sexta-feira, 30 de setembro de 2022

SENHOR, aumenta a nossa fé

Reflexão de Georgino Rocha 
para este fim de semana

A coerência de quem vive a fé, em obras concretas, brilha em tantos rostos humanos, sorridentes e felizes, em tantos voluntários de causas solidárias e fraternas, em tantos espoliados da sua dignidade que não desistem de a reivindicar, correndo riscos de morte

Os discípulos de Jesus, ao verem o seu agir e a sua determinação em prosseguir a missão, apesar de todos os contratempos, sentem-se necessitados de mais fé para assumirem atitudes semelhantes e de maior confiança para enfrentar adversidades parecidas, surpreendentes. Querem ser coerentes e fiéis, mas o coração segreda-lhes algo que os ultrapassa. E surge a súplica que expressa a intensidade do seu desejo: “Senhor aumenta a nossa fé”. Lc 17, 5-10

Hum segundo dia de creação

Obras da Barra
 



Luís Gomes de Carvalho, o responsável pela abertura da Barra, em 3 de Abril de 1808, achou ser seu dever informar o futuro Rei D. João VI do feito alcançado, sublinhando o facto como tendo sido "hum segundo dia da creação".

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Desertas na Costa Nova

 

O Desertas, na Costa Nova, a caminho do seu regresso ao mar. Foto muito divulgada, mas sempre apreciada.

Sinodais a irradiar

Uma reflexão de Georgino Rocha 
para este tempo

A renovação da Igreja está a urgir
e a transformação e a humanização da cultura são prementes

A comunidade católica quer “continuar o exercício exigente e nunca acabado de promover a sinodalidade na vida e na missão da Igreja”, escreve D. João Lavrador na Carta Pastoral «Eu renovo todas as coisas» para o ano apostólico 2022-2023.
Cada ano que começa é “sempre uma oportunidade para a renovação e para sonhar novos caminhos, a nível pessoal, familiar e comunitário”.
Os Conselhos Pastorais, Diocesano, Paroquiais, de Unidade Pastoral e Arciprestal, “a que temos de dar novo vigor, revestem-se de máxima importância no exercício da sinodalidade eclesial”.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Dia Internacional do Acesso Universal à Informação

Celebra-se hoje, 28, o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação. Esta data é comemorada desde 2015, por decisão 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, onde se sublinha que se trata de “um direito humano fundamental que desempenha um papel central na capacitação dos cidadãos”.
Todos sabemos que o acesso à informação não é plenamente respeitado, com limitações a todos os níveis. Não é gratuita nos vários âmbitos: jornais, televisões, rádios, internet, literatura, cinema, teatro, etc., e nem sempre está acessível.
Para além disso, todos sabemos que há, direta ou indiretamente, manipulação em situações que o comum dos mortais não consegue distinguir. No fundo, importa fazer um esforço permanente no sentido de se consultarem diversas fontes para tirar dúvidas.

Só a paz pode lavar pecados

Putin e Cirilo I de mãos dadas
Costuma-se dizer que na guerra, em qualquer guerra, a primeira vítima é a verdade. No meio da informação e contrainformação, nas diferentes razões e causas, nos interesses em conflito, pouco sobra para a racionalidade e ainda menos para a verdade, que é mais alcançável pelo diálogo do que pela força. No caso da guerra da Rússia na Ucrânia há outra vítima: a fé ortodoxa. 
Foi especialmente doloroso, porque incongruente, ver o presidente Putin na celebração da Páscoa ortodoxa. A Páscoa da Ressurreição transformada em propaganda de morte. Putin com uma vela na mão, luz-vida que faz desaparecer as trevas-morte, enquanto os seus soldados semeiam morte – e sofrem eles próprios às mãos dos ucranianos. 
Agora é o Patriarca de Moscovo, Cirilo I, que faz afirmações de estremecer, se as levarmos a sério. Convenientemente faltou ao Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais, no Cazaquistão. Boicotou uma cimeira de paz. Diz o Patriarca, depois da chamada dos trezentos mil reservistas: “Se morrerem pelo país, entrarão no Reino de Deus.” Ou “Acreditamos que este sacrifício lava todos os pecados que a pessoa tenha cometido”. Ele, que já tinha dito, no início da guerra: “Entrámos numa luta que não é apenas física, mas tem um significado metafísico”. 
Sabemos que alguns consideram que a Rússia ortodoxa, a “Santa Rússia”, tem uma missão no mundo, uma espécie de cruzada em que ninguém acredita fora da Rússia. Não podemos deixar de repudiar a mistura da fé cristã com o nacionalismo. A religião não pode acolitar o poder político. Perde credibilidade. E o diálogo com os ortodoxos, que foi prioridade para os papas desde Paulo VI, fica mais difícil.

J.P.F.

NOTA: Publicado no Correio do Vouga desta semana

terça-feira, 27 de setembro de 2022

OUTONO — O jasmim perdeu os seus adornos


O outono montou a sua tenda branca sobre os montes;
tiraram-lhes o tapete verdejante.
O ramo do jasmim perdeu os seus adornos
e a rósea olaia deixa cair as suas flores.
O pálido marmelo amarelece; a romã cora;
ó surpresa! terá um deles bebido o sangue do outro?
Os jardins estão assombrados por negros saltadores:
os negros corvos, com as suas vestes manchadas de pez.
Esses bailarinos do outono começaram a agitar-se;
as aves da primavera calaram os seus brancos concertos.
Amáveis servidores, para festejar o equinócio,
trazem os seus presentes ao afortunado príncipe.
E o longínquo mar encarregou a nuvem
de lhe lançar no trono, de presente, algumas pérolas.

Mo’ezzi (1084 – 1147) é um poeta persa

In Rosa do Mundo

Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo