segunda-feira, 31 de outubro de 2005

PORTUGUESES MAIS PESSIMISTAS

Sondagem revela que portugueses estão mais pessimistas
A confiança dos portugueses na situação económica pessoal e do país para 2006 está no nível mais baixo dos últimos dois anos, segundo o Barómetro de Outubro da Marktest para o DN e TSF, divulgado esta segunda-feira. Invertendo a tendência de subida registada em Setembro, o estudo de opinião relativo a Outubro mostra que 56,8% dos inquiridos acha que a situação económica do país vai estar pior no próximo ano, contra 14,6% que considera que ela vai melhorar. Para 23,7% a economia do país vai ficar na mesma no período que se prolonga até ao próximo ano. Em termos de finanças pessoais e familiares, o pessimismo ainda é maior, com 58,2% a considerar que a situação vai estar pior durante o próximo ano. Pelo contrário, 10,3% dos inquiridos acha que vai estar melhor em 2007, enquanto para 23,7% não vai haver alteração. O Barómetro de Outubro da Marktest para o DN e TSF foi realizado entre 18 e 21 de Outubro, com 805 entrevistas, sendo de 3,45% a margem de erro.

Não há Vida Boa sem Autodomínio

O HOMEM FAZ-SE OU DESFAZ-SE A SI MESMO
O homem faz-se ou desfaz-se a si mesmo. O homem controla as suas paixões, as suas emoções, o seu futuro. Consegue-o canalizando os seus impulsos físicos para conseguir realizações espirituais. Qualquer animal pode esbanjar a sua força realizando os impulsos físicos sempre que os sente. Compete ao homem canalizá-los para fins mais produtivos que a satisfação dos impulsos. Ninguém se tornou ilustre por fazer o que lhe apetecia. Os homens insignificantes fazem o que querem - e tornam-se nuns Zés-Ninguém. Os grandes submetem-se às leis que regem o sector em que são grandes.
O autodomínio é sempre recompensado com uma força que dá uma alegria interior inexprimível e silenciosa que se torna no tom dominante da vida. O autodomínio é a qualidade que distingue os mais aptos para sobreviverem. O mais importante atributo do homem como ser moral é a faculdade de autodomínio escreveu Herbert Spencer. Nunca houve, nem pode haver, uma vida boa sem autodomínio; sem ele a vida é inconcebível. A vitória mais importante e mais nobre do homem é a conquista de si mesmo.
Alfred Montapert, in 'A Suprema Filosofia do Homem'

FILARMONIA DAS BEIRAS ENCERRA FESTIVAIS DE OUTONO

Sábado, 5 de Novembro, 21.30 horas, Teatro Aveirense Esta semana chega ao fim os «Festivais de Outono». Para além de três recitais de canto e piano e um de música ibérica, poderá ainda assistir ao Concerto de encerramento, no próximo Sábado, 5 de Novembro, no qual a Orquestra Filarmonia das Beiras apresentará mais um dos seus fabulosos espectáculos, desta vez acompanhada pelo Coro da Fundação Conservatório Regional de Gaia e por Valerian Shiukaschvili, o vencedor do 1º Prémio da 1ª edição do Concurso Internacional de Piano «Helena Sá e Costa» em 2004. Iniciativa da Universidade de Aveiro e da Fundação João Jacinto de Magalhães, com o apoio da Câmara Municipal e do Teatro Aveirense, os Festivais de Outono estão a inundar Aveiro com uma série de concertos de diferentes géneros, épocas e estilos musicais e juntar artistas de grande relevo nacional e internacional.

Um artigo de Francisco Sarsfiel Cabral, no DN

INDEPENDÊNCIA
As greves dos juízes e magistrados deram que falar, mas não tiveram grande importância. Primeiro porque, como notou há tempos Miguel Sousa Tavares, são irrelevantes alguns dias perdidos numa justiça que demora eternidades a dar qualquer passo. Depois, porque as greves não abalaram o prestígio da justiça portuguesa, pelo simples facto de que esse prestígio já não existe.
As greves foram estimuladas pelo primeiro-ministro, quando demagogicamente anunciou, logo no discurso de posse, a redução das férias judiciais. A coisa foi apresentada como se os profissionais da justiça gozassem dois meses de férias, quando se tratava de os tribunais fecharem dois meses. Os juízes e magistrados que trabalham no duro ficaram indignados. A partir daí, a questão situou-se no mero plano sindical. Apesar do estado lamentável em que se encontra a justiça em Portugal, não se viu grande preocupação dos grevistas em melhorá-la. Pior ouviram-se vozes bramando estar ameaçada a independência dos tribunais.
Decerto que a independência judicial é um valor básico do Estado de direito. Mas, por cá, ela tem significado sobretudo a autogestão pelas corporações do sector, cómoda para o poder político. O resultado está à vista - e, assim, o cidadão não tem a quem pedir contas pelo péssimo funcionamento da justiça. Por isso é positivo que se vá cumprir finalmente o preceito constitucional que atribui aos órgãos de soberania a definição da política criminal. Ao Ministério Público cabe participar na execução dessa política, não defini-la. Não chega, porém. O poder político precisa de ter uma intervenção mais activa na organização do sector. Para que a justiça portuguesa não continue a absorver meios humanos e financeiros acima da média europeia, sem lograr um mínimo aceitável de eficácia.

