sexta-feira, 11 de novembro de 2005

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Primeira análise
aos manifestos A propósito dos manifestos dos candidatos presidenciais, objecto de análise na edição de ontem, o DN solicitou a opinião de Pedro Magalhães (a quem colocámos duas questões) e António Costa Pinto Olhando para os manifestos, qual é o traço distintivo mais nítido dos candidatos a Presidente da República?
Neste momento, qualquer análise dos documentos programáticos das diversas candidaturas só pode ser impressionista e superficial, especialmente tendo em conta o facto de que alguns desses documentos ainda não são conhecidos (não disponho, quando escrevo este texto, do manifesto de Francisco Louçã, e de Jerónimo de Sousa só conheceremos o Compromisso no próximo dia 14). Nas ciências sociais, a análise aprofundada do conteúdo de documentos desta natureza é uma área altamente especializada de investigação, uma actividade morosa e que recorre a meios técnicos sofisticados. Mas correndo o risco do impressionismo e da superficialidade, há alguns aspectos gerais que penso poderem ser apontados.
O primeiro é o da aparente ausência nestas eleições de conteúdos programáticos claramente associados a uma ideologia de direita, seja da direita "económica" seja da direita "dos valores". Cavaco Silva, o candidato mais à direita, compromete-se inequivocamente com a "função redistributiva" do Estado e defende objectivos gerais para políticas públicas nas mais variadas áreas, cuja prossecução implica inevitavelmente a ausência de alterações fundamentais no modelo de actuação do Estado.
É certo que, em matérias potencialmente mais caras a uma "esquerda cultural" (imigração ou igualdade entre homens e mulheres, por exemplo), o manifesto de Cavaco Silva é silencioso, ao contrário do que sucede com os dos seus principais competidores. Mas não deixa, por exemplo, de erigir a "melhoria da qualidade ambiental" ou a mobilização dos cidadãos para uma "participação mais intensa" como objectivos fundamentais para o País, posições dificilmente classificáveis como "conservadoras". Assim, não parece existir, do ponto de vista estritamente programático, um candidato de direita, o que é sintomático quer da estratégia específica de Cavaco Silva para estas eleições quer, num sentido mais profundo, das vastas áreas de consenso ideológico no eleitorado português ou, para ser mais preciso, da relutância das elites políticas portuguesas em activarem politicamente clivagens sociais e ideológicas latentes (mas nem por isso menos reais).
(Para ler o texto todo, clique DN)

RACISMO E XENOFOBIA

"O árabe ou o negro é um meteco, que [em França] não se vê na televisão e na política e nunca chega a lugares de influência ou poder. E, logicamente, um dia o meteco começa a queimar carros" Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 11-10-2005"
::
Esta citação de Vasco Pulido Valente deve levar-nos a pensar se em Portugal não acontece o mesmo. Cá para mim, acontece, apesar de continuarmos com a ideia de que somos diferentes, para melhor.
Onde estão os portugueses de cor nos mais altos cargos do Poder Autárquico, na Assembleia da República e em tantos outros lugares de destaque do Estado? Onde estão eles na chefia das grandes empresas e em outras posições, ao mais alto nível, do sector privado?
Ou será que eu estou a ver mal?
Não seria bom começarmos a olhar para a França, para, a tempo e horas, evitarmos o desastre em que resultou a má integração que os franceses fizeram aos seus imigrantes?
F.M.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

