por onde puderes semeia; ao domingo, vende bois e compra trigo. - O Natal ao assoalhar e a Páscoa ao luar. - Depois que o Menino nasceu, tudo cresceu. - Natal ao sol, Páscoa ao fogo – fazem o ano formoso. - Depois do Natal, saltinho de pardal - Pelo Natal, cada ovelha no seu curral. - Pelo Natal, neve no monte, água na ponte. - Chuva em Novembro, Natal em Dezembro. - Do Natal a Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia. - Dos Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar. - Dos Santos ao Natal, perde a padeira o seu capital. - Dos Santos ao Natal, é inverno natural. - Natal em casa, junto à brasa. - No dia de Natal têm os dias bico de pardal. - No Natal semeia o teu alhal se o quiseres cabeçudo pelo Entrudo. - Pelo natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia tudo. - Pelo Natal, sachar o faval. - Pelo Natal, tem o alho bico de pardal.
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NB: Há mais provérbios... Quem quer dar uma ajuda?

MENSAGEM DO PAPA: "NA VERDADE, A PAZ"

Mensagem para o Dia Mundial da Paz Será apresentada no próximo dia 13 de Dezembro
A Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou que na próxima Terça-feira, 13 de Dezembro, apresentará, oficialmente, a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2006, que terá como tema "Na verdade, a paz".
O documento papal será apresentado às 11h30 da manhã – hora de Roma – pelo Cardeal Renato Martino, o Bispo Giampaolo Crepaldi e D. Frank J. Dewane, respectivamente Presidente, Secretário e Subsecretário do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”.
A Jornada Mundial da Paz, estabelecida pelo Papa Paulo VI, celebra-se o primeiro dia de Janeiro.

domingo, 11 de dezembro de 2005

GAFANHA DA NAZARÉ: Novas placas toponímicas

A Gafanha da Nazaré tem novas placas toponímicas, que vêm substituir as que haviam sido aplicadas há muito, com os mesmos nomes. Pequenas e sóbrias, de fundo azul e com o brasão da cidade, lêem-se com facilidade. A ideia foi boa. Apenas uns curtos reparos: 

1 – Podiam ter evitado erros, vendo bem o que se escreve, tanto mais que vão ficar à vista de todos. Assim, logo na minha rua (Rua Almeida Garrett), lá aparece Garret só com um tê. E o mais curioso é que a velha placa ainda pode ser vista, no outro extremo da rua, com o nome do célebre e multifacetado escritor e político escrito como deve ser. Aliás, conta-se que ele um dia terá dito que o seu apelido se escrevia com dois tês, embora só se lesse um. 
Um outro erro está também na placa alusiva ao famoso parlamentar José Estêvão. Estevão, sem acento circunflexo, é erro notório, porque a palavra é grave e sem acento soa mesmo muito mal. Experimentem dizer Estevão, acentuando a sílaba "vão", como se fosse palavra aguda. 

2 – Outra coisa: Se na placa de José Estêvão acrescentaram um atributo, “Tribuno”, e muito bem, por que motivo não fizeram o mesmo, por exemplo, na placa de Almeida Garrett, que foi um dos maiores escritores portugueses, com honras de ter sido sepultado nos Jerónimos? 

3 – Por hoje fico-me por aqui, com desejos de que corrijam o que está mal. 

Fernando Martins

NATAL: Um texto de Cecília Sacramento

Eram os convidados de honra
 

A noite de Natal. A ceia. 