MAIS DE 234 MIL DOENTES EM LISTA DE ESPERA PARA CIRURGIA

Número continua a subir O número de doentes que esperam por uma cirurgia continua a subir, com os últimos dados do Ministério da Saúde a indicarem que mais de 234 mil portugueses estão nesta situação, dos quais 7785 não têm resposta nos hospitais públicos. Em entrevista à Lusa, o coordenador do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), Pedro Gomes, justificou que o elevado número de doentes em lista de espera resulta da entrada em funcionamento do SIGIC, que abrange todo o país desde o início de Outubro."Quando se cria um sistema deste género, começa por haver um aumento de doentes que, à partida, não se sabia que estavam em espera", argumentou.
Dado que o SIGIC permitiu criar "mecanismos que obrigam os hospitais a registarem" as pessoas com indicação para cirurgia, "o que dantes não era efectuado de uma forma exaustiva", é expectável que cresça o número de doentes, afirmou o coordenador.
Criado pelo anterior ministro da Saúde Luís Filipe Pereira, o SIGIC entrou em funcionamento no final de 2004 a título experimental nas regiões do Alentejo e do Algarve, tendo vindo a ser alargado ao resto do país.A região centro foi a última a ser abrangida pelo SIGIC e, dado que têm surgido algumas dificuldades na integração técnica dos sistemas informáticos de alguns hospitais com este sistema de gestão das listas de espera, o número actual de portugueses identificados como aguardando por uma cirurgia é de 168.471.
Porém, Pedro Gomes estima que, incluindo os doentes dos hospitais que falta integrar tecnicamente no SIGIC, como é o caso dos Hospitais da Universidade de Coimbra, o número real de utentes em espera seja de 234.463.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Uma reflexão de Alexandre Cruz, do CUFC

Uma carta para a humildade Porque falas tão duro na Tua palavra de hoje, Senhor? Porque te indignas de maneira tão forte na Tua crítica? Que se passa para que insistas em não seres conformista, porque Te mexes tanto derrubando a passividade humana, enchendo-nos de inquietação com a Tua inquietude em postura que tão fortemente desinstala todo o mau hábito humano?!... Vendo mais fundo, lendo com olhos de ver, tens toda a razão. Era preciso ir até ao fim, chamar as coisas pelos nomes, retirar da “cadeira de Moisés” o espírito farisaico, a sua visão de Deus e do Homem. Apagar essa ‘ideia-prática’ imatura, tão desigual, turba, paralisante. Vieste até nós para recompor pela justiça o que o mundo nas suas sociedades não conseguia e não consegue. Queres purificar o autêntico Rosto de Deus (que és), queres sentar na cadeira importante os que mais sofrem, deitando por terra aqueles iludidos que, com os pés do barro da vaidade, julga(va)m-se importantes e gosta(va)m de ser tratados acima da sua própria verdade. Enche-nos de comoção, depois de tudo, a Tua insistência renovada de que “somos irmãos” e que a vida só tem significado quando tudo o que se pensa e faz é pelo serviço ao bem comum. Dizes-nos que a “prova dos 9” dos grandes sonhos e causas é a total dedicação amorosa a este mundo, onde todos somos importantes do mesmo modo e “tudo” terá de ser responsabilidade e serviço. Não nos retiras do mundo, antes pelo contrário, queres que no mundo sejamos Teu sinal… Pelo caminho do Teu exemplo e seguimento apercebemo-nos de que temos de ser servos de todos, pois todas as exaltações de poder e vanglória das coisas do mundo cairão em humilhação perdedora… Obrigado, Senhor, por nos chamares à Tua Verdade e nos fortaleceres com a Tua humilde coragem, sendo sempre mais simples ‘cientistas’ e instrumentos da Civilização do (Divino) Amor! Como um dia partilhaste connosco, será pelo poder da simplicidade e humildade que possuiremos a terra! Nessa pureza é que veremos a Deus. É por aqui!...

domingo, 30 de outubro de 2005

Um texto de Santo Agostinho

Posted by Picasa SOIS GRANDE, SENHOR
“Sois grande, Senhor, e infinitamente digno de ser louvado. É grande o vosso poder e incomensurável a vossa sabedoria. O homem, fragmentozinho da criação, quer louvar-Vos; – o homem que publica a sua mortalidade, arrastando o testemunho do seu pecado e a prova de que Vós resistis aos soberbos. Todavia, esse homem, particulazinha da criação, deseja louvar-Vos. Vós o incitais a que se deleite nos vossos louvores, porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós.”
In Confissões

Um poema de Almeida Garrett

Posted by Picasa O pescador BARCA BELA Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela, Que é tão bela, Ó pescador? Não vês que a última estrela No céu nublado se vela, Colhe a vela, Ó pescador! Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela… Mas cautela, Ó pescador! Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela Só de vê-la, Ó pescador! Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge dela, Foge dela Ó pescador! In Folhas Caídas

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Picasa Aveiro: Parque de lazer PARQUE DE LAZER Hoje vai ser um dia de chuva, nada favorável a um passeio. Não poderá, talvez, sair de casa, para a caminhada sempre benfazeja. Mas pode ficar com a sugestão de a fazer logo que a chuva deixe de cair.

