quarta-feira, 30 de setembro de 2020

SERRAZES


 Parque de campismo de Serrazes depois dos fogos florestais. Após a morte,  a ressurreição há de surgir. Assim espero.

Evocando Cecília Sacramento

Pela Positiva - Há 15 anos 

Cecília Sacramento,
professora e escritora de muito mérito,
continuará com os seus admiradores e amigos

Na segunda-feira, pouco antes das quatro da tarde, amigos e familiares deram-me a triste notícia, via telemóvel, do falecimento e funeral da Dra. Cecília Sacramento, professora e escritora a quem tantos devem muito. 
Conhecida e respeitada por todos os que com ela privaram de perto, alunos, professores, intelectuais, políticos e gente anónima, Cecília Sacramento cativava pelo seu porte sóbrio, mas elegante, pelo trato afável que aproximava as pessoas, pelo sorriso sereno, pela cultura que possuía e pela capacidade de diálogo, aberta a todos, independentemente das posições políticas, sociais e religiosas de cada um. 
Pessoalmente, jamais esquecerei esta minha professora de Português que incutiu no meu espírito, com que arte e paciência!, na meninice e na juventude, o gosto pelos livros, pela leitura e pela escrita. Ficará para sempre comigo a sua palavra doce, o seu sorriso que reflectia tranquilidade, a atenção que dispensava a todos e a forma como sabia ouvir, mas ainda a sua cultura superior e em especial a sua bondade. 
A Dra. Cecília Sacramento, que personificava a delicadeza em todas as circunstâncias, também foi uma mulher sofredora, mas nunca nas aulas mostrou abertamente o que lhe ia na alma, quando seu marido (o médico, escritor e político Mário Sacramento) era perseguido e preso pela PIDE. Apenas um semblante mais tenso, que denotava a tristeza que de todo não conseguia esconder dos alunos, revelava o drama tantas vezes sentido e calado. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

RECORTES: António Alçada Baptista


«CAPÍTULO PRIMEIRO — De como o Autor diz por que escreve e de que não vem dizer nada de novo a demais do que lhe disse a sua própria vida e de como, por isso, se fala em angústias não resolvidas pela farmacopeia e em depressões resolvidas pela farmacopeia, em casos que a ele, Autor, aconteceram e a outros de que teve notícia, donde, a propósito, parte para a imigração religiosa e começa assim a história duma relação que teve e está tendo com aquilo a que chamou Deus por não encontrar nome melhor.» 

Do livro “Peregrinação Interior – VOL. I – Reflexões sobre Deus”

Outoniço


(Foto do meu arquivo)

«Outoniço»


Acordo hoje,
Nesta manhã que sendo linda
A mim, doente me parece.
Como as folhas das árvores que o Outono
empalidece.]
Olho o céu que se mostra, aqui, pequeno,
Sem lonjuras onde pouse o meu olhar
Além!
Estou triste, a olhar a minha gente deprimida
E eu, outoniço também.

Senos da Fonseca

Em Maresias, página 277

domingo, 27 de setembro de 2020

POSTAL ILUSTRADO - Guarita

Réplica da antiga Guarita


 

António Barreto - Inventário

Da crónica de António Barreto 
no PÚBLICO

Que pensa quem olha para este inventário? 

Chegámos a um cume nunca antes atingido! 
E ainda não vimos tudo. Um primeiro-ministro, um punhado de ministros, diversos secretários de Estado, vários directores-gerais, numerosos membros de gabinetes, múltiplos gestores, muitos banqueiros, directores bancários sem fim, juízes, procuradores, presidentes da Relação, desembargadores, advogados, professores de Direito, deputados, presidentes de câmara, vereadores, dirigentes de partidos nacionais e locais, chefes da polícia e oficiais das Forças Armadas: há de tudo entre notoriamente suspeitos, investigados, sob inquérito, em curso de instrução, arguidos, à espera de julgamento, condenados, à espera de recurso, a cumprir pena, presos e em detenção domiciliária! O elenco dos suspeitos de corrupção é uma lista de celebridades. 
Não há paralelo na história do país. E parece haver poucos casos semelhantes, se é que existe algum, na história recente da Europa… 

Deus onde está?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO


Cristo não sacralizou a pobreza. Ao centrar o seu olhar e os seus cuidados 
nos marginalizados, abriu o caminho aos seus discípulos:
 fazei tudo para eliminar as periferias.

