sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

ÚLTIMO DIA DE 2004



 O dia começou luminoso. Um sol radiante prenunciava um dia primaveril. Um daqueles dias que nos aquecem o corpo e enriquecem a alma. Prenúncio, também, de um ANO NOVO mais tranquilo e mais solidário? Desejamos que sim. Importa, para isso, que todos saibamos assumir a nossa quota-parte nas responsabilidades de mudar o mundo para melhor.

 F.M.

 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

IPSS apoiam sudeste asiático

A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) lançou já um apelo a todas as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), para que apoiem as vítimas do maremoto que assolou o sudeste asiático.“Participando numa grande onda de solidariedade que minimize os efeitos dessas ondas assassinas e devastadoras, apelo a todas as instituições particulares de solidariedade social para, com o seu dinamismo próprio, contribuírem generosamente, ajudando quem, neste momento, precisa da nossa solidariedade efectiva”, escreve o presidente da CNIS, Pe. Francisco Crespo, em mensagem enviada à Agência ECCLESIA.Este apoio deverá ser canalizado para a conta da CNIS (Montepio Geral) cujo NIB é o seguinte: 0036 0093 99100067797 10.“O final deste ano 2004 ficará para sempre assinalado pela brutal manifestação da natureza que espalhou a destruição, o terror e a morte no sudeste asiático. Enquanto expressão organizada do dever moral de solidariedade as IPSS não poderão ficar indiferentes à angústia, ao sofrimento, à dor de tantos irmãos nossos que dependem da rápida ajuda internacional”, assinala o presidente da CNIS.

Cem poemas de Sophia




Cem poemas de Sophia

Com a VISÃO e com o JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, foi distribuído em 26 de Agosto, pouco depois do seu falecimento (2 de Julho de 2004), o livro CEM POEMAS DE SOPHIA. Trata-se de uma merecida homenagem à nossa maior poetisa, como muitos a consideram, e que todos os portugueses nunca poderão esquecer. Não recebeu o Prémio Nobel da Literatura, mas nem por isso alguma vez deixou um lugar alto de destaque no panorama literário português e mesmo universal. Natural que fosse de um outro país, com maior influência no mundo, ou pertencesse ela a qualquer lóbi económico-político e há muito que a sua humanidade e sensibilidade poéticas teriam sido reconhecidas pela academia que atribui o célebre prémio.
A selecção dos poemas e a introdução são do também poeta e jornalista José Carlos Vasconcelos, que se debruça sobre O ESPLENDOR DE SOPHIA, como profundo conhecedor da arte da homenageada pela Visão e JL, ao jeito de "um abrir de porta, ou de janela, para o indispensável conhecimento de todos os seus versos". Estes CEM POEMAS DE SOPHIA, que bem merecem uma leitura meditada, para se descobrir a dimensão da poetisa em todo o seu esplendor, serão uma belíssima forma, também, para cada um se iniciar na descoberta da riqueza poética do povo português.

F.M.


 As rosas 

Quando à noite desfolho e trinco as rosas 
É como se prendesse entre os meus dentes 
Todo o luar das noites transparentes, 
Todo o fulgor das tardes luminosas, 
O vento bailador das Primaveras, 
A doçura amarga dos poentes, 
E a exaltação de todas as esperas.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

CÂMARA DE ÍLHAVO ATRIBUI BOLSAS DE ESTUDO

A Câmara Municipal de Ílhavo deliberou proceder à aprovação do relatório de análise e atribuição das Bolsas de Estudo Municipais, respeitantes ao Ano Lectivo 2004/2005, com a atribuição de oito novas bolsas e a manutenção de 14, atribuídas no ano passado. No início do ano 2005 será realizada a sessão de entrega destas Bolsas de Estudo Municipais, que apoiam jovens do Concelho de Ílhavo, estudantes do ensino secundário e superior. Quando muitos políticos falam da Educação e da Cultura, como prioridades nacionais, é bom verificar que a autarquia ilhavense, certamente à semelhança de muitas outras, não abdica de apoiar estudantes. Esta medida é um bom incentivo para muitos jovens.