sábado, 29 de outubro de 2005

Um artigo de José Pacheco Pereira, no PÚBLICO

TEMAS PRESIDENCIAIS ENTRE SOARES E CAVACO
Discursos presidenciais – São todos muito pobres porque são modelados pela enunciação de “propósitos”, “desígnios”, “ideias para Portugal”, tão vagos, genéricos e retóricos como os slogans de campanha. É preciso conhecer muito bem os candidatos e perceber as nuances, saber quais são os não-ditos, para entender a lógica das candidaturas. Hoje a retórica está tão estabelecida no discurso político, que é cada vez maior o seu efeito de ocultação. O que salva estas eleições do vazio discursivo, é que os candidatos principais são bem conhecidos do eleitorado, e por isso são mais facilmente “lidos” nas suas efectivas intenções.
“O que nos distingue? Estilo e conteúdo” - Disse Mário Soares e é verdade. Só que quer o estilo, quer o conteúdo, já lá estavam antes da campanha. Esta é tão dominada por convenções, que é preciso escavar mais fundo para perceber as diferenças. A pose e encenação valem hoje mais do que os discursos, fazem “falar” a coreografia dos actos de apresentação. São eles que temos que analisar para ir mais longe.
Encenações - Em nenhum momento da campanha houve uma pura encenação autónoma, e quer Soares, quer Cavaco, cada um já se constrói face ao outro: um tem apoiantes na sala, o outro só os mandatários, um entrega o cartão, o outro só entrega depois de ganhar as eleições, um aceita perguntas á cabeça, outro recusa-as, para depois as aceitar quando verifica que o adversário o faz, um intitula-se de “político profissional”, o outro recusa o epíteto, um afirma-se independente dos partidos, o outro nega a condição de “suprapartidário”. Há todo um diálogo coreográfico, como se ambos “falassem” por estes gestos quer entre si, quer connosco. E é aqui que estão efectivamente a falar.
Pose – Toda a pose é uma metáfora programática e de poder. Cada um coloca-se diante de um Portugal imaginário, feito de densidade significativa, escolhendo lugares, posturas, silêncios e falas. A solidão desejada de Cavaco, a sua pose ritualistica, a sua relação com os símbolos do poder, as bandeiras alinhadas, a perfeição do cenário, o controlo do espaço à sua volta, onde só entra a esposa, pretendem acentuar a ruptura do exercício do poder com os actos quotidianos, valorizar o sentido de estado da função presidencial.Soares, pelo contrário, chega normalmente a uma porta de hotel, conversa, acelera e recua, olha para trás, acompanha um jornalista com quem conversa, passeia mais do que anda. Soares é mais terra à terra, mais natural, menos convencional, domina melhor o espaço à sua volta, por isso sente menos necessidade de o organizar. Onde Cavaco está contido e tenso, Soares está à vontade, é mais corporal nos gestos, a qualquer momento espera-se que dê o braço a um amigo. Nesta diferença ambos são naturais, embora depois a encenação acentue artificialmente o que os separa.
Soares, a quem Cavaco irrita, tende a ainda mais acentuar a sua liberdade corporal, a dizer o que lhe apetece, a fazer o que lhe apetece. Cavaco não se pode dar a esse luxo, nem se sentiria bem nele.
Soares é um típico membro de uma elite, preparado por toda a sua vida a estar naturalmente próximo do poder, mesmo quando, antes do 25 de Abril, era perseguido. Cavaco forçou a sua entrada numa elite que não o reconhece como um dos deles, que o verá sempre, como Soares o faz, como um parvenu. Só que, quando Cavaco tem poder, tem mais poder e quando Soares o tem, tem menos.
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MENSAGEM DO PAPA PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E REFUGIADO

Posted by Picasa Bento XVI denuncia tráfico de seres humanos e exploração feminina
Bento XVI denunciou hoje o tráfico de seres humanos e a exploração feminina, na sua primeira Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado. O Papa pede aos católicos que dediquem uma especial atenção às mulheres migrantes, as mais vulneráveis à exploração económica e ao tráfico humano.Apontando para a “recente tendência da feminização” do fenómeno migratório, com uma “crescente presença” das mulheres, a mensagem lamenta que elas acabem por estar presentes “sobretudo nos sectores que oferecem baixos salários”.
“Se todos os trabalhadores migrantes são particularmente vulneráveis, entre eles as mulheres são-no ainda mais.”, refere o Papa numa mensagem intitulada “Migrações, sinal dos tempos”, que marcará a celebração do 92º Dia Mundial do Migrante e Refugiado, a 15 de Janeiro de 2006.
O texto sublinha que “a imigração assumiu uma forma, por assim dizer, estrutural, tornando-se uma característica importante do mercado de trabalho a nível mundial, consequência, entre outros, da profunda influência exercida pela globalização”.Bento XVI mostra-se profundamente preocupado pelo desenvolvimento do tráfico de seres humanos, sobretudo mulheres, “nos locais onde são escassas as oportunidades de melhorar as próprias condições de vida, ou simplesmente de sobreviver”.
O Papa critica duramente a exploração do trabalho feminino e a “indústria do sexo” que se aproveitam destas situações, reafirmando a condenação expressa por João Paulo II contra “a difundida cultura hedonista e comercial, que promove a exploração sistemática da sexualidade”. Aos católicos, é deixado o desafio de apresentarem “um programa de redenção e libertação” para estas mulheres. Contra a exploração da mão-de-obra feminina, Bento XVI pede aos cristãos que as empregam que “manifestem o seu compromisso em favor de um tratamento justo da mulher migrante, do respeito pela sua feminilidade e do reconhecimento dos seus direitos iguais”.
O Papa lembra, por outro lado, os dramas dos requerentes de asilo e os refugiados, pedindo à opinião pública que fixe o seu olhar não só “no problema constituído pela sua entrada”, mas também “nas razões que os levaram a fugir do seu país de origem”.“Esperança, coragem, amor e também ‘criatividade da caridade’ (Novo millennio ineunte, 50) devem impulsionar o necessário compromisso, humano e cristão, para socorrer estes irmãos e irmãs nos seus sofrimentos”, aponta.
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ABORTO: Sócrates optou pelo referendo

