terça-feira, 23 de setembro de 2008

OUTONO

SE DESTE OUTONO Se deste Outono uma folha, apenas uma, se desprendesse da sua cabeleira ruiva, sonolenta, e sobre ela a mão com o azul do ar escrevesse um nome, somente um nome, seria o mais aéreo de quantos tem a terra, a terra quente e tão avara de alegria. Eugénio de Andrade
In O Sal da Língua

REGATA DOS GRANDES VELEIROS

ORGANIZAÇÃO COM NOTA DE EXCELENTE
Hoje à tarde, a Regata dos Grandes Veleiros deixou o Porto de Aveiro, com rumo traçado para chegar à cidade do Funchal, que está a celebrar meio milénio de existência. O espectáculo da saída da barra foi presenciado por numeroso público, que vibra sempre com navios, mastros, velas, sirenes estridentes e marinheiros. No final, o presidente da Câmara, Ribau Esteves, anunciava que a organização tinha sido premiada com nota de Excelente, pelo alto nível dos serviços prestados e pelo acolhimento manifestado aos veleiros e suas tripulações. Da parte da manhã, bem esperei pelos veleiros, mas o nevoeiro intenso, que cobria totalmente a boca da barra, impediu a saída, para tristeza de imensa gente que enchia os paredões mais próximos. Segundo li na Rádio Terra Nova, mais de 350 mil pessoas visitaram os 22 veleiros atracados no Porto de Aveiro, participando na festa rija que a Câmara Municipal de Ílhavo, de braço dado com a APA (Administração do Porto de Aveiro), ofereceu a todos. Ribau Esteves, presidente da autarquia e grande entusiasta por este desafio em que apostou, garantiu que estão já a ser preparadas novas candidaturas a duas regatas, uma europeia e outra transatlântica, para 2012/2013.
Nota: Tenciono publicar amanhã algumas fotos da saída dos veleiros

O Fio do Tempo

Nas raízes da inovação
1. Como tantas outras, «inovação» pode ser palavra gasta. Há mesmo já quem diga inovar a inovação. Para além dos malabarismos da linguagem, importa aprofundar a atitude inspiradora. No contexto do início de ano escolar, esta capacidade de sermos parte das soluções merecerá nota de louvor. Este ano a Lição de Abertura da Sessão Solene da abertura do Ano Académico da UA contou com a presença do Presidente Executivo da Portugal Telecom SGPS, SA, Eng. Zeinal Bava. A temática da comunicação era: «A inovação como chave do sucesso». Podendo ser hoje esta uma temática de lugar-comum, valerá a pena, acima de outros aspectos e mesmo dos naturais prós-e-contras que existem em tudo, destacar duas ideias fundamentais. 2. Quando Zeinal sublinha que «uma equipa é sempre mais inteligente que uma pessoa sozinha» acentua uma tecla essencial que tem sido um dos parentes pobres da mentalidade portuguesa. Ao destacar que, mais que os mecanismos de retorno da satisfação do consumidor, o ideal será que este tome parte da solução inovadora a encontrar, representa uma sintonia empática de inteira correspondência entre o que se oferece e o que se procura. Muito acima dos patamares meramente comerciais, vale a pena destacar as potencialidades criadoras do trabalho em grupo, pois até é bem mais fácil uma pessoa escrever um livro sozinha do que gerar um trabalho de plataforma em «rede» entre diversas áreas e saberes. Também as noções de retorno, auscultação, como processo criador merecem mais atenção… 3. Claro que tudo é aprendizagem, mesmo a inovação. Esta não cai do céu, precisa mesmo da capacidade de «arriscar» para acertar. Também este é um processo de sabedoria tão importante. Porque não criar-se mais hábitos de gente de diferentes áreas e estruturas sentarem-se à mesma mesa? Seria surpreendente! Alexandre Cruz