ADOPTE UM IDOSO

Um estudo recente divulgou que em Espanha há sete milhões de idosos e que, um em cada seis, vive sozinho. Três em cada quatro são mulheres. No que se refere a Portugal, não conhecemos estatísticas rigorosas sobre os idosos que vivem na solidão, no isolamento, com falta de saúde e sem cuidados médicos essenciais. Mas o que se sabe é que na Europa esta é uma verdade indesmentível, à qual o nosso País não consegue fugir. Embalados pelo fervor solidário que o Natal nos trouxe, seria interessante que nas nossas comunidades apostássemos em proceder a um inquérito para se saber quem vive só. E porque o Estado e as instituições não conseguem responder a todas as solicitações dos que mais precisam, seria muito bom que cada um de nós levasse à prática a adopção de um idoso, vizinho, marcado pela solidão e, quantas vezes, esquecido pelas famílias.

terça-feira, 28 de dezembro de 2004

Solidariedade com o Sudeste Asiático



A Cáritas portuguesa, juntamente com o IPAD - Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento -, está a recolher fundos para as vitimas do sismo e do maremoto ocorridos no Sudeste Asiático e enviará, amanhã, dia 29 de Dezembro, um avião com ajuda humanitária. Nesse avião, com destino ao Sri Lanka, da Cáritas seguirá um contentor com seis toneladas de medicamentos. Neste momento, existem milhões de pessoas a necessitar de auxílio. Assim, a Cáritas Portuguesa apela à solidariedade de todos os portugueses para que apoiem  as vítimas desta catástrofe. Para o efeito, foi aberta na Caixa Geral de Depósitos a conta "Caritas Ajuda as vítimas do Sudeste Asiático" com o NIB 003506970063091793082. 
Também a AMI (Assistência Médica Internacional) está a realizar uma Campanha de Emergência para ajudar as vítimas da catástrofe natural que assolou 7 países do continente asiático. Os donativos podem ser feitos através de: - Depósito da conta BES da AMI nº 015/40000/0006 - Multibanco. Entidade 20909 e Referência 909 909 909 em Pagamento de Serviços -Transferência bancária para o BES - NIB 000700150040000000672.

EFEMÉRIDES AVEIRENSE

No dia 28 de Dezembro de 1873, realizou-se em Aveiro uma grande assembleia onde se resolveu pedir ao Governo que mandasse estudar o plano das obras da barra e adiantasse os fundos necessários para os trabalhos de maior urgência; a Câmara Municipal de Aveiro tomou como suas as palavras da representação que seria enviada a El-Rei e ao seu Governo. No mesmo dia, mas em 1931, foi assinado o contrato definitivo para as obras da barra e porto de Aveiro. Fonte: Calendário Histórico de Aveiro, de António Christo e João Gonçalves Gaspar

JOVENS QUEREM UM FUTURO DE PAZ






De hoje a 1 de Janeiro, vai decorrer em Lisboa o 27.º Encontro Europeu de Jovens, promovido pela Comunidade Ecuménica de Taizé. Dezenas de milhares de jovens, de diversos países europeus, que foram acolhidos por famílias portuguesas, das dioceses de Lisboa, Setúbal e Santarém, vão rezar e reflectir, na perspectiva de um futuro de paz. 
O Irmão Roger, fundador da Comunidade de Taizé, sublinhou, na carta de dirigiu aos participantes, a necessidade de dar uma resposta concreta e cristã aos que "aspiram hoje a um futuro de paz, a uma humanidade livre das sombras da violência". 
Noutra passagem da sua carta, lembra o testemunho de muitos cristãos que, "através da sua própria vida, desejam tornar Cristo presente a muitos outros", porque sabem que a Igreja "não existe para ela própria, mas para o mundo, para depositar nele um fermento de paz". 
O Irmão Roger frisa que "Comunhão é um dos mais belos nomes que a Igreja tem: nela, não pode haver severidades recíprocas, mas só transparência, bondade de coração, compaixão... e assim se conseguem abrir as portas da santidade". 
Por sua vez, Kofi Annan, Secretário-Geral da ONU, considera que este Encontro "é para nós um incentivo e um sinal de esperança". E acrescentou: "Juntos, podemos fazer mudar as coisas e construir para todos um futuro de paz e de prosperidade."