A aproximação do acontecimento, a repetição sempre apetecida, igual e nova, o diferente que pairava e nos invadia e ficava a agitar-nos como um vento bom. A grande sala de jantar repensada desde os primeiros dias de Dezembro, limpa do tecto às frinchas do soalho, sob a fiscalização da Avó, que já sabia de cor os sítios mais vulneráveis, entre as frinchas que iam de lado a lado, ao comprido das tábuas, na juntura, muito penetradas pela piaçava, rija, a escovar o mais fundo possível, metia-se a vassoura no balde, esfregava-se-lhe o sabão, “é preciso que a água com o sabão entre abundante na frincha e seja arrastada com o rasar da piaçava, para com ela vir todo o lixo”, dizia ao ensinar, depois o pano apanhava-o, depois passava-se por água limpa, constantemente renovada, o pano limpava, por fim, muito espremido, e a madeira ficava repousada, amarelinha e seca, quase. Esta, a última fase da limpeza, todo o resto fora metodicamente executado de cima para baixo e, por fim, podia-se respirar o ar cheiroso a lavado fresco. 
Os potes cheios de verdes ficavam junto à parede do fundo, rente à janela, à esquerda da lareira o grande pinheiro erguido, coberto de coisas brilhantes como se o céu tivesse baixado até ali. A tarde do dia de Ceia era destinado à mesa e aos cozinhados. A Mãe, na sala, enquanto a Avó, na cozinha, supervisionava a doçaria, o grande fogão de ferro em ebulição como se fosse uma caldeira a todo o vapor, a lenha a estalar em baixo, na lareira, à volta das panelas altas e bojudas, de pés esguios e asas ajustadas. Sobre a trempe, o enorme tacho de cobre, nele as maravilhas que a Rosa mexia, a espaços, com uma comprida colher de pau. 
Na sala, a mesa, ao meio, esticada para um e outro lado e, na contingência, acrescentada com uma outra que se ajustava numa das extremidades, a somar mais lugares, sei lá, vinte as cadeiras, alinhadas, em volta, pareciam ameias a cercar o castelo, a mesa, uma toalha a cair generosamente, bordada a cores com motivos alusivos ao Natal, sinos, ramos de azevinho espalhados por toda ela; candelabros nos topos, cada um com cinco velas, parecia um altar cada extremidade da mesa, quando elas estavam acesas, irreais; ao meio, em sentido longitudinal, um grande centro de camélias, entremeadas de bolas de várias cores, os talheres das festas a luzir como prata, os copos lindos, esguios, eles também a cintilar como espelhos iluminados — a mesa era um painel estendido e, sobre ele, os objectos a comunicarem-nos a alegria que está no interior das coisas nos dias de festa. Nos dias de sermos pessoas.
Os mais pequenos, como os maiores, o lugar da Rosa ali, ao lado da Avó, ela esquiva, sem ter corpo para o ocupar, o lugar do ti Né Velho, de mãos muito escuras e grandes, com o garfo agarrado como quem pega na foicinha. 
No fim de todos os preparos para a grande refeição, era o acender da lareira, o Toninho e eu a trazer as achas e os cepos em cestos, cuidadosos, nem uma talisca a cair, a Mãe punha caruma num montículo, sobre ela duas ou três pinhas, uns cavacos, riscava o fósforo, o fogo nascia, depressa subia, enrubescendo a cara dela, mais rosada naquela tarde de fadiga amorosa. E finalmente, os dois, mais tarde os três, depois... então, sentados no chão, em frente ao lume, e a Mãe no último ritual: abria uma caixa de papelão e dela tirava cuidadosamente as três figuras mágicas a que se reduzia o presépio, que punha na base do pinheiro e que aí ficavam, a contemplarem-se mutuamente, quedas, na disponibilidade, para estarem na nossa festa. Eram os convidados de honra. Outros viriam.

Cecília Sacramento
In “Apenas uma luz inclinada”

NB: Com a publicação deste texto de Natal da escritora Cecília Sacramento, quero lembrar e homenagear, desta forma singela mas muito sincera, a minha querida professora de português, falecida há meses. Aqui fica uma curta expressão da sua riquíssima sensibilidade.

F.M.

A revista “XIS” anuncia um projecto interessante

“A Música da Bíblia” A revista “XIS”, que se publica aos sábados com o “PÚBLICO”, anunciou, no seu último número, um projecto interessante, que é, nem mais nem menos, “uma Bíblia falada e musicada, um conjunto de CD com sete meses de horas de gravações. Para ir ouvindo como uma história, musicada para tranquilizar o ambiente”. A ideia e o projecto nasceram com Jorge Quintela, 41 anos, e Paulo Coelho, 54 anos, que contaram com a “revisão minuciosa” do biblista Isaías Araújo e com o apoio da Igreja. No fundo, são 22 CD que estão a ser comercializados e que não deixarão de ser apreciados por todos quantos têm a Bíblia como referência para a vida e como um dos muitos pontos de partida para encontrar Deus. Paulo Coelho diz, a propósito deste trabalho, que “ler a Bíblia da forma como se leu gera uma reacção interessante, porque chega-se à conclusão de que a Bíblia tem ali respostas para praticamente tudo o que se passa na nossa vida do dia-a-dia. É só saber ir procurá-las no sítio certo”. E acrescenta: “Eu encontrei muitas coisas para poder meditar e para poder ajudar a resolver os nossos problemas do quotidiano. Era como se tivesse ali um manual da própria vida.” Por sua vez, Jorge Quintela refere que “o mais impressionante é, de facto, a actualidade do texto. Não só é uma obra fabulosa como há alturas em que mexe connosco. O que está lá escrito faz todo o sentido perante o que se passa hoje em dia”. Este é um projecto que tem o objectivo de levar a Bíblia a todos: às crianças, aos cegos, a quem já a conhece e a quem nunca a leu. É, afinal. Uma história contada em CD. F.M.