domingo, 9 de janeiro de 2005

IDOSO: livro vivo Ontem, como sublinhámos neste espaço, houve um encontro de idosos para celebrar a Festa dos Reis. Foi um encontro de gerações, com a participação de muitos jovens que se associaram à festa, mas de tudo o que vimos e mais nos sensibilizou foi, sem dúvida a ternura dos menos velhinhos, que souberam dar largas à sua alegria, sem complexos e sem aparentes angústias. Com simplicidade, com naturalidade e em perfeita comunhão. Encontro bonito, no respeito por muitos que são ignorados pelas próprias famílias, nos lares que habitam, merece aplausos e estamos em crer que será sempre uma festa para repetir. É costume dizer-se que um velhinho, quando morre, é um livro vivo que desaparece. Livro que, decerto, poucas vezes terá sido lido, quando a sabedoria que ele contém muito precisava de ser mais conhecida. Sempre gostámos de ouvir os velhinhos, mesmo quando as suas histórias são repetidas vezes sem conta. Deles temos aprendido muito, ou não fossem todos depositários de um saber feito de vida. Que haja festas, que são sempre um ponto de partida para mais nos aproximarmos dos velhinhos, mas que haja também, da nossa parte, um esforço permanente para mais convivermos com eles, em nossas casas, nos lares, nas ruas, onde quer que eles estejam. F.M. De HERMANN HESSE “O que seria de nós, os velhos, se não tivéssemos esse livro ilustrado que é a memória, toda essa riqueza de experiências vividas! Seria uma situação lamentável, seríamos uns miseráveis. Deste modo, porém, somos imensamente ricos e não nos limitamos a arrastar uma carcaça cansada, de encontro ao fim e ao esquecimento; somos guardiães de um tesouro que viverá e resplandecerá enquanto nós próprios respirarmos” Do livro Elogio da Velhice

sábado, 8 de janeiro de 2005

Uma justa medida

IMIGRANTES COM DIREITO A SUBSÍDIO DE DESEMPREGO Os protestos estavam a ser bastantes, vindos dos imigrantes que estavam a ser marginalizados no tocante ao direito que lhe cabia de receberem o subsídio de desemprego, se estivessem nessa situação forçada. E na sequência dessas queixas, a Provedoria de Justiça pronunciou-se no sentido de obrigar o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) a aceitar a inscrição dos imigrantes desempregados, desde que comprovada a sua situação. Em comunicado, o gabinete do Provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, refere que “Os centros de emprego devem começar a aceitar a inscrição daqueles cidadãos estrangeiros, desde que portadores dos comprovantes emitidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), passando assim a estar garantido o acesso às prestações de desemprego a que legalmente têm direito”. Urge, pois, que se divulgue esta decisão quanto antes, para bem dos imigrantes desempregados e de suas famílias.

Festa dos Reis na UA e no CUFC

VIVER É PARTILHAR Com organização do CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) e do VIDA MAIS - Voluntariado Diocesano, realizou-se hoje, no Grande Auditório da Universidade de Aveiro (UA), a FESTA dos REIS, que contou com a participação de mais de 350 idosos, dirigentes e funcionários de alguns lares da área da Diocese. Associaram-se a esta festa, que se vem repetindo de há alguns anos a esta parte, D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, e a prof. doutora Helena Nazaré, Reitora da UA. Para além da apresentação de um auto de Natal, por muitos idosos, com a ajuda de trabalhadores e voluntários ligados a este serviço social, não faltaram poemas, canções natalícias e outras, graças às exibições do "Grupo Coral de Jovens da Paróquia de Avanca" e da "Magna Tuna Cartola da UA". Depois, foi o lanche servido nas instalações do CUFC, onde ainda actuou o Grupo "Os Apardilhós", da jovem vila de Pardilhó. Com muitos idosos apresentando-se trajados a condizer com a quadra que atravessamos, ou não houvesse o Presépio Vivo, com pastores e Reis Magos a depositarem junto do MENINO os seus presentes, modestos ou ricos, a festa valeu também pelo espírito de partilha que desde o início a marcou. Foi também, como disse o director do CUFC, padre Alexandre Cruz, um encontro de gerações e de memórias, que não podem perder-se. E o nosso Bispo ainda manifestou alguns desejos: "Que todos cresçam com muita alegria, dando ternura uns aos outros; não podemos envelhecer a azedar." Posted by Hello
D. JOÃO EVANGELISTA: Quantos o conheceram e dele muito aprenderam, bem podiam hoje, em jeito de justa homenagem, passar pela sua estátua, junto à igreja de Nossa Senhora da Apresentação, na Vera-Cruz. O bom arcebispo-bispo de Aveiro não deixará de a todos saudar, com palavras poéticas e sábias, mas muito simples, como só ele sabia dizer. Posted by Hello

