domingo, 3 de janeiro de 2010

Os meus livros antigos





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Este livro - Segredos Necessarios para os officios, artes, e manufacturas, e para muitos objectos sobre a economia domestica - foi editado em 1861.


Como exemplo do que nele podemos aprender, aqui fica a fórmula de produzir frio, que bem pode substituir a neve. Em tempos sem frigoríficos, os nossos antepassados não prescindiam de um saboroso gelado, em época de calor.

Frei Bento Domingues no PÚBLICO


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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 165

PELO QUINTAL ALÉM – 2




A PALMEIRA

A*

D. Joaninha
Zé da Branca e Adelaide
Rúben
Humberto Rocha

Caríssima/o:

Conheces a palmeira.

a. Pois bem, ela ali está altaneira e cheia de vida nos seus oitenta e cinco anos de vida no nosso Quintal: segundo a tradição familiar foi plantada no longínquo ano de 1925, Ano Santo, por meu Sogro, Domingos Costeira. Para ser mais exacto, plantou duas, mas o espaço era pouco para ambas e foi sacrificada a que estava mais próxima da casa e mais apertada.
Vê-se de longe e é uma referência.
Dizer-te que rolas, pardais, ratos e outra bicharada ali nidificam não será novidade; também o não será vermos uma hera subir por ela, ou apreciar uma alegria do lar que encontrou vaso em certa concavidade.

e. Nesta época do ano em que se festejam os Reis na nossa região não podíamos buscar outra planta. Quem está aí que não se recorde do Palácio do Rei Herodes na loja do ti Zé da Branca? Durante anos e anos ali estacionava o Cortejo, a Estrela sumia-se, os Reis Magos estancavam os cavalos e encontravam-se com o malvado do Rei Herodes. E o espertalhão do Cingo a lamber a rolha da garrafa de Porto!...
Pois é, à sua sombra, nos juntávamos em grandes confidências e em planos ousados e revolucionários que tinham o condão de unir moradores de cantos diferentes numa mesma Zona!
Mas ainda podemos acrescentar: ali montava o seu teatro de robertos o ti Armando Ferraz ou iniciava a ronda de Entrudo com o seu Rancho!
Certamente que ninguém se terá lembrado de propor que esta árvore seja considerada de interesse regional; estás a tempo de o fazer e como tal que passe a ser protegida, antes que lhe aconteça como às árvores do Tio Vicente. (Não é preciso ir tão longe; basta pensar no que ia acontecendo ali no Jardim Oudinot! Prevenir, pois, enquanto é tempo.)

i. Lembro-me de quando em vez “rasparmos” as tâmaras que nos diziam serem comestíveis!
Uma utilidade de palmeira que se preze é a oferta das suas palmas para a festa dos Ramos. Ora a cabeça desta está tão lá no cimo que me não lembro de tal serventia!
Também destas nunca vimos ou cheirámos o óleo de palma.

o. Aplicações para remédios também as não conheço, mas que a sua sombra terá curado muita doença, disso não duvidamos. Era a grande escola do riso onde a rapaziada se expandia e aprendia com os mais velhos a enfrentar os desafios que em breve a vida lhes colocaria no caminho...

u. A palmeira tem para todos nós um grande poder simbólico e ainda o de nos transportar para situações que nos confrontam connosco e com a nossa Fé (basta recordar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém); nada melhor do que ouvirmos uma das muitas lendas que no-la recordam:

sábado, 2 de janeiro de 2010

PÚBLICO: Quem ia pescar bacalhau sofria e chorava, mas só para dentro, que chorar para fora era feio

Após 11 anos de proibição, os arrastões portugueses vão poder voltar a pescar bacalhau na Terra Nova, o lugar mítico onde nasceu uma das mais arreigadas tradições gastronómicas nacionais. Enquanto o peixe não chega, fomos ouvir as histórias de quem já por lá andou a pescar e sofrer




Navio-Museu Santo André

Quando, em 1943, fez a primeira campanha do bacalhau na Terra Nova, João Laruncho de São Marcos, o capitão São Marcos, com 90 anos feitos no mês passado, liderava um comboio de embarcações no qual seguiam vários lugres navegando à vela e dois barcos a motor, o São Ruy e o Santa Maria Madalena. Era segundo piloto numa embarcação com 125 homens, o São Ruy, e sentiu-se "chocado" por, em pleno século XX, se andar "ainda a pescar daquela maneira, sem nenhuma evolução".

