quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Tribunal Administrativo e Fiscal no Convento das Carmelitas


Alvitra-se a hipótese de o Tribunal Administrativo e Fiscal ficar instalado no antigo Convento das Carmelitas, em Aveiro, a título provisório. Tenho pena que não seja estudada a forma de aproveitar aquele espaço para fins culturais, preferencialmente sob responsabilidade da Igreja Católica. Penso que essa seria a melhor solução. Mas como os políticos é que sabem...

Madeirenses não querem independência

Um trabalho da Eurosondagem para a Renascença, SIC e Ex-presso sublinha que os madeirenses não querem ser independentes. A sondagem diz ainda que os madeirenses não acreditam em discursos de políticos que apelam ao separatismo. Aliás, os resultados são claros, pois 72,2% dizem "não" à independência da Região Autónoma da Madeira. Pode ser que agora alguns espertos calem as ameaças.

Aveiro: cidade vista de outros ângulos





O Centro Cultural e de Congressos, domina, de certa forma, um bom espaço turístico da cidade dos canais. O excelente aproveitamento de uma antiga fábrica de cerâmica, a "Jerónimo Pereira Campos & Filhos", que marcou uma época de exploração intensiva do barro, dando trabalho, directa e indirectamente, a centenas de pessoas, mereceu esta reforma, agora de braço dado com a cultura. Se vier a Aveiro, e se pelo Centro Cultural passar, não deixe de entrar. É que há sempre que ver e que admirar.

Medidas oficiais sobre famílias de acolhimento a crianças

As intenções são de atender, visto que se trata de proporcionar um clima familiar a crianças sem família, capaz de as educar e defender, aproximando a solução dos problemas a quem os possa compreender.
Reflectindo sobre o problema das famílias de acolhimento, com intuitos do bem de pessoas indefesas, não faltam razões para o fazer com cuidado e serenidade. Nem sempre as boas intenções, ainda que justificadas, são caminho para bons resultados.
De repente, parece que os responsáveis políticos acordaram para a importância da família como primeira e natural escola de educação dos seus filhos. Então se decidiu que, onde família não existe, a criança tem direito a uma família, que, não sendo a de sangue, é contratada, com obrigações e restrições legais, para a acolher, com a preocupação de ser, o melhor possível, uma família “faz de conta”.
No fundo, parece dever ser uma família contratada pelo Estado, sob vigilância técnica, para acolher e guardar, que, se em alguns casos até pode resultar, todo o entrelaçado da solução não faz prever grandes resultados. Bastarão as estatísticas, que dirão daqui a meses dados numéricos, porque o mais importante é indizível; então saberemos que há tantas crianças acolhidas, menos tantas crianças em instituições, tantas já entregues à família de sangue, e por aí adiante. Não consigo ver o amor e o clima propício à educação de crianças indefesas, um objecto de contrato entre instâncias oficiais e famílias, sujeitas a vigilância e controle, que não se podem afeiçoar, porque também não poderão adoptar as crianças que lhes são entregues. Vão repetir-se os casos que têm enchido os jornais e os telejornais. Se não podem afeiçoar-se, como as poderão educar?
Se não as podem educar, segundo exigências normais, requeridas pelo clima educativo, porque lhas entrega o Estado? Será apenas um modo de dar trabalho e diminuir assim a taxa do desemprego? As crianças são pessoas, não são coisas. Todos o sabemos.
Pouco ou nada se faz para dignificar a família normal. Muito se permite e favorece para que ela nasça sem consistência e perca a pouca que ainda pode ter, por razões triviais. O Estado, com a facilitação do divórcio e a banalização do sexo, com medidas políticas e sociais avulsas, umas deficientes e outras discutíveis, mas todas a tocar a vida familiar por dentro, tem vindo, consciente ou inconscientemente, a destruir a família normal e a torná-la, em muitos casos, família sem a alegria de o ser e incapaz de o vir a ser.
Há em Portugal instituições sérias e credenciadas, e até inovadoras no campo educativo, por mais que custe a alguns técnicos sociais admiti-lo, que têm mostrado e continuam a mostrar a sua grande capacidade, humana e afectiva, de doação gratuita e de entrega incondicional a crianças que lhes foram entregues, muitas apanhadas na rua onde foram abandonadas, deixando atrás de si mistérios de dor indizíveis. Ao longo de muitos anos foram dando consistência a um labor educativo persistente, como o de uma maternidade afectiva indiscutível, nem sempre fácil, entregando, por fim, à sociedade jovens responsáveis e preparados para nela viverem, com capacidade de participação, que falta a muitos outros, nascidos em berços dourados. A generalização de que as instituições são sempre negativas para as crianças, comporta uma mentira e um preconceito, não admissíveis a gente que trabalha no campo social do Estado e julga que um diploma a credencia para dizer disparates e ter atitudes de arrogância, que roçam a ignorância, a má educação e mesmo a injustiça.
A consideração de problema tão grave, como o de crianças em famílias de acolhimento e em instituições, exige trabalho em rede e parceria, discernimento com conteúdos e critérios, ideias claras e valores a defender e a promover, realismo sem preconceitos. O Estado, é minha convicção, não tem coração para educar, e os seus servidores têm horários de funcionário público, que não existem na família, nem nas instituições credenciadas. Ele tem de saber as suas limitações e obrigações, ver o seu lugar neste processo, que nunca será de dono das crianças, de saber absoluto e exclusivo, de decisor sem apelo do que pensa, por si, ser o melhor, de juiz das famílias que geraram filhos, de intérprete exclusivo de crianças que não ama.

