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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O ABORTO CLANDESTINO

Durante a campanha para o referendo sobre o aborto, disse aqui que o aborto clandestino continuaria a ser uma realidade, como desde sempre o foi. E disse, na altura, que tal aconteceria, fundamentalmente, porque a mulher e o homem o vêem como acto intrinsecamente mau. Por isso o procuram e o provocam às escondidas, convencidos de que, coisa que não se vê não é crime. Mas é, sobretudo quando ignora, conscientemente, tanto as leis naturais como os princípios religiosos, neste caso para os crentes. Não me espanta, portanto, que os abortos legais tenham ficado aquém dos esperados. Isto é, os abortos clandestinos, tendo em conta os números propagados durante a campanha, continuam. Agora, com o silêncio dos que tanto os queriam eliminar, tornando os abortos livres e pagos pelo Estado, sabe-se que eles são feitos, nem que seja, como foi o caso, no silêncio do quarto de uma jovem estudante. Uns tantos comprimidos, de venda livre, poderiam matar mãe e filho. O filho não terá escapado e a jovem que não quis ser mãe, levada pela propaganda dos que aceitam o aborto como grande conquista civilizacional, sofreu as consequências da sua opção. Para mim, ficou com uma marca que jamais esquecerá; para outros será coisa de somenos, porque o que importa é ser dona do seu corpo. FM

sábado, 2 de fevereiro de 2008

A Carta das Águas




Ontem, no SEXTA, semanário gratuito, li um artigo interessante. “A água não serve só para matar a sede” foi assinado por Hugo Rodrigues e defende a ideia de que devemos escolher a água para beber conforme a comida. Isso mesmo é a aposta da Confraria da Água, cujo chanceler, Belmiro Couto, é um aveirense.
Diz ele, com razão, que nos restaurantes nos apresentam, normalmente, a Carta dos Vinhos. A da Carta da Água não existe. E a pergunta é sempre a mesma: com ou sem gás; fresca ou natural?
Ora, segundo Belmiro Couto, as águas não são todas iguais, tal como acontece com os vinhos. Sendo assim, há que saber pedir a água ideal para cada prato. Como recomenda o chanceler da Confraria das Águas, devemos consumir uma água “ácida e leve” para o cozido à portuguesa e “muito alcalina” e fresca para os pratos de bacalhau.
A meu ver, isto tem que se lhe diga. Como é que os consumidores podem conhecer essas diferenças? Talvez seja útil que os produtores passem a anunciar, nas garrafas ou por outra forma, os pratos que casam bem com as águas que comercializam.
Confesso que nunca tinha pensado nisso. Eu cá limitava-me a pedir a água natural e sem gás. Mas agora já tenho de pensar duas vezes, não me limitando a beber a água que me levam para a mesa, muitas vezes de marcas que não conheço de lado nenhum.
Estamos sempre a aprender.

FM

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Medicamento avulso



Um quinto dos medicamentos receitados não são utilizados. Esta é uma realidade indesmentível. Todos nós temos em casa caixas e mais caixas de medicamentos, com o “rótulo” de sobras. Alguns, cujo efeito é bem conhecido, poderão ser ainda utilizados. Por exemplo, quando temos uma dor de cabeça, lá tomamos uma aspirina. Mas há outros que acabam por caducar e o seu destino pode ser o lixo. Ou regressam às farmácias para seguirem para uma qualquer incineradora.
Isto é um prejuízo incalculável para todos. Para os utentes, porque acabam por comprar medicamentos, normalmente caros, que acabam no lixo. Para o Estado, porque comparticipa os mesmos medicamentos.
A partir daqui, por que razão não são comercializáveis doses medicamentosas estritamente indispensáveis para o tratamento prescrito pelo médico? Acho que esta seria e é a melhor solução. Mas… atenção: a indústria farmacêutica já está a lembrar os “perigos” da venda avulsa. Que pode haver confusão, por falta da caixa, dizia um entendido. Francamente… não haverá solução para isso?