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

NATAL PARA SEMPRE

Terminada a quadra festiva do Natal, tudo voltará, se quisermos, ao normal. Nos últimos dias, tudo contribuiu para que a mensagem natalícia fosse bastante divulgada. As ruas enfeitaram-se e iluminaram-se de noite e a música, com melodias inesquecíveis, de sempre e de vários quadrantes, inundou o ambiente. Nas casas, não faltaram os presépios, as árvores de Natal e os enfeites a lembrarem aos familiares e visitantes que tinha chegado a hora de nos voltarmos mais uns para os outros, com gestos de ternura e de fraternidade. Curiosamente, ou talvez não, até nas ruas nos sentimos mais delicados e aos conhecidos, e até aos desconhecidos, soubemos sempre desejar Boas-Festas, enquanto formulámos votos de um Novo Ano mais próspero. Por todo o lado, houve festas, confraternizações, troca de lembranças e até a comunicação social nos deu conta de uma atenção especial para com os idosos, os mais pobres, os desprotegidos da sorte, os sem-abrigo. E não faltou gente generosa que se multiplicou no bem-fazer, com promessas de que estaria disponível para continuar a apoiar quem mais precisa. É um lugar-comum dizer-se que o Natal é quando o homem quiser. E também, que seria bom que o espírito natalício se prolongasse por todos os dias do ano. Vamos todos apostar nisso?

