quinta-feira, 11 de maio de 2017

Afinal, o Creoula vai continuar entre nós…



Depois da estadia do Creoula no Porto de Aveiro, à conta das festas da capital do distrito, entre 12 e 14 de maio, chega-nos agora a notícia de que, afinal, aquele navio vai continuar entre nós, concretamente, até 20 do mesmo mês, no cais bacalhoeiro, Gafanha da Nazaré, no âmbito das Comemorações do Dia da Marinha. Esta presença tem em conta, conforme comunicado da autarquia ilhavense, «a sua "tradição marinheira", associada desde o século XVI à pesca do bacalhau por muitos Capitães e pescadores nos mares frios da Gronelândia, bem como às excelentes relações que remontam às Comemorações do Dia da Marinha, em 2003, e à Regata dos Grandes Veleiros, em 2008», entre outros eventos. Esta é mais uma excelente notícia para as nossas gentes, em especial para as apaixonadas pelas nossas tradições marítimas.

Fonte: CMI; Foto da CMI

Ver  programa

Faleceu o meu amigo Leopoldo Oliveira


Pouco passava da meia-noite de hoje quando um filho me deu a notícia do falecimento do meu amigo Leopoldo Oliveira, com 90 anos de idade. De manhã, procurei informar-me da hora do funeral, mas deparei-me com notícia de que já tinha sido ontem, pelas 16 horas. Fiquei triste por não ter acompanhado a família na hora derradeira da sua partida  para o seio de Deus. Apresento, por esta forma, as minhas condolências aos filhos e demais familiares, com a certeza das minhas orações pela sua alma. Ele agora estará com a sua Maria e seu filho Paulo no regaço maternal do Senhor da Vida.

Leopoldo Oliveira era um amigo com quem gostava de conversar, sobretudo quando abordávamos temas do passado e da sua vida, desde muito novo, marcada pela diabetes. Posso garantir, sem medo de errar, que faleceu o mais idoso e antigo diabético da Gafanha da Nazaré, graças, certamente, ao cuidado que mantinha na hora da alimentação e da medicação com insulina.
Um dia, quando descobri que eu próprio também era diabético, tipo dois, foi com ele que aprendi muito do que devia fazer para viver tranquilamente. Pela minha insistência, com perguntas e mais perguntas, ele repreendeu-me docemente: — Não tenha medo, que eu considero-me uma pessoa saudável, apesar de ser diabético desde os 21 anos, e sou muito mais velho do que você. E fiquei então mais tranquilo. Aliás, um médico que bem o conhecia, disse-me, para me tranquilizar, que o Senhor Leopoldo era realmente o mais antigo paciente da diabetes, «com todos os órgãos afinados». Daí, a sua longevidade, que o levou a estar entre nós, fisicamente, até aos 90 anos. Espiritualmente, permanecerá na nossa memória. 
A última vez que o vi, no Lar Nossa Senhora da Nazaré, testemunhei a sua amizade. Ao dar-lhe um abraço, o amigo Leopoldo chorou. Depois, mais calmo, disse-me que estava a ser bem tratado, mas que ficara comovido quando me viu. Seriam saudades das nossas conversas ali na zona em que sempre viveu, perto da igreja matriz. 
Paz à sua alma.

Fernando Martins

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Concurso Aveiro Jovem Criador promovido pela autarquia


O Executivo Municipal deliberou aprovar o Regulamento do Concurso Aveiro Jovem Criador 2017, dando assim continuidade a uma importante iniciativa potenciadora da criatividade nas áreas artísticas, nomeadamente a Arte Digital, Escrita, Fotografia, Pintura e Música, sendo esta última uma nova área, que foi acrescentada em 2016. 
Um concurso deste género não pode deixar de projetar o Município de Aveiro a nível nacional e internacional, tanto mais que promove a criatividade e a participação ativa dos jovens, como se lê na informação da autarquia aveirense.
A participação dos jovens está subdividida em duas categorias, nomeadamente, 18/35 anos e 13/17. Haverá prémio monetário e, ainda, a oportunidade de frequentar uma Residência Artística Internacional ou Nacional, conforme a classe etária, informa a autarquia.