FM

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Prós e Contras: O tabaco

Não aguentei mais Gosto de assistir, como telespectador, ao "Prós e Contras". Ontem era dia de reflectir sobre a recente lei que proíbe o tabaco em recintos fechados. Em determinada altura não aguentei mais e virei as costas à algazarra. Uma lei que defende os não fumadores, que devia merecer uma análise calma, porque está em jogo a saúde de milhões de portugueses, virou, simplesmente, numa bagunçada inadmissível. Tudo porque uns tantos inteligentes, acorrentados a interesses bem conhecidos (comerciais, industriais e políticos, neste caso porque tudo serve para dar nas vistas), resolveram brincar com coisas sérias, mostrando-se de caras sérias e fazendo dos outros uns tontos. O importante é muito simples: respeitar a saúde das pessoas e levar uns tantos fumadores a ter em conta que não podem obrigar ninguém a fumar. Ninguém pretende tirar o vício seja a quem for. Quem quiser fumar, que fume. Mas que o faça sem incomodar e prejudicar os outros.
FM

ASAE mete medo a muita gente

Há tempos louvei aqui a acção da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), em defesa dos consumidores. Entretanto, começaram as acusações de que aquele organismo está a exagerar na forma de agir e nas multas que prescreve para cada infractor. Talvez seja verdade. No entanto, continuo a dizer que a ASAE é importantíssima para a moralização dos agentes alimentares e económicos. Se é verdade que há gente muito honesta nestes domínios, também não deixa de ser correcto admitir que há muito "chico esperto" que está sempre pronto para nos enganar, vendendo gato por lebre.
É público que nas vésperas de uma grande peregrinação a Fátima alguns proprietários de restaurantes souberam que a ASAE ia passar por lá. Foi o suficiente para logo encerrarem certos estabelecimentos, conforme se podia ler nos avisos postados à porta, mais ou menos nestes termos: Encerrado para limpeza. Pois é. Se calhar, sem a ASAE à perna, tudo continuaria como dantes.
FM

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

FUMADORES RESSACADOS

Gostei de ler no Diário de Notícias
"Nunca tive tanta noção de o tabaco ser uma droga como nos últimos 15 dias, após ler textos alucinados por parte de colunistas habitualmente respeitáveis como Vasco Pulido Valente ou Miguel Sousa Tavares. O que eles têm escrito sobre a nova lei do tabaco, deitando mão a comparações que deviam envergonhar qualquer pessoa que tenha lido dois livros de História, é de tal modo inconcebível que só se explica pela carência de nicotina. Eles fingem que um café inundado de fumo é coisa que não incomoda ninguém. Eles chamam fascismo a uma decisão que chateia dois milhões de portugueses e protege oito milhões. E Sousa Tavares conseguiu mesmo a proeza de afirmar no Expresso, sem corar de vergonha, que a lei faz "lembrar, irresistivelmente, os primeiros decretos antijudeus da Alemanha nazi". Ora, isto não é texto de um colunista prestigiado - isto é conversa de um junkie a quem o dealer cortou na dose. Faço, pois, votos que os fumadores descompensados acabem de ressacar rapidamente, para o bom senso regressar e nós podermos voltar a lê-los com gosto."
João Miguel Tavares

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Aeroporto em Alcochete



E OS PORTUGUESES À ESPERA
DE VEZ NOS HOSPITAIS?