Aborto não será aprovado na Assembleia da República Afinal, e ao contrário do que há dias afirmou, Sócrates optou pelo referendo para alterar a legislação sobre o aborto, permitindo a despenalização das mulheres que façam a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas. E isso só acontecerá na próxima legislatura, a partir de Setembro de 2006, como determinou o Tribunal Constitucional. Assim, a Assembleia da República já não vai decidir sobre a alteração à lei que legitimou o aborto, como reclamavam o PCP, os Verdes, o BE e algumas franjas mais esquerdistas do PS. O primeiro-ministro entende, então, que o que foi aprovado por referendo só por referendo deve ser alterado, como mandam as boas regras democráticas. De qualquer forma, uma lei que despenaliza o aborto é sempre, como sublinhou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, uma imoralidade. E mal vai um País que, como referiu, opta por lei imorais. F.M.

Mudança de hora

Relógios atrasam uma hora às 3 horas de domingo
Na madrugada deste domingo termina o horário de Verão, devendo os relógios ser atrasados uma hora (às 3 horas serão 2), em cumprimento da directiva comunitária, com data de 1981, que rege a denominada Mudança de Hora e que afecta todos os Estados-membros da UE.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Um poema de João Roiz de Castelo Branco

CANTIGA, PARTINDO-SE Senhora partem tam tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém. Tam tristes, tam saudosos, tam doentes da partida, tam cansados, tam chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tam tristes os tristes, tam fora d’esperar bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém. NB: Poema do final do século XV, início do século XVI

Um artigo de Elsa Costa e Silva, no DN

20% dos licenciados fogem de Portugal
Um quinto dos portugueses com ensino superior não trabalha em Portugal. Este número, que consta de um relatório do Banco Mundial (BM) onde é analisado o fenómeno da fuga de cérebros, dá conta de que Portugal é o país europeu de média/grande dimensão mais afectado pela saída de licenciados e quadros técnicos. Na lista dos Estados com mais de cinco milhões de habitantes, Portugal é 21.º, com a maior percentagem de licenciados a residir fora das fronteiras. Mas esta é uma realidade com traços mundiais entre 1990 e 2000, o fluxo de imigrantes qualificados cresceu a um ritmo anual de 800 mil pessoas.
Por só considerar os países de maior dimensão, este ranking onde consta Portugal deixa de fora países pequenos do Leste europeu, alguns dos quais agora membros da União Europeia, onde a emigração de quadros é também elevada. Apenas Malta, um país de 400 mil habitantes, é contabilizado na lista que inclui a totalidade dos países e que é liderada pela Guiana. Na pequena ilha do Mediterrâneo, mais de metade da sua população licenciada reside no estrangeiro.
Na lista dos países maiores (com mais de cinco milhões de habitantes), elaborada a partir de dados relativos a 2000 e liderada pelo Haiti, surgem a seguir a Portugal mais dois países europeus a Eslováquia e o Reino Unido, ambos com 16,7% da sua população qualificada emigrada. Neste panorama, convém não esquecer que Portugal é um país com forte tradição de emigração. Por outro lado, o relatório do BM não distingue entre as pessoas que emigraram depois de se licenciarem daquelas que frequentaram o ensino superior no país de destino. Uma situação onde estarão muitos jovens nascidos em Portugal, que abandonaram o país ainda crianças, acompanhando os pais emigrantes.
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Um artigo de D. António Marcelino