António Marcelino

Na Linha Da Utopia

Lorosae!

1. Na terra de Timor Lorosae José Ramos-Horta desperta do pesadelo de 11 de Fevereiro. O pó vai acalmando, nem que seja pelo decretar vigilante do “estado de emergência” do governo timorense, agora solicitado como prolongamento para mais 30 dias. A mulher de Xanana Gusmão foi com os filhos agradecer à GNR. É confirmado, pela investigação minuciosa da Missão das Nações Unidas no território, se é que dúvidas existissem, que os dois ataques «estavam relacionados, foram feitos pelo mesmo grupo». Ramos-Horta, gravemente ferido e resgatado pela GNR, foi evacuado para o vizinho Royal Hospital de Darwin. Xanana conseguiu fugir. O rebelde Alfredo Reinado, líder dos ex-militares revoltosos, foi morto no dia dos acontecimentos. Mas, terá sido morta a raiz de todos os problemas desta jovem nação?
2. É difícil falar de Timor. Se o é para quem lá esteve anos e calcorreou as montanhas, muito mais o é para quem não pisou esse chão do sol nascente. Não é só o problema da distância física, dos milhares de quilómetros que nos separam, é bem mais o lugar que Timor ocupa no coração dos portugueses. Por muitas razões da história passada e pelas contínuas pontes de todos os dias com Timor, terra independente desde 2002. Talvez, como se diz, seja mesmo necessário colocar “o coração ao largo” para ver com olhos de ver o que acontece. Timor é (mesmo) dos timorenses. Será que todos os timorenses já se aperceberam disto no esforçado trabalho a realizar todos os dias? Todas as solidariedades não podem substituir todas as responsabilidades. Aliando-se a cooperação do “ensinar a pescar”, será mesmo necessário voltar a pergunta (na teoria, que seja) para o povo de Timor: “Que querem os timorenses de Timor?” (É fácil escrever esta questão, e sabemos do seu simplismo de quem está deste lado do mundo… Mas, por que lado envolver e comprometer?!)
3. Após a independência, como depois de todas as independências seja de que género for, os anos seguintes são decisivos. É o tempo da consolidação e da estruturação das instituições participativas e democráticas. Em Abril-Junho de 2006 ocorreu uma enorme vaga de violência, verificando-se o aprofundar de incompatibilidades de grupos que pensam de forma diferente sobre vários assuntos. Estes ataques de Fevereiro de 2008, diante de problemas sociais em que todas as instâncias e cidadãos têm de ser parte das soluções de forma democrática, acabam por demonstrar que o objectivo era derrubar os poderes presidenciais e governativos… Nestas conjunturas, e diante do incerto futuro, “ter pena” de Timor também não ajuda nada (pelo contrário é não aceitar corajosamente que Timor é dos timorenses). Talvez, simbolicamente, nesta “entrega de Timor aos cidadãos de Timor”, na busca de soluções (sem ociosidade e) pelo trabalho concreto de todos os dias possa residir uma chave do futuro. Mas, o que é SER cidadão e TER o poder em Timor?
4. Custa a compreender, pese embora todas as naturais formas diferentes de pensar sobre isto ou aquilo, que já quase tenha sido perdida a memória colectiva como coesão das lutas pela independência. Ou esta terá sido mais pela emoção e nem tanto com a razão e o compromisso de todos?! Muitos timorenses estão em Portugal nas suas formações pessoais e profissionais. Diante da apreensão do necessário regresso irá também na bagagem a confiança para construir um país Timor onde o sol da paz e do desenvolvimento brilhem cada dia. (Quanto a nós, sabemos que tudo o que dissemos não é nada comparado com a complexa realidade a trans-formar…)