1. De Fátima a Meca ou a Jerusalém, o desconsolo é evidente em quem deseja e não consegue participar nas grandes celebrações da fé a que se estava habituado. As assembleias reduzidas, com observância rigorosa do novo ritual que impõe distâncias, uso obrigatório de máscara e um ritmo marcado de purificações das mãos, acentuam um clima de desconfiança mútua num cenário de catacumba.
Não é por causa de qualquer medida contra a liberdade religiosa, mas para defesa das ameaças de um vírus que não pergunta aos seus hóspedes se são crentes, agnósticos ou ateus.
A ciência tem-se mostrado muito lenta, como é normal, a encontrar remédios para o vencer e não surgem milagres disponíveis para a substituir. A oração intensa – nas suas inumeráveis formas – pode ajudar-nos a criar em nós um espírito de resistência e de esperança. Precisamos de abrir os olhos para todas as possibilidades de trabalhar por um mundo, onde a busca da justiça, banhada de sabedoria política dos cidadãos, se torne o nosso pão de cada dia. 

sábado, 26 de setembro de 2020

Prémio para o Expresso


«A Igreja Católica em Portugal atribuiu ontem o Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão à reportagem sobre o ‘adeus dos monges da Cartuxa’, do jornal do Expresso.
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais destacou o “excelente trabalho” escolhido pelo júri, que “interliga o que é um comunicador, o que é uma peça jornalista, perante um espaço que é tão querido como a Cartuxa”.
“Com tudo o que a Cartuxa nos pode revelar, a partir da espiritualidade, do silêncio, do que foi uma história que teve agora uma pausa, que vai continuar com uma nova comunidade”, acrescentou D. João Lavrador, bispo de Angra.
Na cerimónia de entrega do Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão que se realizou no final das Jornadas Nacionais de Comunicações Social 2020, o presidente do organismo da Igreja Católica em Portugal salientou ainda que “é um encanto muito grande” poder contar com estes contributos e, sobretudo, “em áreas tão específicas do que é a cultura íntima e profunda da espiritualidade de um povo como é o povo português que se vê também nestes espaços”.
O trabalho que abordou a saída dos monges Cartuxos de Portugal, em outubro de 2019, tem texto de Christiana Martins, fotografia de António Pedro Ferreira e vídeo e edição de José Cedovim Pinto.»

Fonte: Ecclesia 

Homem Corajoso

"Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que conquista por cima do medo."

Nelson Mandela 
(1918-2013) 
Nobel da Paz 

Escrito na Pedra 
do PÙBLICO de hoje

OS PRAZERES DA COMIDA E DO SEXO: “DIVINOS”

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Papa e Carlo Petrini


1. Quando se fala da Igreja e do sexo, entra-se numa história muito complexa e pouco edificante. 
Significativamente, não é com a Bíblia que há dificuldades. De facto, no Antigo Testamento, lê-se, logo no primeiro livro, o Génesis, que Deus criou também a sexualidade e viu que era boa. Do mesmo Antigo Testamento faz parte um dos livros mais belos a cantar o amor erótico: o Cântico dos Cânticos. 
Já no Novo Testamento, Jesus raramente se referiu ao sexo, aliás nunca por iniciativa própria, mas para responder a perguntas que lhe foram feitas a propósito do divórcio e para defender a mulher. 

2. Factor decisivo para o envenenamento da relação foi a gnose, a primeira grande heresia com que o cristianismo teve de confrontar-se e que, desgraçadamente, não terminou. Segundo a gnose ou gnosticismo, a salvação não se alcança pela fé, mas pelo conhecimento, que é secreto e, em última análise, acessível apenas aos iniciados. Elemento essencial desta doutrina é que o Deus do Antigo Testamento, que é o criador do mundo, não é o mesmo que o Pai de Jesus Cristo. Este mundo, que é o mundo material, procede de uma queda e é mau. Os membros desta heresia insistiam concretamente, na continuação do platonismo, num dualismo radical de alma e corpo, matéria e espírito, sendo o corpo apenas uma espécie de “contentor” da alma: necessário, mas sempre inferior e indesejável.