Tenho para mim que, se não fosse o Presidente Cavaco Silva a apelar à calma, aconselhando uma reflexão mais profunda sobre outras hipóteses possíveis para a loca-lização do novo aeroporto, ainda agora estaríamos na teimosa discussão sobre qual seria o melhor sítio. Com o seu apelo, o Governo deixou a teimosia, tornou-se mais humilde e aceitou a análise de outras sugestões.
Agora decidiu com base em estudos do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), entidade cuja credibilidade é sobejamente conhecida. Em 2017, Portugal terá um grande aeroporto, com capacidade para responder a necessidades de toda a Ibéria. E até lá, estão garantidos entre 40 e 60 mil postos de trabalho, directa ou indirectamente ligados ao novo aeroporto.
Aqui está, mais uma vez, a importância do magistério de influência do Presidente da República.
Um problema muito grave fica, no entanto, por resolver: Durão Barroso declarou há tempos que não haveria nenhum novo aeroporto em Portugal, enquanto houvesse crianças em lista de espera para poderem ser intervencionadas cirurgicamente nos hospitais portugueses. Que eu saiba, crianças e idosos, portugueses de todas as idades, sobretudo os mais pobres, continuam e continuarão à espera de serem atendidos, atempadamente, nos nossos hospitais. Aqui é que está outro grande e grave problema. Ou não é verdade?

FM

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ainda as excepções à lei do tabaco

A luta pelos privilégios continua. Sempre estou (estamos) para ver. Já agora, gostaria de saber se somos uma república das bananas, onde o estado de direito não existe, ou uma democracia que trata de forma igual todos os seus cidadãos. Para já, leiam o que pensa o constitucionalista Jorge Miranda, no PÚBLICO on-line.

O ETERNO PROBLEMA DAS EXCEPÇÕES




No nosso País, vivemos sempre o problema das ex-cepções. É um mal ancestral. Qualquer lei até parece que carrega o fardo das excepções. Normalmente ligado a pri-vilégios e regalias, de que alguns se aproveitam. Anti-gamente (e ainda hoje, infelizmente), havia os monopólios e outros benefícios.
Vem esta arenga a propósito do tabaco e na sequência da transgressão do presidente da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), apanhado a fumar, na passagem de ano, num casino. Alegou depois que os casinos não estavam abrangidos pela lei recentemente publicada sobre a proibição de fumar em estabelecimentos públicos fechados.
Logo a seguir surgiram as complicações da praxe. Se calhar, os casinos, pela natureza do seu negócio, não podiam nem deviam ficar abrangidos pela lei antitabágica. Reuniões, reportagens, comunicados, entrevistas, artigos e nem sei que mais movimentaram o País, já de si cheio de problemas, como a fome de muitos, por exemplo. Mas precisaremos destas questiúnculas para viver? Haverá mesmo, por aí, quem admita excepções às leis portuguesas? A polícia não podia fazer cumprir a lei, castigando quem a transgride? As leis não são mesmo para todos?Eu penso que sim, mas, se calhar, não!

FM

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE QUE (NÃO) TEMOS



O caso da morte de uma idosa no Hos-pital de Aveiro, enquanto aguardava a sua vez de ser assistida, deve levar-nos a reflectir sobre o Serviço Nacional de Saúde que (não) temos. Depois de pas-sar pela triagem, ali ficou à espera de ser observada, acabando por falecer. Depois disso, e bem ao nosso estilo do desenrasca, o Hospital de Aveiro re-solveu reforçar, com um médico de clínica geral, contratado para o efeito, a equipa que recebe os doentes nas urgências. Também ao estilo português, depois de casa assaltada, trancas na porta. A idosa faleceu e para sempre ficará a terrível interrogação: se fosse observada atempadamente, teria morrido?
Todos sabemos que o Serviço Nacional de Saúde, decerto com muita coisa boa, com profissionais competentes, precisa de uma reforma profunda que lhe permita responder ao crescente número de utentes, a grande maioria, penso eu, já na terceira idade, com acrescidas necessidades de assistência médica personalizada.
Já estive internado várias vezes e sempre fui bem tratado, é certo. Mas não deixo de reconhecer que, nas urgências, alguns doentes ficam horas intermináveis à espera de serem atendidos. Tantas vezes até altas horas da madrugada, como já sucedeu com familiares meus. Nos tempos que correm, com tanta tecnologia, é inadmissível o que está a acontecer nesta área tão sensível, como é a Saúde.
Veja-se o que número infindo de protestos por causa das alterações ao Serviço Nacional de Saúde. Talvez o ministro esteja a agir em nome das reformas precisas no sector. Mas será que o povo português já foi esclarecido, cabalmente, sobre o que se pretende? Os nossos governantes estarão no caminho certo, ao agirem com tanta arrogância, como denunciou, há dias, Ferro Rodrigues, ex-líder do PS?

