segunda-feira, 14 de abril de 2014

REFORMADOS RICOS PASSAM À FRENTE NAS IPSS

UM ESCÂNDALO!

"Em nome da sustentabilidade, algumas Misericórdias e Instituições de Solidariedade Social contornam a ordem da lista de entrada nos lares e deixam passar à frente quem tem reformas mais altas. Responsáveis negam perversão do sistema, antes um meio de evitar falências e conseguir acolher mais utentes de pensões baixas
Os reformados com uma pensão alta têm mais facilidade em encontrar um lugar num lar da Misericórdia e de outras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), onde a lista de espera chega a ser de vários anos. Há provedores que contornam a ordem de inscrição na lista das vagas dos seus lares e permitem que um idoso de pensão choruda passe à frente de quem apresente uma situação económica fragilizada.
A situação é conhecida e até incentivada pelo presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos, em nome da sustentabilidade daquelas instituições do sector solidário, a que o Estado delegou quase tudo (73%) do que em Portugal se faz a nível de proteção social a idosos, crianças e deficientes, pagando por essa "delegação" de funções cerca de 1,3 mil milhões de euros."

Li no DN


NOTA: Misericórdias e IPSS são, na sua grande maioria, de inspiração cristã ou mesmo da Igreja Católica. Por isso, esta notícia choca-me imenso. Nem sei que possa dizer mais sobre esta realidade, que julgava ultrapassada. Os pobres, afinal os que mais precisam, ficam muitas vezes no fim da lista.


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domingo, 13 de abril de 2014

Respiro melhor, quando vou à Gafanha...

Efeméride de abril




NOTA: Sei que me distraio bastante. Aniversários de amigos e efemérides passam-me muitas vezes ao largo. Tenho pena desta minha incapacidade, mas cada um é o que é. Vou pensar numa forma de me manter atualizado nesta área. Como noutras, certamente. Hoje deixo aqui um registo bonito do nosso primeiro Bispo da restaurada Diocese de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal, um bom exemplo da prosa poética. 

TRABALHO PARA TODOS?

Crónica da Frei Bento Domingues 

Bento Domingues


1. A “Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos” (LOC/MTC) tem uma longa história de confissão pública da fé cristã, no seio da luta operária e das suas organizações. Inscreve-se no caminho aberto por Jesus, um judeu marginal, de há dois mil anos, que terá sido educado por José, o artesão, na lei de ganhar o pão com o suor do seu rosto e não com o do rosto dos outros.

Jesus não era nem um pobre de pedir nem um proprietário ou empresário. O seu Evangelho tinha a ousadia de anunciar, aos pobres e excluídos, a bem-aventurança de um mundo de irmãos, que reunisse todos os filhos de Deus dispersos (Jo 11,52). Acabou por concluir que não seria tarefa fácil.

sábado, 12 de abril de 2014

Eu Sou Português Aqui




Eu Sou Português Aqui 

Eu sou português 
aqui 
em terra e fome talhado 
feito de barro e carvão 
rasgado pelo vento norte 
amante certo da morte 
no silêncio da agressão. 

Eu sou português 
aqui 
mas nascido deste lado 
do lado de cá da vida 
do lado do sofrimento 
da miséria repetida 
do pé descalço 
do vento. 

Nasci 
deste lado da cidade 
nesta margem 
no meio da tempestade 
durante o reino do medo. 
Sempre a apostar na viagem 
quando os frutos amargavam 
e o luar sabia a azedo. 

Eu sou português 
aqui 
no teatro mentiroso 
mas afinal verdadeiro 
na finta fácil 
no gozo 
no sorriso doloroso 
no gingar dum marinheiro. 

Nasci 
deste lado da ternura 
do coração esfarrapado 
eu sou filho da aventura 
da anedota 
do acaso 
campeão do improviso, 
trago as mão sujas do sangue 
que empapa a terra que piso. 

Eu sou português 
aqui 
na brilhantina em que embrulho, 
do alto da minha esquina 
a conversa e a borrasca 
eu sou filho do sarilho 
do gesto desmesurado 
nos cordéis do desenrasca. 

Nasci 
aqui 
no mês de Abril 
quando esqueci toda a saudade 
e comecei a inventar 
em cada gesto 
a liberdade. 

Nasci 
aqui 
ao pé do mar 
duma garganta magoada no cantar. 
Eu sou a festa 
inacabada 
quase ausente 
eu sou a briga 
a luta antiga 
renovada 
ainda urgente. 

Eu sou português 
aqui 
o português sem mestre 
mas com jeito. 
Eu sou português 
aqui 
e trago o mês de Abril 
a voar 
dentro do peito. 

