segunda-feira, 18 de julho de 2005

CÁRITAS DIOCESANA DE AVEIRO PROMOVE COMUNIDADE CIGANA

Posted by Picasa Diácono José Alves NOVAS SENDAS abrem novos horizontes
"NOVAS SENDAS" é um projecto dinamizado pelas Cáritas Diocesana de Aveiro e destinado à promoção das comunidades ciganas dos três Bairros do lugar de Ervideiros, às portas da cidade. Insere-se no Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social e propõe-se "ir ao encontro das populações locais em situação de dificuldades e de exclusão social", garantiu ao SOLIDARIEDADE o diácono permanente José Alves, presidente da Cáritas Diocesana.
(Para ler toda a entrevista, clique SOLIDARIEDADE)

Nas férias, dê espaço a Deus

As férias, de ricos e de pobres, não podem ser apenas diversão e descanso
As férias, de ricos e de pobres, não podem ser apenas diversão e descanso. Nem só cultura, com leituras, música, convívio com a natureza e conversas com amigos e familiares. O encontro com Deus também pode e deve ser uma opção para os crentes e até para os indiferentes e não crentes que ainda não desistiram de O descobrir. A pastoral de férias, dinamizada pelo Bispo de Aveiro nas praias e termas da área diocesana, pode ser uma excelente oportunidade para sentir Deus e para com Ele se dialogar, com mais serenidade, no sentido de O associar à vida. D. António Marcelino, que há muitos anos vai até junto dos veraneantes, sejam eles seus diocesanos ou de outras dioceses, sabe e sente, decerto, que há sempre alguém disposto a ouvi-lo e a conversar com ele, precisamente em tempo de férias, altura em que, se todos quiserem, há horas para tudo. Também para Deus. F.M.
D. António Marcelino Bispo de Aveiro anima
pastoral de Verão O Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, vai animar, no mês de Agosto, à semelhança dos anos anteriores, a pastoral de Verão, nas praias e termas da área diocesana. O tema a desenvolver neste Ano da Eucaristia será, naturalmente, “Depois da Eucaristia, o que se espera do cristão que nela participou?”. Valores que comporta, atitudes que inspira e propósitos que suscita também serão motivo de reflexão e de diálogo com D. António Marcelino, esperando-se a participação de muitos veraneantes e residentes, nos dias indicados a seguir: TORREIRA - Celebração da Eucaristia: 6 e 7 de Agosto - Encontro de reflexão: 10 de Agosto S. JACINTO - Celebração da Eucaristia: 7 de Agosto PRAIAS DA BARRA E COSTA NOVA - Celebração da Eucaristia: 13 e 14 de Agosto - Encontro de reflexão: Praia da Barra, 17 de Agosto; Costa Nova, 18 de Agosto TERMAS DA CURIA (Junta de Turismo) - Encontro de reflexão: 11 de Agosto e 25 de Agosto PRAIA DA VAGUEIRA
- Celebração da Eucaristia: Igreja da Boa Hora, 20 de Agosto, 19 horas - Encontro de reflexão: Praia, 24 de Agosto NB: As celebrações são às horas habituais; os encontros são às 21.30 horas.

