quinta-feira, 16 de junho de 2005

Refugiados, prioridade para o mundo

António Guterres tomou posse esta quarta-feira como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, um dos mais importantes e prestigiados cargos humanitários internacionais.
O Alto Comissariado abrange sob o seu mandato 17 milhões de pessoas que necessitam de protecção internacional. Tem cerca de 6000 funcionários cujo trabalho se divide por mais de 115 países e o seu orçamento para 2005 ultrapassa mil milhões de dólares. Ao longo dos seus 50 anos de existência, a agência foi distinguida com dois Prémios Nobel. Dirigindo-se ao seu novo staff, Guterres afirmou que assume o lugar com convicção, humildade e entusiasmo: "Convicção, porque acredito realmente nos valores que norteiam esta agência e quero lutar para que prevaleçam em todo o Mundo. Humildade, porque tenho muito que aprender e dependo de todos vós para o conseguir. Entusiasmo, porque não seria capaz de escolher uma causa mais nobre para por ela lutar”.
Em comunicado, foi confirmada a visita prevista de António Guterres, no próximo dia 20, a um campo de refugiados no norte do Uganda, por ocasião do Dia Internacional do Refugiado, dedicado este ano ao tema da "coragem".
Considerando o tema especialmente adequado, António Guterres relembra que nos últimos 50 anos o ACNUR apoiou já mais de 50 milhões de pessoas afectadas por conflitos e desastres naturais.
As prioridades de António Guterres são: responder às crises do continente africano, reforçar os meios disponíveis para apoiar refugiados e consolidar o apoio financeiro internacional. "A comunidade internacional não está suficiente desperta para os gravíssimos problemas existentes no continente africano. Grande parte dos problemas das Nações Unidas em África estão a ser subfinanciados", afirmou.
Citando os casos do Burundi e Ruanda e do Uzbequistão e Quirguistão, António Guterres alertou igualmente para o facto de "se estar a tornar um hábito" dois governos "acordarem entre si a violação do direito internacional e em repatriarem pessoas que estão a pedir asilo sem a avaliação dos casos."
Isto é inaceitável e temos um certo receio que esta moda possa começar a generalizar-se numa violação clara dos direitos humanos e do direito internacional", sustentou.
Criado em 14 de Dezembro de 1950, o ACNUR iniciou as suas actividades em Janeiro de 1951, com um mandato de três anos para ajudar os 1,2 milhões de refugiados europeus que ficaram sem casa após a II Guerra Mundial.
Fonte: Ecclesia

Para pensar: FOME NO MUNDO

Laura Melo, porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM) para África, disse, em entrevista à “VISÃO” desta semana, que “São cerca de 852 milhões as pessoas que vão para a cama com a barriga vazia. Em cada cinco segundos, morre uma criança de fome ou de doença associada a ela. Mas os casos extremos, em que a pessoa já está em situação de emergência, são apenas 8% a 10% do total. Quer isto dizer que a grande maioria está longe dos ecrãs de televisão e das notícias, a sofrer em silêncio. E, infelizmente, estes números têm vindo a subir. Ainda no ano passado falávamos em 800 milhões… É importante saber-se que a fome e os seus efeitos são a principal causa de morte no mundo. Mata mais do que a malária, a tuberculose e a sida juntas.”

“O Projecto Europeu e a importância do Tratado Constitucional”

No próximo sábado, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), junto à Universidade de Aveiro, vai realizar-se uma Jornada, entre as 9.30 e as 13 horas, sobre “O Projecto Europeu e a importância do Tratado Constitucional”. A organização é da Fundação Sal da Terra e Luz do Mundo, a qual conta com as parcerias da Comissão Diocesana Justiça e Paz e do CUFC. Intervém, como convidado, Luís Lobo Fernandes, titular da Cátedra Jean Monnet de Integração Política Europeia e Director da Secção de Ciências Políticas e Relações Internacionais. Porque “A Europa é, antes de mais, uma estrutura intelectual e um projecto histórico carregado de ambivalências, mas também de criatividade”, como se sublinha no desdobrável de divulgação desta iniciativa, aberta a todos os interessados, importa referir que é de grande vantagem a participação de todos os que se preocupam por estas questões, numa altura em que o problema do Tratado Constitucional da UE está a ser posto em causa.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Um artigo de António Rego