Efeméride aveirense

Funeral de D. João Evangelista 

No dia 8 de Janeiro de 1958, realizou-se, em Aveiro, o funeral do primeiro bispo da Diocese restaurada, D. João Evangelista de Lima Vidal, presidido pelo vigário capitular, D. Domingos da Apresentação Fernandes. Participaram catorze prelados do Continente e uma multidão incontável de diocesanos e amigos do prelado. D. João Evangelista, homem de Deus que encarnou os valores evangélicos e os transmitiu a quantos dele se abeiravam, no seio da Igreja e fora dela, foi também um ilustre aveirense que se apaixonava pelas coisas de Aveiro com um entusiasmo que nunca escondeu. Escritor primoroso, com uma prosa poética que encanta (vale a pena ler o muito que deixou escrito e está publicado), sempre falou e escreveu sobre pessoas, por mais humildes que fossem, ou não visse nelas fontes inesgotáveis de sabedoria e fé, sobre terras e lugarejos, sobre eventos e efemérides, sobre projectos diocesanos e do foro civil, quando neles via propostas de felicidade para as comunidades. Aqui o evocamos, com saudade, transcrevendo um texto antológico de sua autoria, muito conhecido, mas que vale sempre a pena reler: 

Duas coisas no mesmo ser


"Eu nasci em Aveiro, ao que suponho na proa de alguma bateira. Fui baptizado à mesma hora, nas águas da nossa Ria. Abriram-se-me os ouvidos ao som cadenciado dos remos no mar, ao pio estrídulo das famintas gaivotas, ao praguedo inocente dos pescadores. Encheu-se-me o peito à nascença do ar salgado da maresia. S. Francisco de Assis chamava a estas coisas irmãos, chamava a estas coisas irmãs: o irmão Vouga, o irmão luar que à noite o prateia, os irmãos peixes, as irmãs espumas, areias, estrelas. Mas aqui há mais do que uma simples fraternidade, há mais do que a suave harmonia da natureza e da alma de Aveiro; chego a crer que há uma verdadeira encarnação, o encontro de duas coisas no mesmo ser. Nós, os de Aveiro, somos feitos, dos pés à cabeça, de Ria, de barcos, de remos, de redes, de velas, de montinhos de sal e areia, até de naufrágios. Se nos abrissem o peito, encontrariam lá dentro um barquinho à vela, ou então uma bóia ou uma fateixa, ou então a Senhora dos Navegantes. Assim plasmado de Aveiro, com os beiços a saber a salgado, a pingar gotas de Ria por todo o corpo, por toda a alma (...) eu sou uma nesga, embora minúscula, desta deliciosa aguarela de Aveiro; eu sou um pedaço da nossa terra (...)"

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

Ria de Aveiro

Governo cria Gabinete de Gestão Como há muito vinha a ser reclamado, o Governo acaba de aprovar a criação do Gabinete Integrado de Gestão da Ria de Aveiro, o que levou o presidente da AMRia, Eng. Ribau Esteves, a salientar a importância desta decisão. Em declarações à Rádio Terra Nova, considerou que se trata de "um momento histórico para o nosso país", tendo acrescentado que esta medida governamental "é uma extraordinária arma para darmos à Ria vida de qualidade, que infelizmente tem perdido, especialmente nos últimos seis anos". Com esta aprovação, o Governo reconhece, assim, a importância da laguna e a sua influência no desenvolvimento económico-social e na qualidade de vida dos municípios que a circundam. Este gabinete vem assegurar uma gestão integrada e sustentável da área da Ria e suas margens. Posted by Hello