UNIDOS PELA EUROPA

Precisamos de uma Europa preparada para o futuro
“Por estes dias terão já começado as férias de Verão em muitos países. Muitos de nós desfrutamos as belezas da nossa Europa, sem controlos fronteiriços e, em muitos casos, sem sequer ter de trocar divisas. Não será esta porventura uma ocasião prática para avaliarmos como todos podemos beneficiar com a União Europeia? Eis uma coisa a que não queremos, seguramente, renunciar. Temos de aproveitar a oportunidade que nos oferece esta Europa comum e unida, para assumir as nossas responsabilidades para com as gerações vindouras.” Os Presidentes de Portugal, Jorge Sampaio; da Alemanha, Horst Köhler; da Áustria, Heinz Fischer; da Finlândia, Tarja Halonen; da Itália, Carlo Azeglio Ciampi; da Letónia, Vaira Vike-Freiberga; e da Polónia, Aleksander Kwasniewski subscreveram, em conjunto, de forma inédita, um texto sobre a União Europeia, que foi publicado nos respectivos países. Os Presidentes reconheceram que a maioria apoia o projecto europeu, mas “está descontente com a forma como este se tem vindo a desenvolver”, sentindo-se “excluída não só das decisões mais relevantes para o seu futuro, como das que têm incidência directa no seu dia-a-dia”. Dizem que os principais assuntos europeus “não são suficientemente debatidos antes de as decisões serem tomadas”, enquanto denunciam que “os altos níveis de desemprego e o fraco crescimento económico levam a que muitos cidadãos estejam preocupados com o seu futuro”. Reclamam que a nossa prioridade deve ser “a de melhorar a confiança nas políticas europeias”, assegurando que “são claros para todos os cidadãos os benefícios que a integração encerra, o funcionamento da União Europeia, as suas realizações, o rumo que segue e a sua razão de ser”. O texto conjunto lembra os momentos difíceis que a Europa atravessa, mas assegura que “não há nenhum motivo para duvidar da bondade do projecto europeu”. Por isso, sublinha que a “União Europeia trouxe aos Estados e aos povos que congrega: uma crescente prosperidade e uma força económica que permitem influenciar a globalização, mas também a liberdade, variadíssimos direitos e, acima de tudo, a segurança, longe da guerra e da opressão”. Depois de referirem que a União Europeia é mais do que uma zona de comércio livre, os Presidentes frisam que chegou o momento de ponderar serenamente sobre a forma de dar rumo ao navio europeu, pelo que precisamos: - de uma União Europeia mais democrática, mais transparente e mais eficiente, não só no nosso próprio interesse, mas também para afirmarmos o nosso lugar na globalização; - de mecanismos que promovam a participação dos cidadãos no projecto europeu, associando-os à sua concretização e aos seus progressos; por conseguinte, devemos reflectir sobre a forma de possibilitar aos cidadãos europeus exprimirem-se em conjunto sobre as questões europeias; - de uma cooperação mais estreita em matérias de segurança e do combate ao terrorismo, como os recentes ataques terroristas vieram demonstrar uma vez mais; - de uma maior disponibilidade para fazer concessões e de nos mostrarmos mais solidários. Aqui reside a pedra angular do projecto europeu, que, também ela, interessa a cada um dos Estados-membros; - de uma Europa preparada para o futuro, através do investimento no que faz a força da Europa: inovação, comunicação, educação e investigação. Há que examinar as nossas contribuições para Bruxelas e a forma como são gastas. É necessário – e consegui-lo-emos – obter um acordo atempado nesta matéria. Aproveitemos o período de reflexão e não percamos a coragem, dando ao invés provas de tenacidade e de engenho. Fernando Martins

Um livro de Maria de Lourdes Pintasilgo

“PALAVRAS DADAS” Não tenho por hábito falar ou escrever sobre livros (ou do que quer que seja) que não conheço. Porém, não resisto à necessidade que sinto de escrever sobre uma MULHER (com letras maiúsculas, como se vê) que muito admirei: Maria de Lourdes Pintasilgo. Hoje e só porque foi lançado um livro, “PALAVRAS DADAS”, que inclui textos por si escritos antes da sua morte.
A obra foi apresentada em Lisboa, como revela António Marujo, no “PÚBLICO”, e merece, decerto, ser lida por toda a gente que cultiva e vive o gosto pela justiça, pela solidariedade e por uma nova ordem social, que ela tanto proclamou e defendeu, ao longo da sua vida, quer entre nós, quer em grandes organizações internacionais, que liderou ou nelas se empenhou vivamente. “PALAVRAS DADAS” é, no fundo, um conjunto de temas diversos, nomeadamente: ética, religião e teologia; problemas sociais, económicos e políticos; engenharia, música ou poesia, “lutas, conseguimentos e inquietudes”; países visitados e revelações históricas contemporâneas. No dizer de Rui Vilar, presidente da Fundação Gulbenkian, que apresentou a obra, “PALAVRAS DADAS” mostra o “desassombro da franqueza” de Maria de Lourdes Pintasilgo. Mas ainda sublinhou que a antiga primeiro-ministro de Portugal soube “viver este tempo de mudanças rápidas e profundas”, conciliando “energia e lucidez perante a pressão das escolhas”, e antecipando “novos caminhos e novas alternativas para os problemas que persistem”, pôde ler-se no “PÚBLICO” de sexta-feira. Fernando Martins

Quem marca a agenda dos media?