O PACTO DOS POETAS
Temendo que no alarido da morte possa deixar esmorecida a voz dos poetas, ficarei por Eugénio de Andrade na trilogia dos que, nestes dias de Junho, deixaram as páginas vivas da nossa história recente.
Desde jovem me habituei a sentir a sua voz melancólica na poesia “que prefere a pobreza ao luxo, a simplicidade à complicação” como ele diz dum outro poeta querendo dizer de si próprio. Refiro-me ao texto de Eugénio de Andrade no posfácio do livro De igual para igual de José Tolentino Mendonça. Percebi, nessa leitura atenta e agora revisitada, que o pacto destes dois poetas vai para muito além do campo das letras. Há uma comunhão de procuras nos oceanos em que apenas os poetas sabem navegar. Eugénio de Andrade encanta-se com a “inocência e sabedoria” na citação que faz de Tolentino de Mendonça:
Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios.
- Em que tempo? – pergunta Eugénio de Andrade? “Provavelmente em todos os tempos. Isto é, na infância de cada um de nós, nessa infância que todo o ser humano arrecada para que a poesia um dia aí faça o seu ninho”. E volta a citar o autor de Baldios: “A poesia é o lugar desse tempo interior, ciciado, secreto”. Eugénio de Andrade embala-se nesta expressão austera e acrescenta: “A frase é densa, carregada de sentidos, de presságios. É como se falasse de um lugar antiquíssimo, onde cada gesto, cada balbucio cada som procurasse dar sinal de um deus (ou de Deus) àqueles que o escutam. As suas palavras são as de uma alma atravessada pelo espanto de uma presença.”
Sei que com esta colagem de palavras corro o risco não só de profanar a poesia, como também de trair o que os poetas, na sua profética sabedoria, perscrutam do indizível de vida. Mas na morte de Eugénio de Andrade apraz-me encontrá-lo de mãos dadas com jovens poetas numa procura misteriosa da presença de Deus: “mas quando tombei sobre a terra perdido como o fio de um cabelo... estavas junto de mim”.
Dos que quase em simultâneo partiram: Gonçalves, Cunhal e Andrade, demoro-me no poeta. Por ele os sinos não dobraram tanto. Mas o seu dobrar, quase em pianíssimo, é o que mais se assemelha à eternidade.
Que a sua voz se não perca nos ruídos que a morte sempre suscita. Refiro-me ao concerto transcendente dos poetas porque, nos muitos dizeres da morte cai, por vezes, na sombra, a essência da vida.

Portugueses infelizes?

Segundo o Eurobarómetro, os portugueses são dos que, na UE, menos se interessam pela política e dos que mais se manifestam infelizes com a vida que levam, logo depois dos povos de cinco novos Estados-membros. E quanto à religiosidade, os portugueses são dos que se declaram mais crentes. Pensando bem, estes valores devem mesmo estar certos. Pelo menos, é essa a sensação que tenho de conversas mantidas com muita gente. A ignorância política é demasiado conhecida. Acho que os portugueses gostam pouco de pensar a política, optando, habitualmente, por se deixarem guiar pelos líderes políticos. A cegueira e os interesses partidários (de todos os partidos, claro) são confrangedoramente notórios, em muitos casos, contribuindo para o deficiente envolvimento do povo, em minha opinião. E sobre a infelicidade que tantos sentem, penso que isso deve estar ligado às incertezas do futuro, à luta terrível pela sobrevivência a todos os níveis, às expectativas criadas pelas pessoas e difíceis de alcançar. A cultura do ter, em detrimento do ser, leva muita gente a ficar deprimida, por não conseguir chegar onde sonhou. A propósito da religiosidade, o estudo revela que os portugueses são dos mais crentes, mas logo esclarece que muitos confessam não dedicar muito tempo a pensar no sentido da vida. Julgo que muitos se declaram crentes por tradição, pela educação religiosa recebida na infância, na família e na catequese, mas também se sabe que bastantes jovens, pouco tempo depois, se afastam da frequência do culto. Cerca de 81 por cento dos portugueses, sublinha o inquérito, dizem acreditar que Deus existe, 12 por cento acreditam na existência de alguma força de vida ou espiritual e apenas seis por cento não crêem em Deus ou em qualquer força espiritual. Sobre a existência de Deus, estão à frente de Portugal, na UE, os malteses, com 95 por cento de crentes, e os cipriotas, com 90 por cento. A média da UE, neste item, é de 52 por cento Em resumo, há muito que fazer no nosso País, quer ao nível da sensibilização para a política, porque os Governos e os seus projectos dependem, essencialmente, da força dos votos dos eleitores. Mas também se torna urgente descobrir, com realismo, as causas da infelicidade de tantos compatriotas nossos. Não creio que seja uma questão genética. Quanto à religiosidade, uma questão sempre em debate no seio da Igreja Católica, penso que é imperioso esclarecer mais sobre a importância da formação da fé e para a fé, apresentar com mais clareza os ensinamentos eclesiais e testemunhar com mais coragem a Boa Nova de Jesus Cristo. Fernando Martins