Alexandre Cruz

O paraíso de Fidel Castro

"Mas, em vez dessa felicidade que a propaganda vendia a rodos, em vez desse povo em festa permanente nas ruas, imagem de cartaz e de postal, encontrei miséria em todos os cantos e recantos da Ilha. Miséria disfarçada e escondida numa paz podre feita de policias que controlavam policias e outros policias para controlar os restantes. Miséria descarada nos racionamentos, nos professores universitários que acumulavam empregos para poder comprar um frango. Miséria humilhada na prostituição dentro dos hotéis e à porta das “lojas de turistas”. Miséria travestida de artesanato barato, charutos aldrabados e “paisagem típica” que não passava de degradação e sujidade."
Férias de Pedro Rolo Duarte em Cuba

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

GAFANHA DA NAZARÉ: Centro de Estágio




Fotos da zona do futuro Centro de Estágio


A Câmara de Ílhavo vai avançar com um centro de estágio, concretamente, na zona do Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré. A ideia nasceu com a finalidade de aproveitar as estruturas já existentes naquele espaço, em especial o campo de futebol e a piscina. Depois, surgirá um pavilhão, um edifício de acolhimento e um outro de restauração e bar, segundo o PÚBLICO de hoje.

RIA DE AVEIRO: Candidata às Sete Maravilhas Naturais do Mundo



A RIA DE AVEIRO é candidata às Sete Maravilhas Naturais do Mundo. Além da nossa RIA, de Portugal também concorrem o Parque Nacional Peneda-Gerês, o Douro Vinhateiro e as Ilhas Selvagens.
Para votar na RIA DE AVEIRO, tem aqui o endereço: http://www.new7wonders.com/nature/en/nominees/europe/c/RiadeAveiro/
Não se esqueça de votar.

O Carnaval do Inverno

Em tempos idos fomos descobridores, inovadores e construtivos, gente que ensinou a outros novos caminhos de vida. Agora, não pouco se passa de copiadores acríticos nas mãos de publicitários interesseiros, que encontram com facilidade quem lhes faça a vontade e sirva os seus projectos. Na Mealhada, em Estarreja ou em Ovar, em Torres Vedras, em Sintra ou em Loulé, o Carnaval de Inverno não passa de uma imitação paupérrima do Carnaval do Verão, no Rio ou noutras cidades do Brasil. Chova ou faça neve, o que atrai gente são as meninas descascadas, as piadas brejeiras, o clima de “vale tudo porque é Entrudo”. Quanto recordo a alegria sã das nossas aldeias, os entremezes e um teatro popular que divertia, barato e sem apetências de exploração e ganhos... Porque o móbil verdadeiro não é o povo, então, para recuperar encargos e ganhos, se o tempo de chuva não o permitiu, prolonga-se o Carnaval na Quaresma, apagando ou menosprezando dados que enriqueceram e deixaram marcas culturais profundas. Há tempo para tudo, sem atropelar nem desrespeitar cada tempo. No campo lúdico, o futuro não promete ser melhor. Já vemos como os jovens, que terminaram cursos superiores, que o país lhes pagou, a não ter mais imaginação para celebrar a sua festa de fim de curso, que a generosidade das cervejeiras, com o consequente espectáculo de bebedeiras que levam dezenas aos hospitais, bem como um programado clima permissivo que despoleta desgraças que vão destruindo a gente nova. Diz-nos um estudo-sondagem recente, feito em Coimbra, que 30% das jovens universitárias estão contagiadas com HIV. Não há efeitos sem causas. António Marcelino
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Fonte CV

Jacinta esperada em Aveiro, em Maio



A tournée nacional de «Convexo», o mais recente trabalho discográfico de Jacinta, já tem data marcada. Durante os próximos três meses, a cantora vai percorrer as salas do país a cantar Zeca Afonso. Por cá, espera-se uma passagem pelo Teatro Aveirense, no dia 11 de Maio, num concerto que ainda não está confirmado.
Fonte: Em Aveiro

Na Linha Da Utopia


Cuba livre?