Integrado no Aveiro Digital

Banco de Solidariedade Social nasce em Aveiro No âmbito do Programa Aveiro Digital, foram aprovados novos projectos que contemplam áreas tão diversificadas como informação e formação, cultura e lazer, saúde, educação e apoio domiciliário, inclusão e solidariedade social, mas também abrangem o tecido empresarial. Do conjunto dos projectos que vão ser implementados, há um que destacamos, pela sua importância directamente relacionada com as IPSS. Trata-se do BUSS (Banco Único de Solidariedade Social), consórcio constituído pela Associação Betel, Cáritas Diocesana de Aveiro, Delegação aveirense da Cruz Vermelha Portuguesa, Obra da Providência, Centro Social Paroquial de Nossas Senhora de Fátima, Corpo Nacional de Escutas (CNE), Rádio Terra Nova e empresa Senso Comum. Estas instituições estão fortemente empenhadas nos problemas sociais e culturais, entre outros, relacionados com as comunidades em que se inserem, nomeadamente Vagos, Aveiro (diocese e cidade), Gafanha da Nazaré, Nossa Senhora de Fátima e regiões circunvizinhas da capital do distrito. O BUSS nasceu de uma união de esforços e de ideias comuns e tem a pretensão de aumentar a capacidade de intervenção das instituições, para que possam servir melhor as comunidades. Quer ainda disponibilizar ao cidadão normal e eventual utente a informação e as ferramentas necessárias para os ajudar. Tiago Lagarto, representante do CNE, referiu que este projecto teve como objectivo aproveitar a área social do Programa Aveiro Digital, porque, no primeiro grupo de candidaturas, este sector ficou muito aquém do esperado, talvez por desconhecimento ou desinteresse das instituições. Reconheceu, por isso, que se torna importante "estimular as IPSS a procurarem novas formas para darem mais visibilidade ao seu trabalho e para chegarem mais depressa e com mais eficácia aos eventuais utentes e comunidades envolventes". Para o padre Manuel Augusto de Oliveira, director do Centro Social Paroquial Nossa Senhora de Fátima, do arciprestado de Aveiro, este consórcio vai proporcionar "uma certa interactividade entre as instituições que fazem parte do projecto e outros grupos sociais, empresas e pessoas individuais", fazendo com que a informação possa circular melhor e com mais qualidade. Garantiu que, por esta forma, a informação circula com mais rapidez, característica esta que "é uma imposição dos novos tempos" e uma mais-valia para o desenvolvimento da solidariedade social. Concretamente, "as instituições envolvidas neste consórcio podem e devem informar o que têm para oferecer e até aquilo que desejam receber, alimentando-se, assim, a troca de bens e serviços, em verdadeiro espírito de partilha fraterna". O padre Manuel Augusto sublinhou, ainda, que "há pessoas e empresas que, muitas vezes, podem canalizar alguns dos seus recursos para as IPSS, sendo certo que, frequentemente, os dirigem para pessoas e instituições longe da sua área geográfica, porque não conhecem as carências que existem ao pé da porta". Este projecto vai apostar grandemente em aproximar toda a gente "numa rede de parcerias", com a finalidade de "minorar os problemas sociais e optimizar a informação, numa aposta não só de dar o pão a quem precisa, mas também de prevenir, para que o pão não falte". F.M. NB: Excerto de um trabalho publicado no jornal SOLIDARIEDADE. Na foto, Tiago Lagarto e padre Manuel Augusto Posted by Hello

Efeméride gafanhoa

CASTELO DA GAFANHA No dia 7 de Janeiro de 1809, João Rangel de Qudros, capitão de cavalaria, foi nomeado governador do Castelo da Gafanha ou Forte Novo, assim denominado para o distinguir do Forte Velho que existiu junto da barra, quando esta ficavaa sul da Vagueira, como nos revela o Calendário Histórico de Aveiro. Posted by Hello

Festa de São Gonçalinho

CAVACAS PARA TODOS Até segunda-feira, Aveiro vai viver, com a tradicional alegria, as festas em honra de São Gonçalinho. Mais conhecida como Festa das Cavacas, é certo e sabido que muita gente lá vai, não só para presenciar o espectáculo de quem as quer apanhar, mas também para poder saborear um doce que ali é mesmo mais doce. As cavacas são oferecidas ao santo no cumprimento de promessas, estando previsto o lançamento de mais de seis toneladas desse doce, por vezes duro de roer, do alto da igreja de São Gonçalinho, por quem os aveirenses nutrem uma devoção especial. Há até quem garante que o Beira Mar, se jogar no dia de São Gonçalinho, pode contar com uma ajudinha para alcançar a vitória. Ainda sobre as cavacas, haverá um lançamento especialmente dedicado às crianças, na segunda-feira, pelas 10.30 horas, contemplando 800. Para elas, haverá cavacas menos duras e muitas serão mesmo distribuídas em mão, para evitar acidentes. No vasto programa, destacamos a missa solene de domingo, pelas 12 horas, presidida por D. António Marcelino, celebração essa que será animada pelo Coral da Banda Amizade. Na foto, pode apreciar-se quanto as crianças também gostam da festa e das cavacas. Posted by Hello
El-Rei D. Dinis (1261 - 1325) Cantiga de Amor Ai, flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? ai, Deus, e u é? Ai flores, ai, flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquele que mentiu do que pôs comigo? ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquele que mentiu do que mi há jurado? ai, Deus, e u é? - Vós me perguntades pelo vosso amigo? E eu bem vos digo que é são e vivo: ai, Deus, e u é? Vós me perguntades pelo vosso amado? E eu bem vos digo que é vivo e são: ai, Deus, e u é? E eu bem vos digo que é são e vivo e será vosc'ante o prazo saído: ai, Deus, e u é? E eu bem vos digo é vivo e são e s(e)erá vosc'ant'o prazo passado: ai, Deus, e u é? Versão do livro "800 anos de poesia portuguesa" D. Dinis: o nosso rei, grande político e homem culto, também foi inspirado poeta. Os seus poemas, que fazem parte, com toda a justiça, da História da Literatura Portuguesa, podem ser sempre apreciados por quem gosta da beleza e da arte. Um leitor pediu-me a remessa do poema que há dias publiquei, por o ter encontrado numa estação de serviço da área de Leiria. Aqui o ofereço a todos, agora mais de forma mais visível. Posted by Hello