"Um Contra Todos"

Na RTP há um concurso que devia ser visto por toda a gente. Chama-se “Um Contra Todos” e tem como apresentador José Carlos Malato. No essencial, trata-se de um concorrente em jogo contra 50 adversários, tendo por base cultura geral. Há questões sobre Desporto, Literatura, Geografia, Ciência, Cinema, Artes, Música, Cidadania, Provérbios e História, entre outras. Saído o tema, os adversários têm de responder em seis segundos, ficando depois o principal concorrente de optar por uma de três soluções possíveis, em diálogo com o apresentador, sempre animado, desafiador e interpelante. Não vale a pena entrar em mais pormenores porque, decerto, já todos viram o concurso, tentando, em casa, acertar na resposta correcta. Ora o importante está na oportunidade de todos em casa participarem, em família, testando os seus conhecimentos e recordando ensinamentos recebidos, por vezes, há muitos anos. Mas também adquiridos no dia-a-dia da vida. Perante tanta futilidade das nossas televisões, penso que é bom aproveitar estas ocasiões que se nos deparam, para nos enriquecermos a nível geral. Não raro, ficamos surpreendidos com os nossos próprios conhecimentos e …com a nossa ignorância em muitas matérias. Eu, por exemplo, raramente acertava em Música e músicos da mais recente geração e em realizadores e artistas que protagonizaram muitos filmes. Uns que vi, mas cujos nomes não fixei. Nunca fui dado a esses pormenores. Portanto, penso que será muito bom se a família, à roda da RTP, puder reunir-se para participar, ao serão, no concurso “Um Contra Todos”. Fernando Martins

D. António Marcelino: Padre por paixão

Agência ECCLESIA – Qual é o balanço que faz de 50 anos de vida sacerdotal?
D. António Marcelino – Quando nós nos entregamos a Deus de forma total, abertos às possibilidades que o Senhor nos vai mostrando através da sociedade, a vida é um desafio fascinante.Nós não somos capazes de perceber, na sua totalidade, o mistério do sacerdócio quando somos ordenados. É na confiança que o Senhor depositou em nós e naquela que depositamos nele, que nunca pode falhar, que descobrimos aquilo que é ser Padre.
AE – Que mudou no Pe. António Marcelino desde a sua ordenação?
AM – Percebi desde o princípio que queria ser de Deus e, mais tarde, que a nossa vida em Deus passa pela nossa história humana. 50 anos permitem perceber, agora, que é Deus que nos conduz.O Senhor foi-me tomando pela mão, aqui e ali, nos êxitos e nos fracassos, mas sempre como amigo. Ofereceu-me possibilidades que não imaginava, ao serviço do Evangelho, purificou outras coisas, e é uma aventura apaixonante quando sentimos isso.Eu sonhava ser um pároco na minha diocese, mas há sempre novos horizontes que se abrem e o Senhor foi-me conduzindo de outra maneira.
(Para ler toda a entrevista, clique ECCLESIA)

terça-feira, 14 de junho de 2005

EUGÉNIO DE ANDRADE morreu

Aos 82 anos de idade, morreu, no Porto, ontem, Eugénio de Andrade, pseudónimo literário de José Fontinhas. Nasceu em Póvoa de Atalaia, concelho do Fundão, mas cedo deixou a terra natal, passando por Castelo Branco, Lisboa e Coimbra, até se fixar na cidade invicta. Reconhecido como um dos maiores poetas de Língua Portuguesa, do último século, Eugénio de Andrade cultivava o recolhimento, para melhor viver para a poesia. E assim como viveu, assim quis que o seu funeral se realizasse, hoje, sem qualquer pompa. Com a sua morte, a poesia ficou mais pobre. Mais pobre, apenas porque o poeta, que se identificava tanto com o Porto, não vai escrever mais. A sua poesia, a que nos legou, essa vai ficar para a posteridade, gravada em letras de ouro nas folhas da riquíssima Literatura Portuguesa e da Literatura Universal. Livros como “As mãos e os frutos”, “Obscuro Domínio”, “O Sal da Língua” e “Poesia”, entre outros, ficam connosco, com toda a sua sensibilidade e amor à vida e à natureza, para nos deleitarmos em momentos de busca da beleza que o poeta tão bem soube exprimir em palavras, ritmos e harmonias. F.M. Um poema de Eugénio de Andrade AS PALAVRAS São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras,
orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?