"Os pescadores dormiam três horas e passavam 20 no mar, ao frio. Primeiro as mãos calejavam e depois gretavam e ganhavam pus por todos os lados. Mas tinham de continuar a trabalhar. Aquilo nem era considerado doença, era trabalho. Lavavam as mãos com água oxigenada e continuavam", conta.
O capitão São Marcos já tinha andado no Mediterrâneo, onde viu de perto a metralha do mundo em guerra, mas, nas paragens geladas do mar canadiano, reinava uma paz relativa. "Em Génova passei um mau bocado, mas na Terra Nova nunca houve confusão, apareciam era muitos destroços de navios afundados", recorda. Dentro dos homens, porém, a batalha naval estava apenas a começar. Esperava-os a dureza das condições de pesca, os frequentes ciclones, as tempestades que "custavam a gramar". "Mas nunca pedi nada a deus. Não acredito. Habituei-me, isso sim, a chorar só para dentro. Os homens choravam com o sofrimento, mas só para dentro, que chorar para fora era feio."

Por Jorge Marmelo

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Os 50 autores mais influentes do século XX

Perante esta relação de Os 50 autores mais influentes do século XX, não há dúvida de que temos lido muito pouco. Falo por mim e por muitos que gostariam de ler muito mais... Há, afinal, tantos autores que esperam por nós!

Edward Schillebeeckx, um teólogo feliz



Edward Schillebeeckx
Deus é um luxo

A última vez que o encontrei foi em 1988, em Nimega (Holanda). Recebeu-me na sua cela bem modesta, e, embora a saúde já não fosse particularmente boa, concedeu-me tempo para uma longa conversa. E foi aí que lhe lembrei a sua afirmação de que Deus não é uma necessidade, mas um luxo. Ele confirmou: "Sim. Abusou-se de Deus, da palavra Deus, no sentido de que Deus foi funcionalizado, posto em função do homem, da sociedade, da natureza... Ora, a natureza, o homem e a sociedade não têm necessidade de Deus para serem o que são. Mas, por outro lado, o luxo da nossa vida humana é, por exemplo, poder receber um ramo de flores. Não é uma necessidade. É um gesto completamente gratuito. É essa a grande experiência humana."
Edward Schillebeeckx morreu na véspera de Natal, no passado dia 23, em Nimega. Tinha 95 anos. Frade dominicano, foi um dos teólogos católicos mais prestigiados do século XX. Preparou e inspirou decisivamente o Concílio Vaticano II, concretamente nalguns dos seus documentos mais importantes, referentes à Revelação e ao diálogo da Igreja com o mundo. Ao velho aforismo "Fora da Igreja não há salvação", E. Schillebeeckx contrapunha: "Fora do mundo não há salvação." Co-fundador da revista Concilium, que continua a ser publicada em várias línguas, a sua influência impôs-se muito para lá da Teologia, tendo, por isso, recebido o Prémio Erasmus. Crítico da Igreja oficial, concretamente da política eclesiástica do Vaticano na nomeação dos bispos, para ter de novo uma Igreja uniforme, enfrentou por três vezes a Congregação para a Doutrina da Fé e denunciou os seus métodos. Definiu-se, no entanto, como "um teólogo feliz".

Junta da Paróquia da Gafanha da Nazaré


Igreja primitiva da Gafanha da Nazaré

No dia 2 de Janeiro de 1914 tomou posse a primeira Junta da Paróquia. Elevada à categoria de freguesia, em 1910, a Gafanha da Nazaré começa a ganhar forma de comunidade organizada. Os membros da primeira Junta têm nomes conhecidos. Tivemos o privilégio de conhecer alguns. Um deles, Manuel José Francisco da Rocha, era o meu próprio avô materno. Em ano de centenário, é justo pensar na homenagem que estes gafanhões merecem.

FM

Leia a Acta da tomada de posse aqui.