Eu sou português aqui 

José Fanha 

Nota: Sugestão do caderno Economia do Expresso



FRANCISCO E O 25 DE ABRIL

Crónica de Anselmo Borges 



"Enganei-me e engano-me. Diz-se que o ser humano é o único animal que cai duas vezes no mesmo sítio. Os erros foram grandes mestres de vida. Não diria que aprendi com todos os meus erros; com alguns, não, também sou casmurro. Mas aprendi com muitos outros erros e isso faz-me bem." 



1. A fotografia percorreu mundo: o Papa Francisco de joelhos, diante de um padre no confessionário, a confessar-se à vista de quem estava. Sabia-se que o Papa também peca e portanto se confessa. Mas agora está mesmo lá a confessar-se normalmente, como qualquer católico. Afinal, também é pecador, como repete constantemente, e tem dúvidas e engana-se como toda a gente, não é infalível. É simplesmente um homem, que acredita no perdão de Deus. E quer melhorar a sua vida, tanto mais quando tem uma imensa responsabilidade perante a humanidade inteira.

O MEU LUGAR NA PAIXÃO DE JESUS

Uma Reflexão de Georgino Rocha 
para este tempo

José de Arimateia



Aproximam-se os dias da Páscoa e Jesus procura um local condigno para a sua celebração. Encarrega os discípulos desta tarefa e dá-lhes instruções precisas. Vão à cidade, encontram a pessoa indicada, (possivelmente amiga), transmitem-lhe o desejo de Jesus e esta aceita ser hóspede do grupo. 
A celebração da ceia pascal acontecesse fruto desta colaboração generosa em que muitos intervêm, sobretudo Jesus que realiza a suprema maravilha da Eucaristia, antecipa para “sinais” o que vai suceder e abre horizontes de esperança aos limites do tempo.
A narração da ceia abre praticamente o processo da paixão e ressurreição de Jesus por onde passam cenários emblemáticos da “história” humana e dos seus protagonistas: A garantia do amor fiel até ao fim, a força da tentação e a vulnerabilidade da fragilidade humana, a “convulsão” dos interesses religiosos, as manobras simuladoras do poder político, a manipulação plebiscitária das multidões, a deserção dos amigos em horas de provação, a angústia de morte das vítimas e o requinte de malvadez dos algozes, a confiança filial do homem justo, os gestos misericordiosos de quem tem um coração sensível e compadecido.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

FALECEU VASCO BRANCO

Votos de pesar da Câmara Municipal de Aveiro

A Câmara Municipal de Aveiro lamenta profundamente a morte do Dr. Vasco Branco, considerando tratar-se de uma perda irreparável para a cultura e para vida intelectual da Cidade. No momento de imensa consternação a edilidade associa-se à dor e ao luto da Família, a quem dirige os sentidos pêsames.
Natural de Aveiro, Vasco Branco notabilizou-se como pintor, escultor, escritor e cineasta, tornando-se num exemplo de rara diversidade e capacidade artística e de extraordinária sensibilidade humana. 
As criações artísticas refletem o amor incondicional pelas figuras, pelas paisagens e pela história de Aveiro, como documentam os livros e os filmes sobre a cidade, bem como os painéis de azulejos que emolduram locais nobres da urbe, o Mural da Praça da República e o da passagem desnivelada de Esgueira, que são da sua autoria. 

O reconhecimento do trabalho que o Dr. Vasco Branco desenvolveu encontra-se no prestígio e na diversidade de prémios atribuídos em Portugal e no estrangeiro. Entre o final dos anos 50 e os anos 80 foi galardoado com quase todas as distinções cinematográficas portuguesas. Os seus filmes obtiveram prémios em cidades de todos os continentes: Paris, Salzburgo, Cannes, Corunha, Lobito, Newark, Cristchurch e Hiroshima. Na literatura destacam-se o Prémio Antero de Quental, em 1964, e o Prémio Associação Portuguesa de Escritores e Secretaria de Estado da Cultura, em 1979. 
Foi sócio fundador do grupo AveiroArte, fundou o Cine-clube de Aveiro, colaborou com jornais como o “Litoral” e o “Libertação” e participou em inúmeras conferências. 
No dia 12 de Maio 1993, Vasco Branco foi galardoado com a Medalha de Prata da Cidade numa homenagem prestada pela Câmara Municipal de Aveiro. Oportunidade para os aveirenses exprimirem a afeição pela personalidade e pela obra que influenciou o destino cultural e artístico aveirense e projetou o nome da cidade pelo mundo fora. 
A 17 de maio de 2007 a Comissão de Toponímia decidiu propor a atribuição à avenida entre o viaduto da estação de caminho-de-ferro e a rotunda da Policlínica o nome de “Avenida Dr. Vasco Branco. Emérito Aveirense”. A proposta de perpetuar a memória pública do Dr. Vasco Branco foi deliberada na Reunião de Câmara de 11 de junho de 2007. 
Aos 95 anos o Dr. Vasco Branco deixa-nos um exemplo de distinto aveirense e uma obra inigualável. 

