quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Obamomania

Com a vitória de Obama nas eleições presidenciais dos EUA, uma onda de euforia se espalhou pelo mundo. Uma vitória inédita num país que se proclama como o mais democrático do mundo deu para alimentar a esperança da construção de uma nova ordem social. Uma nova ordem social assente no diálogo, na democracia, na paz e na justiça. Desde a eleição e até hoje têm-se multiplicado esses sinais de esperança, mesmo de certeza de que essa nova ordem social será uma realidade a curto prazo. Nem passa pela cabeça de ninguém admitir o contrário. Obama, para muitos, já ganhou o céu, ocupando um lugar especial no coração de cada cidadão do mundo. Contudo, estou convencido de que o paraíso não está a chegar, sobretudo à medida dos sonhos de muitos. Bem gostaríamos que assim fosse, mas não vale a pena acreditar em utopias, embora os ideais ocupem os nossos quotidianos. A realidade vai ser bastante diferente, quando as suas propostas se confrontarem com o dia-a-dia do seu país e dos demais países da terra, até onde chegam os interesses dos EUA. Admitindo que os sonhos fazem parte da vida de todos os seres humanos, temos de assentar os pés na terra em momentos como este. Quando Obama decidir, seja o que for, logo depois de tomar posse da principal cadeira da Casa Branca, é certo e sabido que de imediato brotam os descontentamentos, um pouco por todo o lado. FM

O ILHAVENSE FAZ ANOS

O ILHAVENSE completou hoje 87 anos de vida. Mesmo a caminho do seu centenário (já não falta muito), não podemos dizer que se trata de um jornal velho. E não é velho porque continua na luta constante pela defesa do seu lema, isto é, por ÍLHAVO e pelas suas gentes, tal como desde o nascimento. E se soubermos que não é fácil, nos dias que correm, alimentar princípios de justiça e de verdade, quando cada um se arroga o direito de admitir a sua justiça e a sua verdade como únicas e indiscutíveis, então mais facilmente compreendemos as dificuldades que têm de enfrentar, no dia-a-dia, os responsáveis por um órgão de comunicação social como este.
Ao seu director e meu bom amigo, José Manuel Torrão Sacramento, e a quantos fazem O ILHAVENSE dirijo os meus parabéns, na certeza de que não lhes há-de faltar coragem para prosseguirem na caminhada, para bem de todos os ílhavos, neles incluindo os ilhavenses e os gafanhões.
Fernando Martins

Crónica de um Professor...

Furo
Em tempos não muito remotos, na década de 80 do século passado, ocorreu um episódio insólito, em que foi protagonista um Mercedes amarelo. Este, partindo da Invicta Cidade, levava um grupo de professores para uma Escola do interior, neste país rural. Uma pequena avaria, um furo no pneu da frente, fez atrasar a viagem, que prosseguia, rumo a terras da Lixa. Dizia um colega com ar jocoso, quando se aproximava do baixo em que ficava a Escola: - Estamos a chegar à Cova... Sim, rumava esse grupo docente para a pequena vilinha rural de Vila Cova da Lixa, ali mesmo ao lado de Amarante. Também integrava esse grupo, a teacher, que aproveitava o percurso para uma amena conversa com os demais companheiros de viagem. Enquanto se procedia à reparação do furo, na estação de serviço local, na Escolinha, várias turmas de alunos pulavam de contentes, anunciando, a altos brados, aquela “prenda” inesperada, que aqueles professores lhes haviam oferecido: - Temos furo, temos furo... Era uma alegria, quando faltava um professor e se anteviam uns instantes de brincadeira, acrescidos! Sem pretender fazer a apologia das faltas dos professores, apraz-me aqui tecer algumas considerações, sobre a tão amaldiçoada aula de substituição. Qual será, à luz duma pedagogia dos valores, dos afectos do são desenvolvimento, a vantagem de aprisionar a energia incontrolável de crianças, alunos, no interior de uma sala de aula, numa actividade de mero entretenimento? Que lucrarão as crianças em permanecer, trancadas, entre quatro paredes, na ausência do professor da disciplina, supervisionadas por um outro qualquer docente, totalmente alheio às matérias e à empatia estabelecida pelo colega? A palavra “furo”, outrora sinónimo de feriado, intervalo inesperado entre duas aulas, perdeu, hoje, a polissemia e restringiu-se apenas ao conceito de “perfuração”! Se não existissem os pneus dos carros a arcar com esta responsabilidade... dos furos..., seria considerada um arcaísmo!Em contrapartida, surgiram novos vocábulos, para suprir as falhas existentes no léxico: professor substituto, aula de substituição, bloco de 90 minutos, meio bloco... etc; serão os neologismos criados pela força inovadora da língua! Esta é um processo dinâmico... Com 20 minutos de atraso, lá foram professores e alunos aproveitar o que restava da aula de 55 minutos. Não houve protestos, não houve birras. Todos, ordeiramente, acompanharam os professores; estes, alheios à falta que lhes fora atribuída, apenas pensaram em cumprir o seu dever, apesar do percalço que lhes tinha acontecido. Apesar do inesperado acréscimo de tempo de brincadeira, nenhum aluno sentiu que a aula ia ser um castigo! In illo tempore! No século passado!
Mª Donzília Almeida