Fonte: CMA

NEGE — Novo Estrela da Gafanha da Encarnação


Inauguração do relvado sintético

Neste mês de maio, a rubrica “Associações” é dedicada ao NEGE – Novo Estrela da Gafanha da Encarnação, que comemora 40 anos de atividade. 
Remontam a 1976 os primeiros passos da equipa desportiva amadora “Sport Clube Estrela”, que desenvolvia a sua atividade na extremidade nascente da Rua de Entrecampos, onde treinava e recebia as equipas adversárias em jogos amigáveis. Com a afirmação da equipa, foram criadas as condições para que, em 1977, se constituísse a associação desportiva e cultural Novo Estrela da Gafanha da Encarnação (NEGE), com o propósito de fomentar o desenvolvimento da educação física e o desporto, promovendo a sua prática e expansão, especialmente entre os seus associados, proporcionando-lhes igualmente meios de cultura e distração. 
A primeira participação em competições oficiais da equipa sénior deu-se na época de 1979/1980 tendo ao longo dos anos somado diversos títulos ao seu palmarés desportivo, nomeadamente o de Campeão Distrital da 1.ª Divisão, a participação na Taça de Portugal e também na Divisão de Honra. 
Face aos sucessos alcançados, entendeu a Direção em funções na época 1984/1985 iniciar o escalão de formação Júnior para apoio à equipa Sénior. Posteriormente e como forma de promover a prática desportiva, foram criados os restantes escalões de formação. Atualmente o NEGE conta com os escalões de Petizes/Traquinas, Benjamins, Infantis, Juvenis, e Seniores, contando com 110 atletas inscritos na Associação de Futebol de Aveiro e no INATEL. 
Com a consolidação do desenvolvimento do clube, as diferentes Direções promoveram consecutivas obras de remodelação no parque desportivo, tendo estas culminado no ano de 2016 com a instalação de um relvado sintético promovida pela Câmara Municipal de Ílhavo, o que trouxe uma considerável melhoria das condições da prática desportiva, dando assim um novo impulso à missão que o NEGE desempenha há 40 anos ao serviço da comunidade em que se insere. 
No âmbito das Comemorações do Feriado Municipal de Ílhavo 2017, foi-lhe atribuída a Medalha do Concelho em Vermeil, pelos relevantes serviços prestados à comunidade, distinguindo assim espírito de iniciativa, a resiliência e perseverança das diferentes Direções do Clube ao longo de quatro décadas de existência.

Novo Estrela da Gafanha da Encarnação 
Rua da Saudade 
3830-479 Gafanha da Encarnação 
E-mail: nege@sapo.pt

Presidente 

Mário Figueiredo

Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI

terça-feira, 9 de maio de 2017

Filarmónica Gafanhense — Convívio com porco no espeto


A Filarmonica Gafanhense teve a gentileza de me convidar para estar presente num convívio à volta de um porco no espeto junto ao edifício desativado do Stella Maris,  na Gafanha da Nazaré. A festa vai ter lugar no próximo dia 21 de maio, pelas 12 horas, esperando-se, naturalmente, a participação de muitos amigos da banda. É claro que a participação, seja de quem for, implica o pagamento de uma refeição normal, até porque a Filarmónica, agora com farda nova, necessita da ajuda de todos. Garanto que, se puder, lá estarei, porque a banda merece o nosso aplauso pelo que tem feito e pelo que há de fazer.

Gostei de ler "Um Papa nada convencional"

Opinião de Francisco Sena Santos 


A percepção é determinante. Bento XVI apareceu-nos sempre como um velho professor, fechado, austero na sua cátedra. As suas palavras como Papa exprimem pensamento que se traduz em lições e doutrina. Como se estivesse sempre a falar para audiências qualificadas. O Papa Francisco nunca se põe na cátedra, evita a imagem de autoridade, aparece-nos de braços abertos, como um avô que quer compreender-nos, reduz a distância entre o cargo e a pessoa, entre abstracção e realidade concreta.
Francisco não parece ter os 80 anos que tem, transmite com aquele sorriso fraterno energia que parece revolucionária. Mais do que um educador, chega-nos como um amigo. É alguém que acredita na alegria da vida. É um pontífice de vanguarda, americano argentino.

Ler mais no  Sapo 24

Aveiro em festa


Creoula aberto a visitas no Porto de Aveiro

Navio Creoula

Os amantes de navios com carga histórica relevante vão ser contemplados com a visita do Creoula, atracado no Terminal Sul do Porto de Aveiro, nos dias 12, 13 e 14 de maio. A visita, que integra as comemorações do Feriado Municipal de Aveiro, estará aberto ao público entre 12 e 14 de maio. 
Entretanto, no dia 13, pelas 16h30, a bordo do navio, será lançado o livro editado pela Câmara Municipal de Aveiro, intitulado "Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa".