1. A pergunta provoca e interpela mas corresponde ao desígnio humano que se situa bem acima desta ou daquela “parcela” político-ideológica. A resposta nunca pode ser dada no entusiasmo, precisa de tempo, mas, simultaneamente, nada será como dantes. Fidel vinha de um tempo e, no contrapeso das políticas e tendo sempre um alvo (americano) a abater, cristalizou nesse tempo, puxando os galões do que melhor conseguia para se afirmar diante desse “inimigo”. O testemunho passa para o irmão. Um continuador esforçado que resistirá até poder, num mundo global em que, quer se queira quer não, para o bem ou para o mal, as forças da comunicação vão abrindo os livres caminhos do futuro.
2. Claro que ao dizermos no título «Cuba livre?» não nos pretendemos referir a uma liberdade qualquer, onde muitos dos liberalismos sem fronteiras proporcionam as maiores injustiças e indignidades. Falamos da liberdade humana, de pensar, sentir, falar, agir, em todas as concepções de ler a vida e as sociedades humanas. Nesta liberdade que salientamos, a meta final só se cumprirá quando houver liberdade de expressão para a multidão de “presos” políticos (do regime cubano). A “entrega” do poder do líder cubano, não representando tudo significa “alguma coisa”, e, na maturidade de dignidade humana, todos aqueles que alguma vez foram vítimas de alguma limitação da sua liberdade deverão estar esperançados no futuro próximo.
3. Volta e meia, na menoridade humana da “adoração” dos sistemas sócio-políticos, as liberdades vão sendo “cortadas”, ora de um lado, de outro ou mesmo do “vazio”. Para aqueles a quem a referência fundamental é a dignidade da pessoa humana, sempre que se vislumbram as portas da liberdade de expressão será dia novo, mas ainda maior na responsabilidade. Quantos domínios ditadores dos povos, após a conquista da liberdade, dão lugar a desgraças maiores. A história já tem lições que chegue para embandeirar em arco com o que quer que seja. Só quando a liberdade (de expressão) humana se encontrar com a responsabilidade cuidadosa na promoção da dignidade humana/social e da procura da Verdade, então poderemos descansar.
4. O caminho (ainda) é muito longo. De Cuba e das “cubas” fechadas (à integralidade da pessoa humana em sociedade) que existem e persistem pelo mundo fora. Também continua longo para o exacerbado modo de viver de muito do liberalismo consumista ocidental. Por vezes, parece que, na aventura humana, estamos sempre no princípio. Afinal, sejam os “princípios” dignificantes a base de todas as desejadas liberdades! Só aí (re)pousaremos em paz.

