domingo, 23 de fevereiro de 2020

O Sagrado e suas configurações (1)

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Como ficou dito em crónicas anteriores, o Sagrado é o referente último de todas as religiões, o mistério da realidade na sua ultimidade. É o Sagrado ou o Mistério pura e simplesmente. É o Inominável, pois transcende sempre tudo quanto se possa pensar ou dizer dele. Nenhuma religião o possui nem mesmo as religiões todas juntas. 
Na experiência do Sagrado, fonte de sentido último, salvação e felicidade, o Homem está sempre em presença de algo outro e superior, “o tremendo e fascinante”, o Absoluto, inabarcável, inacessível e inefável. 
Esta superioridade do Sagrado manifesta-se em níveis diferentes: o ontológico – infinita riqueza de ser –, o axiológico – realidade sumamente valiosa. Assim, comporta “uma ruptura de nível que aponta para a plenitude de ser e realidade por excelência” (J. Sahagún Lucas). 
Sendo o Inominável, procurou-se, ao longo da História, nomeá-lo. Numa obra recente, Después de Dios..., o teólogo José Ignacio González Faus apresentou várias tentativas, com muitos nomes. Os Upanishades referem-se a ele como “O Incondicionado”; as filosofias mais racionalistas designam-no como “O Absoluto”; Santo Tomás de Aquino disse que o seu melhor nome é precisamente “O Inominável”; Tierno Galván, “a partir do seu agnosticismo despreocupado pelo tema”, designa-o por vezes como “O Fundamento”;

Acabar com o clericalismo

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO 

«A liturgia eucarística é obra de toda a comunidade 
e não apenas dos padres e dos bispos»

1. Para acabar com o clericalismo que o papa Francisco tantas vezes tem denunciado, importa desconstruir a eclesiologia que o produz e fundamenta. Sem esse trabalho, a concepção de Igreja do Direito canónico, que vigorou desde 1917 até 1983, desde Pio X até ao Vaticano II, reaparecerá quando menos se espera. Nessa eclesiologia o clero era tudo, tinha a primeira e a última palavra. Ao laicado restava-lhe ouvir, obedecer e sustentar o clero.
Nunca faltaram minorias para contestar esse culto da passividade perante uma hierarquia que se julgava omnisciente e omnipotente em nome de Deus [1].
Sem a desconstrução desse mundo de fantasias e práticas autoritárias, é impossível encontrar o que é essencial, o que é secundário e o que é de rejeitar na caminhada cristã. Sem essa redescoberta, continuaremos a construir sobre a areia, a alimentar ilusões com novas embalagens religiosas de produtos de fraca qualidade.
O Vaticano II iniciou, oficialmente, essa desconstrução, essa tentativa de encontro com o essencial da fé cristã. Ficou muito aquém do que era necessário e ainda nem sequer foi interiorizada a grandeza da sua mudança de perspectiva e de conteúdo.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

E aí está o Carnaval...


Embora não seja fã das festas carnavalescas, talvez por uma questão de feitio, não ouso criticar quem leva a sério este período de folia que antecede a Quaresma. Aliás, até compreendo esta maneira de expulsar o stresse de um ano inteiro de trabalhos, canseiras, lutas e competições a tantos níveis... Descarregar energias acumuladas até fará bem à saúde, com ou sem máscaras, que delas estamos fartos no dia a dia... 
Então, que cada um viva o Carnaval à sua maneira. Eu terei outras formas de o fazer à volta de um certo silêncio longe do bulício dos sambas, bailaricos, palhaçadas e piadas, do género de criticar com graça atores da vida pública, na certeza de que a brincar se podem dizer coisas sérias. No Carnaval ninguém leva a mal...  
Boas festas para todos.

F. M.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Moliceiros


MOLICEIRO: Para manter  viva a memória do rei da laguna aveirense...

Pronto!