Quem marca a agenda dos jornais, rádios e televisões? Por que é que as notícias são tão semelhantes em todos os media? E o que explica que as mesmas notícias sejam tantas vezes repetidas em diversos espaços informativos, nos mesmos canais de televisão? Por que é que o jornalismo de investigação quase desapareceu das redacções? Este é o tema central do próximo CJ na TV, a transmitir 2.ª feira, dia 18, às 23 e 30, com repetição na 5.ª feira, dia 21, às 15 horas. O debate, moderado por Estrela Serrano, conta com a presença do jornalista e investigador Dinis Alves, do editor da RTP Fernando Barata e do editor do "Jornal de Notícias" Paulo Martins. Em depoimentos gravados juntam-se ao debate, Ricardo Costa, director de Informação da SIC Notícias, e António Pratas, chefe de Redacção da TVI. Marcar a agenda dos media constitui, nas sociedades mediatizadas dos nossos dias, uma forma de poder, porque se os media não nos dizem como pensar dizem-nos, pelo menos, sobre o que pensar. Com base em casos concretos, de notícias tratadas por jornais nacionais e regionais, retomadas depois pelas televisões, por vezes sem menção da fonte, são discutidos os critérios que orientam as escolhas dos jornalistas sobre o que é notícia. O funcionamento das redacções, as rotinas na produção de notícias, constrangimentos de tempo, redução de custos, mobilidade das audiências são algumas das razões apresentadas como podendo explicar os mimetismos verificados nas agendas dos media. Opiniões de jornalistas de televisão sobre esses mimetismos e sobre a maneira como vêem o seu trabalho, as críticas que recebem, a sua origem e a atenção que lhes dedicam, a capacidade de iniciativa no tratamento de temas e o papel das chefias, são outros aspectos do problema, analisados no debate.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

FOTOS DE FÉRIAS - 11

Museu do Piódão: Gerador eléctrico 

Gerador movido a vento 

No Museu do Piódão, pode ser apreciado um gerador para produção de energia eléctrica, movido pela força do vento. Foi um antepassado das modernas torres eólicas, que já se vêem pela Serra do Açor e por muitas outras. Diz-se que servia no Piódão para alimentar as poucas telefonias que existiam na aldeia.

FOTOS DE FÉRIAS - 10

Posted by Picasa Piódão: Igreja Matriz Igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição
A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, ostenta uma fachada principal muito original, com quatro torres, encimadas por cones, que lhe emprestam uma beleza rara. Com senão, o facto de não ser visível o material da região, o xisto, bem patente nas demais construções da aldeia.

FOTOS DE FÉRIAS - 9

Piódão: Casa imponente com vários pisos


Casas imponentes

O casario de Piódão não se limita a casas simples. Por aqui e por ali há casas imponentes de vários pisos, que indiciam uma classe mais abastada da aldeia.

FOTOS DE FÉRIAS - 8

Posted by Picasa Piódão: casas dispersas Casas dispersas
Para além do aglomerado, há casas um pouco dispersas que mantêm a mesma originalidade. A aldeia não se limita ao aglomerado histórico.

FOTOS DE FÉRIAS - 7

Posted by Picasa Piódão: rua estreita Rua estreita
As ruas, por onde o visitante pode e deve circular, são estreitas e empedradas. Onde é possível, a vegetação consegue nascer e viver no meio das pedras.

Núcleo Museológico do Piódão

Posted by Picasa Um aspecto do museu As raízes de um povo entroncam
na sua memória colectiva Fazer turismo, para mim, é passar obrigatoriamente, com olhos de ver e ouvidos para ouvir, pelos museus, é visitar e apreciar monumentos, é conhecer a história das povoações, é indagar das suas raízes. No Piódão, não podia deixar de visitar o Núcleo Museológico e de contemplar todo o seu acervo, como quem saboreia delicioso petisco. “As raízes de um povo entroncam na sua memória colectiva”, lê-se no desdobrável promocional do Núcleo Museológico, e é verdade. Quem não entender isto não vai longe no seu amor à terra em que nasceu. Mas o povo de Piódão sabe que, para construir o seu presente e o seu futuro, não pode prescindir do seu passado colectivo. E para mostrar a importância desse passado, tem o seu Museu, que a Câmara Municipal de Arganil ajudou e ajuda a manter, com todo o rigor etnográfico. O Núcleo Museológico fica logo à entrada da povoação, no Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, que foi pároco e em Piódão fundou um colégio, que funcionou entre 1886 e 1906. Este colégio, que muitos consideram ter sido também um Seminário, foi um grande centro cultural que serviu toda a região. O espaço museológico está organizado em três núcleos temáticos: “ Olhar dos Outros”, isto é, o modo como os artistas (pintores, escritores, escultores, entre outros) sentiram e sentem estas terras e estas gentes, a serra e os seus recantos; “Uma História cheia de Estórias”, onde mouros e bandidos, médicos e mestres barbeiros, ali são recordados; e “Vida Quotidiana (A casa e a terra)”, com as tradições, os usos e costumes e o modo de vida das pessoas, como testemunho de tempos distantes e … também não muito distantes. No mesmo desdobrável, leio que “uma cultura só permanece viva enquanto houver um conjunto significativo de actos, objectos e histórias reconhecíveis por todos como pertencendo a um legado comum. Esta herança identitária (…) é a base da coesão comunitária, o cimento sobre o qual se podem, com segurança, erguer os alicerces que estão para vir”. Concordo. Fernando Martins Dois registos, patentes no Museu: Piódão, 7 de Abril de 1991 “Com o protesto do corpo doente pelos safanões tormentosos da longa caminhada, vim aqui despedir-me do Portugal primevo. Já o fiz das outras imagens da sua configuração adulta. Faltava-me esta do ovo embrionário” Miguel Torga, in Diário XVI
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E agora Que o frio Deixou vazio Todo o espaço… O traço do tempo Que vejo e vedes Fica mais claro Por detrás destas paredes Agora Deuses da montanha Adormecidos Sem lamentos Dizei-nos da vossa luz Soprai-nos dos vossos ventos Hélio Gomes (Poeta e escultor)