Trabalho Infantil




A Renascença noticia que "Há crianças em Portugal que trabalham 12 horas por dia. O trabalho infantil é uma realidade e a Confederação Nacional de Acção contra o Trabalho Infantil alerta para o seu aumento, por causa da crise e do aumento do desemprego."
Há muitos anos que se fala deste problema, mas a verdade é que as crianças continuam a ser obrigadas a ser adultos, à força, em idade de brincar.


Nota: Ilustração da Rede Global

Efeméride aveirense

1880 - 20 de Novembro
Numa reunião de prelados do Continente, efectuada em Lisboa na presença do ministro da Justiça, foi resolvida a extinção da Diocese de Aveiro pelos arcebispos de Mitilene e de Braga e bispo de Lamego. Votaram pela sua conservação o arccebispo de Évora e o bispo de Bragança e abstiveram-se de votar os bispos de Coimbra e do Porto.
In "Calendário Histórico de Aveiro"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cavaco Silva lamenta falta de diálogo entre Ministério da Educação e Sindicatos

Face à incapacidade para dialogar, entre o Ministério da Educação e os Sindicatos dos Professores, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou hoje ter "muita pena" que o seu apelo para a serenidade do sector não tenha aparentemente surtido efeito. Estou em crer que, mais dia menos dia, o momento do diálogo soará. Portugal não pode continuar a assistir a posições irredutíveis, sob pena de se prejudicarem de forma irreparável os alunos, mola real da vida do Ministério da Educação e dos Professores.

Jubileu do Carmelo de Aveiro

O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, escreveu uma Nota Pastoral sobre o Jubileu do Carmelo de Cristo Redentor. Nela sublinha: “A paz, o silêncio e a contemplação são fontes de alegria e de esperança, espelhadas no olhar puro e simples de quem, habitado por Deus, reparte o amor e a esperança pelo mundo e retira com suavidade e mansidão deste mesmo mundo a vaidade, a ganância, o orgulho, a inveja e a maldade. Os caminhos humanos do nosso tempo estão frequentemente marcados pela rotina, pela corrida e pela pressa e obrigam-nos a passos distraídos e a viagens desencontradas que nos distanciam da verdade, do bem e do belo e nos afastam de Deus e das pessoas.”

