A âncora é um símbolo da segurança que os homens e mulheres da ria e do mar conhecem bem. Aqui, no espaço anexo à marina da ANGE (Associação Náutica da Gafanha da Encarnação), descansa das fadicas de uma vida decerto agitada.
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
JORGE RIBAU APRESENTA CALDEIRADA DE ESPINHAS
Eng. Civil de profissão, o Jorge Ribau tem um gosto especial pela cozinha. Gosto que se tornou paixão, ao ponto de enfrentar desafios na TV à vista dos telespetadores e de membros de um júri à altura. Em 2016 ganhou o primeiro prémio na categoria de bacalhau com o prato grão com samos. E recentemente concorreu com uma caldeirada de espinhas de bacalhau.
O Jorge Ribau apostou em produtos típicos das nossas gentes, samos e espinhas de bacalhau, que nos tempos da minha meninice eram apreciados pelo povo. Agora, todos apreciam. Eram então subprodutos do fiel amigo, mas como a necessidade aguça o engenho, o povo soube dar-lhe a volta e criou autênticos petiscos.
Este gosto pela cozinha nasceu cedo na sua vida. Estou a vê-lo à volta dos tachos a apreciar gestos, saberes, gostos, temperos e alguns segredos da sua avó materna, a Dona Aurora Conde, a responsável pela cozinha da família, senhora por quem sempre tive uma admiração especial. Tenho para mim que o Jorge Ribau está desta forma a homenagear a sua avó Aurora, o que acho muito bem.
Parabéns Jorge (Jojó... para mim e para os amigos mais próximos), mas não podes ficar por aí.
NOTAS:
1.O concurso decorreu no âmbito do programa “A mesa dos portugueses”;
2.O concurso envolve cinco categorias: entradas e sopas, peixe, bacalhau, carne e sobremesas;
3.A receita desta caldeirada tem espinhas, batatas, tomate, cebola, alho, sal d'unto, pimenta branca, louro, salsa e açafrão.
domingo, 8 de novembro de 2020
COVID-19: Recolher obrigatório
O Governo decretou o recolher obrigatório entre as 23 e as 5 horas nos dias de semana, a partir de segunda-feira (dia 9) e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia, território onde vivem mais de 7 milhões de portugueses. O executivo determinou ainda que, ao fim de semana, o recolher obrigatório se inicia a partir das 13 horas nos mesmos 121 concelhos. O Primeiro Ministro, António Costa, justificou as novas medidas com o facto de ter havido este sábado mais de 6000 novos casos e 2420 pessoas internadas, 366 das quais nos cuidados intensivos. Conforme pode ler-se no link, o concelho de Aveiro está abrangido, mas Ílhavo não faz parte da lista.
SINAL DE PASSARADA
A Nina é uma gata com sentidos apurados. Foi visitar-me ao sótão, hábito que cultiva há muito, e foi para a janela apreciar o ambiente, julguei eu. De repente, o instinto sobressaiu. A passarada passeava tranquilamente na cobertura e a Nina ficou muito atenta a pensar na forma de caçar um qualquer passarito. Desta vez não teve sorte.
DEUS NÃO É UM RIVAL
Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO
A grandeza e beleza do universo
Frei Bento Domingues |
Encontrei, nessa introdução, a referência a um acontecimento dos agitados anos 50 do século passado, que provocou em mim, para sempre, o desassossego teológico.
Eram anos em que se consumava a repressão das vozes livres na Igreja, retomada nos finais do século XIX e na primeira metade do século XX. Esse acontecimento, aparentemente banal, foi para mim o encontro com um texto dos anos 30, recomendado por Paul Denis, um professor que buscava as fontes dos rios filosóficos e teológicos a partir da sua foz, o mundo contemporâneo.
Em 1935, pediram a Yves Congar O.P. para comentar os resultados alarmantes de um Inquérito realizado pela famosa revista La Vie Intelectuelle, sobre as “razões da descrença actual”!
Depois de analisar o longo processo de divórcio entre a Igreja e os movimentos científicos, culturais e sociais, que agitaram a gestação do mundo moderno, sintetizou-o numa expressão que me marcou: “a uma religião sem mundo, sucedeu um mundo sem religião.”
sábado, 7 de novembro de 2020
O Outono em casa
O Outono mora cá em casa. A ideia partiu da Lita, um dia destes, quando cirandámos pelo Jardim Oudinot. Enquanto eu fotografava as paisagens circundantes, com ria e horizontes de perto e de longe, a Lita apreciava a natureza que por vezes nos passa ao lado. Folhas espalhadas pelo chão e um ramo verde que o vento arrancou seduziram-na. E em casa expos o seu Outono que aqui partilho. Bom fim de semana, com muita saúde e otimismo. Dias melhores hão de vir.
O Papa Francisco confessa-se. 1
Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias
1. Francisco é o Papa que mais entrevistas deu. É claro que, ao conceder entrevistas a grandes meios de comunicação social mundiais, acaba por falar mais directa e espontaneamente de temas que nem sequer apareceriam se se mantivesse nos pronunciamentos formais de homilias e documentos oficiais. De facto, os jornalistas são curiosos e fazem perguntas que o grande público também gostaria de fazer.
Acaba de ser este o caso com uma longa entrevista concedida ao director da agência italiana AdnKronos, Gian Marco Chiocci. Concedida na sequência e no contexto da destituição do cardeal Angelo Becciu, acusado de ter desviado fundos normalmente destinados aos pobres, para beneficiar a sua família, Francisco declara que a corrupção é “um mal antigo que se transmite e se transforma nos séculos”. Na Igreja, “a corrupção é uma história cíclica, repete-se, depois vem alguém que limpa e põe em ordem, mas depois recomeça-se, na expectativa que chegue outro para pôr fim a esta degeneração.” Numa Igreja para os pobres, mais missionária, não há lugar para quem enriquece e faz enriquecer o seu círculo, vestindo indignamente a batina. “A Igreja é e permanece forte, mas o tema da corrupção é um problema profundo, que se perde nos séculos. No início do meu pontificado fui ao encontro de Bento XVI. Ao passar-me a ‘pasta’, entregou-me uma caixa grande, dizendo: ‘Está tudo aí dentro, estão os procedimentos com as situações mais difíceis, eu cheguei até aqui, afastei estas pessoas, e agora... cabe a ti.’ E eu não fiz mais do que recolher o testemunho do Papa Bento, continuei a sua obra.”
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