PIÓDÃO: Aldeia Histórica que merece uma visita

Aspecto da aldeia

Passagem obrigatória 
para turista que preza a cultura

De Arganil, rumei a Piódão, uma Aldeia Histórica que é uma referência nacional. Foram 41 quilómetros, por estrada que serpenteia a Serra do Açor, do cimo da qual se pode apreciar um panorama único, pela verdura que o enche e pelos desfiladeiros que atemorizam o viajante mais destemido. Por aqui e por ali, casebres abandonados, de xisto, e, lá no alto, as torres que aproveitam a energia eólica. Nem vivalma pelo caminho. Apenas a serenidade e a beleza do ambiente, o ar puro que desentope os brônquios e a alma a sentir-se livre e a querer voar para chegar ao infinito. Depois, ao longe, ao virar de uma esquina serrana, meta à vista, com o casario da aldeia, como um bloco único de xisto.
Piódão é uma aldeia que não pode deixar de fazer parte de qualquer roteiro turístico para quem busca raízes ancestrais. A fundação do povoado data de 1676 e mantém, ainda hoje, as características da região, com uma fidelidade que impressiona. Povoamento concentrado de montanha, numa encosta e em ladeira, casas de xisto, ruas pedestres estreitas e tortuosas, regatos que escorrem por leito de pedra, flores e hortas em recantos aproveitados, tudo nos mostra o labor harmonioso de gente que através de séculos e séculos ali se fixou.
Hoje, Piódão tem apenas 60 moradores, seis dos quais são crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 4 anos. A Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico, que no presente ano lectivo teve um só aluno, filho do próprio professor, dali natural, vai encerrar. Mas a vida continua na aldeia, com gente que emigra e que volta, com gente que a visita, que o turismo, agora, é uma das principais fontes de receita.
Nesta aldeia histórica, servida por ligações rodoviárias, há alojamentos, cafés e restaurantes, onde ainda é possível apreciar o cabrito assado e a chanfana, tendo a tigelada, o pão-de-ló, as filhós e os coscoréis como boas sobremesas. O licor de mel e a aguardente de medronho, que dizem ser bons digestivos, e o mel, de produção regional e local, são excelentes.
Durante os percursos turísticos, feitos por ruas e ruelas, de empedrados irregulares, podemos apreciar, para além do casario que domina tudo, a Capela das Almas (1852), a Capela de São Pedro (1838), padroeiro da povoação, a Capela de São João (da primeira década do século XVII), e a Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, edifício setecentista, que foi reconstruída no século XIX, tendo como autor do projecto o Cónego Manuel Fernandes Nogueira. Junto à matriz há casas datadas de 1869.
Como curiosidade história, aponta-se o facto de Diogo Lopes Pacheco (estes apelidos ainda hoje existem na aldeia), conselheiro de D. Afonso IV e que contribuiu para o assassínio de D. Inês de Castro, se ter refugiado em Piódão. Também se diz que o célebre salteador e assassino João Brandão, que atacava de noite os povos da região, se escondia de dia em casa do pároco.
O Núcleo Museológico do Piódão, que merece um texto à parte, é lugar de passagem obrigatória para o turista que preza a cultura.