Vazio preocupante e perigoso
Li, há poucos dias, palavras sensatas de um conhecido e apreciado historiador italiano que analisava os políticos actuais do seu país, em confronto com os de décadas passadas. Dizia ter saudades dos tempos de luta do democrata cristão De Gasperi e do comunista Togliati. “Sabia-se o que eles queriam, o que pensavam e quais os princípios e a ideologia que inspiravam o seus projectos, decisões e lutas pelo bem comum”. Foi acrescentando que eram políticos com ideias e convicções e, apesar de adversários, se respeitavam mutuamente, como respeitavam as regras da democracia que, após o fascismo, começava a implantar-se no país. Alargava, por fim, a sua crítica ao que se estava passando nesses dias, por motivo das eleições primárias e das reacções ouvidas. “Que diferença!”
Num encontro recente com gente responsável de duas dezenas de países da Europa, foi comum reconhecer-se que parecia estar a terminar o tempo da política com conteúdos e saber, orientada por gente convicta. Por todo o lado, dominam os interesses, a ânsia do poder, o vazio ideológico, a perda do sentido de serviço à comunidade no seu conjunto. Frequentemente, os políticos de tope são pessoas com quem não é possível dialogar, porque dizem, desdizem e contradizem, segundo as circunstâncias, os interesses do momento e os jogos de poder.
De dois nossos vizinhos, cidadãos de um país que está na ribalta, ouvi, com manifesta amargura: “Os políticos que nos governam mentem, mentem vergonhosamente, e, com um sorriso descarado, negam o que acabaram de dizer e que toda a gente ouviu. Uma lástima!”Não deixo de reconhecer, porque é essa a minha convicção e a tenho repetido muitas vezes, que a política é uma actividade digna, séria e necessária, e que há muita gente a trabalhar neste campo, com reconhecida dignidade e competência, que merece o nosso respeito e gratidão. Não por mera simpatia ou motivos partidários, mas por um dever de cidadania.
Porém, a Europa parece ter sido invadida por um enxame incómodo de políticos medíocres ou pouco mais do que hábeis, que foram alcançando os postos do poder e neles se aguentam por manobras e apoios, prepotências e favores, mas que não conseguem disfarçar a pobreza das ideias, a debilidade dos critérios, a personalidade frágil, a ausência de sentido...
Deparamos, é verdade, com gente na cadeira do poder, por vezes mais no intermédio do que no cimeiro, com valores morais e éticos, ideias claras, critérios ajustados, projectos fundamentados, vontade, saber e honestidade para ir mais longe. Na hora das decisões, porém, ou é torpedeada por um funcionário de carreira, mais ou menos discreto, com secretária na sala do lado, ou esbarra com interesses de cima, a quem não faltam razões de ocasião para dizer, com um sorriso, que não pode ser assim.Entre nós, começaram já os jogos de circo, porque não se sabe se vai ou não haver referendo, e porque voltamos a um clima de pré-campanha. Sacodem-se os capotes, limpam-se as armas, aventam-se as insinuações…
Pouco se fala de bem comum, de responsabilidade política, de país acima dos partidos, de serviço público para além dos interesses privados, de subsidiariedade, onde esta é possível e mais eficaz. Este vazio tem de ser denunciado e contrariado. Dizer que é fruta do tempo, pouco ou nada resolve, porque não falta gente, dentro e fora do poder, que só gosta desta fruta de passagem. Há que apoiar ou denunciar, quando é caso disso.
O dever cívico de aplaudir ou dizer que o rei vai nu, não se pode exprimir apenas quando nos tocam ou não nos direitos pessoais ou nos interesses corporativos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Centros de Saúde vão dar aulas de ginástica a maiores de 50

Os 363 centros de saúde do país vão passar a dar aulas de ginástica e aconselhamento sobre exercício físico a maiores de 50 anos, caso adiram ao Programa Idade Maior, lançado esta quinta-feira em Lisboa e no Porto
Os responsáveis pelo programa acreditam que, em breve, cada centro de saúde aderente estará preparado para oferecer condições para a prática regular de exercício físico a 200 a 300 seniores. Conscientes de que «apenas 4% dos idosos pratica desporto», os Laboratórios Pfizer decidiram lançar este projecto com o apoio da Direcção-Geral de Saúde. Marcha, ginástica, passeios terapêuticos e exercícios de resistência são algumas das actividades que os centros deverão ter ao dispor dos utentes. Segundo Carlos Macedo, director médico da Prizer, os programas de actividade física serão desenvolvidos tendo em conta os problemas de saúde que as pessoas mais velhas possam ter, como diabetes, hipertensão, osteoporose, osteoartrite, depressão, demência e doença isquémica cardíaca. Esta quinta-feira de manhã, cerca de 200 médicos, enfermeiros e fisioterapeutas dos centros de saúde portugueses participaram nos dois encontros realizados em Lisboa e no Porto para receber formação específica. Garantindo que este projecto «não exige muitos meios financeiros», Carlos Macedo explicou que «a maior parte dos exercícios desenhados têm em conta a limitação dos centros de saúde, estando programados exercícios como marcha ou passeios». «Muitos centros de saúde têm condições para dar aulas e podem ser feitas parcerias com instituições, como os bombeiros locais ou a junta de freguesia, para dar as aulas», sublinhou Helena Santa Clara, da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, acrescentando que o importante é uma «boa gestão de recursos do estado».
Fonte: Diário Digital