HÁ CANDIDATOS QUE QUASE SÓ FALAM PELA NEGATIVA
Como é público, estamos em pré-campanha para as eleições presidenciais. O Presidente da República, qualquer que venha a ser, tem de ser o Presidente de todos os portugueses. Mas para isso, a meu ver, tem de se comportar como pessoa impoluta e com capacidade, elevada ao máximo, para saber respeitar toda a gente. E se o não demonstrar nesta fase, é bem possível que, uma vez sentado na cadeira presidencial, não consiga receber o respeito de todos os seus e nossos compatriotas.
Eu sei que as campanhas eleitorais são, por norma, muito aguerridas e às vezes até ofensivas, mas logo tudo se esquece. Não devia ser assim, até porque já vivemos em democracia há tempo bastante para aprendermos a ser correctos em todas as circunstâncias da vida. E como a acção política é uma acção nobre, mais razões há para os políticos se comportarem com dignidade, antes e depois de assumirem o poder.
Isto vem a propósito de alguns candidatos ao mais alto cargo da Nação se comportarem como crianças mal-educadas. Passam a vida a dizer mal dos outros cadidatos, esquecendo-se que os eleitores só querem conhecer os seus projectos e as suas propostas de actuação.
Por que motivo não falam só de si e das suas ideias para o País? Por que razão perdem tempo com a maledicência e com acusações ridículas, não apostando, antes, numa campannha pela positiva?
Fernando Martins

CUFC: SEMANA DA ARTE, DE 14 A 18 DE NOVEMBRO

Posted by Picasa Adelino Laranjeira UMA SEMANA PARA NOS ENRIQUECER A TODOS
O Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) organiza, mais uma vez, a SEMANA DA ARTE, de 14 a 18 de Novembro, em jeito de abertura da SEMANA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UA, que decorre de 21 a 27 deste mês.
A SEMANA DA ARTE é mais uma iniciativa recheada de motivos de interesse e marcada pela presença e intervenção de conferencistas de renome no País, que vêm oferecer uma mais-valia a todos quantos, os mais atentos, quiserem aproveitar estas oportunidades não muito frequentes entre nós. No dia 14, pelas 21 horas, Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Conselho Nacional de Cultura e do Tribunal de Contas, vai ajudar na reflexão, que se impõe, sobre “Compreender Portugal, educar e preparar o futuro”. E no dia seguinte, à mesma hora, José Ferreira Mendes, presidente do Departamento de Física da Universidade de Aveiro, e Fernando Nobre, presidente da AMI – Assistência Médica Internacional, vão desenvolver, respectivamente, os temas “Einstein, traços de uma vida para além da Física” e “Quando a Solidariedade Global é a urgência”. No dia 16, também às 21 horas, Júlio Pedrosa, antigo reitor da UA e actual presidente do Conselho Nacional da Educação, falará, em ambiente de Conversa com…, sobre “A Cultura Geral e o Espírito crítico na Comunidade”. E no dia 17, ainda à mesma hora, Manuel Augusto Oliveira, da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, abordará o tema “Origens e histórias do Barco Moliceiro e da Ria de Aveiro”. Nos dias 16 e 17, os serões serão enriquecidos com momentos musicais, a cargo do Duo de Guitarras, DeCA-UA e da Confraria Gastronómica de São Gonçalo. Durante a SEMANA DA ARTE, os artesãos e artistas Adelino Laranjeira, Adelaide Lérias, António Nogueira e José Augusto mostrarão a todos, no átrio do CUFC, como se trabalha e como é possível tornar o nosso mundo mais belo.
A Oficina de Arte e a Oficina da Escrita, de que já dei notícia neste espaço, serão orientadas por António Nogueira e por Rosa Maria Oliveira, respectivamente, estando o lançamento programado para a tarde de 16 de Novembro. As sessões vão decorrer todas as quartas-feiras, até meados de Dezembro.
F.M.

