segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia Mundial da Poupança - 31 de Outubro



NO POUPAR É QUE ESTÁ O GANHO...
Maria Donzília Almeida 

“No poupar é que está o ganho, não é no casar cedo!”dita o aforismo popular, que ainda está na memória de muita gente. Já na altura, o povo dizia de forma premonitória, que o casamento não era uma boa forma de investimento, muito menos de poupança! Desde sempre, esta instituição foi um aforro de fracas garantias, podendo-se dizer que a decadência em que se encontra, hoje, mantém a tradição, cada vez mais renovada! 
O ato de poupar é inerente ao homem e lembro-me de, em pequena, me ter sida incutida a ideia de possuir um mealheiro, que em linguagem popular, adquiria a corruptela de “migalheiro”! Este termo fazia jus ao sentido que se dava ao objeto, pois era o depósito das pequenas e grandes migalhas que se lhe iam ganhando na nossa meninice! 
Com a evolução social que se verificou após a instauração da democracia, pareceu assistir-se a uma considerável melhoria do poder de compra da classe trabalhadora. As pessoas habituaram-se a comprar indiscriminadamente, o essencial e o supérfluo, numa submissão cega, aos ditames da sociedade de consumo. Para isso, muito contribui o efeito nefasto da publicidade, que chega a criar nas pessoas, necessidades que elas não têm. As instituições financeiras andam sempre de mão dada, pois estão sempre na mira de satisfazer as necessidades/sonhos de cada um. As facilidades de crédito são tão aliciantes quanto convincentes, chegando ao extremo de acenarem com a promessa de: “Viaje hoje, pague amanhã!” Desta forma, houve uma corrida desenfreada ao crédito e ao sobre-endividamento, colocando os agregados familiares em sérios apuros. 

domingo, 30 de outubro de 2011

COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ PRONUNCIA-SE SOBRE O OE - 2012

"Damo-nos conta, também, e com particular cuidado, de que o OE-2012 revela uma chocante insensibilidade social, expressa em múltiplos aspetos com destaque para os seguintes: a drástica redução dos rendimentos disponíveis das famílias, quer pela via dos cortes salariais, quer pelo aumento de impostos diretos e indiretos, com consequências dramáticas para um aumento drástico da incidência da pobreza e das desigualdades na repartição do rendimento. Por outro lado, o facto de serem os salários e as pensões dos funcionários públicos o alvo prioritário da austeridade põe em causa princípios de justiça e de estado de direito.
Acresce que estas medidas não ponderam, como se imporia, a sua respetiva incidência em outras variáveis macroeconómicas, nomeadamente o consumo e a procura interna, que tenderão a contrair-se e, por essa via, a diminuir as receitas do Estado e a concorrer para a desaceleração da atividade económica.
O argumento da inevitabilidade de cortes nos rendimentos do trabalho é, ainda, menos convincente quando, por exemplo, se verifica que ficam praticamente intocados os rendimentos de capital, que são, como se sabe, prevalecentes entre os mais ricos."
Ver aqui

AO SABOR DA MARÉ

1. Ao declarar que não vale a pena fazer demagogia, Passos Coelho adiantou que só vamos sair da situação de crise em que nos encontramos "empobrecendo". Trata-se de uma afirmação forte, de tal modo que até nos custa acreditar nela. Mas não há dúvida nenhuma que, tanto quanto vamos percebendo, é mesmo isso o que se vai verificar. Os despedimentos estão à vista, os salários e pensões tendem a estagnar e o número de portugueses com dificuldades de subsistência é cada vez maior.
A verdade é que estávamos habituados a ouvir propaganda irrealista e falsa, que nos foi embebedando ao longo do tempo, como se houvesse num qualquer canto do Estado umas máquinas de fazer dinheiro. Mas afinal não houve nem haverá. Agora, há que acreditar que vamos cair para o nível provavelmente mais baixo da nossa história recente. Partindo do zero, não será fácil a vida de ninguém. Velhos e novos terão mesmo que se posicionar para novas batalhas de subsistência, de redução de despesas, de poupança, de rejeição do supérfluo, de luta por uma vida digna.
2. Vasco Lourenço, um Capitão de Abril, fez umas afirmações fortes durante a passada semana, ao jeito de quem está preparado para mais uma revolução. Chamou mentirosos aos que nos têm governado e disse que as Forças Militares estarão sempre ao lado do povo, se o Governo mandar reprimir as manifestações populares. Contra o Governo, obviamente. No mínimo, é uma afirmação ousada. Teríamos de um lado o povo com os militares e do outro o poder político e democraticamente eleito, com as Forças de Segurança, do outro. Poder político saído, curiosamente, da intervenção dos Capitães de Abril. Temos de convir que esta ideia, meramente teórica, seria um desastre se fosse levada à prática. Vamos esperando e vendo.
3. Participei na segunda-feira, 24, num debate sobre comunicação social e pobreza em Portugal, conforme dei notícia neste meu espaço. Confesso que fiquei preocupado com o que ouvi. Não foram informações novas as ali relatadas, mas vistas sob diversos ângulos tiveram um maior impacto. Fizeram-me pensar sobre esta sociedade que não consegue ser justa nem lutar por uma mais equitativa partilha de bens, sobretudo em resposta aos apelos de quem passa fome.
Por mais instituições que surjam em todo o lado, por mais imaginação criadora que nasça dos mais diversos atores da ação social, a verdade é que os pobres são cada vez mais, perante a inoperância das comunidades e dos poderes instituídos. Os novos pobre precisam da intervenção de nós todos. Mesmo a Igreja Católica não pode abrandar na luta contra a pobreza. A este propósito, cito o Padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Antipobreza: nesta altura em que "o empobrecimento é inevitável, a Igreja devia estar mais capaz de se inserir na mudança da sociedade". Mais: "a Igreja tem metido muita água" na luta contra a pobreza.
FM