Fernando Martins


quinta-feira, 14 de julho de 2005

FOTOS DE FÉRIAS - 6

  
Aspecto do "Consultório" do Dr. Adolfo Rocha

No Hospital de Arganil procurámos o “Consultório” do Dr. Adolfo Rocha. Não foi difícil. Já sabíamos que ele estava lá, mas não sabíamos em que espaço. À nossa pergunta, uma transeunte respondeu logo: "No portão de ferro, lateral, logo à entrada, lá encontra o “Consultório” de Miguel Torga." E assim foi. Quem conhece a obra de Miguel Torga, sabe que ele trabalhou em Arganil alguns anos e que sempre ficou indelevelmente ligado à terra e suas gentes. A foto mostra o possível e na base, em placa explicativa, pode ler-se: 

“Material doado pelo Doutor Adolfo Rocha (Miguel Torga) 
ao Hospital de Arganil, onde trabalhou muitos anos.”

FOTOS DE FÉRIAS - 5

Posted by Picasa Busto do Dr. Fernando Vale
O Dr. Fernando Vale, falecido, no ano passado, com 104 anos, foi fundador do PS e seu presidente honorário. Médico respeitado por todos, foi também lutador antifascista e arauto de causas justas, o que fez dele um símbolo da dignidade e da frontalidade cívicas. O seu busto recebeu uma frase cheia de significado do também médico e escritor Miguel Torga, que reza assim: “Nenhuma prepotência o vergou e desviou do recto caminho cívico da justiça e da liberdade.”

ARGANIL: um pedaço do nosso passado

Rua de Arganil
Arganil, com registo de nascimento anterior à nacionalidade portuguesa (o seu primeiro foral data de 1114 e foi-lhe concedido por D. Gonçalo, Bispo de Coimbra), é um pedaço do nosso passado colectivo e da nossa cultura. A sua beleza é indiscutível, ou não fosse a vila envolvida por serranias a perder de vista, com penhascos de recorte caprichoso a oferecerem-lhe e a oferecerem-nos paisagens inesquecíveis. 
Da sua história, respigamos a necrópole megalítica da Lomba do Canho, que uma guarnição romana ocupou muitos séculos depois, o Mosteiro de Arganil, de que se fala desde 1086, as festas e inúmeros monumentos de épocas diversas, e a gastronomia, de sempre: o cabrito assado, o arroz de miúdos, o pão caseiro e a tigelada, decerto criada no Mosteiro de Folques, no século XVII. 
Logo à entrada, recebe-nos a capela de S. Pedro (dos finais do século XIII), verdadeira jóia do Gótico. Fechada ao público, só pudemos apreciar o seu exterior, o mesmo tendo acontecido com a matriz. Já a igreja da Misericórdia, pequena e bonita, com o seu altar e trono a surpreenderem-nos pela singularidade da beleza que ostentam, encantou-nos. Um órgão de tubos, enorme em relação ao templo, afinado e com óptimo som, como nos testemunhou uma devota residente, e o púlpito de antanho exibem o cuidado com que tudo ali é tratado. 
Arganil foi, para nós, terra de passagem, em busca de aldeias históricas. Mas nem por isso quisemos deixar de apreciar o possível. Vimos, então, na zona mais antiga, ruas estreitas, como mandavam as exigências dessas épocas, com gente que ciranda, por aqui e por ali, como nós, que compra e vende, que descansa em esplanadas olhando o burburinho e o corre-corre de muitos, cruzando pequenas mas acolhedoras praças. 
Passagem obrigatória para quem gosto de coisas do nosso passado colectivo é o Museu Etnográfico de Arganil, paredes-meias com o posto de turismo e integrando a Casa Municipal da Cultura. Este projecto nasceu na Câmara Municipal e teve como finalidade “salvar do esquecimento e do pó (para benefício das gerações futuras) as raízes culturais desta região – os hábitos e os objectos que formam a memória colectiva dos povos da Beira Serra”, como se lê em folheto promocional. 
O espaço museológico é preenchido por diversos temas: O Ciclo da Subsistência (Agricultura e criação de gado), A Vida Familiar (A casa), A Sobrevivência económica (Artes e profissões tradicionais) e Últimas décadas (A agonia da Serra). Existe, ainda, uma área destinada a exposições temáticas temporárias. Depois, e sempre a correr, fomos à cata do Dr. Fernando Vale e de Miguel Torga. 

Fernando Martins