Comentário aos Evangelhos de 2006

Este livro será lançado hoje, dia 10, e tem a chancela das Edições Firmamento
Hoje, dia 10 de Novembro, pelas 19 horas, será lançado no Palácio das Galveias, ao Campo Pequeno, o livro “Evangelhos 2006 Comentados”, com a chancela da Edições Firmamento.
Correspondendo ao ano litúrgico designado por Ano B, esta edição dá continuidade ao primeiro volume intitulado “Evangelhos 2005 Comentados”, publicado pela mesma editora há um ano, correspondente aos Evangelhos do Ano A, e será completado em 2007, com a publicação dos Evangelhos do ano C.
O princípio que orientou este projecto consistiu em fazer acompanhar cada um dos evangelhos dominicais dos anos A, B e C de um comentário redigido por pessoas de confissões religiosas diferentes – católicos, protestantes, ortodoxos judeus, muçulmanos, budistas, hindus, agnósticos, entre outros – estimulando o diálogo inter-religioso.
Em 2006 alargou-se o âmbito da intervenção do livro ao espaço dos países de língua portuguesa, convidando personalidades espiritualmente relevantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Índia Macau, Moçambique S. Tomé, Timor e, naturalmente, Portugal, para comentarem os evangelhos dominicais.
Cada livro reúne cerca de 60 indivíduos, dos quais, no volume de 2006, destaca-se: D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, Pe. Vítor Melícias Sheik David Munir, Rabi Boaz Pash, Agustina Beça Luís e Alda Santos, Embaixadora de S. Tomé e Príncipe.

Um artigo de Francisco Sarsfiel Cabral, no DN

Posted by Picasa Integração Perguntam-me porque não escrevi ainda sobre a intifada em França. A razão é simples tirando algumas ideias de sociologia barata (efeitos do desemprego, imigrantes a viverem em guetos, desenraizamento da segunda geração, etc.), pouco de construtivo tenho a dizer. Todos dão por enterrado o modelo francês de assimilação. O Estado promete ali aos imigrantes igualdade perante a lei. Mas tal não impediu a exclusão social e racial.
Só que os outros modelos de integração não parecem melhores. Como escreveu o director do DN, "o drama desta Europa envelhecida é que precisa da imigração, mas não a sabe, ou não a quer, integrar". O modelo britânico permite ampla liberdade cultural às comunidades imigrantes - nada de proibir véus islâmicos, por exemplo. Mas recordem-se os atentados terroristas em Londres, realizados por gente relativamente integrada e bem sucedida na sociedade britânica. Ou a famosa tolerância da Holanda, que virou ódio ao estrangeiro. Ou, ainda, as limitações do melting pot americano, evidenciadas pelo furacão Katrina.
No caso francês não ajudou um Presidente com queda para a demagogia. Nem a desunião no interior do Governo, com o primeiro- -ministro Villepin e o ministro do Interior Sarkozy rivalizando para sucederem a Chirac. Como também não ajudou o paternalismo francês que vê nos desordeiros meras vítimas do sistema e não cidadãos responsáveis. Os imigrantes têm de aceitar as leis e os valores básicos do país que os acolhe. Mais importante, o individualismo egoísta predominante dificulta que se encarem os problemas da sociedade e tende a tornar invisíveis as pessoas que com eles sofrem. Isto sem falar da desumana exploração de que são alvo muitos imigrantes, sobretudo os ilegais, em Portugal nomeadamente. A culpa não é só dos políticos.