Poema de Sophia para este tempo




Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades

Sophia de Mello Breyner,
Exílio

Sugestão do caderno Economia do EXPRESSO 

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues

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Uma reflexão para este domingo



VÓS SOIS TODOS IRMÃOS
Georgino Rocha

A prova está feita e a conversa acabou. Os diálogos não resultaram. A tensão era crescente. E a provocação que os desafios colocavam acaba por alcançar o seu objectivo: a eliminação do Nazareno era inevitável. Jesus sabia-o perfeitamente. Por isso, abre o seu coração e desabafa com os discípulos e a multidão. Diz coisas tremendas dos responsáveis do templo e dos mestres do povo, coisas que a comunidade de Mateus certamente avoluma, anos mais tarde quando o confronto adquire novos contornos.
Jesus reconhece a autoridade dos letrados escribas e fariseus no conhecimento da lei. E aconselha a que sejam escutados nos seus ensinamentos, a que sejam considerados pelo que dizem como mestres que se sentam na cátedra de Moisés. Com efeito, gozavam oficialmente, de grande sabedoria e de enorme prestígio e influência, pois sentar-se nesta cadeira era tomar parte na missão de quem, em nome de Deus, dera os mandamentos da aliança ao povo. Grande conselho que Jesus dá: apreciar quem sabe, reconhecer a fonte da autoridade, estar atento ao modo como esta é exercida. A ignorância, o menosprezo, a indiferença, e tantas outras atitudes que ainda hoje se verificam, não espelham o melhor da nossa humanidade e vão cavando o fosso da insociabilidade.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 261


DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM – 44 



A BICICLETA DOS RECADOS 

Caríssima/o:

Ora bem!...
Será que, apesar de maletas laterais a abarrotar, porta-bagagem ocupado, quadro com pesadinho saco de batatas, ainda haja espaço para mais algum recado? 
Segundo Manuel Alegre há sempre a novidade de um renovado recado!

«Bicicleta de Recados

Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Vem gente para a rua a ver a novidade
como se fosse a chegada
do João que foi à Índia
e era o moço mais galante
que havia nas redondezas.
Eu não sou o João que foi à Índia
mas trago todos os soldados que partiram
e as cartas que não escreveram
e as saudades que tiveram
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

Desde o Minho ao Algarve
eu vou pelos caminhos.
E vêm homens perguntar se houve milagre
perguntam pela chuva que já tarda
perguntam pelos filhos que foram à guerra
perguntam pelo sol perguntam pela vida
e vêm homens espantados às janelas
ouvir o meu recado ouvir minha canção.

Porque eu trago notícias de todos os filhos
eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
e um cesto carregado de vindima
eu trago a vida
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

Manuel Alegre»


Manuel

sábado, 29 de outubro de 2011

Deus não pode ser objecto de provas científicas


"O ÚLTIMO SEGREDO" (1)
Anselmo Borges

Coube-me, a pedido da Gradiva, apresentar O Último Segredo, de José Rodrigues dos Santos. No sábado passado, na Sociedade de Geografia, com mais de 500 pessoas presentes. O que aí fica é a primeira parte de uma breve síntese do que aí disse.

1. Vamos supor que se descobriram os restos mortais de Jesus Cristo num túmulo de família. Agora, a partir do seu ADN, como não tentar cloná-lo, se ainda por cima o projecto for no sentido de o Jesus clonado instaurar a paz no mundo? Arranje-se uma intriga, com assassinatos pelo meio, dentro de um thriller, a partir dos interesses de uns em levar a ideia por diante e a perseguição de outros, que têm medo da sua concretização por motivos diversos, e temos material para uma história de enredo apelativo. Se, no meio da intriga, se vão descobrindo alegadas "fraudes" na Bíblia e se anuncia "a verdadeira identidade de Jesus", temos os ingredientes para o sucesso. Mesmo se o tema da clonagem de Cristo não é original, pois já há tempos apareceu um romance com esse tema.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Em Assis: Paz, culturas e religiões



Os crentes e os que procuram
Rui Jorge Martins 

O Papa Bento XVI viajou hoje de comboio do Vaticano até Assis para um encontro que reuniu cerca de três centenas de responsáveis de mais de 150 religiões e tradições religiosas. 
A iniciativa, que decorreu sob o lema “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”, assinalou o 25.º aniversário do encontro inter-religioso que João Paulo II promoveu também na cidade italiana. 
Na parte final da sua intervenção, Bento XVI falou das pessoas que procuram Deus e da sua relação com os crentes. 
«[Existem] no mundo do agnosticismo em expansão (...) pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. 
Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São “peregrinos da verdade, peregrinos da paz” (...). 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Painéis cerâmicos: Gafanhões na diáspora

(Clicar na imagem para ampliar)

Aqui fica um painel cerâmico muito expressivo e realista. Como dá a entender, trata-se de uma família da Rua São João de Brito, na Gafanha da Nazaré, com ligações internacionais, o que prova à evidência como os gafanhões, à semelhança de muitos outros portugueses, certamente, andam espalhados pelo mundo, com as suas devoções. Ao lado da informação e pedido, estão as imagens do Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora de Fátima com os pastorinhos.