quinta-feira, 16 de julho de 2009

Raízes: Um poema de Orlando Figueiredo

Raízes 

as minhas raízes são como jasmim 
não são fortes 
não são profundas 
apenas leveza 
apenas perfume 
estar aqui é apenas o ínicio 
de uma aventura 
 as minhas raízes são como jasmim 
 imaginava a vida como uma árvore 
com raízes sólidas 
com braços de abraços 
com um fim e um principio 
com amor e ódio 
descobri a beleza do efémero 
 as minhas raízes 
são apenas perfume 

Orlando Jorge Figueiredo Julho 2009

Apreciar a avaliação

1. O recente relatório apresentado pela OCDE sobre a avaliação de professores em Portugal (com 24 equilibradas recomendações) poderá sugerir uma reflexão sempre oportuna sobre a avaliação. A cultura da avaliação será um pressuposto fundamental em todos os quadrantes da vida social. Sem avaliação não se progride em ordem ao justo reconhecer do mérito. “Nem ao mar nem à serra”, mas entende-se a habitual resistência à avaliação, como a resistência à mudança de hábitos. As últimas três décadas portuguesas, também na consolidação das instituições de participação democrática, muitas vezes, geraram o “vício” da avaliação fictícia em que às antiguidades equivaleriam as progressões nas carreiras.
2. Esse hábito de avaliação quase virtual (ou até meramente administrativa), terá sido, há que dizê-lo, um lógico gerador de anticorpos à justa e rigorosa avaliação, quando ela chegasse às práticas comuns de procedimentos regulares habituais. Normalmente é assim: o mau estar instala-se na hora de aplicar critérios de avaliação, também porque ela é mais vista como punitiva que como pedagógica. Em quantas circunstâncias a avaliação, infelizmente, é quase aquele inquisidor-mor mais que uma acção normal e pedagógica em ordem ao (sempre mais) desejado progresso. Os anticorpos em relação à avaliação (outra coisa será a burocracia “do 8 ao 80”…) também demonstra que não estamos à vontade e desfocámos…
3. Sabe-se que, mesmo em tempos de crise e mesmo para além de injustiças que possam reinar em determinados sectores (dos “dois” lados da barricada…), a verdade é que ao bom trabalhador todos o querem, a quem se aplica querendo aprender mais cada dia todos o procuram, a quem alia conhecimento à inovação não faltam propostas…Ou seja, também apreciarmos a avaliação e sermos avaliadores de nós próprios poderá gerar aquela força e determinação que da crise e da tempestade sabe gerar horizontes de bonança…
Alexandre Cruz

Igreja altera regras nas missas para prevenir contágio da gripe

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A nossa gente: Joana Pontes

Joana Pontes
EXEMPLO DE PERSEVERANÇA
Neste mês de Julho, em que a Câmara Municipal de Ílhavo promove, entre os dias 17 e 25, mais uma edição da Semana Jovem, dedicamos a rubrica “A Nossa Gente” a Joana Raquel Rodrigues Pontes. Nascida a 6 de Abril de 1984, em São Salvador, Município de Ílhavo, esta jovem munícipe frequentou a Escola Primária da Cale da Vila e realizou o Ciclo Preparatório na EB 2,3 da Gafanha da Nazaré. No Verão de 1996, com apenas doze anos, constituiu e dirigiu o “Clube da Leitura”, projecto que teve lugar no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré e que visava uma melhor e mais saudável ocupação dos tempos livres de crianças e jovens com carências económicas. Concluído o Curso Tecnológico de Animação Sociocultural (Ensino Secundário), ingressou, em 2004, no Instituto Superior Politécnico Gaya para se licenciar em Intervenção Social e Comunitária. Por iniciativa própria e na qualidade de sócia da Associação Tampa Amiga, Joana Pontes desenvolveu o Projecto “Vamos pôr esta ideia a Andar”, alimentado pela recolha de tampas de plástico para aquisição de Ajudas Técnicas para Instituições do Município de Ílhavo. Esta notável e meritória iniciativa, à qual a Câmara Municipal de Ílhavo se associou, e na qual colaboraram dezenas de pessoas anónimas, estabelecimentos comerciais, Escolas e outras instituições do Município e também de fora dele, deu os seus primeiros frutos quando, em Janeiro de 2008, Joana Pontes, após a recolha de cinco toneladas de tampas para reciclar, conseguiu assegurar a entrega de duas cadeiras de rodas à Fundação Prior Sardo e ao CASCI. Mas, Joana Pontes abraçou ainda outras causas: em Dezembro de 2005 dinamizou uma Campanha de Recolha de Brinquedos e VHS para o Hospital Pediátrico de Coimbra e para a Pediatria do IPO do Porto e, em Dezembro de 2006, colaborou na campanha “Vamos aprender a semear sorrisinhos” em beneficência da Associação Porta Aberta (Palmela). Licenciada em Serviço Social desde Novembro de 2008, Joana Pontes encontra-se, actualmente, a realizar o Curso de Mediadora EFA no Instituto Português da Juventude de Aveiro e prepara-se para frequentar o Curso de Formadora na mesma instituição, assim como a Pós-Graduação em Psicogerontologia Social no ISCIA – Aveiro. Durante o seu percurso de vida, esta jovem enfrenta um Raquitismo Hipofosfatémico, já ultrapassou uma Tuberculose e uma Anorexia, mas a sua perseverança e o seu dinamismo nunca a impediram de concretizar os seus sonhos, fazendo dela um exemplo de coragem que a motivam para intervir no âmbito social sempre com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos que a rodeiam.
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In Viver em... da CMI