SEMANA DOS SEMINÁRIOS: Mensagem do Bispo de Aveiro

Posted by Picasa O Seminário é nosso e os padres estão ao serviço de todos nós Estamos em plena Semana dos Seminários. Dias apropria-dos para reforçar a nossa relação de amor e de fé com a instituição fundamental e a mais indispensável na Igreja Diocesana.
O Seminário mostra a preocupação permanente do Bispo da Diocese e dos seus colaboradores, para que não faltem à Igreja Diocesana os padres necessários para o seu serviço. Uma preocupação traduzida na promoção, constante e alargada, de novas vocações, no acolhimento e estímulo aos pré-seminaristas e seminaristas, no apoio das comunidades cristãs e dos seus membros, em relação aos encargos e despesas decorrentes da formação dos futuros padres.
O aumento do número de seminaristas e a perseverança dos mesmos na caminhada de discernimento e amadurecimento vocacional não são actos alheios ao conjunto dos membros da Igreja Diocesana. Todos os cristãos precisam do padre, todos se devem empenhar em que tenhamos padres generosos, dedicados e fiéis ao dom gratuito que receberam de Deus, não para seu proveito próprio, mas para servir, em permanência, o Povo de Deus.
Temos cerca de trinta jovens em caminhada vocacional. Nove deles em estudos teológicos e os restantes em estudos do terceiro ciclo e do curso secundário. Poderão e deverão ser mais, se a preocupação e o esforço de todos nós, bispo, padres, diáconos, pais, educadores da fé, catequistas, professores de Educação Moral e Religiosa, animadores de movimentos e grupos juvenis, dirigentes do CNE, se tornarem mais efectivos.
O edifício do nosso Seminário, renovado e acautelado na sua arte, tem lugar para muitos mais seminaristas, mesmo estando ele ao serviço, permanente ou ocasional, da formação de leigos. Ainda não está paga a dívida das obras feitas recentemente, mas não nos falta esperança de que a saldaremos dentro em breve, porque nunca os cristãos da Diocese, padres e leigos, regatearam ajuda ao Seminário. Isto mesmo ficou bem claro, por motivo e ocasião do meu jubileu sacerdotal, em Junho deste ano.
Nesta “Semana dos Seminários” peço, aos cristãos da Diocese, oração, generosidade no ofertório habitual, estima pelos nossos seminaristas e interesse em promover as vocações sacerdotais. O que peço é um dever de todos, mas nem por isso deixo de o agradecer.
António Marcelino,
Bispo de Aveiro

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

DECÁLOGO CATÓLICO SOBRE ÉTICA E MEIO AMBIENTE

Posted by Picasa Serra do Caramulo A QUESTÃO AMBIENTAL É UMA MANEIRA MODERNA DE PROPOR A QUESTÃO SOCIAL
No congresso sobre “Ética e meio ambiente”, que teve lugar na segunda-feira passada na Universidade Europeia de Roma, apresentou-se um decálogo que expressa o ensinamento da doutrina social da Igreja Católica sobre o meio ambiente. No encontro interveio o cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Conselho Pontifício “Justiça e Paz”, dizendo que “a questão ambiental é uma maneira moderna de propor a questão social”. O bispo Giampaolo Crepaldi, secretário desse mesmo Conselho do Vaticano, resumiu num decálogo interpretativo os ensinamentos contidos no décimo capítulo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Oferecemos a seguir uma síntese do mesmo.

::

DECÁLOGO SOBRE ÉTICA E MEIO AMBIENTE

1) A Bíblia tem de ditar os princípios morais fundamentais do desígnio de Deus sobre a relação entre o homem e a criação. 2) É necessário desenvolver uma consciência ecológica de responsabilidade pela criação e pela humanidade. 3) A questão do meio ambiente envolve todo o planeta, pois é um bem colectivo. 4) É necessário confirmar a primazia da ética e dos direitos do homem sobre a técnica. 5) A natureza não deve ser considerada uma realidade em si mesma divina, portanto, não fica subtraída à acção humana. 6) Os bens da terra foram criados por Deus para o bem de todos. É necessário sublinhar o destino universal dos bens. 7) Requer-se colaborar no desenvolvimento ordenado das regiões mais pobres. 8) A colaboração internacional, o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente sadio e à paz devem ser considerados nas diferentes legislações. 9) É necessário adoptar novos estilos de vida mais sóbrios. 10) Deve-se oferecer uma resposta espiritual, que não é a da adoração da natureza. Fonte: Agência Zenit

CITAÇÃO

Ninguém sabe – ou se parece preocupar – que tipo de sociedade ou de Homem cada um defende ou propõe defender no país, porque num Mundo sem projecto, que interessa o essencial? Num mundo de «sound-bites» televisivos, o que interessa a coerência e os valores humanos, se isso não faz notícia?
António Mateus, in Jornal de Negócios
Fonte: Citador