Fonte: CMA 

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Nota: Subscrevo inteiramente o voto de pesar da Câmara Municipal de Aveiro pela morte de Vasco Branco, um artista multifacetado e proprietário da Farmácia Branco da Gafanha da Nazaré. Do mesmo modo, como gafanhão, apresento à família enlutada os meus pêsames pelo falecimento de um cidadão que à nossa terra também muito deu.

Postal Ilustrado - Farol da Barra de Aveiro




O Farol da Barra de Aveiro é, sem sombra de dúvidas, o mais expressivo e conhecido Postal Ilustrado da região, que não apenas da Gafanha da Nazaré. É o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Do seu cocuruto, vislumbra-se uma paisagem ímpar de largos quilómetros de raio, e em dias de céu limpo as serras tornam-se muito mais próximas. 
Nasceu como todos os faróis para avisar os navegantes de que ali há terra, mas também barra de entrada e saída de navios. E a sua presença, quer de dia quer de noite, com céu claro ou enevoado, é imprescindível para quem navega ao largo ou para quem demanda o Porto de Aveiro, com as suas valências de pesca, indústria, comércio e recreio. À noite, os sinais luminosos, intermitentes, chegam longe, e em tempos de nevoeiro a ronca encarrega-se, com toda a sua potência sonora, de informar os navegadores. 
A construção do Farol, depois de reconhecida a sua urgência, não demorou muito. No dia 26 de setembro de 1863, uma portaria governamental ordena que se fizesse o projeto e o orçamento. O projeto foi concluído em 5 de abril de 1884 e os trabalhos da construção iniciaram-se em março do ano seguinte. A inauguração oficial do Farol aconteceu em 31 de agosto de 1893. O aparelho iluminante foi ligado e posto a funcionar em 15 de outubro desse ano. 
Na inauguração, presidida pelo ministro das Obras Públicas, Bernardino Machado, futuro Presidente da República, estiveram presentes os membros da Câmara Municipal de Ílhavo e o prior da freguesia, Dr. Manuel Branco de Lemos, informa o padre Resende, na sua Monografia da Gafanha.

Fernando Martins

PESSOA LIVRE

"Não é livre aquele que não obteve 
domínio sobre si próprio."

Pitágoras (-582//-497)


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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Um desafio da Maria Toucedo Marieke

COMO RECORDEI O NOME 
DO MEU AMIGO DA ESCOLA PRIMÁRIA

A escola da Ti Zefa que frequentei 

Quando encontrei o meu amigo João [nome fictício], na avenida principal da cidade, nem sequer soube, de repente, como era o seu nome. Emigrante há décadas, na França, só de tempos a tempos vinha à terra, sempre no mês de Agosto, mês em que eu habitualmente saía para gozar, longe da rotina, uns dias de lazer. Esta coincidência de desencontros a fio fez de nós uns simples desconhecidos.
Saí de casa logo de manhã cedo com vontade de caminhar ao deus-dará, usufruindo de um sol que tardava em aparecer para nos aquecer. Ruas cheias de gente que deambulava a caminho da igreja matriz, para a missa dominical, ou em busca de um lugar num café do centro da cidade para saborear a “bica” e ler o jornal. Das pastelarias e padarias saíam pessoas apressadas com saquinhos de pão fumegante que apetecia comer, logo ali, barrado com manteiga. Carros passavam decerto com destinos marcados e no quiosque eu esperava ansioso o diário que todos os dias costumo ler, na convicção de que iria ter acesso a alguma novidade, daqueles que nos prendem a atenção e nos deixam a pensar.
Da berma da rua, uma voz, forte e alegre, chama por mim, feliz pelo encontro. Olho e vejo um rosto conhecido de há muito tempo. Do tempo da escola primária, da Escola da Ti Zefa, onde o professor Ribau nos ensinou as primeiras letras e nos encaminhou na vida.
– Sabes quem eu sou? – perguntou, certo de que eu o reconheceria, o meu antigo companheiro de classe.

Ler este meu conto aqui

O desafio está aqui