domingo, 5 de setembro de 2010

Minha aldeia é todo o mundo


A minha aldeia



Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.


Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.


Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.


Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valência de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.


António Gedeão

Candidatos à Presidência da República

Começam a perfilar-se os candidatos à Presidência da República, o mais alto cargo da nação. A dignidade do cargo devia levar os candidatos a agir nessa perspectiva. Penso que os anunciados candidatos saberão dar aos portugueses o exemplo da serenidade e do respeito pelos adversários, privilegiando uma postura de apresentação dos seus ideais e falando claro das suas ideias. E por favor não comecem já com ataques pessoais. Fica mal em pessoas que desejam ser o Presidente de todos os portugueses.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 200

PELO QUINTAL ALÉM – 37


 
A FIGUEIRA

A
Professor Manuel Joaquim Ribau e
Manuel de Mira e Maria Merendeiro
Caríssima/o:

a. Estender a mão e saborear um figo é um dos prazeres inesquecíveis que o quintal nos oferece. Às vezes a dificuldade está na escolha: pingo de mel, bacorinho, bachachote, roxo,...?
Havia uma recomendação: “Escolhe o mais cerinha!...” Ou seja, o figo quere-se bem madurinho... e comido debaixo da figueira!

e. Nos idos de quarenta e cinquenta do século passado, houve três figueiras que me foram bem queridas:
– a primeira, plantada por meu Pai, não via os figos maduros que a canalha da casa não deixava: figo inchado, logo comido com o leite a escorrer e... lábios rebentados!;

– a segunda, junto à Escola da Ti Zefa, do outro lado da estrada, num recanto que diziam ser do Ti Manuel de Mira; o filme era parecido: tantos pretendentes de bocas famintas como de alunos da 4.ª classe, nos preparativos para o exame... e está-se mesmo a ver: figo inchado... a mesma história, mas com mais risota!;

– a outra, em casa do Ti Manuel Elviro, debaixo da qual o filho Manuel se “entretinha” a estudar para os exames na universidade! Também tinha figos que alguns lá comi, por sinal, maduros!

i. É importante consumir o figo com a sua pele - pois ela é rica em fibras, proteínas, sais minerais, goma e mucilagem - tendo o cuidado de lavá-lo bem.
Além de nos deliciarmos consumindo-o ao natural, pode-se também fazê-lo na forma de passas secas, em calda ou em xarope.
O conteúdo do látex do figo é maior na fruta verde e serve para coalhar o leite, sendo de 30 a 100 vezes mais potente que o coalheiro preparado do fato dos animais ruminantes.

sábado, 4 de setembro de 2010

Placa do Centenário da Paróquia


No passado 31 de Agosto, dia da trasladação dos restos mortais do Prior Sardo para o Jazigo da Paróquia, foi também descerrada uma placa alusiva à celebração do centenário da paróquia, estando presentes, para além do nosso prior, as autoridades autárquicas e o nosso Bispo.


Na hora precisa, o Padre Francisco Melo, o Presidente da Câmara, Ribau Esteves, o nosso Bispo, D. António Francisco,  e o presidente da Junta, Manuel Serra, descerraram a placa alusiva à efeméride, na parte lateral da igreja matriz.

Processo Casa Pia ainda não chegou ao fim




O Processo Casa Pia ainda não chegou ao fim. Ninguém sabe quando acabará ou se acabará. O mundo mediático quase não tem feito outra coisa. Foram condenados seis dos sete arguidos, mas, pelo que se ouve, não há ninguém, em consciência, que possa admitir de que lado está a verdade plena, absoluta.
Os condenados clamam a sua inocência, os jovens abusados persistem na sua verdade. Os juízes declaram as suas certezas ou convicções.
Para os primeiros, os casapianos não passam de uns mentirosos, considerando-se aqueles os únicos que falam verdade. O homem comum, que gostaria de uma Justiça bem estruturada e mais célere, apenas confirma que em Portugal estamos longe de acertar o passo com um Poder Judicial organizado e com capacidade para aplicar as leis, com igualdade e imparcialidade, a todos os cidadãos. O estado de coisas a este nível é chocante. As alterações aos códigos tornam-se constantes, prova evidente de que os mesmos  foram elaborados por legisladores incompetentes (O Procurador-Geral da República disse há tempos que alguns nem as vírgulas sabem aplicar). Se não temos legisladores competentes, por que razão não vamos contratá-los onde os houver?
Se no banco dos réus estivesse gente pobre, o Processo Casa Pia há muito estaria concluído; como não aconteceu isso, é quase garantido que ninguém pode imaginar quando é que os abusadores (segundo o tribunal) cumprirão as penas a que foram condenados.
As vítimas, de que, afinal, poucos falam, são realidade penso que indiscutível e a necesitarem de apoios para que se integrem na sociedade, que tem para com elas dívidas incalculáveis. Mas será que alguém estará disposto a olhar os casapianos abusados como eles merecem e precisam?