O Caminho Português para Santiago

Posted by Picasa Santiago de Compostela Um livro rico em detalhes e com fotografias de grande intensidade
Escrito por um veterano peregrino de Santiago de Compostela, Lourenço de Almeida, e ilustrado com fotografias de António Homem Cardoso, «O Caminho Português para Santiago» mostra de um modo especial como uma peregrinação “pode ser o caminho certo para nos encontrarmos a nós próprios, aos outros e a Deus” – refere o comunicado de imprensa para o lançamento do livro «O Caminho Português para Santiago».
O lançamento público será no dia 3 de Novembro, às 18.30, no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, com apresentação da jornalista Laurinda Alves. Editado pela Lucerna, esta obra tem cerca de 160 páginas onde os autores desafiam o leitor a percorrer com eles, a pé, o Caminho Português para Santiago de Compostela, o mesmo que é pisado por inúmeros peregrinos portugueses há já muitos séculos, à procura de algo e um tanto ou quanto inquietos, e que desejam rezar junto do túmulo do Apóstolo São Tiago, que ali é venerado ali há quase 12 séculos.
Nesse caminho que este livro desvenda em pormenor, através de um texto rico em detalhes e de fotografias de grande intensidade, abre-se ao peregrino “uma experiência deveras enriquecedora em termos espirituais mediante a qual «cada subida, cada descida, cada pontapé numa pedra e cada escorregadela numa laje molhada, cada noite dormida no chão, cada banho de água fria» se transformam nos vários passos, por vezes degraus, de «um caminho ascendente, um caminho de distanciamento do ponto de partida a caminho da Luz»” – salienta o comunicado.
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Um poema de José Tolentino Mendonça

Posted by Picasa José Tolentino Mendonça Caminho do forte, machico No caminho onde aprendi o outono sob o azul magoado os pescadores cruzavam ainda linhas províncias clareiras e esse gesto masculino de apagar a dor chegava pelos percalços da terra o carro do gelo e os miúdos tiravam bocados para comer às dentadas em retrato selvagem mas, juro-vos, havia encanto havia qualquer coisa, outra coisa nesse instante em perda as mulheres sentavam-se à porta com os bordados quando passavam estrangeiros ficavam sempre a sorrir nas suas fotografias In Longe Não Sabia(1997)

PUBLICAÇÃO TEOLÓGICA MERECE GALARDÃO

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Prémios Literários do P.E.N. Clube Português distinguem Tolentino Mendonça
O Pe. José Tolentino Mendonça foi distinguido com o Prémios Literários do P.E.N. Clube Português para prosa pela sua obra “A construção de Jesus” (Ed. Assírio & Alvim). O galardão, referente ao ano de 2004, é atribuído ex-aequo a Tolentino Mendonça e a José Gil, pelo seu best-seller “Portugal Hoje. O Medo de Existir” (Relógio d'Água).
Os prémios literários do P.E.N. Clube Português destinam-se a galardoar anualmente as melhores obras publicadas no ano anterior, em língua portuguesa e em 1ª edição, nas modalidades de poesia, ensaio e ficção. Os prémios têm o patrocínio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.
A obra do Pe. Tolentino de Mendonça é fruto da sua tese de doutoramento, sobre o tema “A construção de Jesus. Uma leitura narrativa de Lc 7, 36-50”. Com orientação do jesuíta Jean-Noel Aletti, o trabalho deste biblista mostra que o evangelista é, verdadeiramente, um autor, abordando o modo como, pela criação literária, se expressa uma determinada visão religiosa.
Os novos caminhos de aproximação ao texto bíblico, tendo em conta a narrativa bíblica e a crise da linguagem religiosa, estão presentes nesta obra, que mistura as facetas de poeta e biblista do Pe. Tolentino Mendonça, pedindo a recuperação do espaço metafórico e narrativo na vida da Igreja.
A actual crise da linguagem religiosa, testemunho do final de um certo modo de ser cristão, faz-nos acreditar que na nossa sociedade, a Fé não mais se transmitirá pelas veias da assimilação a um determinado contexto sócio-cultural.“Tornar ao texto, respeitar os seus mecanismos” é o propósito que dá vida a este trabalho, onde Tolentino Mendonça aborda o relato de uma mulher, a que não se dá nome, que irrompe em casa de um fariseu, Simão, para chorar, lavar, ungir os pés de Jesus e pedir perdão.
Nascido no ano de 1965, em Machico, Tolentino Mendonça estudou no Seminário diocesano do Funchal e na Universidade Católica, em Lisboa, e foi ordenado sacerdote em Julho de 1990, por D. Teodoro de Faria. Prosseguiu os estudos superiores em Roma, tendo desempenhado ainda o cargo de Reitor do Colégio Pontifício Português. Poeta de eleição, José Tolentino Mendonça tem vários títulos publicados.
Além dos livros de poemas - ("Os Dias Contados", 1990; "Longe Não Sabia", 1997; "A que Distância Deixaste o Coração", 1998) e do ensaio "As Estratégias do Desejo: Um Discurso Bíblico sobre a Sexualidade" (1994), “Baldios”,(1999) - Tolentino Mendonça é autor de uma elogiada tradução do "Cântico dos Cânticos" (1997) e de "Salmos", entre outros títulos.
(Para ler mais, clique ECCLESIA)