AVEIRO: Jardins vão ficar mais belos

De 15 de Julho a 22 de Setembro, os jardins de Aveiro vão ficar mais belos. Mais belos e com mais vida, por iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro, que aposta em proporcionar melhores condições para que as pessoas passem mais tempo nos espaços verdes. O projecto “Jardins com Vida”, assim se chama o programa idealizado e que vai ser levado à prática pelo Pelouro do Ambiente da autarquia aveirense, vai oferecer motivos para as gentes da cidade dos canais, e não só, usufruírem das zonas verdes, atraídas por iniciativas diversas. Leitura de livros, revistas e jornais, entre outras propostas, serão bons motivos para todos frequentarem, em especial, o Parque da Fonte Nova e os jardins da Baixa de Santo António, cheios de ar puro.

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Morreu ÁLVARO CUNHAL

Aos 91 anos de idade, morreu hoje Álvaro Cunhal, provavelmente o mais mítico político português dos últimos 50 anos. Comunista desde os 17 anos, cedo assumiu a luta pelo socialismo radical, numa perspectiva de o implantar, em Portugal, como única forma, em seu entender, de promover a justiça social entre nós. Independentemente das suas ideias de um projecto político que não aceitava a diversidade partidária (tal como se verificava na ex-União Soviética que fielmente seguia), num plano democrático que mais se coadunava e coaduna com as tradições de respeito pelas convicções dos povos ocidentais, não posso deixar de reconhecer que Álvaro Cunhal foi, sem dúvida, o mais coerente dos dirigentes políticos das últimas décadas, pela maneira intransigente como sempre defendeu os seus ideais, mesmo depois da implosão do comunismo e da queda do muro de Berlim. Foi preso, torturado, perseguido, viveu na clandestinidade e lutou pela liberdade em Portugal e por uma justiça social, a seu modo, merecendo-me, por isso, todo o respeito, apesar de não ser seu seguidor. Pessoalmente, estou convencido de que Álvaro Cunhal não deixou de reconhecer que o comunismo, como sempre o viu e procurou implantar, deixou de fazer sentido nas sociedades ocidentais e até no mundo, por força da incapacidade ou dificuldade de alguns partidos defensores do socialismo extremista em se adaptarem à democracia pluralista. Mas nem assim defraudou os seus seguidores e os que nele viam um “profeta” da justiça social e da igualdade entre todos os homens, numa sociedade sem classes e sob a liderança do proletariado. Foi uma figura carismática, um líder com capacidade para arrastar multidões, um intelectual de grande cultura, um artista (desenhador e escritor) muito sensível, um político com enorme capacidade de adaptação às circunstâncias, um homem coerente até ao fim da vida, face às ideias que desde a juventude aceitou e assumiu, apoiadas num marxismo-leninismo inflexível, que o povo português, na sua grande maioria, nunca aceitou. Fernando Martins

PORTUGAL IMIGRANTE, PORTUGAL TOLERANTE

O já conhecido slogan “Portugal Imigrante, Portugal Tolerante” tem sido muito recordado, entre nós, fundamentalmente para nos dizer que temos de respeitar os imigrantes que trabalham e vivem no nosso País. Respeitá-los, como gostaríamos e gostamos que respeitem os nossos emigrantes, que desde sempre procuraram noutros países e no seio de muitas e variadas gentes melhores condições de vida, é uma obrigação de todos nós. Há muito a ideia, entre certos compatriotas nossos, de que os imigrantes estão a prejudicar Portugal e os portugueses, quando, no fundo, eles só estão a beneficiar-nos a todos. E isto mesmo foi mostrado, no domingo, numa revista que acompanhou o “PÚBLICO”, intitulada “Imigração – os mitos e os factos”. Nela se diz, claramente, que os imigrantes não “vêm ‘roubar’ empregos e fazer baixar os salários”, nem “desgastar a nossa Segurança Social”, vivendo de subsídios. Também não estão associados ao crime, não nos trazem doenças, não são perigosos, não rejeitam Portugal e os portugueses e nem colocam em risco a nossa cultura e as nossas tradições. Por isso, importa respeitá-los e ajudá-los, à medida das nossas capacidades pessoais e colectivas. E se nos lembrarmos de que há 4,5 milhões de emigrantes portugueses espalhados pelo mundo, então temos, realmente, de os apoiar. É que, curiosamente, por cada imigrante que trabalha ou vive no nosso País, há dez emigrantes portugueses no estrangeiro. F.M.

