terça-feira, 20 de outubro de 2009

Efeméride Aveirense: Liceu de Aveiro

1851 - 20 de Outubro

Nesta data, "Ficou definitivamente constituído o Liceu de Aveiro, como corporação docente, cuja acta de instalação já havia sido assinada em 14 de Julho anterior; instalou-se primeiramente no edifício do Paço Episcopal, sito na Rua dos Tavares".

Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

O FIO DO TEMPO: Ao proclamado Diálogo!?


Diálogo de Harry Rosenthal

1. A inevitabilidade de se ter que se dialogar – quase que num à força político! – acaba por reduzir o diálogo a uma mera formalidade esvaziada de si mesmo. Cada um é como é, e não é a conjuntura numérica de actos eleitorais que altera a profundidade das atitudes humanas fundamentais. Talvez este usar as palavras mediante o jeito que elas dão às circunstâncias seja um reflexo do próprio enfraquecimento das lideranças. Esta lei que institucionaliza o vender gato por lebre chamando palavras afáveis em determinados momentos de aproximação estratégica sempre dá que pensar… Quando se viveu pouco o diálogo no passado recente (em que se podia tê-lo feito em liberdade) e agora se insiste em dialogar à força, é opção discursiva que não augura nada de novo, antes confirma o tempo precedente.

2. Um dos grandes filósofos do diálogo, Martin Buber (1878-1965) deve estar assustado! Compreenderá o esvaziar das palavras mas não o apagão da “ideia” da intersubjectividade dialogal. Buber, judeu de origem austríaca, filósofo, escritor e pedagogo de educação poliglota, via a experiência humana como a realização continua do diálogo. Viver é relacionar-se, diria Buber. E a verdade é que em momentos fundamentais da humanidade o “diálogo” foi estando como princípio fundante de novos caminhos que se procuram desenvolver. Viver o diálogo como e no “princípio” e não no fim, como se fosse um último recurso de sobrevivência, talvez seja esta uma recomendação bem-vinda, saudável e auspiciosa na procura de um envolvimento sempre mais abrangente. Até porque o isolacionismo, no “dia seguinte” faz morrer o seu próprio autor.

3. Não se duvide que diante de um mundo em profunda convulsão transformadora a atitude de diálogo só poderá ser crescente. Ela marca a diferença entre o apostar no futuro ou o fechamento do passado. O diálogo autêntico não reside em apagar-se a si mesmo ou às suas ideias, mas em partilhá-las na boa liberdade que edifique e (re)une…

Alexandre Cruz

Uma Boa Ideia para Portugal


Jardins de Schoenstatt

Texto enviado por Domingos Lopes
e reencaminhado pela  Margarida Bola 
aponta-nos um excelente desafio

Torna-se importante divulgar uma iniciativa civil para limpar o nosso país. Há um ano na Estónia a população conseguiu limpar o país num só dia. As pessoas tiveram força de vontade, organizaram-se, e a mobilização foi fenomenal! Quem ficou a ganhar foi o país.
O vídeo é impressionante:


Agora, em Portugal, foi lançado o mesmo desafio: "Limpar Portugal". Será no dia 20 de Março de 2010. Inscrevam-se e divulguem por favor:

Para ter um país mais limpo, organizado e com menos incêndios!

Para começar bem um dia de Outono




O sol despede-se lentamente nos dias cada vez mais breves de finais de Setembro. Esmaecem os doirados cabelos de Apolo. E as vinhas, os milheirais, os grandes plátanos dos jardins das cidades amolecem em tons amarelados e sanguíneos.

É o tempo das colheitas. Das vindimas e da apanha da fruta. Arrancam-se as batatas dos lameiros. Debulham-se os cereais. Descasca-se a amêndoa e secam-se os figos. A terra entrega generosamente ao homem o resultado do seu trabalho. Chegam as primeiras chuvas e despedem-se as aves migratórias. Límpidos horizontes. O mar, desocupado, exprime agora toda a brancura das suas ondas. Um cão vadio que corre atrás das gaivotas. Um par de namorados sentados na areia da praia. Avança o outono por Outubro. Desprendem-se as primeiras folhas. Pelos campos queimam-se as ramas secas. E o fumo levanta-se numa liturgia final de um ciclo que se encerra. Terminaram as últimas romarias do ano. Depois de Nossa Senhora dos remédios de Lamego, é a Feira das Colheitas em Arouca e S. Mateus em Viseu. Vem aí Novembro com as castanhas e o vinho novo. As árvores cada vez mais despidas. Os insectos entontecidos. E os primeiros frios de uma noite que se torna mais longa e ávida.