Li aqui 

domingo, 7 de maio de 2017

O milagre dos picarotos





Com a visita a São Miguel, Açores, este nosso paraíso no meio do oceano tem sido motivo de várias conversas sobre as paisagens únicas que tão tardiamente tivemos oportunidade de conhecer. Eu e a Lita regressámos com os Açores no coração, apesar do pouco que pudemos usufruir. E logo imaginámos que haveríamos de voltar um dia para pôr pé noutras ilhas de belezas semelhantes que sempre atraíram turistas e viajantes que não se cansam de cantar loas a tais maravilhas. Esta nossa viagem em junho ficou a dever-se ao nosso filho João Paulo que lecionou em três ilhas: São Jorge, Terceira e São Miguel.
Depois de nós seguiu-se o nosso filho Pedro que, em agosto,  estacionou em São Miguel e passou pela Terceira. E  de tal modo gostou que neste abril voltou para conhecer mais ilhas: S. Jorge, Faial e Pico. Obviamente, regressou encantado. E quem sabe se não programará um outro périplo para ficar a conhecer o arquipélago que anda nas bocas do mundo à conta das suas verdejantes ou inóspitas paisagens de lava morta, onde o horroroso-belo nos enche a alma e nos leva a viajar ou a sonhar com milénios do passado. 
O suplemento Fugas do PÚBLICO ofereceu aos seus leitores, ontem, um texto de Pedro Garcias, intitulado Elogio do vinho, que nos transporta até ao Pico, para deleite de quem gosta dos Açores. Logo a abrir diz: «Quem gosta de vinhos e de vinhas tem que ir ao Pico.» Eu gostaria de ir, é verdade, mas as minhas pernas, cansadas e gastas, não me autorizam. Mas nem por isso deixo de recomendar a leitura desse desafio de Pedro Garcias. Não sou invejoso…nunca fui.

Fernando Martins

Nota: As fotos são de Pedro Martins

Descrucificar é evangelizar

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO



«As notícias do Santuário de Fátima neutralizam o que Bergoglio trouxe de novo: uma evangelização nova, libertadora, descrucificante.»

1. Será que Deus é sádico, Jesus suicida e a Senhora de Fátima, para aliviar o Céu ofendido, sacrifica crianças inocentes?
Não tenho qualquer resposta para estas perguntas que regressam sempre como as gripes. Não as considero desprezíveis, embora nem todos as formulam de forma tão brutal. Passada a euforia da visita do Papa à Cova da Iria, essa questão tornar-se-á ainda mais aguda. Para erradicar a violência em nome de Deus, é fundamental desmascarar todos os lugares onde ela se disfarça. Ainda na missa da quarta-feira da passada Semana Santa embati numa oração que renego: “Senhor nosso Deus, que, para nos libertar do poder do inimigo, quisestes que o Vosso Filho sofresse o suplício da cruz, concedei aos vossos servos a graça da ressurreição.”
Será verdade que Deus, para nos libertar do poder do mal, precisava de fazer morrer o seu Filho no horror da cruz? Gostará Deus do sofrimento de quem mais ama? Poderá ser invocado como Deus um ser tão sádico?
S. Paulo, na famosa Carta aos Romanos, tão celebrada por M. Lutero, para enfatizar a loucura do amor que Deus nos tem e do qual nada nem ninguém nos pode separar, atreve-se a escrever esta barbaridade: “Deus não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por nós todos [1].” Será que Deus gosta mais de nós do que do seu próprio Filho? Não será este um amor perverso?
No Evangelho de S. João, o Pai não exige nada a Jesus e aqueles que o matam pensam que o dominam, mas estão enganados: “Ninguém me tira a vida, mas eu dou-a de mim mesmo [2].” Posição reforçada na Oração Eucarística II: “Na hora em que Ele se entregava, para voluntariamente sofrer a morte...”
Aqui, tudo se complica ainda mais: ou Jesus fingia que sofria e não sofria nada ou gostava de sofrer e, então, era um doente masoquista. Pior ainda, um suicida para nos salvar.
Ao fim e ao cabo: Jesus foi condenado por Deus ou por uma coligação de Herodes e Pôncio Pilatos? [3]
No cenário da Mensagem de Fátima, Deus, o Coração de Jesus e o Coração de Maria estão cravados de espinhos, feridos pelos pecados do mundo. Mas que ideia foi essa, tão pouco celestial, a de fazer com que crianças inocentes assumam a reparação dos estragos feitos pelos pecados dos adultos? [4]

