NO POUPAR É QUE ESTÁ O GANHO...
Maria Donzília Almeida
“No poupar é que está o ganho, não é no casar cedo!”dita o aforismo popular, que ainda está na memória de muita gente. Já na altura, o povo dizia de forma premonitória, que o casamento não era uma boa forma de investimento, muito menos de poupança! Desde sempre, esta instituição foi um aforro de fracas garantias, podendo-se dizer que a decadência em que se encontra, hoje, mantém a tradição, cada vez mais renovada!
O ato de poupar é inerente ao homem e lembro-me de, em pequena, me ter sida incutida a ideia de possuir um mealheiro, que em linguagem popular, adquiria a corruptela de “migalheiro”! Este termo fazia jus ao sentido que se dava ao objeto, pois era o depósito das pequenas e grandes migalhas que se lhe iam ganhando na nossa meninice!
Com a evolução social que se verificou após a instauração da democracia, pareceu assistir-se a uma considerável melhoria do poder de compra da classe trabalhadora. As pessoas habituaram-se a comprar indiscriminadamente, o essencial e o supérfluo, numa submissão cega, aos ditames da sociedade de consumo. Para isso, muito contribui o efeito nefasto da publicidade, que chega a criar nas pessoas, necessidades que elas não têm. As instituições financeiras andam sempre de mão dada, pois estão sempre na mira de satisfazer as necessidades/sonhos de cada um. As facilidades de crédito são tão aliciantes quanto convincentes, chegando ao extremo de acenarem com a promessa de: “Viaje hoje, pague amanhã!” Desta forma, houve uma corrida desenfreada ao crédito e ao sobre-endividamento, colocando os agregados familiares em sérios apuros.