Revolvemos os armários em busca de roupa quente. O sono aumenta. Depois das beladonas, florescem os crisântemos e acorremos ao cemitério para recordar os nossos mortos. Chove muito. E lembro-me muito de ti ao cair da tarde. Não consigo evita este roxo, esta ansiedade, este advento que me conduz a Dezembro e ao nascimento de uma luz que auguramos desde o princípio do mundo.

Deslizamos por outono docemente e na verdade esta convulsão meteorológica e natural parece afinar-nos a sensibilidade. Os amanheceres breves e límpidos, com fiapos de nuvens avermelhadas atravessados pelo primeiro sol, são inesquecíveis, como aquela árvore cor de fogo, hirta e soberana que parecia reunir toda a luz do entardecer e que eu te pedi que fotografasses, naquela viagem para o longínquo norte.

Manuel Hermínio Monteiro (1952-2001)
Foto: BSPI/Corbis

Fonte: Umbrais

domingo, 18 de outubro de 2009

Jornadas de Outubro no Centro Tabor do Movimento de Schoenstatt



Alexandre Cruz


Fronteiras abertas exigem
responsabilidades abertas


Integrada nas Jornadas de Outubro do Movimento de Schoenstatt, teve lugar no sábado, 17, no Centro Tabor da Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré, uma conferência sobre a Encíclica de Bento XVI, “Caridade na Verdade”. O conferencista convidado, Alexandre Cruz, doutorando em Ciências da Educação e Provedor do Estudante na Universidade de Aveiro, esclareceu que, ao olhar este documento pontifício, viu nele novos caminhos de Deus para enfrentarmos os desafios do futuro.

Depois de saudar o Movimento de Schoenstatt que está já a celebrar o Jubileu dos 50 anos da sua entrada em Portugal, Alexandre Cruz lembrou a universalidade da mensagem do Padre Kentenich, bem patente naquela “casinha de oração” que se habituou a ver desde há anos, o Santuário que é réplica do original, repetido em vários cantos do mundo, “neste tempo de globalização”.
“O mundo – referiu – é uma grande casa onde todos somos acolhidos e convidados a ouvir as vozes dos tempos e da própria Igreja, que actualiza, para cada época e situação, a melhor resposta às inquietações humanas.”
O conferencista frisou que o negativo, patente em todos os telejornais e noticiários, “não é o melhor caminho para o nosso mundo”, enquanto chamou a atenção dos participantes nas Jornadas para a necessidade de todos, em Igreja, “repensarmos a fé nos dias de hoje”.
A caridade de que Bento XVI nos fala, na encíclica “que irrita”, segundo o padre e poeta Tolentino Mendonça, não faz lembrar o passado, “cheirando a mofo”, mas torna patente “os valores da solidariedade em espírito divino”, na linha do amor proposto por São Paulo, para “tornar o mundo melhor”.
Alexandre Cruz disse que a “solidariedade é insolidária” quando esconde ou tem segundas intenções, sendo garantido que as pessoas “sabem distinguir o bem do mal. Urge, por isso, viver “uma fé pensada”, diferente naturalmente da tradicional, quantas vezes “sem sentido”.
“Caridade na Verdade”, a primeira encíclica do actual Papa dedicada à questão social, vem recomendar, a todos os católicos e a todos os homens e mulheres de boa vontade, que a Igreja tem de apresentar “um novo rosto para os novos tempos”, apoiando-se no princípio de uma “justiça do bem comum”, capaz de “gerar pontes de diálogo” entre todos os parceiros sociais e entre todas as pessoas.
“O que eu sou deve orientar o que faço”, na busca de novas soluções para as inquietações humanas, tendo em conta que “problemas globais precisam de respostas globais”, porque “o planeta não tem muros”, adiantou o conferencista.
Defendeu, seguindo o texto papal, que o “governo da globalização” deve fomentar o desenvolvimento, “dando a cada um o que lhe é preciso”. “Não se pode promover o desenvolvimento para, mas com…”, disse.
Considerando que “fronteiras abertas exigem responsabilidades abertas”, Alexandre Cruz mostrou como o desconhecimento das realidades pode “gerar a intolerância”, adiantando que a superação das fronteiras “é um dado não só material, mas cultural”.
Recordou que a maior herança que recebemos está centrada nos valores, os quais devem propor, a cada momento, “a colaboração fraterna entre crentes e não-crentes”, num trabalho conjunto “pela justiça e paz da humanidade”. “Se usarmos um diálogo beato com o mundo, ninguém nos ouve”, afirmou.
Garantiu que a razão é importante no diálogo com a fé e que os fenómenos das migrações precisam de atenções redobradas, tendo em consideração que o desenvolvimento humano tem de ser integral, apoiando-se na verdade e na caridade, que é amor recebido e dado.
“Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue compreender quem é; temos de nos conhecer bem para descobrirmos os nossos caminhos de verdade”, concluiu Alexandre Cruz.

