quarta-feira, 31 de outubro de 2018

TODOS OS SANTOS: A alegria de viver feliz com Jesus

Georgino Rocha

Jesus, animado pela novidade de que é portador, faz o discurso do Reino, o conhecido sermão da montanha (Mt 5, 1-12). Proclama o código da felicidade, a experimentar já na história e a viver no futuro definitivo, a eternidade nos braços da família de Deus. E deixa-nos o convite a mantermos bem seguro no coração a chave de entrada. Que impacto terá provocado nos discípulos e demais ouvintes! Certamente como nos provoca a nós, se quisermos assumi-las como regra de vida.
O Papa Francisco publicou a 19 de Março de 2018 uma exortação apostólica intitulada “Alegrai-vos e Exultai”, título tirado da última bem-aventurança. Quer apresentar aos cristãos a nova visão de Jesus sobre a felicidade e consegue-o num estilo muito actual e apelativo. Vamos transcrever alguns pontos.
“As bem-aventuranças são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre «como fazer para chegar a ser um bom cristão», a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das bem-aventuranças. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida”.

1. «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu»

O Evangelho convida-nos a reconhecer a verdade do nosso coração, para ver onde colocamos a segurança da nossa vida. Normalmente, o rico sente-se seguro com as suas riquezas e, quando estas estão em risco, pensa que se desmorona todo o sentido da sua vida na terra. O próprio Jesus no-lo disse na parábola do rico insensato, falando daquele homem seguro de si, que – como um insensato – não pensava que poderia morrer naquele mesmo dia (cf. Lc 12, 16-21). Ser pobre no coração: isto é santidade

Dia Mundial da Poupança


Hoje, quarta-feira, 31 de outubro, é o Dia Mundial da Poupança. Tanto quanto se lê para recordar o sentido da poupança, este Dia Mundial nasceu com o intuito de alertar os consumidores para a necessidade de disciplinar os gastos, de maneira a amealhar algum dinheiro para o indispensável.
Eu fui educado neste espírito e tenho dificuldades em compreender os gastadores, os que não pensam no futuro. Conheço pessoas que só pensam no presente, gastando ao sabor dos apetites, não sabendo discernir o importante e urgente do acessório. Gastam por gastar sem admitir que amanhã poderão não ter simplesmente para comer.
O espírito de poupança, assente no princípio de se gastar menos do que se ganha, aplica-se não apenas às pessoas, mas também às empresas e aos governos. Não seguir este princípio está à vista, por exemplo, nos Governos de Portugal. Tanto gastaram para além das suas possibilidades que acabaram por  cair quase na bancarrota.
Eu poupo e nunca me arrependi de o fazer. Mas também procuro transmitir aos que me são próximos que será fundamental amealhar algum dinheiro, porque nunca saberemos o dia de amanhã. 
Boas poupanças. Depois não digam que não avisei. 

Fernando Martins 

domingo, 28 de outubro de 2018

Pessoas que nos marcam...

Professora Helena Pessoa

MaDonA

A figura do professor primário sempre constituiu uma referência, sobretudo nos meios rurais. A par com o regedor e o padre era um marco e uma autoridade, pois levava a literacia ao povo, quando o ensino primário ainda nem era obrigatório. Nos meios pequenos como eram as Gafanhas, havia apenas um professor para todos os alunos que iam à escola. Ouvia da boca dos meus progenitores os nomes de Prof Cesário e Mª Augusta, que ensinaram as primeiras letras a gerações de alunos, que ainda os guardam na memória. Hoje, são topónimos em ruas próximas do lugar que habito. 
O ensino primário era uma das fases mais importantes na vida de uma pessoa. Afinal, é nela em que alguns traços de personalidade são construídos, e o ambiente escolar desempenha um papel socializador em que a criança começa a ampliar sua rede de relações, sendo que é através do professor que ela consegue construir conhecimentos expressivos. 
Por isso, o papel do professor é fundamental pois ele é o mediador entre a criança e o conhecimento. como elas veem e sentem o mundo, criando oportunidades para elas  manifestarem seus pensamentos, linguagem, criatividade, reações, imaginação, ideias e relações sociais. 

Para vinho novo, odres novos

Frei Bento Domingues
"As tarefas empreendidas pelo Papa Francisco têm, sem dúvida, a sua origem na crise actual e nas suas heranças. Mas ao mesmo tempo fazem parte da ordem do dia inacabado do Vaticano II e de problemas que atravessam a história da Igreja"

1. Como diz o físico Carlo Rovelli, a natureza do tempo talvez seja o maior mistério. Estranhos fios o ligam aos grandes mistérios não resolvidos: a natureza da mente, a origem do Universo, o destino dos buracos negros, o funcionamento da vida. A dança a três gigantes do pensamento – Aristóteles, Newton e Einstein – levou-nos a uma mais profunda compreensão do tempo e do espaço: existe uma estrutura da realidade que é o campo gravitacional; esta não é separada do resto da física, não é o palco em que o mundo flui: é uma componente dinâmica da grande dança do mundo, semelhante a todas as outras; interagindo com as outras, determina o ritmo das coisas a que chamamos fitas métricas, relógios e o ritmo de todos os fenómenos físicos. Pouco depois, o próprio Einstein verificou que esta não era a última palavra sobre a natureza do espaço e do tempo [1].
Há mais de dois mil anos, depois de João Baptista ter sido preso, Jesus foi para a Galileia proclamar: “completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos – mudai de vida – e acreditai no Evangelho”, se quereis que o mundo encontre a perfeita alegria [2].
Quando S. Marcos escreve isto, já o Espírito de Cristo tinha assumido outro ritmo do tempo: o dos jovens com visões novas e dos velhos renascidos, cheios de sonhos de um mundo outro [3]. Cedo, porém, se deram conta de que o tempo e o espaço das Igrejas não eram um palco em que elas se pudessem desenvolver, puras e santas, sem estranhas interacções religiosas, sociais, económicas ou políticas, desde o Pentecostes até hoje. A necessidade de reformas faz parte da sua história.