2. É verdade que na história do mundo, quase sempre paga o justo pelo pecador. Se essa desgraça não pode ter aprovação divina, muito menos pode ser Deus a exigir a morte do seu próprio Filho para perdoar as ofensas recebidas.
A teoria jurídico-teológica das exigências da reparação justa da ofensa feita a Deus, elaborada por Santo Anselmo adicionada à concepção do pecado original de Santo Agostinho, deixa Deus muito mal e desgraça Jesus Cristo. Foram tantos os estragos na imagem de Deus e na vida dos seres humanos que o melhor é dispensar definitivamente essa teoria.
Muitos textos [5], ao pretenderem que Jesus estava a realizar o desígnio de Deus, prefigurado no Antigo Testamento — não era um traidor —, permitem leituras vesgas: se era Deus que O entregou, os adversários que o executaram estavam a cumprir a vontade de Deus! No entanto, em lado nenhum, Jesus se apresenta com a seguinte proposta: há muito sofrimento no mundo; eu venho para o alargar e intensificar. Não me parece que o Nazareno se tenha aconselhado com José Saramago para conceber, delinear e realizar a sua missão.
No Evangelho de S. Lucas, Jesus apresenta o seu programa, na sinagoga de Nazaré, servindo-se de uma passagem do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a boa nova aos mendigos; enviou-me a proclamar aos presos a libertação e aos cegos a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano aceitável da parte do Senhor [6].”
A recepção imediata do público da sinagoga foi simpática, mas acabou mal. Porquê? O programa era bom. A ideia de um ano Jubilar estava prevista no Levítico (25). Convidava ao perdão de dívidas e à libertação dos escravos. A desgraça está nos pormenores. A primeira foi a de fechar o livro antes do tempo: suprimiu a passagem do dia da vingança de Deus. Isto era grave. Parecia que já mandava no texto sagrado. Como não queria nada com a ideia de um Deus de vingança, não leu essa passagem e pronto. A segunda foi pior do que a primeira: o que Isaías dizia do Messias estava a realizar-se nele, Jesus de Nazaré. Era pretensão a mais. “Encheram-se todos de fúria na sinagoga ao ouvirem as suas palavras”, da fúria passaram aos actos, “expulsando-o da cidade, levaram-no ao cimo do monte sobre o qual a cidade estava construída, para o atirarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”.
Os quatro Evangelhos cumprem o que diz o nome: Jesus é um amado de Deus que entrega a sua vida para que seja perfeita a alegria de todos. Nas últimas crónicas já apontei qual foi o caminho de Jesus. O seu programa recusava a dominação económica política e religiosa que crucifica a vida das pessoas, seja onde for. O amor ao sofrimento é doença; o esforço para procurar vencer o próprio sofrimento e o dos outros, nas suas causas e consequências, é amor da vida, é descrucificar [7].

3. Nestas crónicas recusei-me sempre a responder à pergunta: que vem o Papa fazer a Fátima? Julguei que era melhor esperar para ver. Sabendo de quem se trata, alimento o secreto desejo de uma boa surpresa.
Entretanto descobri que o Papa Francisco publicou uma carta apostólica, em forma de motu proprio, que transfere as competências sobre os Santuários para o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização [8]. É precisamente o que mais falta em Fátima: tornar-se um centro propulsor de saída para o mundo e não apenas de um altar de incenso.
São ridículas as notícias colhidas ou veiculadas pelo Santuário sobre os cuidados com a figura do Papa, a sua indumentária para celebrar, o cálice de ouro, a pala para o resguardar do sol e outras futilidades do género. Parecem manifestar o propósito de neutralizar, na Cova da Iria, o que Bergoglio trouxe de novo: uma Igreja de saída para todas as periferias, com gosto da alegria do Evangelho, de uma evangelização nova, libertadora, descrucificante.

[1] Rm 8, 31-39
[2] Jo 10, 18
[3] Act 4, 27-30; Cf. Simon Légasse/Peter Tomson, Qui a tué Jésus?, Cerf 2004; Nathan Leites, Le meurtre de Jésus moyen de salut?, Cerf 1982
[4] Cf. Lúcia de Jesus, Memórias, Edição crítica de Cristina Sobral, Fátima 2016.
[5] Cf. Act. 2, 22-36 //
[6] Lc 4, 16-30
[7] Lc 7
[8] L’Osservatore Romano, 06.04.2017