Fernando Martins

Ainda o Dia Mundial da Erradicação da Pobreza



Novas Oportunidades!



Um dia, em resposta à pergunta, se haveria alguém pobre na sua turma, a quem poderia ser dada uma peça de roupa que deixara de servir, ouvi dizer: sim, de espírito há muitos!
De facto, é esta a verdadeira e mais pungente pobreza pois reduz o ser humano a condições de indignidade e sujeição que chegam a ser aviltantes.
Ao longo da minha existência, tenho deparado com esta realidade, a que não se pode fugir pois não depende da vontade de ninguém nem sequer se pode culpar Deus por esta desgraça. O exercício das liberdades individuais conduz-nos, por vezes, a becos sem saída e muito constrangedores.
Quando era miúda, lembro-me dos pobres que andavam de porta em porta, a mendigar o pão-nosso de cada dia. Eram, essencialmente, homens que tendo caído nas malhas da solidão e abandono, quer por perda da família, quer por outras quaisquer circunstâncias, não tinham eira nem beira.
Hoje, em pleno século XXI, há muito mais pobres que antigamente e sobretudo na camada jovem da população. Que é esse enxame de arrumadores de carros, “profissão” inexistente no tempos da ditadura (seria por haver poucos carros e muito espaço para os estacionar?) que pulula nas nossas cidades e é um cancro a alastrar as suas metástases a todas as partes do país? As causas são múltiplas e não me cabe agora e aqui dissertar sobre o assunto.
No meu sector de actividade, não me parece que a política educativa esteja a fazer o melhor, no sentido de desenvolver os valores e os princípios que hão-de nortear os seus cidadãos como seres responsáveis, a serem homens e mulheres dignos, no amanhã.
A forma como se avalia o desempenho dos alunos, o facilitismo com que se transita de ano, o modo como é conduzido o processo ensino aprendizagem, não são de molde a formar cidadãos responsáveis! Premeia-se a preguiça, o laxismo, a irresponsabilidade!
Está agora, ainda de forma titubeante a ser restaurado o ensino técnico-profissional, que teve o seu sucesso e apogeu na época da outra senhora, apesar de todas os defeitos apontados ao regime.
Para progredir e proporcionar um bom nível de vida aos seus cidadãos o estado deve investir na educação e desenvolver políticas educativas conducentes a um real sucesso. Uma população bem instruída, com um nível de formação e literacia satisfatórios será um povo preparado para enfrentar os desafios duma civilização moderna.
Um dos erros de que enfermou a ditadura, na pessoa de Salazar, foi o obscurantismo em que manteve o povo, que desta forma, ignorante, analfabeto, não tinha meios para reivindicar melhor nível de vida. O poder mantinha-se, com um povo submisso, que não levantava a voz.
Sempre ouvi dizer que em vez de darmos o peixe que nos pedem, devemos ensinar a pescar! Assim, numa visão mais dilatada das coisas, preparamos o pedinte, o necessitado a angariar o seu próprio sustento! Emancipar um povo é dar-lhe a cana de pesca, os meios e as competências, não o peixe frito numa côdea de broa!
Deveria ser assim a forma de actuar do governo! Dar às pessoas os meios para não caírem na dependência, na indigência e na mão aberta à esmola! Ensinar os cidadãos a pescar é muito mais construtivo e libertador do que sujeitá-los à indignidade dum R.S.I. Estão aí as Novas Oportunidades!
Responderá o Governo, na sua peculiar aleivosia!
Qualquer estado, que se preze, promove a emancipação dos seus cidadãos, criando estruturas e desenvolvendo políticas que conduzam ao bem-estar individual e colectivo.
É para isso que se fazem eleições e que se pede ao povo que escolha os seus representantes. Estarão eles à altura da confiança que neles é depositada?
Fica a pergunta no ar!

M.ª Donzília Almeida
17.10.09

Pergunta de Bento Domingues no Público de hoje: Casamento católico em vias de extinção?

1.O alarme foi dado pelos meios de comunicação social baseado em dados estatísticos: em 10 anos, na diocese de Lisboa, os casamentos católicos baixaram 62%. Observaram-me que, se este ritmo se mantiver, em poucos anos, deixará de haver divórcios de casais católicos e um tema recorrente nestas crónicas – a situação dos divorciados na Igreja – também estará esgotado. É melhor, no entanto, não fazer previsões.


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