Hospital de Aveiro é o quarto mais eficiente

Posted by Picasa Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro O Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, foi classificado em quarto lugar numa tabela que ordena os hospitais SA portugueses de acordo com a sua eficiência económico-social e operacional.
Apenas os hospitais de São Sebastião (Santa Maria da Feira), Barcelos e Vale do Sousa obtém melhores resultados do que a unidade de saúde aveirense, segundo dados relativos ao primeiro semestre deste ano a que o Diário de Aveiro teve acesso.O indicador global de eficiência é de 121 em Aveiro, quando a média geral dos 31 hospitais é de 103. São Sebastião obtém uma classificação de 147, ao passo que Beja, último da lista, apenas chega aos 70.
O indicador global de eficiência é calculado de acordo com um conjunto de parâmetros definido pela Unidade de Missão Hospitais SA, entre eles a demora média de internamento, o pessoal clínico por cama, os custos ou o volume de actividade.
As 31 unidades de saúde empresarializadas são hierarquizadas de acordo com a sua eficiência desde finais de 2003, altura em que a Unidade de Missão dos Hospitais SA desenvolveu uma tabela que permite a comparação dos hospitais da rede.
Segundo uma nota emitida ontem pelo Hospital Infante D. Pedro, este «instrumento de gestão» possibilita ainda «identificar as áreas de actuação prioritárias para cada hospital».
«Esta tabela mensal apresenta um conjunto de indicadores da actividade hospitalar, indicadores de eficiência, indicadores de índole económica-financeira e indicadores de qualidade e serviço, decisivos para o acompanhamento da actividade dos hospitais», avalia a unidade de saúde dirigida por Álvaro Castro.
O quarto lugar obtido pelo Hospital Infante D. Pedro demonstra, segundo a administração, «uma evolução da sua performance económica-finaceira, bem como um aumento da sua actividade produtiva e qualidade em termos globais». FONTE: Um artigo de Rui Cunha no Diário de Aveiro

LAICISMO E INDIFERENTISMO: Alexandre Cruz, do CUFC, fala ao Correio do Vouga

Posted by Picasa Alexandre Cruz
"Propostas enganadoras"
Correio do Vouga - Laicismo e Indiferentismo são a mesma coisa?
Pe. Alexandre Cruz - Não são a mesma ‘coisa’, mas são aspectos de uma mesma realidade. Trata-se da realidade do mundo, do pensamento das sociedades, da compreensão dos valores, do lugar das ideias e das movimentações do pensamento humano, que depois se manifesta em posturas, formas de estar e de compreender a vida, a sociedade e a própria liberdade.
Estando atentos, apercebemo-nos de um certo indiferentismo social, de um “deixar correr”, que vai das coisas mais simples às mais significativas, até à ordem do mundo espiritual. Indiferentismo, será, assim, um modo de estar “não estando”, onde “tanto faz”, numa vida incolor. Numa linha de indiferentismo, as opções retardam, o pensar a vida na sua grandeza dignificante esbate-se, o objectivo e o ideal perdem-se. Este é um dos gravíssimos problemas da sociedade actual; e as instâncias que caminham na área social ou da cultura sentem diariamente que a mensagem não passa, pois uma indiferença perturbante vai alastrando.
O laicismo exige uma compreensão profunda das suas raízes. A Jornada também pretende isso mesmo: revisitar estes conceitos como atitudes de vida.
Existe uma laicidade do crente que é pura, provinda da secularização. Trata-se do reconhecimento do valor das realidades terrestres e de que tudo quanto é bom contém sementes do Verbo; e não é “tirar o terreno da Igreja” – temos de redescobrir isto para conseguir falar com o mundo! Já o laicismo contém em si um carácter turvo, ideológico, perturbador, intencional, asfixiante da pureza dos valores e virtudes.
(Para ler toda a entrevista, clique aqui)

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Picasa D. Manuel Trindade Salgueiro
CENTRO DA CIDADE DE ÍLHAVO
No centro da cidade de Ílhavo, domina um jardim, onde sobressai a estátua a D. Manuel Trindade Salgueiro, que foi Arcebispo de Évora. Quem vai a Ílhavo, não pode deixar de passar por este jardim para desfrutar de uns momentos de descontracção.

Novos selos de João Paulo II em Novembro

Posted by Picasa João Paulo II João Paulo II vai voltar a ser figura de uma emissão filatélica no Vaticano, a 10 de Novembro. Nessa data sairá uma série de três selos dedicados às últimas viagens pastorais realizadas pelo Papa polaco antes da sua morte.
Ao longo de 26 anos e meio de pontificado, João Paulo II realizou 104 viagens apostólicas, visitando 129 países diferentes. Periodicamente, o departamento filatélico e numismático do Estado da Cidade do Vaticano comemorava as viagens com o lançamento de uma série de selos.
A próxima série, relativa às viagens do ano passado, concluem esta longa sequência de comemorações filatélicas. Os novos selos lembrarão a visita a Berna, na Suíça (5 e 6 de Junho de 2004), e em seguida a dois dos Santuários Marianos mais importantes da Europa: Lourdes (14 e 15 de Agosto de 2004) e Loreto (5 de Setembro de 2004).
Os três selos custarão, respectivamente, 0.45, 0.80 e 2.00 Euros. Todos mostrarão em primeiro plano o rosto de João Paulo II.Nessa mesma data será ainda emitida uma séries de selos relativa ao recente Sínodo dos Bispos.
Fonte: ECCLESIA