FM

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

FLORES NOS CINZEIROS

Numa grande superfície, por onde passei, os habituais cinzeiros não estavam cheios de beatas, donde emanava um cheiro nauseabundo. Hoje, as flores naturais ocuparam o lugar da cinza dos cigarros queimados, oferecendo o seu agradável odor a quem passava. E não vi nenhum fumador nem ninguém a protestar. Afinal, os portugueses, quando é preciso, sabem acatar as leis justas e os conselhos oportunos. Num café, onde também entrei, confirmei o mesmo ambiente, livre de tabaco, podendo os clientes respirar o ar puro, tão benéfico à saúde. Os fumadores, contudo, não puseram de lado o cigarro. Alguns fumavam, tranquilamente, ao frio e ao vento, fora do café.

sábado, 29 de dezembro de 2007

QUE SORTE A SUA!


Em 2006 estive hospitalizado duas vezes. A primeira, num hospital coimbrão, e a segunda, no Hospital Infante D. Pedro. Em ambos fui muito bem acolhido e tratado. Nunca me cansei de dizer isto, porque há muito o hábito de se criticar, por isto ou por aquilo, os serviços hospitalares.
Num desses internamentos, a minha enfermaria estava relativamente perto de uma outra destinada a doentes pulmonares. Nas minhas caminhadas, de que necessitava para desentorpecer as pernas, passava por ali frequentemente. Havia, num ou noutro corredor, dísticos a proibir o fumo. Nem assim, porém, faltava quem se refugiasse num ou noutro recanto, para fumar um cigarrito, às escondidas dos médicos e enfermeiros.
Numa das minhas caminhadas cruzei-me, certo dia, com um senhor simpático e de palavra fácil, que me saudou em jeito de despedida. Realmente, estava de partida, depois de uma operação a um pulmão.
Conversa puxa conversa, fiquei a saber do que sofria. Cancro nos pulmões. Esta era já a segunda intervenção cirúrgica a que se sujeitara. Estava de regresso a casa. Adiantei, então, que estava com muito bom aspecto, desejando-lhe rápido restabelecimento. De pronto, respondeu-me:
- Olhe, meu amigo, o que importa é que estou aqui; sinto-me bem, mas não tenho ilusões; se soubesse o que sei hoje, talvez nada disto me teria acontecido.
E continuou, com ênfase, a contar a sua história:
- Desde novo, habituei-me a fumar, convencido de que isso me dava uma personalidade adulta. Eu gostava de ser como alguns senhores que conhecia, senhores que, antes de começarem uma qualquer conversa, puxavam primeiro do cigarro, acendiam-no com calma, atiravam o fumo para o ar e depois é que falavam. Eu via, nesses rituais, sinais de alguma elegância, de algum nível intelectual, de alguma importância.
- E depois?
- Depois, nunca mais parei. De um maço passei a dois. A seguir veio o terceiro… Por fim a tosse, o catarro, os vómitos de manhã, a neura quando tentava evitar o cigarro, o cansaço, as dores. O médico recomendou-me os exames da praxe. O diagnóstico deixou-me arrasado. Tinha de ser operado. Esta é a segunda vez… mas sei que o cancro continua comigo. Eu sinto-o!
- Pode ser que agora…
- Não tenho qualquer dúvida! Mais tarde ou mais cedo, ele volta.
- Claro que agora prega sempre os malefícios do tabaco…
- As pregações, pelo que tenho visto, não resultam… Os meus amigos continuam a fumar. Só uns três é que deixaram de fumar, mas não foi por qualquer pregação.
-Então?
- Foi por terem visto quanto se sobre quando o cancro ataca. Vieram visitar-me e ficaram tão impressionados com o que viram, que nunca mais pegaram no cigarro. Gente aflita com falta de ar, gente sem cordas vocais, gente com a boca a ser destruída, enfim, um horror. Não foi preciso nenhum médico, nem nenhum tratamento. Acho até que, se fosse possível, os fumadores podiam e deviam passar por uma enfermaria destas. Só vendo este sofrimento é que se acredita no mal que o tabaco faz.
Entretanto chega um familiar, talvez filho, para o levar. Ao despedir-se de mim, ainda perguntou:
- Fuma?
- Não.
- Que sorte a sua! Adeus.


