quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Michael Barrett - Portugal Minha Pátria


As nossas cores e paisagens. Um desafio à nossa sensibilidade. O artista nasceu em Paris, em 1926. Em meados da década de 80 radicou-se na Figueira da Foz. Faleceu em 2004.
Do livro "MICHAEL BARRETT - Corpo Azul da Figueira da Foz a Buarcos", com sinais da sua passagem por outras paisagens.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

A Lota em Aveiro passou à história


Lembro-me da polémica à roda da construção da Lota. Tinha que ficar em Aveiro, que era dona e senhora do Porto de Aveiro. E os barcos de pesca costeira, traineiras e outros,  para descarregarem o pescado, tinham mesmo de navegar até lá. Alguns empresários mais espertos procuravam pescar pelas bandas de Leixões. E em pouco tempo, sem mais despesas, descarregavam e voltavam ao mar.
Um dia questionei um sobre o motivo dessa preferência por Leixões. Respondeu-me: — Já viu a despesa de gasóleo que se poupava? O pescado, mesmo quando era pouco, tinha de ser descarregado para não se estragar e as viagens de ida e volta até à lota de Aveiro significavam um alto custo.
Políticas e políticos sem visão provocaram altos danos às pescas, aos empresários e ao país.
Décadas depois, os portos de Pesca Costeira, Comercial, Industrial e Longínqua estão todos na Gafanha da Nazaré. E os primeiros mesmo à boca da Barra. A Lota da imagem passou à história.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Recordações: Caldeira do Forte e Esteiro Oudinot


 

Aqui partilho duas fotos do meu arquivo, guardadas numa caixa de cartão para evitar as humidades. Nas mãos de técnicos de fotografia passariam a excelentes documentos históricos. De qualquer modo, formulo votos de que os mais idosos, em especial,  possam apreciá-las. 

Efemérides


Às vezes ando à cata de efemérides da terra e pessoais. Não sou picuinhas nem voltado muito para o passado, pois prefiro pensar e agir em função do futuro. A verdade, porém, é que, por norma, a partir das efemérides conseguimos fazer caminhadas até ao presente e logo imaginamos o futuro. Digo imaginamos, mas tenho a garantia de que jamais acertamos na roda da sorte, porque, para lá do presente, só há incógnitas.
Voltando às efemérides, o Facebook tem uma memória prodigiosa ou bem organizada, pois, frequentemente, me acorda com trabalhos e datas em que escrevi e fotografei sobre assuntos importantes da minha vida pessoal ou comunitária. Realmente, as novas tecnologias já têm um lugar muito especial na sociedade. Há nelas coisas menos corretas? Há, sim senhor, mas temos sempre a oportunidade de pôr de lado o que é mau.

FM

Mas, padre, o que está a dizer?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO



O Sínodo vai até aos limites, inclui a todos. O Sínodo também é abrir espaço para o diálogo sobre as nossas misérias.

1. Nos grandes meios de comunicação, as notícias sobre a Igreja continuam a insistir, e com toda a razão, nos crimes de pedofilia do clero. No dia 5 deste mês, foi divulgado o Relatório Final, elaborado por uma Comissão independente a pedido da própria Igreja francesa, que analisou um período de 70 anos em França, apresentando números assustadores. Dizem-me que estou a ser ingénuo: para conhecer as verdadeiras dimensões dessa tragédia falta revelar o que se passa no seio de muitas famílias. O que está a acontecer na Igreja, além das medidas para erradicar essa calamidade em todas as dioceses, é, no meu entender, uma autêntica revolução. Não se trata, apenas, de enfrentar algumas questões sectoriais. O que o Papa Francisco tem feito, por sua conta e risco, e continua a fazer, é muito importante. Agora, inaugurou um processo radical. Não quer que a Igreja seja do Papa Francisco, dos cardeais, dos bispos e dos padres. A autoridade não está na cátedra, na mitra, no báculo ou no cabeção dos padres.

sábado, 9 de outubro de 2021

D. António Marcelino faleceu há oito anos

Evoco hoje D. António Marcelino com o texto que escrevi 
no momento em que foi dada a triste informação do seu falecimento

A triste notícia do falecimento de D. António Marcelino chegou-me pelo telefone, abruptamente. O choque que senti não tem palavras que o definam. Embora esperada a sua partida para o seio de Deus, fiquei, contudo, com a tranquilidade necessária para a aceitar, porque acredito que D. António Marcelino intercederá por nós junto do Senhor de todos os dons. 
D. António passou pela Diocese de Aveiro como um corredor de fundo, animando tudo e todos, rumo a uma Igreja mais aberta ao mundo dos homens e mulheres destes tempos. Rápido no pensar e no agir, foi dos bispos que mais apostaram na comunicação social, qual profeta que denuncia as injustiças, mas que não deixa de proclamar caminhos que nos conduzam a uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais caritativa e mais solidária. 
Nesta hora difícil, louvo a Deus pelos ensinamentos que dele recebi, pelo seu testemunho de crente e de bispo que me ordenou diácono permanente, pelo homem corajoso que enfrentou com determinação os desafios do Vaticano II, na convicção de que a Igreja Católica e o mundo só teriam a ganhar com as luzes que do concílio dimanaram.
Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal.

9 de Outubro de 2013

Fernando Martins

Um mundo de contradições

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



«O conflito maior é o dos pobres, milhares de milhões. Quando nos países ricos se come de mais e se sofre de obesidade e se queima ou deita comida ao mar em ordem à manutenção dos preços, sabe-se que há hoje no mundo mais de 800 milhões de pessoas com fome.»

Juntamente com Espinosa, terá sido Hegel que levou mais longe o racionalismo: "O que é racional é real e o que é real é racional", escreveu. Mas Ernst Bloch objectou que o processo do mundo não pode desenrolar-se a partir do logos puro. Na raiz do mundo tem de estar um intensivo da ordem do querer. Bloch, como também Nietzsche e Freud, foi beber a Schopenhauer. Este foi um filósofo que sublinhou do modo mais intenso que, na sua ultimidade, a realidade não é racional, pois há uma força que tem o predomínio sobre os planos e juízos da razão: a vontade.
Aí está um dos motivos fundamentais por que, na tentativa da explicação dos fenómenos humanos, a nível individual e social, temos sempre a sensação de que há uma falha no encadeamento das razões. É que no ser humano há o lógico e a pulsão, o cálculo e a emoção, a razão e o impulso.