Um artigo de Alexandre Cruz

UNIVER(SAL)IDADES Como apagar o fogo de França? Ainda que venham uma valentes chuvas de inverno, com o granizo mais forte, este fogo francês não se apaga. Está ateada, e num fogo geracional, uma realidade em gestação durante as últimas décadas e que demonstra bem claro a desagregação social latente que chega desta forma perturbante à luz da noite francesa. Não é cinema (embora este ajude a deitar lenha!), é bem real. Quase 40 anos depois do Maio de 68… É preciso não fazer (nem pânicos nem) leituras simplistas, procurar bem fundo os “porquês”, captar o “sinal” de força irracional que tem raízes bem profundas e acaba por interpelar o próprio modelo europeu e ocidental. A Europa (já sem a matriz cultural de “dignidade absoluta” e o próprio Ocidente) do dinheiro, dos números, das fórmulas, da tecnologia que substitui a Pessoa, da quantidade… não responde ao desafio da Humanidade neste século XXI. Está à vista, ou não fossem as noites agitadas de França, a partir da cidade das Luzes, a demonstração clara de que não há por onde fugir, feitiços e feiticeiros entrecruzam-se, encontram-se e trocam as voltas ao mundo da razão sócio-política. Essa ideia habitual de esconder nos subúrbios das cidades a miséria social acaba por dar o resultado que vemos... Na hora em que escrevemos, já lá vão quase 5000 carros incendiados, quase 1500 pessoas detidas, perto de 300 municípios, queimados dezenas de edifícios públicos, escolas, esquadras policiais, empresas. Um sem contagem de violência urbana realizada por jovens com bilhete de identidade francês mas “estrangeiros”, desintegrados…e quando olhamos no mapa, está a França toda num caos, nas escolhidas maiores cidades, e com sérios receios de efeito “contaminação” para os países vizinhos, Alemanha, Bélgica. O que move tais acções vândalas? Que ideal pretendem atingir? Até onde irão? Entre tantas outras estas serão as perguntas primárias que poderemos fazer, mas quanto a respostas a incógnita é o futuro que temos pela frente... Talvez possamos falar de uma forma de mostrar “poder”, chamar a atenção, despertar a opinião e os poderes públicos para uma afirmação do grande colectivo (quase sempre esquecido) que sobrevive nos bairros sociais das grandes cidades, onde intolerância é, tantas vezes, a palavra de ordem. Será uma forte reacção, com semelhança para as grandes manifestações anti-globalização, rejeição à modernidade tecnológica que, em sociedade de consumo e altíssima competição, acaba por deixar na margem a grande multidão de pessoas? Será que estes considerados pessoas “marginalizadas” descobriram forma de afirmação sem precedentes e com impressionante sucesso (na sua óptica), a propagar? Um facto é claro: os bairros sociais, por esse mundo (rico) fora quase sempre esquecidos na hora de enfrentar o crime e miséria instalada, são habitados por imensas comunidades de pessoas que já se habituaram à dor… São lugar de vício e crime que ultrapassa toda a racionalidade, sendo por isso natural o “medo”. São espaços de desumanidade onde escapar para uma dignidade de vida mais plena, ou procurar trabalho (para aqueles que ainda têm essa motivação e força de vontade) é quase proibido sendo visto como um pactuar com a sociedade de consumo (que se critica), tal é a força das leis próprias, linguagens, dos gangs, das etnias em convulsão. Os subúrbios das cidades são terríveis sub-mundos de degradação humana, e muitas vezes impenetráveis pelas autoridades pelo próprio medo de repressão. Nestes dias, a partir de Paris, a verdade veio saiu à rua pela noite dentro. Presente em Lisboa para o Congresso da Nova Evangelização, o Cardeal de Paris, Jean-Marie Lustiger sublinha que “há dezenas de anos que os poderes públicos não intervêm, e não apenas nos bairros problemáticos, mas também na sociedade em geral e em relação aos jovens.” Apagar (e compreender) este fogo perturbante é o desafio que as instâncias sociais, e afinal de contas todos nós, temos em mãos. Estamos em tempos de positiva inclusão plural de todos os contributos ao serviço da paz e do desenvolvimento humano. O mundo intelectual e o da política, como o contributo de cada cidadão que já descobriu o seu papel construtor na sociedade, recebem hoje um forte impulso a descerem mesmo à realidade para, nas causas, conseguir abrandar a profunda insatisfação e indignidade de toda esta multidão (de jovens) que já têm a vida assinalada de forma menor. Serão a “responsabilidade” e a “família” as palavras mágicas dos discursos sociais capazes de solucionar esta questão de fundo? E que fazer quando todo o discurso ético-social é insignificante diante das novas gerações tecnológicas? Onde chegámos! É dramático, em última instância, estarmos a assistir em França às consequências do vazio de cultura, sentido e sensibilidade que se espelha na asfixia de sentido de vida de uma geração em perigo que já não se revê no mundo que os pais lhes deixaram, mas também não sabem se querem lutar por algum mundo diferente. Haverá capacidade e vontade colectiva para dar a volta à situação? E com que líderes? (Não falamos de tecnologia! Falamos de Pessoas!) Onde estão eles, líderes com um sonho e uma profundidade de vida contagiante?! Eles existem, e em alturas de crise sempre a esperança os mostrará. Mas por agora, acalmado o pó, uma “inclusão” digna e saudável, num pensar a redefinição d’ A Pessoa na Cidade de Hoje, talvez seja um caminho possível. Ou não serão muitas das grandes cidades de hoje uma amálgama de multidão sem mínimos laços nem identidade social…?!