Fernando Martins

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Política exclusivamente economicista?




Penso que ninguém porá em dúvida a conveniência de o Governo, qualquer que ele seja, procurar reformar o Estado. É sabido que a máquina estatal está sobrecarregada com despesas incomportáveis para o nosso frágil Orçamento do Estado, cujo equilíbrio tem sido difícil de conseguir. Excesso de funcionários, muitos deles já substituíveis pelas novas tecnologias, tornam difícil esse equilíbrio orçamental. Contudo, qualquer reforma tem sempre de ter em conta as pessoas, sob pena de se criarem novos problemas sociais, com reflexos negativos incontornáveis nas famílias. O que se tem feito, atirando funcionários para o desemprego ou para situações equiparadas, não está correcto, humana e socialmente falando. O Estado vive para as pessoas.
Com a pressa de se acabar com o défice orçamental, têm surgido outras decisões gravosas para o povo. Sobretudo para o povo que não nada em dinheiro. Fechar Centros ou Postos de Saúde, Urgências e Atendimentos nocturnos, obrigando os doentes a deslocarem mais de 100 quilómetros, à sua custa, não está certo. Ainda hoje de manhã, nos noticiários habituais, ouvi um comandante de uma Corporação de Bombeiros dizer que o transporte de um doente, distante do hospital cerca de 100 quilómetros, custará 40 euros. A ambulância deixará o doente para ser assistido e terá de regressar. O doente, se não ficar internado, terá de alugar um táxi ou requisitar outra ambulância. Conclusão: Uma ida a uma urgência poderá ficar por 80 euros. Se a pessoa for rica, não virá daí nenhum mal ao mundo. E se for pobre?
O que eu penso é que muitas vezes os estudos económicos e sociais são elaborados por comissões técnicas, que nem sempre conhecem suficientemente bem a realidade do país e dos portugueses que somos. Com uma visão economicista da vida, desprezam-se por vezes as situações concretas das pessoas. As suas dificuldades e os seus dramas serão, disso estou certo, profundamente afectados. Mas o Governo, em nome da urgência de reformar o Estado, realidade que não podemos ignorar, teima em fechar os olhos, caminhando soberana e ostensivamente, contra tudo e contra todos. Para que o défice seja anulado será mesmo necessário anular as pessoas?

Fernando Martins

sábado, 17 de novembro de 2007

DIA MUNDIAL DO NÃO FUMADOR

Será que o fumador tem o direito
de prejudicar os outros?