Férias: Um poema de José Tolentino Mendonça

Oração pelas férias Dá-nos, Senhor, depois de todas as fadigas um tempo verdadeiro de paz. Dá-nos, depois de tantas palavras o dom do silêncio que purifica e recria. Dá-nos, depois das insatisfações que travam a alegria como um barco nítido. Dá-nos, a possibilidade de viver sem pressa, deslumbrados com a surpresa que os dias trazem pela mão. Dá-nos a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente. Dá-nos de novo a graça do canto, do assobio que imita a felicidade aérea dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado. Dá-nos a força de impedir que a dura necessidade esmague em nós o desejo e a espuma branca dos sonhos se dissipe. Faz-nos peregrinos que no visível escutam a melodia secreta do invisível. José Tolentino Mendonça

Da urgência ao planeamento

1. Diz o povo que «homem prevenido vale por dois». A sábia afirmação não entra numa lógica da quantidade mas procura ajudar a entender que a prevenção é o único caminho do futuro. Quantos “acidentes” provêm de descuidos, desleixos, distracção, facilitação. De quando em quando discorre-se sobre a capacidade lusitana para o improviso (grandes obras assim o demonstram), mas também de um défice de planeamento sistemático, metódico e rigoroso. No mundo que corre, onde todas as coisas estão ligadas e onde a complexidade de tudo obriga ao reconhecimento das redes de ligação entre diferentes quadrantes, planear será evitar que se ande dois passos para a frente e um para trás.
2. Aquela imagem pacata e resignada em que numa estrada pública vem um sector de cada vez (água, saneamento, gás, cabo…), e em que cada um abre e fecha a própria rua durando a obra anos a fio e sendo um interminável incómodo para os utentes… ou aquela obra de estrada realizada em pleno dia, ao calor do sol abrasador para os trabalhadores (porque não de noite?), a que se junta a incómoda paragem e confusão de trânsito, mau para os trabalhadores, mau para os utilizadores da via pública… aquela imagem… Os exemplos poderiam não terminar, num claro apresentar as desvantagens do não planear e do não assumir a equipa como o centro das decisões/acções.
3. É certo que muitas vezes tem de se apagar o fogo, correr para um SOS de urgência, mas esta terá de ser a excepção. A regra tem de ser um planeamento capaz de envolver todos os ângulos em causa... Não se fala só da obra física, mas da obra humana e comunitária. Esta aprendizagem – DA URGÊNCIA AO PLANEAMENTO – continua a ser um défice e por isso uma necessidade premente na cultura e filosofia de vida de nós, os portugueses. Quantas vantagens no planeamento estratégico e aglutinador dos vários actores em jogo! Quanta desvantagem gera a desorganização, a falta de método, o desleixo que multiplica as urgências da corrida desnorteada!
Alexandre Cruz

Um soneto de Domingos Cardoso

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Retrato incompleto
Gente que lavra a água igual ao chão Penteando os seus cabelos de moliço É o povo que mantendo a tradição, Dá vida ao moliceiro e ao seu feitiço. Gente ousada na dura emigração, Voltando à terra, findo o compromisso, É o povo que, p’ra ter mais farto o pão, Deixou, p’l mundo, a juventude e o viço. Tomando em suas mãos o seu destino A si mesmo se fez, desde menino, Este povo de história tão grandiosa. Peito aberto à saudade do futuro, De coração honrado e gesto puro, É gente boa, é gente da Murtosa! Domingos Freire Cardoso