Nostálgicos do religioso abundam por aí

Falar de religião, brincar com temas religiosos, pôr a ridículo os sentimentos das pessoas crentes, proclamar o agnosticismo pessoal, cultivar dúvidas e propalar convicções de quem as transformou em certezas próprias, parece hoje ser moda e oportunidade aproveitada por gente que tem tribuna livre e antena aberta, e, ainda por cima, recebe por utilizá-las a seu belo prazer, que muitas vezes é a seu mau gosto. Uma nostalgia do religioso que talvez os psicanalistas possam explicar e que o povo já explicou quando disse: “Quem desdenha quer comprar”. Este campo vai sendo ocupado por políticos, legisladores, jornalistas, humoristas, gente de certa cultura, muitos deles incapazes de reconhecerem as suas limitações culturais e incapazes de calar os gritos interiores que os povoam. Fazem lembrar crianças que nasceram e brincaram no adro da Igreja e voltam lá, mais tarde, para apedrejarem telhado, quando não mesmo o interior do templo. Deste modo, mostram, também, a aprendizagem necessária para viver numa sociedade democrática plural, para aceitar os direitos humanos fundamentais, para respeitar opiniões e vivências diferentes, relacionadas com aspectos importantes da vida, como a liberdade de consciência, que tem na liberdade religiosa uma expressão essencial. Por vezes, o produto publicitado de diversos modos passa quase despercebido, como semente que se lança à terra, sempre na esperança de que caia em terra onde, mais tarde ou mais cedo, se gere dúvida ou repulsa. Acontece assim com gente que tanto fala e escreve sobre desporto como política internacional, com políticos que tanto bajulam como desprezam, com humoristas gastos que, com a sua pitada que suja os sentimentos religiosos de outros, mendigam sorrisos e aplausos, que já mal conseguem de outro modo. Não ando, nem nunca andei na vida, à caça de bruxas e aprendi cedo a respeitar os outros, conhecidos ou desconhecidos, que pensam como eu ou que divergem livremente de mim. Mas, como compro os jornais e os leio, procuro estar atento ao que neles se diz e a quem o diz. Comunicar também é semear e a parábola do trigo e do joio é, para este tempo concreto, uma advertência que não me pode deixar indiferente, mesmo respeitando o comunicador. Leio no Público (4.11.08) o artigo que aí escreve semanalmente, e mais de uma vez, um dos seus jornalistas de opinião que eu leio habitualmente. Desta vez escreveu: “Em certo sentido, a eleição do próximo Presidente dos Estados Unidos da América é a notícia mais esperada desde a ressurreição de Jesus Cristo - embora esta última ainda não tenha sido confirmada, dois mil anos depois”. Outra qualquer opinião sobre religião far-me-ia passar ao lado. A ressurreição de Jesus Cristo, pese embora a racionalistas, agnósticos ou ateus, será sempre a verdade central do cristianismo, aquela sobre a qual o silêncio é traição. Por isso mesmo, a piada não me deixou insensível. Está equivocado o jornalista em causa. Nenhuma verdade cristã está mais confirmada do que esta, pois que nem sempre a razão é o melhor caminho para a verdade. A vida dos crentes é, desde há dois mil anos, a melhor prova da ressurreição de Cristo e continuará sê-lo até ao fim dos tempos. Quem ama a sua vida, até ao ponto mais alto de a entregar por aquilo em que acredita, avaliza a verdade da sua fé. Milhares de cristãos convictos que se entregam, por completo, à causa de Jesus Cristo, e dão, se necessário, ontem como hoje, a própria vida ao martírio, que provam senão isso? Em plena consciência e de modo livre não se dá a vida por uma simples opinião ou crença, qualquer que ela seja. Nunca a ressurreição de Jesus Cristo foi provada por argumentos da razão. A adesão à fé é um acto de amor. A razão mostra, por factos consequentes, que acreditar não é um absurdo, mas a forma mais pura da liberdade. A compreensão das coisas mais profundas requer sempre meios adequados. Quem endeusa a razão empobrece a liberdade humana. O crente é um homem livre, por isso mais homem e mais senhor da sua vida.
António Marcelino

Manuela Ferreira Leite: afirmações de mau gosto

“Eu não acredito em reformas,
quando se está em democracia…”
Mal vai o País quando um político brinca com coisas muito sérias. E se esse político é um chefe partidário, então começamos a ficar confusos. Manuela Ferreira Leite, líder do maior partido político da oposição, cometeu uma gaffe do tamanho do caos em que vive o PSD. A nossa democracia precisa de muito mais do que afirmações de mau gosto. “Até não sei se não é bom haver seis meses sem democracia” não pode ser tida como tirada irónica, como veio o PSD esclarecer. A ironia não estava no rosto nem no tom de voz de Ferreira Leite. Ela estava mesmo a falar a sério, compenetrada do que estava a dizer. Não houve ali nenhum esgar que denunciasse a intenção de brincar. E mesmo que houvesse, seria sempre uma brincadeira, como quem conta uma anedota numa festa íntima. Não era o caso. Tenho pena que o PSD não acerte com um líder carismático para fazer valer os seus ideais. Assim, meus caros amigos do PSD, o PS não pode deixar de dar graças a Deus para que Ferreira Leite continue de saúde, pelo menos, até às próximas eleições. A derrota do PSD começa, assim, a definir-se. O que é pena. É que um partido do Governo sem oposição que seja alternativa corre a tentação de esquecer o diálogo com a sociedade.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Se quereis conhecer Deus