G8 perdoa dívida a países pobres

O G8 (Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá, Japão e Rússia), o grupo dos oito países mais ricos do mundo, resolveu perdoar a dívida dos países mais pobres, estimada em muitos biliões de euros. Com esta medida, poderão ser beneficiados, com cerca de 33 mil milhões de euros, 20 países, 14 dos quais são africanos. Destes, há quatro PALOP (Países Africanos e Língua Oficial Portuguesa), nomeadamente Moçambique, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Angola. Para além dos agora contemplados, há mais 24 na lista de espera. Não se julgue, porém, que esta oferta vai ser feita sem critérios. Os países a beneficiar terão de provar que são capazes de combater a corrupção, de seguir uma boa governação e de assumir projectos de desenvolvimento. Não será fácil, para alguns, fazer prova do que se lhe exige. No entanto, esta foi, em minha opinião, uma medida de largo alcance social e político, se os países pobres passarem a ser estimulados e ajudados. Não há tanta gente pobre a quem tanto se dá e que nunca consegue sair da situação de miséria? Aqui aplica-se o velho ditado do provérbio chinês, de que mais vale dar ao pobre uma cana para pescar, em vez de se lhe dar o peixe. Contudo, de nada servirá a cana, se não se souber pescar e se não houver hábitos de trabalho. F.M.

domingo, 12 de junho de 2005

Ausente, mas sempre presente

Apesar de ausente, por uns dias, voltarei a este meu espaço, sempre que puder, mesmo sem o apoio dos meios técnicos habituais.
Boa semana para todos.

EUROPA FICOU CONNOSCO, no JN

Foi no Mosteiro dos Jerónimos, a 12 de Junho de 1985, que ficou escrito que Portugal iria passar a fazer parte da Comunidade Económica Europeia (CEE), organização que, na época, começava a ganhar balanço para passar de uma estrutura organizativa essencialmente económica para uma comunidade política de países com interesses comuns. Um percurso longo de uma União que atravessa agora uma fase crucial de incertezas quanto ao modelo a seguir. A integração efectiva foi a 1 de Janeiro de 1986.
A Europa estava finalmente connosco, nove anos depois de o PS ter ganho as eleições com o slogan "Europa connosco".
"Foi a maior vitória diplomática do regime democrático". A frase é de Medeiros Ferreira, o ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo constitucional chefiado por Mário Soares, que a 28 de Março de 1977 apresentou o pedido de adesão.
"A estratégia foi centrada na rapidez no pedido e mais tempo para negociação", recorda, ao JN, Medeiros Ferreira, que já não era ministro em 1985. Seria Jaime Gama a assinar o documento, juntamente com o socialista Mário Soares, o chefe do Governo, e o social-democrata Rui Machete, o vice-primeiro-ministro. O ministro da Economia era Ernâni Lopes. Vivia-se então o final do governo de coligação entre o PS e o PSD. Cavaco Silva ganhara a liderança do PSD e a aliança terminara. Quinze dias depois da cerimónia, o presidente da República, Ramalho Eanes, dissolvia o Parlamento e marcaria eleições para Outubro, que ditaram a primeira vitória de Cavaco. Eanes garantira a adesão apesar da crise. E se o novo líder do PSD viria a conduzir o país com as ajudas comunitárias cruciais para o desenvolvimento, Soares ficou na História, como símbolo da europeização.
(Para ler mais, clique JN)

Um artigo de Helena Sacadura Cabral, no DN

A vida para além do défice...
nosso país está a assemelhar-se às velhas famílias de antigamente que, tendo empobrecido, tudo fazem, por pudor, para esconder as dificuldades e dar a impressão de que nada se alterou no seu nível de vida. Com efeito, a classe média - sempre ela, a tal família - perdeu mais de 15% de poder de compra nos últimos quatro anos e nada garante que, nos próximos quatro, a situação não se agrave, tendo em conta o acréscimo do IVA e o aviso prévio de subida média de 2% nos salários da função pública.
Apesar de vários economistas terem chamado a atenção para a cadeia de aumentos nos preços que a adesão ao euro veio provocar, parece que só agora existe clima para se "assumir" o facto. À época, os poucos que se atreveram a dizê-lo foram olhados com desconfiança. Hoje, a média desse aumento estima-se entre 2% e 3%. É claro que também houve benefícios e que eles devem ser contabilizados. Mas tal não justifica que se esconda o Sol com a peneira!
(Para ler o artigo todo, clique DN)