A propósito das limitações que vão ser impostas aos fumadores, no sentido de não poderem fumar em recintos fechados, não faltam vozes a protestar, clamando que se está a cair em radicalismos incompreensíveis. Os fumadores acham que devem poder fumar onde lhes apetece e os não fumadores entendem que ninguém tem o direito de conspurcar o ar que respiram.
Pessoalmente, penso que os não fumadores têm razão. Os fumadores podem e devem fumar onde quiserem, mas com limitações que exijam o respeita pelos não fumadores.
Ontem, precisamente, entrei com familiares num conhecido restaurante da Bairrada. Salas amplas que começaram a encher por volta do meio-dia, quando chegámos. Estávamos a começar a refeição, quando entra um daqueles fumadores que não param de fumar… O homem, de cara esquelética talvez pelo excesso de fumo, não se cansava de atirar fumo para o ar, enquanto não chegou a sua refeição. Perguntámos, então, se não havia sala para não fumadores. O empregado, delicadamente, informou-nos que não. Poderíamos mudar, se quiséssemos, para a outra sala, ainda com menos pessoas, mas não era seguro que pudesse ficar sem fumadores. Resolvemos ficar, para evitar complicações com a mudança de mesa. E o fumador voltou à carga nos intervalos da refeição, obrigando toda a gente a inalar o fumo que inundava tudo e todos.
Perante situações destas, eu pergunto se é admissível vivermos assim, sem radicalismos que imponham aos fumadores o respeito pelo seu semelhante, sobretudo daquele que gosta de respirar o ar puro.
O fumador, a meu ver, tem todo o direito de fumar e de dar cabo da sua saúde. Mas será que tem o direito, também, de prejudicar os outros? Julgo que não.

FM

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Dia Mundial da Alimentação

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL


A agenda diz-me que hoje é o Dia Mundial da Alimentação. E porque é uma agenda do nosso País e para a classe média alta, recomenda que devemos evitar açúcares, gorduras, óleos e aditivos.
É natural que haja cuidados com a alimentação, tanto mais que há muitas doenças que resultam do consumo imoderado de certos produtos, feitos a gosto dos nossos apetites. E dos nossos olhos. Afinal, o homem é o único animal, dizem, que come com os olhos. É, então, importante comer com moderação, optando pelos produtos mais saudáveis. Bom apetite, apesar de tudo. Amanhã direi por que motivo a nossa moderação até pode ter uma finalidade bem útil e importante.
Já agora, aprenda a calcular o índice de Massa Corporal, dividindo o seu peso, em quilos, pela sua altura ao quadrado, em metros. Se o resultado estiver entre 18,5 e 24, parabéns.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Um artigo de D. António Marcelino

