terça-feira, 30 de junho de 2020

A festa dos Grandes Veleiros



Com a pandemia, limitadora das nossas liberdades para bem de todos, em toda a parte do mundo, não haverá tão cedo uma festa como a que nos foi proporcionada com a estadia dos Grandes Veleiros no Porto de Aveiro, mesmo ao lado das portas dos gafanhões. Vistosos, enfeitados, com a alegria contagiante dos marinheiros e abertos para visitas, os Veleiros deixaram marcas no rol das nossas boas recordações.

FESTA NA RIA – Regata dos moliceiros


No próximo fim de semana, a Ria de Aveiro vai estar em festa com a Grande Regata dos Moliceiros, uma iniciativa da CIRA (Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro). Este evento, emblemático da laguna aveirense, pretende dar a conhecer “riqueza do território na suas mais diversas expressões”, já que o turismo sai naturalmente enriquecido, lê-se no comunicado daquela comunidade, que abrange 11 municípios. 
A festa é constituída, essencialmente, pela partida dos  moliceiros inscritos, na Torreira, no sábado, 3 de Julho, pelas 15.30 horas, estando prevista a chegada por volta das 17 horas, nos canais urbanos de Aveiro. 
A regata pode ser vista das margens da laguna aveirense, em zonas adequadas.

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Caldeira no Forte da Barra




Sou deste tempo, sim senhor. Recordo perfeitamente a caldeira e o pavilhão para proteger algumas embarcações. Também recordo os trabalhadores que nas barcaças transportavam as lamas ou lodos que as dragas arrancavam do leito da laguna. Nas margens, cada trabalhador tinha de descarregar a barcaça à pazada. Corpos e roupas pretos ao jeito de quem mergulhava na lama. Trabalhos duros e sujos que a nossa juventude nem imagina. Trabalhos de escravos em pleno século XX.

Fonte: JAPA

segunda-feira, 29 de junho de 2020

A Arte da Xávega


A Arte da Xávega, que muitos conhecem pela utilização de juntas de bois que puxam a rede para a praia, não começou assim. O padre João Rezende diz, na sua Monografia da Gafanha, que “Até cerca de 1887 estava ainda em uso o processo de pesca no mar pelo arrasto ao cinto, que consistia em cada um dos pescadores prender, por uma laçada especial, a corda do cinto às duas cordas especiais da rede (o rossoeiro e a corda barca) e assim ligados, ou atrelados se quiserem, arrastarem a rede para fora da pancada do mar.” Diz o mesmo autor que foi Manuel Firmino, proprietário de companhas e político de Aveiro, quem primeiro substituiu, naquele ano, o arrasto ao cinto pela tracção do gado bovino.

Nota: Foto da rede global

Feliz és tu, Simão Pedro

Reflexão de Georgino Rocha 
para a festa de São Pedro e São Paulo, 
Apóstolos - 29 de Junho

Jesus declara feliz Simão Pedro pela resposta dada à pergunta que havia feito ao grupo dos apóstolos: “E vós quem dizeis que Eu sou?” Espontâneo e emotivo, diz sem hesitação: “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo”. Jesus acolhe esta resposta que o identifica na sua realidade mais profunda, revela que Pedro foi agraciado por uma revelação especial de Deus Pai e anuncia a nova identidade que ele viria a assumir na Igreja encarregada de propor a verdade, de estabelecer laços de comunhão, de ser pedra sólida na construção de uma nova civilização - a do amor.
A missão de Pedro emerge da identidade de Jesus Cristo e configura-se no seio de uma Igreja marcada pela fidelidade e responsável pelo testemunho coerente e oportuno. Assente nos seus traços principais, a missão de Pedro e dos papas, seus sucessores, tem procurado, ao longo da história, a melhor forma de levar à prática o exercício desta missão. Nem sempre fácil, como demonstram os factos. Mas a harmonia na comunhão e o respeito pelas diferenças legítimas são sempre desejados e, ultimamente, foram expressos como “pedido” oficial ardente por João Paulo II, Bento XVI e Francisco.

domingo, 28 de junho de 2020

Responsabilidade ética das religiões

Crónica de Bento Domingues 

"O apelo ao diálogo inter-religioso é fundamental, mas no pressuposto de se tratar, verdadeiramente, de religião e quando os interlocutores consentem nesse caminho."

1. Jean Druel é um dominicano francês, especialista da patrística copta, da língua árabe, da gramática árabe medieval e director do conceituado IDEO – Instituto Dominicano de Estudos Orientais do Cairo (Egipto), onde vive. Com esta apresentação, podia dar a ideia de uma pessoa confinada na investigação científica, a escrever só para especialistas. Mas não. Tornou-se um conferencista muito escutado e passou a escrever livros breves, de vários géneros, para mostrar que a vida diária, carnal, intelectual, sexual, afectiva, social, cultural, desportiva, literária, musical é o verdadeiro e concreto espaço de Deus connosco. É no Seu insondável mistério que vivemos, nos movemos e existimos.
Nessa nova biblioteca, publicou uma deliciosa introdução aos princípios do diálogo inter-religioso, fruto da sua longa experiência de diálogo com o mundo muçulmano. Recomendo-o vivamente. A escuta paciente das raízes das diferenças é a boa regra para viver no seio dos conflitos que habitam todos os aspectos da vida, a começar pela vida familiar [1].

Poesia


"A história provou a capacidade demolidora da poesia 
e nela me refugio incondicionalmente"

Pablo Neruda (1904-1973), poeta

Publicado hoje no PÚBLICO, 
em Escrito na Pedra

Quase simetria

Jardim 31 de Agosto na Gafanha da Nazaré

Quase simetria para quem gosta de algum equilíbrio na vida. Votos de excelente domingo com sol que já  aquece o corpo e a alma.

A minha aldeia

Um poema de António Gedeão
para este domingo

Marina do Forte da Barra - Gafanha da Nazaré
Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence. 

Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões. 

Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.

Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valência de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.

António Gedeão


NOTA - Durante a arrumação de papéis e livros encontrei este poema num caderninho (6 Poemas de António Gedeão) oferecido pelo PÚBLICO, provavelmente em 1995. Aqui o partilho em homenagem a um grande poeta. 

sábado, 27 de junho de 2020

Aldeia abandonada...

Aldeia do Caramulo

Estávamos longe da crise que presentemente vivemos, envolvidos pelo mistério do seu fim ou do início do recomeço sem temores, quando registei a minha passagem pelo Caramulo em férias. A aldeia, cujo nome não consegui averiguar, dá sinais de ter sido abandonada, decerto por outras crises de que pouco se fala. Crises de desemprego, de vontade de mudar de vida, porventura de fome, de aventura com sonhos de um futuro melhor. Ali abundava em sossego o que faltava na mesa do dia a dia. O nosso interior oferece belezas ímpares sob vários pontos de vista. Porém, não consegue esconder o atraso a que foi votado durante séculos. O progresso estabeleceu-se no litoral, onde o mar convida a outros desafios.

F. M.