sábado, 3 de dezembro de 2011

O país suspirou de alívio




HOMENAGEM A MÁRIO DE ALMEIDA
Maria Donzília Almeida
O país suspirou de alívio, com a notícia do resgate, com sucesso, dos náufragos das Caxinas, no dia de ontem. Na verdade, foi com comoção que assisti, pela televisão, à notícia detalhada, do salvamento de 5 pescadores que andaram à deriva, durante três dias. Quase tinham chegado ao limite das forças, quando um helicóptero da aviação portuguesa conseguiu essa brilhante façanha: um resgate total de todos os cinco pescadores. Ponho-me no papel dos familiares, nas horas de angústia que viveram, aqueles que trazem sempre o coração nas mãos!
Ainda, hoje, na rádio, se falava no caso e o que mais me tocou, foi ter ouvido que o presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Dr Mário Almeida, esteve no terreno, a falar com os náufragos e a inteirar-se da sua situação. Ocorreu-me de imediato um enorme sentimento de gratidão e confirmei como este é um grande homem!

Um retrato de Portugal e dos portugueses

António Barreto em entrevista ao i



"Uma indisciplina que foi ganhando requintes?
Estou a lembrar-me do governo a que eu pertenci, em que o doutor Medina Carreira já grunhia contra a despesa pública excessiva, contra a despesa desnecessária, contra a despesa inútil, e eu aprendi muitíssimo com ele. Ele dizia, dado que os políticos portugueses, de todos os partidos, são irresponsáveis e gastam por conta sem se importarem com nada, que parece que não têm filhos, que não vão ter netos. Gastam, gastam, gastam com tudo e mais alguma coisa, os políticos nacionais e os políticos autárquicos. E isto é uma infelicidade, parece que fomos pobres durante 40 anos e, de repente, passámos a ser ricos, novos-ricos, falsos ricos! E eu convenci-me da disciplina do euro, liderada pelo Banco Central Europeu, com um grande contributo dos alemães, que são absolutamente fanáticos pela estabilidade da moeda.

E o que descobriu?
Convenci-me de que os portugueses se iam portar bem e dei-me conta, para meu grande desgosto, que durante o período do euro os dirigentes portugueses continuaram tão irresponsáveis quanto eram, ou mais e, curiosamente, com a cumplicidade europeia. Os europeus queriam exportar para cá, queriam mandar dinheiro para depois receber, e são absolutamente co-responsáveis e cúmplices com a indisciplina portuguesa.
E desta vez aprendemos a lição?
O desespero europeu em que vivemos é tão fundo, tão grave, tão grave, a crise é tão absolutamente histórica, que isto talvez seja de molde a dar-nos uma lição. E tanto os portugueses como os europeus se virem menos para a indisciplina e para a demagogia financeira."
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Planta que vive na pedra




Esta planta de interior resolveu, um dia, já lá vai muito tempo, sair de casa e estabelecer morada na escadinha que dá acesso à minha residência. No tempo próprio, brota a flor para saudar quem vem. Gosto de a ver ali, alimentando-se nem sei de quê e resistindo a todas as crises. Belo exemplo de sobrevivência nos dá esta planta em época difícil.

O Advento na pintura


Juízo Final, Frei Angélico

O Juízo Final é o que desejamos 
do mais profundo de nós próprios

«Os ortodoxos têm o costume de pintar o “Juízo Final” sobre a porta de saída da igreja. As pessoas ouvem a palavra, contemplam os ícones de Cristo, da Virgem Maria e dos santos, e ao regressarem para a sua vida levam impressa na sua mente a imagem do Juízo Final.» 
«Infelizmente, ao longo dos séculos, foi utilizada de uma forma um pouco “terrorista” para assustar as pessoas», quando «para nós, cristãos, o Juízo Final é o que desejamos do mais profundo de nós próprios.» 
O cónego João Marcos, pintor e diretor espiritual do Seminário dos Olivais, em Lisboa, explica ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura algumas das expressões da arte e da espiritualidade do Advento na pintura cristã do Ocidente e do Oriente. 
O Advento, que este ano começou a 27 de novembro, data que marcou o início de um novo ano lítúrgico para os católicos, compreende os quatro domingos anteriores ao Natal.

TERTÚLIAS À QUARTA: Onde está Deus quando morre um inocente?


Dia Internacional das Pessoas com Deficiência — 3 de dezembro




QUALQUER CIDADÃO DEFICIENTE TEM UM POTENCIAL
 QUE PODE SER DESENVOLVIDO 
Maria Donzília Almeida 

Um dia, numa das suas visitas de rotina, às enfermarias dum hospital psiquiátrico, o médico reparou num doente que transportava um carrinho de mão, com as rodas para cima. Pasmado coma cena,, indagou ao doente, a razão daquela atitude: — É que, se eu o voltar para cima, enchem-mo de pedras! Respondeu de imediato. Apesar de haver várias leituras, deixo a cada um, a interpretação. 
O dia internacional das pessoas com deficiência é uma data comemorativa internacional, promovida pelas Nações Unidas desde 1998. Tem por objetivo, promover uma maior compreensão da problemática da deficiência e mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas. Procura também aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração das pessoas com deficiência em cada aspeto da vida política, social, económica e cultural. A cada ano, o tema deste dia é baseado no objetivo do exercício pleno dos direitos humanos e da participação na sociedade. Foi estabelecido pelo Programa Mundial de Ação a respeito das pessoas com deficiência, adotado pela Assembleia Geral da ONU em 1982. 
Foi há pouco mais de duas décadas que o governo começou a dar os primeiros passos para a integração do cidadão deficiente, na escola pública oficial. Antes disso, havia uma atitude de constrangimento, quando as famílias eram confrontadas com este drama. As crianças eram fechadas em casa e era-lhes interdita a possibilidade de desenvolver as capacidades que têm. Está hoje provado que qualquer cidadão deficiente tem um potencial que pode ser desenvolvido, em contacto com os pares, ditos normais. Hoje, qualquer pai, leva o seu filho à escola, dando-lhe assim a possibilidade de conviver e de adquirir competências sociais, úteis no convívio em sociedade. Tenho tido, ao longo da minha vida docente, casos múltiplos de deficiência e por estranho que pareça, apresentam uma fisionomia mais feliz, que muitos outros.

A doutrina do pecado original infetou o cristianismo



Jean Delumeau

Nem Eva, nem Adão, nem pecado original
Anselmo Borges

O que de modo grave infectou o cristianismo foi a doutrina infausta do pecado original. Escreveu o grande historiador católico Jean Delumeau: "Não é exagerado afirmar que o debate sobre o pecado original, com os seus subprodutos - problemas da graça, do servo ou livre arbítrio, da predestinação -, se converteu (no período central do nosso estudo, isto é, do século XV ao XVII) numa das principais preocupações da civilização ocidental, acabando por afectar toda a gente, desde os teólogos aos mais modestos aldeões. Chegou a afectar inclusivamente os índios americanos, que eram baptizados à pressa para que, ao morrerem, não se encontrassem com os seus antepassados no inferno. É muito difícil, hoje, compreender o lugar tão importante que o pecado original ocupou nos espíritos e em todos os níveis sociais. É um facto que o pecado original e as suas consequências ocuparam nos inícios da modernidade europeia o centro da cena mundial, sem dúvida muito atribulado."