Pronto! A questão da eutanásia foi aprovada na AR. Agora vai ser elaborada a lei tendo em conta os diversos projetos postos à votação... Os defensores da eutanásia podem morrer quando quiserem ou o desejarem. Tudo bem. Eu prefiro viver até a natureza decidir. Sem dor, de preferência, claro. 
Se vier o referendo, o povo decidirá... se for votar. Que isto de ir votar tem que se lhe diga. O pessoal diz que é importante, mas abstém-se, normalmente.
Venha outro tema para animar a malta. Futebol… está bem de ver. Que mais poderia ser para todos vivermos alegres e contentes?

F. M. 

Novos Horizontes do Amor Humano

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo VII do Tempo Comum

O padrão de felicidade proposto por Jesus aos seus discípulos adquire novas facetas que dão rosto humano às bem-aventuranças. O ensinamento feito na montanha vai mostrando, por contrastes, a beleza e a elevação a que todos nós estamos chamados. A disponibilidade pronta e radical para ir mais longe e chegar ao fundo do coração é especialmente apreciada e destacada. E, vigoroso e atraente, brota o apelo/convite a viver, sempre, o amor perfeito que dá um novo sentido a situações consideradas positivas sob o ponto de vista legal e saneia completamente as negativas. Mt 5, 38-48.
O Papa Francisco afirma, perante uma multidão de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano “que Jesus Cristo veio apresentar uma «abordagem correta» aos mandamentos, que devem ser um «instrumento de liberdade»… Deus educa-nos para a verdadeira liberdade e responsabilidade… Quando uma pessoa se torna escrava das paixões e do pecado deixa de ser protagonista da própria vida”.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Dia Mundial da Justiça Social


O Dia Mundial da Justiça Social celebra-se neste dia, 20 de fevereiro. Foi criado em 2007 pela Assembleia Geral das Nações Unidas e a sua primeira celebração aconteceu em 2009. O objetivo é fácil de compreender. Visava enfrentar as realidades da pobreza, do desemprego, da exclusão social, criando oportunidades para todos e lutando pela igualdade, pelo bem-estar, pelo trabalho e justiça, ao mesmo tempo que importava apoiar os migrantes e refugiados. 
Algo terá sido conseguido, mas ninguém sabe quantificar o que foi feito e o que falta fazer em prol da humanidade, onde pululam a miséria, a fome, o desemprego, a escravatura camuflada, a perseguição e as injustiças de toda a ordem. 
Que ao menos nos lembremos do muito que falta fazer. Ficar indiferentes é que não pode ser.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Serenidade


Para fugir ao ramerrão da vida, sobretudo em maré de sombras negras, mágoas, desacertos, incompreensões. Assim vai o homem do leme numa laguna tranquila, sem ventos, sem ondas, sem gente que o distraia. Serenamente. Talvez a pensar no bom que o dia a dia ainda nos dá. Assim estejamos atentos.

Faleceu um homem bom: José Vareta


Foi a enterrar hoje, no cemitério da Gafanha da Nazaré, o nosso conterrâneo José Vareta, que foi meu vizinho. Depois fixou residência na rua Marquês de Vagos. Sempre o conheci como homem sereno e bom, dentro de uma humildade que cativava. Tive o privilégio de o entrevistar há uns três anos e nos últimos tempos costumava encontrá-lo na zona da igreja matriz, onde o cumprimentava com afeto, pela simpatia com que sempre me falava. 
Deus já o recebeu no seu regaço maternal.

Ler entrevista aqui 

Sobre os velhos

Da crónica de Miguel Esteves Cardoso 
no PÚBLICO



«O convívio com os mais velhos compensa. Se esse convívio fosse procurado pelo valor que nos dá haveria concorrência pelo acesso a eles. Os velhos mostram-nos o que vai ser de nós. Mostram-nos que vale a pena aproveitar a idade que temos, seja qual for.»

Ler toda a crónica aqui