terça-feira, 8 de novembro de 2005

VÍTIMAS DE ARMAS LIGEIRAS

Posted by Picasa Dados da Amnistia Internacional: Mais de meio milhão de pessoas morrem anualmente vítima de armas ligeiras
Mais de 500 mil pessoas morrem anualmente no mundo vítimas de armas ligeiras, segundo números da Amnistia Internacional apresentados hoje numa audição pública sobre a proliferação de armas organizada pela Comissão Nacional Justiça e Paz. Actualmente, estima-se que existam a nível mundial 639 milhões de armas ligeiras como pistolas, revólveres, espingardas e metralhadoras, o que corresponde aproximadamente a uma por dez pessoas."Na prática, as armas ligeiras matam mais do que as armas de destruição maciça", afirmou Teresa Nogueira, da secção portuguesa da Amnistia Internacional, no âmbito da primeira de cinco sessões públicas intituladas "Por uma sociedade segura e livre de armas", realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Mil e cem empresas em 98 países produzem todos os anos mais oito milhões de armas ligeiras e de baixo calibre, num negócio que envolve 22 mil milhões de dólares, uma verba que daria para atingir os Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio traçados pelas Nações Unidas ao nível da Educação Básica e da Mortalidade Infantil.
Para travar a proliferação e o tráfico ilegal de armamento, a Amnistia Internacional defende que todos os governos devem cooperar com a ONU para tornar vinculativo o Tratado Internacional sobre o Comércio de Armas já a partir de Julho do próximo ano - altura em que será revisto o documento.
(Para ler mais, clique PÚBLICO ON-LINE)

DIA MUNDIAL DA CIÊNCIA AO SERVIÇO DA PAZ E DO DESENVOLVIMENTO

No âmbito do Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento, a UA promove um Painel-Debate sobre investigação, orientada para a defesa da paz e do desenvolvimento
A Universidade de Aveiro vai associar-se às comemorações do Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento, através da realização, a 10 de Novembro, de um Painel-Debate de divulgação de alguma da investigação que produz, especialmente orientado para realçar o contributo desta mesma investigação na defesa da Paz e do Desenvolvimento. O dia 10 de Novembro está consagrado como Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento, sob o alto patrocínio da UNESCO. Associando-se a estas comemorações, a UA promove nesse mesmo dia, entre as 15 e as 17.30 horas, no auditório da Reitoria, um painel-debate com a participação de um grupo de Investigadores da Universidade de Aveiro de áreas do conhecimento diversas, moderado pela Professora Doutora Estela Pereira, e aberto a todos os interessados, comunidade escolar e civil. Convidados estão, por isso, alunos de graduação e de pós-graduação, docentes e funcionários não docentes da UA, bem como os professores e alunos do Ensino Secundário das escolas da região de Aveiro e a Sociedade Civil, em geral.
(Para ver programa, clique UA)