“E, se quereis conhecer Deus, não vos preocupeis em querer decifrar enigmas. Olhai antes ao vosso redor e vê-l’O-eis a brincar com os vossos filhos. E olhai para o espaço e vê-l’O-eis a caminhar nas nuvens e a estender na luz os Seus braços, descendo com a chuva. Vê-l’O-eis sorrindo nas flores, erguendo-se em seguida para agitar as árvores com as Suas mãos.” 

 In “O Profeta”, de Khalil Gibran

Aveiro: Canal Central antigo

As gavetas e velhos arquivos são sempre um manancial de recordações. Desta feita, encontrei este postal sobre o Canal Central, que partilho com os meus amigos mais velhos. Os que, afinal, talvez mais gostem de recordar imagens que nos não saem da memória. Quem quer colaborar, enviando-me as suas velhas fotos?

Fotografia de Carlos Duarte

“O meu olhar” é uma exposição de fotografia de Carlos Duarte, patente ao público na Biblioteca Municipal de Ílhavo, com o apoio do Rotary Clube da mesma cidade, a partir do próximo dia 29 de Novembro. A receita reverte para a Obra da Criança de Ílhavo. Canais de Aveiro, Ria, Costa Nova e procissões, entre outros motivos, segundo a objectiva e a sensibilidade de Carlos Duarte, merecem ser apreciados até 13 de Dezembro.

Fotografia na Casa da Cultura

PORTO DE ENCONTRO
No passado sábado, foi inaugurada, na Casa da Cultura de Aveiro, a exposição “Porto de Encontro”. Inclui seis dezenas de trabalhos participantes no concurso de fotografia “Porto de Encontro”, organizado pela Comissão das Comemorações do Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro. Resulta de compromisso assumido pela organização aquando do lançamento do concurso. A exposição pode ser visitada de terça a domingo, entre as 14h e as 19h, até ao próximo dia 30 de Novembro.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mais um livro de Ana Maria Lopes

“REGRESSO AO LITORAL - Embarcações Tradicionais Portuguesas”


O mais recente livro de Ana Maria Lopes, “REGRESSO AO LITORAL - Embarcações Tradicionais Portuguesas”, editado pela Comissão Cultural da Marinha, vai ser lançado no Museu de Marinha, em Lisboa, no Pavilhão das Galeotas, no próximo dia 24, pelas 17.30 horas. A apresentação da obra vai estar a cargo de Álvaro Garrido, director do Museu Marítimo de Ílhavo.
Entretanto, posso já adiantar que a referida obra será lançada em Ílhavo, no Museu Marítimo, no dia 29 de Novembro, pelas 17 horas, ficando a apresentação ao cuidado de Rodrigues Pereira, director do Museu da Marinha. “REGRESSO AO LITORAL - Embarcações Tradicionais Portuguesas” é um livro que reflecte, tanto quanto sei, o trabalho profícuo a que a autora já nos habituou, merecendo ocupar um lugar de destaque nas estantes de quem gosta de temas ligados ao nosso mar, e não só.