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Um artigo de Alexandre Cruz

Univer(sal)idades A liberdade no Mundo 1. Só haverá liberdade no pressuposto da verdade. Desta derivam a responsabilidade e dignidade humanas. A liberdade por isso, por muito que custe a algumas ideias menos ‘livres’, não pode caminhar à deriva, sem fronteiras como o vento, como se de uma simples vontade (só pessoal, individualista) se tratasse, fazendo o que apetece “sem ninguém ter nada a ver com isso.” Reparemos e apreciemos aqueles que foram dando de si por um mundo mais livre; esses, portadores da chama da Verdade trouxeram para o mundo ‘o futuro’, assumindo nas suas entranhas até ao sangue a ca(u)sa de todos, dando por ela a própria vida. Entre tantas outras figuras marcantes, onde a humildade do serviço se faz vida diária e nunca o lema é preocupação de prestígio que perdure, está ROSA PARKS, pioneira dos Direitos Cívicos na América. Morreu (a 24 de Outubro) com 92 anos a mulher que abriu novas portas nos caminhos da dignidade humana. Fica para os anais da história o gesto corajoso desta costureira negra do Alabama que a 1 de Dezembro de 1955 recusou ceder o lugar num autocarro a um passageiro branco. Sendo esta cedência uma norma legal (numa limitada e comovente visão de segregação dos negros nos EUA), esse gesto de irreverência ficaria como ícone de um ponto de partida para uma reviravolta de consciência humana posterior. Rosa Parks, a cuja memória a América prestou mais uma homenagem nesta hora da ‘despedida’, pelo seu exemplo ‘simples’ provocara uma revolta popular sem precedentes liderada na época já pelo Pastor (ainda desconhecido ao tempo) Martin Luther King, este que pelo “sonho” viria a ‘dar a vida’ por uma plena liberdade e dignidade que o seu próprio assassinato em Memphis proporcionou em 1968. Sobre a situação da prisão, escreveu Luther King (em 1958): “A prisão de Parker foi o factor que fez precipitar o protesto, e não a causa. A causa era mais profunda. Tinha a ver com a tradição de injustiças semelhantes àquela por que passou Rosa Parks.” Tendo sido coroada em Novembro de 1999 com a “Medalha da Liberdade dos EUA” (em Detroit), a reclusa nº 7053 por não ter cedido o lugar no autocarro e grande lutadora do Movimento pelos Direitos Cívicos dos anos 50-60, recebeu de Bill Clinton a admiração: “Era uma mulher de grande coragem, graça e dignidade!” 2. Relembrar os brilhantes exemplos de vidas dadas ao serviço move-nos para uma visão de como vão estes caminhos de liberdade e dignidade no mundo actual. Que ideais, que educação para eles e que distâncias do “sonho”?! E ao falar da “liberdade”, hoje, para as mais altas instâncias com preocupações quer humanitárias quer em termos de reflexão sobre os “porquês…?”, torna-se imperativo o colocar no mapa da questão sobre “como vai a liberdade religiosa no mundo?” Sendo que, ao perguntarmos desta forma, aproximamo-nos tanto de alguns problemáticos fundamentalismos religiosos como de ditaduras de estados com imposição ideológica. Vai-se tornando cada vez mais claro que na aproximação às Sociedades e Comunidades Humanas a chave de leitura da liberdade religiosa (no seu respeito ou na sua rejeição) faz vir à ribalta os índices de maturidade humana, de gestão sócio-política e colectiva justa para com todos. Quando não há um horizonte social de liberdade religiosa assumida inteiramente na sua essência e nos seus efeitos sociais criativos é porque a maturidade humana e política plena ainda não está totalmente atingida. E não pensemos só nos países longínquos…também bem mais perto há sinais de menoridades ideológicas, que na sombra movem montanhas para limitar ao silêncio essenciais referências patrimoniais comuns… A FAIS - Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (http://www.fundacao-ais.pt), criada em 1947 (no contexto pós-Guerra) tem proporcionado um trabalho da maior importância, apresentando novamente este ano o RELATÓRIO 2005 SOBRE A LIBERDADE RELIGIOSA NO MUNDO. Trata-se de uma abordagem e denúncia de situações de perseguição, tortura, martírio…pela não vivência da liberdade religiosa, sintoma claro de imaturidade humana a compreender, estudar, perceber e procurar desenvolver luzes iluminadoras, hoje globais. Sendo a Ásia o continente com mais tensões religiosas (não necessariamente em contextos de Cristianismo), no Irão, Paquistão, Arábia Saudita, a perseguição atinge níveis de tortura e morte. Iraque, Sri Lanka, Quénia, Nigéria, Índia, China, Coreia do Norte (aqui com 300 mil cristãos simplesmente desaparecidos sem deixar rasto nestes últimos 50 anos), são alguns dos países nomeados pela negativa nesta matéria. Como claramente sublinha o brilhante teólogo Hans Kung, na sua magnífica obra “Projecto para Uma Ética Mundial”, não haverá paz na Humanidade sem uma liberdade religiosa assumida e vivida por todas as instâncias. Apesar do alarme da Gripe das Aves, é importante compreender mais a humanidade nos seus fundamentos mais profundos…para uma melhor gestão de todas as forças para uma LIBERDADE plena. Este sonho, na Aldeia de todos nós!