BENTO XVI APELA À COOPERAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E CULTURA

Posted by Picasa
Bento XVI deixou hoje um apelo a todos os povos do mundo para que “coloquem a sua herança cultura e espiritual ao serviço da família humana”
:
Numa mensagem dirigida à II Conferência “Paz e tolerância – diálogo e a compreensão” no sudeste da Europa, que decorre em Istambul, o Papa refere que “apenas através do diálogo poderá ganhar vida a esperança de que o mundo se torne um lugar de paz e de fraternidade”.“Sem uma base moral objectiva, mesmo a democracia é incapaz de oferecer uma paz duradoura”, adverte a mensagem, na qual se volta a condenar o “relativismo moral”, a grande preocupação deste início de Pontificado.
O Papa reafirma ainda o compromisso da Igreja em favor da “cooperação entre os povos, as culturas e as religiões”. Bento XVI escolheu como seu representante em Istambul o Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos Cristãos e da Comissão da Santa Sé para as relações religiosas com o Judaísmo.
Fonte: ECCLESIA

UM TEXTO DE TEIXEIRA DE PASCOAES

Posted by Picasa
Sem Poesia Não Há Humanidade
Sem Poesia não há Humanidade. É ela a mais profunda e a mais etérea manifestação da nossa alma. A intuição poética ou orfaica antecede, como fonte original, o conhecimento euclidiano ou científico. E nos dá o sentido mais perfeito e harmónico da vida. Aperfeiçoando o ser humano, afasta-o do antropóide e aproxima-o dos antropos. Que a mocidade actual, obcecada pela bola e pelo cinema, reduzida quase a uma fotografia peculiar e uma espécie de máquina de fazer pontapés, despreza o seu aperfeiçoamento moral; e, com o seu fato de macaco, prefere regressar à Selva a regressar ao Paraíso. E assim, igualando-se aos bichos, mente ao seu destino, que é ser o coração e a consciência do Universo: o sagrado coração e o santo espírito. Eis o destino do homem, desde que se tornou consciente. E tornou-se consciente, porque tal acontecimento estava contido nas possibilidades da Natureza. Sim, a nossa consciência é a própria Natureza numa autocontemplação maravilhosa. Ou é o próprio Criador numa visão da sua obra, através do homem. E, vendo-a, desejou corrigi-la, transfigurando-se em Redentor.
in 'A Saudade e o Saudosismo'

Fonte: Citador

Centro Social Paroquial S. Martinho, Tavarede

Posted by Picasa Encontro de gerações vivido no dia-a-dia
Se há instituições com as quais as populações perfeitamente se identificam, o Centro Social Paroquial S. Martinho de Tavarede, na Figueira da Foz, é uma dessas. A expressão "O nosso Centro Social" é repetidamente ouvida quando se fala desta IPSS, que iniciou as suas actividades com ATL, Apoio Domiciliário e Centro de Dia para idosos em 1999. Sem inauguração oficial, mas com festa já pensada para breve, de homenagem a quem a ajudou a nascer, garantiram ao SOLIDARIEDADE o presidente e o vice-presidente da direcção, padre António de Matos Fernandes e Álvaro Martins Reis, respectivamente.
::
NB: Nas minhas saídas, descubro, por vezes, tempo para conhecer o que há de bom, a nível da solidariedade. Em Tavarede, na Figueira da Foz, vi e registei o dinamismo de uma comunidade que assume, com determinação, o seu Centro Social Paroquial. Para ler a reportagem que fiz, clique SOLIDARIEDADE.