O NOSSO MENINO JESUS

O nosso MENINO JESUS está na família há muitos anos. Desde há meio século, aparece sempre, de forma mais visível no início do Advento, para a todos ajudar a chegar com mais autenticidade ao Natal. Em nossa casa, fica no salão mais movimentado, simplesmente na companhia de Sua Mamã, Maria Santíssima, e de Seu Papá adoptivo, o venturoso S. José. Sem vaquinha nem burrinho, sem pastores nem ovelhinhas, sem castelos nem riachos e sem outras fantasias que possam obscurecer a Sua presença inefável entre nós.
O nosso MENINO JESUS ali está como oferta a quem entra no salão e a quem se debruça sobre a Sua humildade e sobre o mistério do Seu nascimento. Sobre a Sua mensagem, que é o anúncio de um Deus próximo, humanado, que veio prometer um Reino de liberdade, de justiça, de amor, de verdade, de fraternidade e de paz. Deitado em caminha fofa, não passa frio. Mãos carinhosas tricotaram há anos roupinha quente, de lã, onde não falta uma capinha com capucho para maior agasalho. Tal como Sua Santíssima Mamã teria feito se ao tempo fosse moda. 
De fora, a desafiar o Inverno que às vezes se faz sentir, apenas o Seu rosto sereno e uns olhinhos muito vivos. Os bracinhos, abertos, como que oferecem um abraço de ternura a quem entra. Ou pedem um pouco de colo que O alivie da posição em que fica dia e noite. De quando em vez, há uma alma boa que O levanta, O aconchega, O afaga e O beija com carinho e amor. E até chama a atenção dos mais distraídos para a presença do MENINO, que não está entre nós só por estar. Estou mesmo convencido de que o nosso MENINO JESUS está atento ao calor humano com que a família, que há décadas O acolheu, O mimoseia, de maneira especial no Advento. 
Tenho mesmo a certeza de que Ele tem, ano após ano, segredos com que distingue toda a gente de casa e até os amigos da família. Talvez por isso, muitos não resistem a parar junto d´Ele, como quem O escuta com atenção. Estão a ouvi-l’O, certamente, como se ouve alguém da nossa intimidade com muito para contar ou para dizer. Que o nosso MENINO JESUS, pelo que tenho visto, gosta imenso de nos ouvir e de ler o que nos vai na alma. 
No salão, onde o nosso MENINO JESUS está, há vida, que Ele decerto aprecia e compreende. Gente que fala e escuta, gente que ri e discute, gente que conversa sobre coisas sérias e a brincar, gente que partilha sentimentos e emoções, gente que acredita que as comunidades podem ser melhores se todos quiserem e souberem contribuir para isso. 
No Seu íntimo, deve sentir-se feliz por estar connosco, no convívio constante com pessoas de idades diversas, de mentalidades diferentes, com sonhos bem guardados e às vezes comungados, com pessoas que não se deitam sem Lhe dirigirem um simples gesto de ternura e que, de manhã, ao levantar, O vão saudar e acariciar, com um “olá amigo!”, que o é de todas as horas. Há dias, o salão estava barulhento e nada convidativo ao descanso e à meditação.
Propositadamente, desliguei a televisão, para poder pensar e para contemplar o MENINO. E também na esperança de que Ele dormitasse, que os meninos precisam de dormir bastante. O Tóti e a Tita, o cão e a cadela que formam um par feliz, que nem alguns humanos conseguem imitar, estranharam o meu comportamento e procuraram os seus ninhos, onde se acomodaram. A Biju e a Gúti, as gatas, mãe e filha, a primeira mais arisca e fugidia e a segunda mais serena e misteriosa, fixaram-me espantadas, como que questionando-se sobre o porquê da minha atitude. Depois, a Biju quedou-se no parapeito da janela e a Gúti, a tal de ar e olhar misteriosos, aproximou-se, mansamente, do MENINO e ali ficou embevecida, talvez a contemplá-l’O. 
Na gaiola, Quitinho, o canário, deixou os trinados habituais e olhou, inquieto, para tanta calma. Senti, então, quanto o silêncio é importante na vida, para tudo e para todos. Desligados do barulho ensurdecedor que nos rodeia, saberemos encontrar-nos a nós próprios, para depois nos encontrarmos com os outros. E com Deus. 
Pé ante pé, aproximei-me do nosso MENINO JESUS, acariciei-O, e como que notei fixo em mim o Seu olhar, todo ele transbordante de infantil candura e de felicidade contagiante. Mais ainda: pressenti que Ele queria segredar-me um qualquer recado para eu ter em conta. Um recado contra o pessimismo que me domina frequentemente e que me leva a pensar que o mundo está perdido e sem conserto. Porque há guerras sem fim, como sempre houve através do tempo, porque há fome e pobrezas humilhantes, porque há gente que explora gente, porque há falta de amor em tantas vidas, porque há abismos sem fundo entre ricos e pobres, porque há homens e mulheres sem tempo para serem humanos, solidários e tolerantes, porque há pessoas loucas ou a caminho da loucura com o muito que têm e com o mais que ainda querem ter. 
O nosso MENINO JESUS concordou comigo, decerto numa estratégia pedagógica, para logo acrescentar, com uma convicção envolvente e desafiante, que todos podemos alterar este estado de coisas, começando a ser melhores, escutando-O, nos ambientes em que vivemos e trabalhamos. Sorridente, ainda adiantou que o segredo está em seguirmos os milhões e milhões de pessoas que promovem a paz, os milhões e milhões de pessoas que se dão aos outros, partilhando o que têm, os milhões e milhões de pessoas que vivem a alegria e a fraternidade, os milhões e milhões de pessoas que tornam o mundo mais belo, os milhões e milhões de pessoas que lutam pela justiça e pela verdade, os milhões e milhões de pessoas que vivem a simplicidade e promovem a reconciliação, os milhões e milhões de pessoas que pregam e vivem o amor, os milhões e milhões de pessoas que experimentam, no dia-a-dia, a liberdade, os milhões e milhões de pessoas que acreditam e apostam numa sociedade cada vez mais cristã. E eu a pensar que era tudo tão mau, quando, afinal, há imensas coisas boas, gratificantes, respeitadoras e promotoras da dignidade humana. 
Que grande lição me deu o nosso MENINO JESUS, naquele dia em que desliguei a televisão para pensar e para O ouvir, tendo por testemunhas, exclusivamente, o silêncio dos amigos animais de nossa casa. Prometi-Lhe, então, que jamais voltaria a querer ver a aldeia global, em que moramos, tão negra, com nuvens carregadas a escurecerem os hotizontes, acreditando, antes, que o homem novo e novas comunidades só podem brotar de gente com esperança e com coragem para ultrapassar mentalidades anquilosadas, retrógradas e pessimistas, oferecendo a todos testemunhos sãos que vêm da Fonte da Alegria e do Amor que nos ofertou o Deus-Menino, há mais de dois mil anos, e que alguns de nós teimamos em ignorar. Sobretudo, quando O pomos de lado ou apenas a decorar uma qualquer árvore com enfeites natalícios, onde o MENINO é tão-só um deles. 
A caminho do Natal, que é, como muitos ainda sabem, a celebração do mistério do nascimento do nosso Salvador, as catedrais do consumo já estão enfeitadas e preparadas para o desafio de nos fazerem esquecer o essencial, que é a mensagem de ternura que o MENINO nos legou. 
O MENINO, afinal, quer que descubramos nos nossos corações e nos corações dos que nos rodeiam, primeiro que tudo, os fios que tecem as verdadeiras prendas, que estão mais no darmo-nos aos outros do que no darmos somente embrulhos multicoloridos, quantas vezes cheios de nada. E também, que no meio de tanto sofrimento, de ódios, de violências e de escravaturas degradantes da vida humana, é possível descobrir um sentido novo, aberto a novos horizontes e que projecte um futuro melhor, verdadeiramente apoiado na lição sempre renovadora do NATAL DE JESUS CRISTO. 

Fernando Martins