domingo, 16 de novembro de 2008

Semana dos Seminários

Termina hoje a Semana dos Seminários. Tanto quanto é possível imaginar, todas as dioceses do nosso país se empenharam nela, procurando chamar a atenção dos fiéis para a importância dos seminários na vida da Igreja, concretamente nas paróquias, base da vida eclesial. Dos Seminários saem, por norma, os padres que são, nas comunidades e nos demais sectores da Igreja Católica, os braços direitos dos Bispos. Nos Seminários, para além dos candidatos ao sacerdócio ministerial, há outros serviços de apoio à vida diocesana. Em Aveiro, por exemplo, no edifício do Seminário de Santa Joana Princesa, funciona o ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosos). Quando se fala destas casas de formação, logo nos lembramos dos alunos, professores e responsáveis pela espiritualidade dos seminaristas. Mas nem sempre recordamos outros servidores, encarregados de diversas tarefas. Hoje, enquanto esperava pela missa das 18.30 horas, que na igreja do Seminário se celebra para os universitários e outros fiéis, conversei um pouco com a Irmã Emília, que todos os domingos abre a porta do templo e tudo prepara para a eucaristia. A Irmã Emília pertence às Religiosas do Amor de Deus e veio para o Seminário de Aveiro em 1974. De sorriso franco, foi-me falando um pouco da sua vida. Esteve em África, onde serviu desde muito nova. Natural de Guimarães, um dia desejou professar e a partir dos votos de consagração aceita estar onde é preciso. É uma daquelas pessoas que estão na base da vida do Seminário de Aveiro. Trabalha na cozinha, dando o melhor de si, mas sabe que tem outras tarefas no dia-a-dia. Por exemplo, os vasos com plantas, que decoram os claustros e salas do Seminário, estão ao seu cuidado. Quando a questionei sobre o dia de folga semanal, adiantou que nem pensa nisso. Está ali para trabalhar, seguindo o princípio da obediência. Férias? Só quando vai para as termas, no Gerês, porque sofre da vesícula. "Às vezes abusamos um bocadinho!" - disse-me ela. Para além disso, participa em encontros de formação do instituto a que pertence. Mas aqui, refere que também tem de trabalhar um pouco, embora com a cabeça. Na Irmã Emília, com todo o seu sorriso e testemunho, apetece-me homenagear vários servidores do Seminário de Aveiro, com o meu carinho e reconhecimento pelo muito que fazem, na sombra de tudo o que é tido como de fundamental importância para a Igreja Diocesana.
FM

“Correio do Vouga” faz anos

O “Correio do Vouga”, órgão oficial da Diocese de Aveiro, celebra hoje o seu aniversário. Nasceu em 16 de Novembro de 1930, tendo como director o Dr. António Almeida e Silva Cristo, como editor o Padre Alírio Gomes de Melo e como administrador o Padre António Fernandes Duarte Silva. Em 1938, quando a diocese foi restaurada, passou para a responsabilidade da Igreja de Aveiro, mantendo-se, presentemente, como arauto dos valores cristãos. É, pelo que sei, o mais antigo jornal com publicação permanente na cidade dos canais, apostando, como desde a primeira hora, na defesa do bem e do justo, bases de uma sociedade mais fraterna. Tive o privilégio de dirigir o “Correio do Vouga” durante 12 anos, pelo que mais me ficou no coração. Vivi o dia-a-dia da redacção com o entusiasmo de quem acredita na possibilidade e na vantagem de apostar num jornal aberto ao que a vida tem de positivo. Ainda experimentei – com que entusiasmo! – os novos desafios sugeridos pelas novas tecnologias da comunicação, sem esmorecimentos nem cedências. Agora, que o jornal diocesano prossegue na caminhada de renovação permanente, não posso deixar de agradecer a quantos, durante 12 anos, me acompanharam, me ajudaram e me incentivaram a alimentar a esperança de contribuir para um semanário atento ao mundo, que sonhasse para além dos adros das igrejas. Aos seus actuais responsáveis e meus bons amigos, formulo votos sinceros de que continuem, como, aliás, o têm feito, a oferecer a toda a gente uma leitura cristã dos acontecimentos, na perspectiva de uma sociedade mais solidária.
Fernando Martins

Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro

Vasco Lagarto entrega prémio à professora Madalena Anastácio, da Escola da Chave, com aluno a assistir
Prémios para contos e blogues
O Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro teve ontem mais uma iniciativa. Não foi uma iniciativa capaz de atrair muita gente, mas teve o mérito de distinguir contos e blogues que responderam aos desafios da APA e da Rádio Terra Nova. Apreciei a satisfação dos que saíram vencedores e alguma tristeza de quem esperava ver mais reconhecido o seu trabalho. A vida, no entanto, tem destas incongruências. De qualquer forma, haverá outras oportunidades noutros contextos.
Há, porém, um registo que não posso deixar de lado. Não existiu, por parte de alguns Agrupamentos e Escolas, o devido esforço para motivar alunos e turmas para este concurso de contos. Vasco Lagarto, presidente da Rádio Terra Nova e grande entusiasta por acções do género, lamentou o facto e disse que tal atitude não é de agora.
Sempre gostaria de saber por que razão os Agrupamentos e as Escolas se divorciam destas acções, quando é sabido que as crianças e jovens precisam de ser incentivados, no sentido de se abrirem ao envolvimento nas propostas culturais, sociais e outras, que são postas à disposição de todos. Escolas e alunos alheios ao mundo que os envolve não contribuem para uma sociedade mais participativa, mais culta e mais fraterna.