O PODER DO LINK

O desenvolvimento da informática, da electrónica e das telecomunicações estão na origem das revoluções mediáticas constantes a que as últimas décadas do séc. XX deram origem. Da convergência das tecnologias de cada um desses mundos resultou uma nova matriz onde se processa a comunicação: a matriz digital. Que oferece sempre novas ferramentas à transmissão de conteúdos, que os torna progressivamente mais céleres e cada vez mais acessíveis. Trata-se de uma realidade sempre nova, que foge a estereótipos comunicacionais de outros tempos. Resulta antes do contributo de um conjunto vasto de actores, todos os cidadãos mesmo, e emerge em qualquer recanto da vida pessoal, familiar ou social: porque são muitos os emissores ao nosso alcance e ainda mais os receptores desses pixéis, a nova sebenta onde se inscrevem mensagens em circulação constante pelas redes de comunicação. Claro que todos os conteúdos têm de passar por esta comunicação, porque é também aí que acontecem, hoje, as relações humanas e a construção social. O que exige saber, arte de comunicar. Retórica, oratória e não só: também a capacidade de explorar o poder do link. Se o bom discurso ou o bom sermão é avaliado imediatamente por reacções espontâneas do auditório, a audiência das mensagens que se colocam nas redes virtuais é uma constante incógnita: quem "agarra" um texto, imagem ou som? Até que recanto do mundo pode chegar o que eu coloco num blog, num portal da internet ou no anexo de um mail? Quantos "cliques" passam por um título e quantos reencaminhamentos "sofrem" as mensagens? Num qualquer recanto, eu posso partilhar conteúdos para o grande universo da rede, aguardando que sejam visitados. Mas o desejo de qualquer autor é vê-los linkados. É esse o maior desafio da comunicação em rede: encontrar ligações noutro espaço, noutra página da internet, num mail ou sms e, dessa forma, fazer aumentar exponencialmente os "caminhos" para uma foto, um vídeo ou um texto colocado num qualquer "quintal digital". Depois de linkado, fica ao alcance de um "clique", em qualquer parte do mundo. O poder da comunicação, em sociedades digitalizadas, é cada vez mais o poder do link. Paulo Rocha

Cinema na Televisão

"Quer os cinéfilos gostem ou não gostem, o cinema hoje passa muito além da projecção em sala conhecendo uma crescente divulgação em DVD e através da televisão. As condições de imagem, em formato e em qualidade, não têm comparação possível, mas é um facto que sem estes novos suportes estaria inacessível a maior parte das obras de outros tempos. Se nos referirmos apenas à televisão aberta, com quatro canais, só nos dois dias do último fim-de-semana foram apresentados 24 filmes, ou seja, uma dúzia por dia. É um número considerável que respeita uma variedade muito grande e abrange diferentes épocas de produção." Francisco Perestrello Clique aqui para ler mais

Voluntariado Universitário

HÁ SEMPRE TEMPO, SE QUISERMOS
Há projectos que me merecem um cuidado especial. O Voluntariado Universitário é um deles, porque promove o serviço em favor dos que mais precisam. Na proposta dirigida aos universitários das escolas superiores de Aveiro diz-se que há sempre “tempo”, de acção e reflexão, para dedicar ao bem comum. Se todos quisermos, claro. Para cada um e à medida de cada qual. Em Explicações no Bairro de Santiago, no Voluntariado Hospitalar, em Instituições Comunitárias, no Estabelecimento Prisional de Aveiro. É óbvio que tem de haver informação e preparação. As inscrições estão abertas no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) e na AAUAv (Associação Académica da Universidade de Aveiro).

Faleceu Adolfo Roque

As notícias de hoje referenciam a morte de Adolfo Roque. Um industrial de sucesso, mas também um exemplo cívico para todos. Águeda e o País ficaram mais pobres. Para além de provedor da Santa Casa da Misericórdia, o comendador Adolfo Roque envolveu-se em diversas instituições, dinamizando-as, sem nunca descurar o espírito de bem-fazer que sempre o animou. Era um benemérito por excelência e um homem bom por natureza. Paz à sua alma.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O Fio do Tempo