MIOPIA LEGAL E LAICISMO INTOLERANTE


Foi publicamente denunciada a proposta de regulamentação da lei da assistência religiosa nos hospitais do Estado, apresentada pelo Governo. Segundo consta o capelão só poderá aproximar-se dos doentes que, por escrito e com a devida assinatura, solicitem a sua presença. Isto é inacreditável, por maior que seja a razão de tal proposta e o medo de que não sejam respeitados nas suas convicções aqueles quem sofrem.
Fui durante dez anos capelão de um sanatório do Estado. Mais de cem homens internados, todos eles oriundos dos distritos alentejanos, muitos já com os pulmões desfeitos pela grave silicose produzida pela poeira das minas onde trabalharam até lhes ser possível. Não sei se neste tempo algum descobriu o rosto de Deus e começou uma prática religiosa que nunca tinham tido. Sei, porém, que muitos experimentaram uma reconhecida força espiritual pelo calor da amizade que sempre lhes dediquei, quando me procuravam ou eu me aproximava para animar, dar conforto, ser uma presença amiga e familiar, muitos que a família que não podia visitar, pela distância e falta de recursos. Quantas cartas lidas e escritas, quantas confidências libertadoras, quantos apelos para solucionar problemas, prevenir situações, provocar reconciliações… Só quem está vazio de sentimentos fraternos, de afectos de humanidade e de solidariedade, só quem desconhece a realidade de quem sofre sem horizontes de cura, pode desvalorizar a força de uma palavra amiga, de uma visita gratuita por parte de quem, não era família de sangue, nem rosto conhecido. Só quem nunca sentiu a comunicação silenciosa de um gesto respeitoso quando o silêncio diz mais que as palavras, pode pensar que basta que o capelão do hospital seja como um bombeiro de serviço, à espera do pedido por escrito e assinado, para se poder aproximar da cama do doente. Para os laicistas associados até isto é de mais, porque para eles o lugar do capelão é a rua.
É a velha miopia moral de quem só enxerga até onde os olhos chegam. É o preconceito de quem vê na religião, qualquer que ela seja, um elemento deletério, que terá que terá de se aguentar, devido ao atraso de um povo inculto. É a pobreza de ideias e sentimentos de quem vê nos direitos humanos um favor generoso de quem governa.
Sabia que entre nós estão empobrecendo os sentimentos e as expressões de humanidade, mas não sabia que este empobrecimento era desejado e programado. Os doentes, assim se pretende, devem ser respeitados, mas segundo o crivo da lei interpretada a rigor. Agora os serviços públicos determinam o envio acelerado de equipas de psicólogos para apoiar famílias vítimas de calamidades, quando afectadas e fazem algumas vezes o mesmo para apoiar doentes graves dos hospitais Porque o Estado é laico, padres longe e psicólogos perto. Prefere-se o raro ao permanente, o espalhafatoso ao discreto, a lei à pessoa.
Ao longo da vida encontrei chefes militares a pedir que não tirem os capelães às forças armadas, directores de hospitais e de prisões a agradecer o trabalho extraordinário do capelão, responsáveis de escolas a lamentar que a aula de moral esteja a ser desvalorizada pelo governo e direcções regionais, com prejuízo para os alunos e para comunidade educativa. Isto não significará nada para quem faz as leis e as regulamenta?
É preciso ouvir o povo não apenas nas inaugurações com vivas, foguetes, presentes e placas com os dizeres que o ministro determina. Há que sentir o pulsar da vida, compreender as preocupações das pessoas, provocar a sua participação no que lhes diz respeito. Foram acaso ouvidos os doentes, as famílias, a gente dos hospitais? Quem serve não se pode dispensar desta tarefa. É fácil corrigir abusos, mas não tanto suprir as consequências de omissões, quando a própria lei as favorece.


António Marcelino

sábado, 22 de setembro de 2007

ERA DO SENTADO



DEPOIS,
QUEIXEM-SE…


Depois da já longínqua era industrial, veio a era da comunicação. De permeio outras surgiram. E de há uns anitos para cá temos a era do sentado.
Pois é verdade. A era do sentado leva-nos a passar grande parte do dia abancados em qualquer canto. Haverá sempre quem, por temperamento ou por profissão, tenha que andar de um lado para o outro. Mas a norma, que está a generalizar-se, é passarmos grande parte do dia sentados.
Logo de manhã, tomamos o pequeno-almoço à mesa, sentados. Depois, de carro, sentados, arrancamos para o emprego, onde nos espera, a grande maioria das vezes, uma actividade que nos obriga a estar numa (des)confortável cadeira. A seguir vamos almoçar a casa ou a outro sítio qualquer, de carro, mesmo que esse sítio fique a escassas dezenas ou centenas de metros. Comemos sentados e apressados saltamos para o volante. No emprego repetimos a dose da cadeira. E no fim do dia de trabalho, cansados de tanta cadeira, regressamos a casa, onde um sofá nos convida a descansar das agruras do trabalho exaustivo que tivemos durante umas boas horas. Um lanchezito, talvez sentados, e logo a seguir a televisão, sentados, porque noutra posição não se vê bem. Na janta, abancamos mais uma vez e o serão, na televisão, outra vez, ou na Net, vai ser bem vivido na posição já habitual de sentados. Ainda há quem passe pelas brasas num convidativo sofá. Na cama é que estamos, de facto, deitados.
Toda a gente entendida em questões de saúde (cada um de nós tem um pouco de médico e de louco) garante que precisamos de caminhar. O coração, os músculos e os nossos pulmões, que gostam do ar puro, convidam-nos a caminhar. Porém, poucos aderem a essa necessidade.
O Dia Europeu Sem Carros, que hoje se vive, é um convite à mobilidade. Temos, realmente, de caminhar. Quem não caminha arrisca-se a sofrer disto e daquilo. Se não o fizermos, depois não nos podemos queixar.
Boa saúde
F.M.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Luta contra o tabaco