STELLA MARIS: Jogo da malha com castanhas

Ontem à tarde houve mais um convívio no Stella Maris, clube da Obra do Apostolado do Mar. Um grupinho de amigos ali se reuniu a convite da direcção, para jogar a malha, mas também para saborear as castanhas assadas, regadas com jeropiga, bebida conhecida, entre nós, por vinho-abafado. Não eram pessoas propriamente muito jovens, embora o espírito o seja, como bem vi, pelo que temi que não houvesse força para atirar a malha a 25 metros. Porém, a verdade é que me enganei. Na foto, o Zé Manel, perito em consertar motorizadas e bicicletas, mostrou que tem força e habilidade para lançar a malha. Apreciem os meus amigos a postura correcta de quem sabe disto. Eu nem tentei, para não dar cabo de algum músculo ou osso. Contudo, derrubei um meco porque... tropecei.
O presidente da direcção, Joaquim Simões, com esta e com outras iniciativas, lá consegue mostrar que o Stella Maris tem potencialidades para congregar pessoas. Vontade não lhe falta. Resta-nos, como amigos, dar uma ajudinha.
FM

Um Poema de Maria Donzília Almeida

Variações em Citrinos
A filha da Laranja é a Tangerina E o Limão? Um primo afastado. A primeira é fresca e ladina. Tem a pequenez duma menina E tem um gosto doce e refinado! Do Limão se faz a limonada. Azedo, mas refresca no Verão! Por isso fica aqui a lição dada: Qualquer coisa, até, menosprezada Tem no fundo, sempre servidão! Variando em doçura e não somente, A tângera tem aqui seu parentesco. Da Laranja é nobre descendente Que nos dá, de forma permanente O seu suminho doce e tão fresco! E que dizer da nossa Clementina? De um paladar muito apurado, Tem nome de mulher ou de menina, Embora bem chegada à Tangerina, Tem sabor extra doce e requintado. E as limas de casca tão fininha, São uma fruta rica e sumarenta. Apreciadas são na caipirinha, Que ajuda a passar uma noitinha, De forma sonhadora e pachorrenta! E por fim aparece a toranja, Algo amarga, terá sua qualidade! Humilde descendente da Laranja Decerto não se come como canja, Mas terá, porventura utilidade! Mª Donzília Almeida
NOTA: Ora aqui está uma forma bonita e artística de ensinar os dotes da fruta, tão importante numa alimentação sadia. Sobretudo numa época em que aparece tanta coisa para comer, que nem sabemos bem o que é. Às vezes até são petiscos saborosos, mas uma frutinha fresca não trará mais benefícios para a nossa saúde? Julgo que sim...
FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 103

OS JOGOS
Caríssima/o: Tal como hoje, muitos dos nossos jogos eram marcados pelo ritmo da cantiga que se desenrolava enquanto decorria; outros eram “a seco”. Uma lista de alguns jogos da nossa meninice aí fica para que acrescentem os que faltam e se entretenham a descrever as regras e o desenrolar dos mesmos:
jogo da macaca da malha da choca da bilharda, dos calotes ou calarotes do pião; dos sete posséis da barra das nações da glória do xui (bingo) do «dá-me lume» do esconde-esconde (agacha), escondidas ou escondidoiro do eixo, 'uma-bala-uma' do gato e do rato do bom barqueiro do belindre do cantinho do chícharo ou das pedrinhas da cabra-cega do pico-pico do lencinho da sardinha assim se r'amassa do botão, tiço do ringue... Muitos dos poucos que me fazem companhia nesta viagem estão a rir-se porque me esqueci do seu jogo preferido, ou escrevi mal este ou aquele... E devo até confessar que de alguns não lembro as regras nem o modo como eram jogados e, um ou outro só os ouvi da boca da geração anterior à minha, logo já não os jogávamos: “ dá-me lume”... Alguém o conhece? Há que ir preparando os piões que o tempo aproxima-se e as nuvens de trovoada anunciam chuva! Manuel