Um poema de Eugénio de Andrade



SE DESTE OUTONO

Se deste Outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.

Eugénio de Andrade

In O Sal da Língua

sábado, 27 de outubro de 2018

O Homem e o Sonho

(Foto do meu arquivo)
O homem é do tamanho do seu sonho"

Fernando Pessoa

Está tudo certo? Está. E o homem e a mulher terão consciência disso? Penso que sim. Então, vamos todos apostar em construir os nossos sonhos. A partir de hoje, com otimismo.
Bom fim de semana.

ÍLHAVO: Patrimónios esquecidos


Dois dias para a morte e para o sentido

Anselmo Borges



"A morte é o mistério pura e simplesmente. Ninguém sabe o que é morrer. Ainda nenhum de nós, felizmente, morreu, e os mortos, esses, não falam. Não temos experiência do que é morrer nem do estar morto nem do Além. A morte escapa a todas as categorias."


Há muito que para mim é claro que, para perceber uma sociedade, mais importante do que saber como é que nela se vive é saber como é que nela se morre e nela se trata a morte e os mortos. Aí está: hoje a morte é tabu, mais: vivemos numa sociedade assente sobre o tabu da morte, tendo nele o seu fundamento. Da morte não se fala. Não é de bom-tom. E o que é que isso revela? Que vivemos numa sociedade desorientada, que não sabe o que há-de fazer com a morte e, por isso, também não sabe viver na fundura ético-metafísica que o pensamento da morte dá e exige. 
O que aí fica, talvez intempestivamente, para os dois dias 1 e 2 de Novembro, que tradicionalmente eram consagrados à meditação sobre a morte e o seu sentido, que é o sentido da vida, são breves reflexões sobre este tema incómodo, mas sem o qual se deriva para o inessencial. 
A morte é o mistério pura e simplesmente. Ninguém sabe o que é morrer. Ainda nenhum de nós, felizmente, morreu, e os mortos, esses, não falam. Não temos experiência do que é morrer nem do estar morto nem do Além. A morte escapa a todas as categorias. Como escreveu o filósofo Emmanuel Levinas, "a morte é o mais desconhecido de todos os desconhecidos. Ela é mesmo desconhecida de modo totalmente diferente de todo o desconhecido". Perante o rosto morto de uma pessoa, concretamente da pessoa amada ou de um amigo, sabemos que qualquer coisa de dramático e único aconteceu: o fim da existência no mundo, o stop definitivo e irreversível. Mas o que é que isto quer dizer verdadeiramente? "Nunca saberemos o que é que a morte significa para o próprio morto. Não sabemos sequer o que pode haver de legítimo na fórmula: para o próprio morto." Em última análise, não é possível fazer um juízo definitivo sobre a vida de alguém, porque nunca nos é dado saber o que foi a sua morte. No confronto com a morte, é com a irrepresentabilidade total que deparamos. Só os vivos falam da morte. Os mortos, esses, calam-se definitivamente. Sigmund Freud também escreveu: "O facto é que nos é absolutamente impossível representar a nossa própria morte, e todas as vezes que o tentamos apercebemo-nos de que assistimos a ela como espectadores. É por isso que a escola psicanalítica pôde declarar que, no fundo, ninguém crê na sua própria morte ou, o que é o mesmo, que, nos seu inconsciente, cada um está persuadido da sua própria imortalidade." No fundo, nenhum de nós acredita que há-de morrer: a morte é sempre a morte dos outros, só acontece aos outros, cada um de nós pensa que será excepção. Porque é impossível eu conceber a minha consciência, a consciência de mim, morta.

Atrasa uma hora na próxima madrugada



Na próxima madrugada, antes de adormeceres, atrasa o teu relógio uma hora. Isto acontece porque Portugal não aceitou manter a hora chamada de verão. Portanto, depois de atrasares o teu relógio, vais poder dormir, nessa noite, mais uma horita. Já não é mau. E os hábitos acomodam-se rapidamente às circunstâncias.

As folhas caem...



“As folhas caem e os preços também.” Esta frase, tão certa com o outono que nos cabe viver, está correta, à partida. É no outono que as folhas caem com o convite da natureza ao sono profundo das árvores, que se prolongará até à primavera, mas também é verdade que é nesta altura que os saldos nos permitem adquirir artigos a preços mais em conta. Pena é que este espírito não se prolongue por todo o ano. Mas as leis do comércio são assim. Em tempos de crise, para alguns, é bom aproveitar. No poupar é que está o ganho.