HÁ QUEM LEVE ISTO A SÉRIO
:
Há dias, ao passar por uma zona turística, na Figueira da Foz, encontrei este aviso à entrada de um restaurante. Aqui não há meias tintas: não se pode fumar nem se vende tabaco. Entre parênteses, pode ler-se que o restaurante aderiu ao plano de desabituação.
Para além dos avisos frios, fiquei a perceber que há uma preocupação de contribuir para a luta contra o tabaco. Não falei com ninguém, mas é natural que se aceite a ideia de que um vício como este tem de ser combatido não tanto pela simples proibição, mas sobretudo pelo esclarecimento.
Formulo votos de que a campanha antitabágica passe por contributos que levem os fumadores a reconhecer o perigo real do tabaco.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O AR QUE RESPIRAMOS



PÓ DO PORTO COMERCIAL
INVADE TUDO
NA GAFANHA DA NAZARÉ

É público que o Prof. Carlos Borrego, da Universidade de Aveiro, vai coordenar um estudo sobre o ar que se respira na Gafanha da Nazaré. Pela sua indiscutível competência, penso que todos vamos ficar a saber se podemos, ou não, andar descansados.
Ninguém ignora que uma zona industrial e portuária tem custos acrescidos na área do ambiente. Há produtos tóxicos e poluentes a serem armazenados e manipulados, o que não pode deixar de inquietar as populações, já que, com regularidade ou esporadicamente, há o perigo de derrame ou de fuga para o ambiente.
Há anos, e por mais do que uma vez, a Gafanha da Nazaré sofreu as consequências de situações dessas, com produtos químicos altamente perigosos a serem derramados para a atmosfera, na área do Porto Industrial. Na altura foi dito que a região das Gafanhas, e em especial a Gafanha da Nazaré, estava constantemente sob um “barril de pólvora”, prestes a rebentar a qualquer hora. Depois vieram os técnicos garantir que tudo estava controlado, não havendo perigo para ninguém.
Entretanto, a Gafanha da Nazaré começou a ser invadida por areias e pós que vinham do Porto Comercial. Incomodavam, obviamente, toda a gente, chegando a invadir as casas. O povo começou a protestas e desses protestos se fizeram eco os diversos órgãos de comunicação social.
Promessas e mais promessas de que tudo se iria resolver, tranquilizaram as pessoas. Mas a cena vai-se repetindo, ao ponto de os responsáveis resolverem avançar com o estudo entretanto anunciado.
É bom que ele seja feito, para tirar dúvidas e para ficarmos com certezas. Não é possível sentir o pó em tudo quanto é canto das nossas próprias casas. Mas o pior é que ele também vai ocupando um lugar garantido nos nossos pulmões. E isto não pode ser.

Fernando Martins

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Tabaco faz mal à saúde

LEI DO TABACO FOI PUBLICADA
NO DIÁRIO DA REPÚBLICA
:
A Lei do Tabaco já foi publicada no Diário da República, mas somente em 2008 se farão sentir os seus efeitos. Assim, o fumo passa a estar proibido em todos os espaços públicos, bem como nos restaurantes e zonas de diversão com mais de 100 metros quadrados, a não ser em lugares próprios.
Penso que a partir de agora os não fumadores ficarão protegidos pela lei, sendo certo que os fumadores não poderão deixar de respeitar quem não gosta do fumo. Resta saber se os proprietários dos restaurantes serão capazes de fazer cumprir o que está legislado ou se vão descobrir alguma maneira de lhe escapar. Claro que haverá possibilidades de criar espaços próprios para os fumadores, onde só entra quem quiser. Cá por mim, evito sempre salas e pessoas que me incomodam.