FM

O dia mais belo? Hoje. A coisa mais fácil? Equivocar-se. O maior obstáculo? O medo.


MADRE TERESA E O TEMPO

Anselmo Borges

Se Madre Teresa de Calcutá fosse viva, teria feito cem anos na passada semana. De facto, A. Gonxha Bojaxhiu, mais tarde Madre Teresa de Calcutá, nasceu no dia 26 de Agosto de 1910, em Skopje (Albânia), actual capital da República da Macedónia. Mas diria mais tarde: "Realmente nasci no dia em que um leproso abandonado na rua morreu nos meus braços e me disse: 'Vivi como um cão, mas parto deste mundo como um anjo'."
Religiosa das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, deixou a Congregação, após uma experiência mística, em 1946, na qual teve a inspiração de dever entregar-se inteiramente ao serviço amoroso dos mais pobres entre os pobres, nos quais via o próprio Jesus.
A antiga professora começou então o que alguns chamaram o "magistério evangélico" de acudir a Jesus nos mais necessitados. Nasceu daí a Ordem das Missionárias da Caridade, hoje com mais de 700 casas em todo o mundo e um total de 5000 religiosas, que conta também com um imenso número de voluntários, que, seguindo o seu exemplo, dedicam parte do seu tempo a cuidar de doentes terminais recolhidos nas ruas, mães necessitadas, crianças deficientes.

Um texto de Senos da Fonseca

A realidade «Humana» concelhia

De vez em quando faz bem rever o que dissemos num outro dia qualquer, e avaliar se o que dissemos é, ainda, o ajustado ao dia de hoje.
Vem isto a propósito das comemorações do Centenário da Gafanha da Nazaré como urbe.
Já referimos, há dias, neste Blog, ter sido editado um livro comemorativo da efeméride, da autoria do Prof. Fernando Martins registando, ordenando e comentando, as datas que, segundo o critério do autor, mais significado tiveram nos cem anos de vida comunitária do mais destacado centro gafanhão.
Não se fez - essa certamente não era a intenção do autor - uma abordagem no sentido de definir e caracterizar o perfil das gentes que estiveram no centro desses acontecimentos, os demiurgos que lhe deram rosto, alma e corpo. Isto é: descreveram-se os factos e não quem os protagonizou.
Já em tempos abordámos este assunto que reputamos fulcral para conhecermos a singularidade constituída por grupos bem diferenciados no tipo, na maneira de estar, no ser e no actuar.
Relembremos o que então dissemos.
O concelho de Ílhavo depois da divisão territorial administrativa, com a anexação das Gafanhas (1835/56), passou a ser integrado por dois tipos humanos de características tão especificas como dissemelhantes. Em todo o caso, determinantes para a sua actividade e modo de estar quando, cada um deles, procurou com mão segura no leme o rumo do seu próprio destino… Determinantes, pois...

Os «ilhavos» e os «gafanhões», pouco ou nada têm de comum.

Não importa, nem interessa para aqui, o saber-se qual o tipo mais valoroso, pois cada um a seu modo e jeito, foi-o em todas as circunstâncias e de sobremaneira influente na humanização da paisagem lagunar, onde o destino os depôs lado a lado. A laguna está cheia de suor humano, exsudado no revolver de cada leira da borda, em cada tabuleiro faiscante das salinas, em cada remada com que se impulsionou o chinchorro. Todas estas afadigadas ocupações tiveram em comum, independentemente de quem as praticou, em todas as circunstâncias, serem tarefas esfalfantes.
O «Ílhavo» e o «gafanhão», dum jeito ou de outro, intervieram no meio geográfico circundante, nele deixando marcas indeléveis dessa acção.