domingo, 29 de novembro de 2009

Francisco José Viegas sobre a Bíblia Literária


«O escritor e editor Francisco José Viegas apresentou a nova edição e não evitou a polémica a propósito das declarações de Saramago. "A Bíblia não é um manual de costumes", disse Viegas, que se definiu como alguém "inquietado pela Bíblia".

"Há um conforto que vem da inquietação" que a leitura do texto bíblico provoca, disse. E a leitura deve levar o leitor a perder-se. Citou um rabi judeu: "Não perguntes o caminho a quem o conhece, pois de contrário não te poderás perder". A leitura da Bíblia, tal como as críticas, é interminável, disse ainda. Por isso seria "confrangedor" remeter o texto para as "velharias da humanidade".»

Ler mais aqui

Ler também na LER "Diário de ocasião" do mesmo escritor

Efeméride aveirense: Prof. Doutor Egas Moniz


1974

Comemorou-se na cidade de Aveiro o primeiro centenário do nascimento do Prof. Doutor António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, de cujo programa constaram uma exposição filatélica e medalhística, outra bibliográfica e ainda uma sessão pública.

In Calendário Histórico de Aveiro

O que é preciso é mudar de opções e adoptar medidas que ajudem os mais pobres

ATITUDES
PERANTE A CRISE


Sonhei, acordado. A imaginação deu largas à fantasia. Ouvi o mundo a queixar-se. Vi legiões de pessoas desfiguradas, empresas fechadas, famílias desfeitas e à procura de estabilidade, escolas questionadas, clubes endividados. Notei que havia muitos sinais de crise que parece ser global. Dei conta que num fórum se discutiam propostas para ultrapassar a situação e tentei apurar os sentidos para captar o conteúdo de cada uma.
Realmente o mundo está mal, sofre de uma doença terrível – afirma o banqueiro. Não sei onde pára o dinheiro, que é a base da sua alimentação. Ele nunca é muito, mas nos últimos anos dispusemos de enormes quantias. Ainda bem que tive a ideia e a sorte de pôr o meu em lugar seguro.
Mas, se não há dinheiro – atesta o empresário -, o mundo não pode comer e aumenta a fome, mas sobretudo como posso eu garantir os meus lucros?! Temos que fazer uma declaração de crise, despedir trabalhadores e candidatar-nos a alguns recursos que o Estado tenha para estas circunstâncias.
A solução – sentencia o político com ares de quem dispõe de medidas acertadas e eficazes – passa pela injecção de doses de dólares e de euros. (Usou duas palavras novas: a dólar-icina e o euro-tamol). Só assim o mundo pode recuperar e manter-se como estava.
Estou em completo desacordo – declara o voluntário da organização não governamental para o desenvolvimento. O que é preciso é mudar de opções e adoptar medidas que ajudem os mais pobres, medidas que acabem com os paraísos fiscais que sempre “engordam” a riqueza de quem a tem e usa de forma egoísta.
Deixem-se de devaneios – aconselha o médico lembrando que o doente precisa de uma boa análise de todos os sintomas e de um diagnóstico exacto, São necessários mais especialistas para contrastar opiniões. Só depois se pode receitar uma correcta terapia e esperar que o mundo se cure.
O meu sonho acordado vê entrar em cena Jesus de Nazaré ressuscitado. Confiante, aproxima dos intervenientes no fórum, olha-os com simpatia e manifesta-lhes a sua preocupação. Tento apanhar tudo o que diz e faz, por gestos e palavras. Não aponta os males do mundo. Mostra apreço pela bondade e beleza das pessoas, reconhece e louva o que se faz de bem e recomenda uma nova escala de valores, a começar pela atitude de cada um.
Ânimo – diz-lhes com tom vigoroso -, aprendei com a crise a ser mais solidários, criai um nova organização de bens e serviços a nível mundial e local, encorajai-vos mutuamente, prestai uma atenção maior a quem está mais desfavorecido. E contai sempre comigo que, discretamente, estou no meio de vós para impulsionar a vossa esperança.
O meu sonho chegou ao fim. Cortei o fio à imaginação com a certeza de que tinha feito um retrato muito nítido, embora reduzido, de algumas atitudes humanas que a realidade nos vai mostrando.

Georgino Rocha

Para começar o Advento

ADVENTO

Tempo de esperança e de procura.Tempo de peregrinação e de chegada.Tempo de fraternidade. Tempo de Luz que ilumina todos os homens.Tempo do Menino Jesus.
Deus vem para a nossa humanidade. E quando chegar a cada um de nós, convida-nos para uma caminhada, lado a lado, rumo à paz universal.