O tempo do regresso 1. O retomar das actividades impele-nos ao reerguer de projectos. Nos cenários de um surpreendente mundo em convulsão transformadora, e em que não podemos fugir dele mas actuar renovados nele, o estabelecer de objectivos ambiciosos que consigam gerar pontes de cooperação na busca de soluções é, hoje, uma claro sinal da necessária e inspirada procura revitalizadora. O mundo está como os humanos o fazem. E diante dele sempre houve, pelo menos, duas tentações: a cómoda “fuga ao mundo” típica de quem julga ter adquirido já a verdade plena, como se ela não existisse para o aperfeiçoamento comunitário; ou o diluir-se de tal modo no mundo perdendo a força crítica, afogando-se no conformismo, no deixar andar, no não vale a pena. 2. O retomar dos vários níveis de actividade, como a função educativa do aprender escolar, a missão política de servir o bem comum, as propostas de sentido de vida das Igrejas, os projectos de concertação social, humanitária e cultural, os novos programas das grelhas televisivas, os futebóis, as músicas, os espaços comunitários, tudo o que se move e pode mobilizar para uma sociedade melhor, especialmente em tempos de apregoada crise, em todos os recantos teria sentido fazer aquela “pausa” que pode gerar objectivos nobres em ordem a sermos, pelo menos, melhor Humanidade. Tudo porque a sabedoria e a bondade educativa que dessa pausa provêm também podem ser antídoto inspirador para tantos dos males sociais. 3. Após a pausa veraneante, chegado o Outono, retomamos. É o sexto ano, agora com outro nome: «o fio do tempo». Depois de alguns anos com «Universalidades» e o ano passado com a «Linha da Utopia», agora avançamos sobre «o fio do tempo». Não o meteorológico! Mas sobre os sinais do tempo actual. Único, todos actuamos nele! Alexandre Cruz

Ainda a Senhora dos Navegantes

FOLCLORE AO LADO DOS VELEIROS
Quem participa em cerimónias oficiais, no âmbito da freguesia ou do município, regista, com gosto, a participação do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN), bem como de outras instituições culturais. Nas festas que se realizaram este fim-de-semana, referenciadas neste meu espaço, sublinho a representação de um par de gafanhões antigos, concretamente, dos princípios do século passado. A Isabel e o Acácio, casal na vida real, membros do GEGN desde a primeira hora, apresentaram-se como gafanhoa em traje de inverno e como feirante, para mostrar as modas doutros tempos. Fizeram-no agora como o têm feito por todo o país e até pelo estrangeiro, onde o Grupo se desloca, na sua missão de exibir, com galhardia, o folclore da região das Gafanhas. Ontem, o GEGN, para além da responsabilidade de organizar os festejos em honra da Senhora dos Navegantes, em parceria com o Stella Maris e com a paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, e ainda com o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo, da Administração do Porto de Aveiro e de outras entidades, oficiais e particulares, também ofereceu um Festival de Folclore, que contou com a participação do próprio Grupo e dos Grupos de Cantares da Associação Cultural da Azurara da Beira (Mangualde) e Danças e Cantos dos “Olhos de Água” (Pinhal Novo - Palmela). Soube bem saber que, afinal, o Folclore teve o seu lugar ao lado dos Grandes Veleiros, que atraíram milhares de pessoas à nossa terra.
FM

OUTONO

O Castanho e as Castanhas vêm aí
 
Não podemos exigir das estações do ano aquilo que elas não têm a obrigação de dar. O Outono, que hoje começa, está no seu legítimo direito de começar com chuva e, para já, sem sol à vista. Querer o contrário, isto é, um dia luminoso e bonito, é pedir o ilógico. Portanto, há que aceitar a natureza, com tudo o que ela tem para nos oferecer em cada época do ano. 
O importante, a meu ver, é criarmos em nós o gosto por descobrir no Outono, se possível, o belo até no horroroso. Será um exagero, mas tem uma pontinha de verdade. Assim, até me está a saber bem ouvir a chuva a cair nesta manhã sombria, sem ponta de sol, sem ponta da alegria esfuziante que um dia de Primavera ou de Verão nos pode proporcionar. 
E não é verdade que, com o Outono, vamos poder apreciar a beleza e a riqueza do castanho com todos os seus matizes? E também não é nesta época que podemos saborear as castanhas assadas, mesmo que elas venham embrulhadas numa folha de jornal ou de lista telefónica? 

F. M.