quarta-feira, 4 de novembro de 2020

OBJETOS QUE FALAM: Faca de Escala



As facas de escala nas mãos certas eram instrumentos de precisão e rapidez, vários escaladores afirmam também que nem todos eram capazes de ter a agilidade suficiente para ‘tratar do peixe’. 

Elmano Pio da Maia Ramos, que iniciou a sua vida no mar como piloto e mais tarde foi imediato e capitão, descreve como eram selecionados os homens para a função de escalador: 
"Todos os anos o Imediato escolhia ou perguntava quem é que tinha menos medo de trabalhar com a faca. Sim é preciso ter-se coragem, estar ali a trabalhar com uma faca bem afiada. Havia os que diziam ‘eu quero ser!’. Então eles iam praticar. É claro que o peixe ficava mal escalado, porque é natural. Mas depois de terem praticado começavam por substituir algum que adoecesse." 

"Um bom escalador tinha que conseguir fazer 16 peixes por minuto." afirma com um certo tom de satisfação o antigo escalador do arrastão "David Melgueiro", José Simões Marques. 

Com facas tão afiadas era usual ocorrerem acidentes. O cozinheiro Manuel Pinto recorda que chegou a ser enfermeiro e a realizar vários curativos aos colegas que na azáfama de escalar o bacalhau acabavam por fazer golpes nas mãos. 

NOTA: Transcrito da "Agenda Viver em..." da CMI

terça-feira, 3 de novembro de 2020

POSTAL ILUSTRADO: Ria na Vista Alegre


A Ria de Aveiro possui imensos Postais Ilustrados todos diferentes em todas as horas do dia. Este foi registado no dia 22 de Outubro de 2017, por volta das 12 horas.

NOVEMBRO COMEÇOU BEM


Novembro começou bem. O primeiro dia foi para todos os santos. Tantos são eles que não caberiam no nosso mundo, nos altares e fora deles. E o segundo foi para todos os que já morreram, santos ou não. Incontáveis são os seus números também. E agora vamos entrar na vida dos vivos, os homens e mulheres que habitam a Terra. Dos outros planetas não sabemos nada, mas seria interessante que se descobrissem planetas com gente como nós. Gente capaz de comer, beber, rir e chorar. Gente capaz de amar e gerar vidas. Para já, sabe-se que na Lua há água,  mas  a nossa ignorância sobre o que haverá à distância de milénios-luz persistirá. Bom novembro para todos, na esperança de que algo de novo, bom e positivo nos possa acontecer enquanto por aqui andamos. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

AS ROSAS VIERAM VISITAR-NOS

 


Nem só as pessoas têm gostos e desejos. Estas rosas entenderam que era tempo de nos virem visitar. Deixando por algum tempo o seu espaço, vieram até nós. E com satisfação as cumprimentámos: Bem-vindas sejam! 

domingo, 1 de novembro de 2020

Prenúncio de Inverno

Foto registada em Vouzela
 
O outono continua  para nosso consolo. Foi o que li neste momento: a natureza depenada e seca a contrastar com o verde persistente ao longe.

OS MEUS SANTOS DE TODOS OS DIAS


Hoje todo o mundo católico celebra o Dia de Todos os Santos. Não só os que a Igreja Católica considerou dignos das honras dos altares, mas todos os outros que, por certo, são incontáveis. Nascidos na Igreja Católica e nas outras religiões. Quiçá sem qualquer confissão religiosa. São os chamados santos laicos, os que, pelos seus méritos, Deus acolheu no seu seio. 
Mas os meus santos, aqueles que venero no meu dia a dia, são os que me deram o ser, me acalentaram no seu colo, me levaram a descobrir o bem e o belo, me ensinaram a rezar, me apoiaram nos primeiros passos, me ajudaram a levantar quando caí, me ensinaram a ler e a compreender o mundo, me estimularam a partilha da compaixão, me orientaram para viver o amor, esses é que são para mim os santos que hoje e sempre recordo com muita ternura. E aqui fica uma flor para todos eles.

A vida é um exercício de esperança

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO



Neste doloroso tempo de pandemia, 
as bem-aventuranças estão a ser vividas 
por crentes e não crentes que ajudam 
a resistir à sua cruel devastação.

1. Segundo o grande historiador das religiões, Mircea Eliade, a crença na vida para além da morte está demonstrada desde os tempos mais remotos. As primeiras sepulturas conhecidas confirmam a antiguidade dessa crença. Os enterros direccionados para Oriente – e os usos dos seus rituais – indicavam a intenção de conectar a sorte da alma com o curso do sol, ou seja, a esperança num “renascimento”, a existência num outro mundo com marcas e utensílios das ocupações da vida anterior. Daí a sua conclusão: o homo faber era também homo ludens, sapiens e religiosus [1].
A festa de Todos os Santos e a celebração de Todos os Fiéis Defuntos podem ser estudadas como fenómenos internos do cristianismo, mas também em ligação com outra história subjacente: a história da cristianização de festas e mitos pagãos.
O desejo de viver e de renovar a vida parece fazer parte de qualquer ser humano. Para uns, a morte apresenta-se como o fim dessa utopia. Para outros, é inconcebível que esse desejo natural possa ser frustrado e acreditam, de modos muito diferentes, que a morte não é a última palavra.
Diz-se que a biomedicina actual promete a imortalidade do corpo neste mundo [2]. Veremos, como dizia o ceguinho.