NOTA: A partir de hoje e até à vinda do Menino, o espírito natalício vai aparecendo por aqui. Com a colaboração de todos os que o desejarem. Ilustrações, poesia, contos, recordações, vivências...

sábado, 28 de novembro de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 159

BACALHAU EM DATAS - 49


Bissaya Barreto - 1943

88% DAS PROVISÕES ERAM
DE PRODUÇÃO NACIONAL

Caríssimo/a:

1950 - «Na década de 50, a frota continuará a ser renovada, agora suportada pelos Planos de Fomento das Pescas Nacionais.» [Oc45, 114]

«Em França, a congelação a bordo de arrastões bacalhoeiros foi aplicada pela primeira vez em 1950, no arrastão-congelador Jacques Coeur.» [Oc45, 106, n. 29]

«O último navio francês de pesca à linha demandara os bancos em 1950». [Oc45, 95]

24 de Janeiro - O navio BISSAYA BARRETO, construído nos Estaleiros Navais do Mondego, foi devorado por um violento incêndio, quando se encontrava fundeado no Douro.

1951 - Forma-se a empresa João Maria Vilarinho, com quatro barcos (NAVEGANTE I e II, ADÉLIA MARIA e CAPITÃO JOÃO VILARINHO)

«Nas campanhas de 1951 e 1952 a capacidade de pesca dos arrastões já se aproxima da dos navios de linha.» [Oc45, 101]

25 de Abril - A Lusitânia lançou à água um novo navio designado BISSAYA BARRETO.

1952 - 14 de Maio - Bota-abaixo do navio de pesca bacalhoeira CAPITÃO JOÃO VILARINHO.

24 de Setembro - Naufrágio do navio-motor JOÃO COSTA.

1953 - «Em 1953 a frota bacalhoeira portuguesa conta com 21 arrastões, menos um do que a frota espanhola que introduzira o arrasto ainda antes de começar a Guerra Civil.» [Oc45, 95]

1954 - «1954-58 Os 17 navios lançados ao mar neste quinquénio foram todos construídos em estaleiros nacionais e todos eles de pesca à linha, uma vez que os arrastões mobilizavam mais investimentos avultados em importações de aparelhagem e chaparia.» [Oc45, 93]

«...[O] advento dos primeiros arrastões pela popa dotados de instalações frigoríficas ocorre apenas cerca de uma década depois da experiência pioneira da série britânica dos Fairtrys, modernos navios-fábricas cujo modelo depressa se estendeu a outros países da Europa Ocidental e de Leste desde que o primeiro foi lançado ao mar em 1954.» [Oc45, 101]

«De notar que em 1934, ano em que o Estado Novo começou a reorganizar o vector do bacalhau criando um esquema de protecção de pesca nacional capaz de promover a substituição das importações, o grau de auto-aprovisionamento do mercado interno era de 16%. Em 1954 a “Campanha do Bacalhau” atingia o auge: 88% das provisões disponíveis eram de produção nacional. Cálculos nossos obtidos a partir de estatísticas do INE.» [Oc45, 104 n. 7]

Manuel

Linguajar dos gafanhões

Para ficarem com uma ideia do linguajar dos gafanhões, segundo as minhas recordações e algumas leituras, podem ler aqui.

Diz Vasco Pulido Valente:"A história é triste. É Portugal por uma pena."



Portugal por uma pena

"Agora, Jaime Gama, que - segundo corre - alimenta ambições presidenciais, resolveu pôr a casa na ordem. Com um cargo essencialmente simbólico, não lhe assiste qualquer autoridade para essa operação. O que não o impediu de perorar sobre os "deveres parlamentares", nomeadamente sobre o "dever de assiduidade", de exigir um "visto" oficial para certos tipos de faltas (não ao plenário, evidentemente) e de proibir certas benesses muito apreciadas (o "desdobramento" de algumas viagens, em primeiro lugar). Perante isto, o Parlamento (incluindo o grupo socialista), que sempre obedeceu sem mugir nem tugir aos chefes dos partidos, teve um sobressalto e uma revolta. Votar como lhe mandam não ofende a deputação do país. Prescindir da hipocrisia, da trapalhada e da borla não admite. A história é triste. É Portugal por uma pena."



Vasco Pulido Valente, no PÚBLICO de Hoje