Alexandre Cruz

Fidel Castro não será absolvido pela História




Quando Fidel Castro tomou o poder em Cuba, em 1959, o Presidente americano era o general Dwight Eisenhower. Essa coincidência com um personagem que a memória comum remete para tempos tão antigos - anteriores até a John Kennedy... - basta para mostrar, só por ela, quanto Fidel demorou no poder mais do que devia.
Há um mês, enfraquecido pela doença, o líder cubano resignava-se a não poder participar muito na vida política: "Faço o que posso: escrevo." Fazia o que não permitiu durante décadas a muitos dos seus concidadãos. Só num julgamento em 4 de Abril de 2003, foram condenados 34 escritores, jornalistas e livreiros a vários anos de prisão.
O balanço factual do meio século da sua liderança - do descalabro da economia denunciado pelos adversários aos sucessos na saúde e educação propagados pelo regime - far-se-á quando os dados forem fidedignos e não só forjados pelo Governo cubano.
Mas sobre uma realidade já se pode dar a sentença: a História não absolverá Fidel, o liberticida. Os cubanos não podem falar nem escrever o que pensam e não podem partir para onde querem - isto é, podem tentar, mas com risco da sua liberdade. Em 1953, quando o rebelde Fidel foi julgado por atacar o quartel Moncada, o tribunal do ditador Fulgêncio Batista permitiu-lhe o célebre discurso La História me Absolverá - teve tempo de dizer um texto de 150 mil caracteres, o equivalente a um livro médio. No julgamento dos escritores que acima se refere, num tribunal de Fidel, não houve discursos. E foi à porta fechada.
NOTA: Qualquer ditadura, tanto de esquerda como de direita, será sempre de condenar. A de Fidel também. Não está em causa a legitimidade revolucionária de pôr fim a uma ditadura de direita, a de Fulgêncio Baptista, tanto mais que ela era subjugada pelo capitalismo americano, com prejuízo para o povo cubano. Mas se isso é legítimo, à luz da justiça social e do respeito pelos direitos dos oprimidos, já não será correcto manter um regime que se tornou opressor, como tem sido o regime de Fidel. Ali, na ilha que muitos consideram um paraíso na terra, onde todos são tratados, supostamente, como iguais, não há liberdades elementares, ao jeito do que estamos habituados. Povo sem liberdade de expressão e de acção não pode ser um povo feliz. A não ser que desconheça o que é a vida fora da sua ilha.
Sei que nas sociedades ocidentais, onde há liberdades, nem sempre, também, vivemos felizes. Há uns que tudo dominam e tudo têm, quantas vezes à custa da exploração do povo trabalhador. De qualquer forma, aqui podemos protestar e lutar, pelas vias democráticas, reivindicando o que é de direito. Mas em Cuba, quem ousar protestar, já sabe o que o espera. As cadeias têm estado cheias de presos políticos. Pode ser que a situação mude agora. Haja esperança!
FM

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"Porto de Aveiro – Entre a Terra e o Mar"

Inês Amorim

Farol da Barra de Aveiro


«A história do Porto de Aveiro é, do meu ponto de vista, a história da manutenção da barra – que é um processo difícil de se fazer. Desde 1808, a barra manteve-se no local em que se encontra actualmente, mas a partir das obras de abertura, desenvolveu-se um outro processo para tentar manter esta barra e corrigir alguns aspectos que não foram conseguidos, porque o processo de assoreamento continuou a existir», argumenta a investigadora. «É um processo muito rico, do ponto de vista das relações entre os poderes locais, a população local e os interesses nacionais. Por isso, a história da barra é uma história muito dinâmica», defende Inês Amorim.
Após as investigações realizadas, Inês Amorim garante que a abertura da barra teve «um impacte felicíssimo. Os seis anos, de 1802 a 1808, foram tempos duríssimos e, ao mesmo tempo, períodos de paixões, em que as pessoas ora adoravam o engenheiro responsável pela obra, ora o ameaçavam, porque não se podia fazer sal, nem produzir pão, nem navegar. Não se podia fazer praticamente nada». A autora do livro classifica aquela época como «terrível», cheia de dificuldades, mas ao mesmo tempo extremamente rica. Em plenas invasões francesas, em 1808, o Porto de Aveiro tornou-se num ponto estratégico, passando, por isso, a existir apoio por parte do poder central no sentido de prosseguir com a obra. Tal como conta a historiadora, Luís Gomes de Carvalho, engenheiro, chegava a referir-se à abertura da barra como a um segundo dia da «criação».

Inês Amorim,
autora do livro «Porto de Aveiro – Entre a Terra e o Mar», a ser lançado nas comemorações do 3 de Abril de 2008, bicentenário da abertura da Barra de Aveiro.
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Fonte: Texto e fotos do portal Porto de Aveiro

Semana Cáritas 2008 - até 24 de Fevereiro


ACOLHER A DIVERSIDADE EXIGE A EDUCAÇÃO DO OLHAR

"Os empobrecidos pelo nosso moderno 'estilo de vida nacional' - sempre menos sóbrio, poupado e simples - pululam a olhos vistos nas nossas cidades e vilas. Esses nossos irmãos e irmãs, em situação de vulnerabilidade, são denúncia pública de um sistema económico, laboral e político que, por mais europeu e rico que se queira proclamar ao mundo, se apresenta sempre mais exclusivista, selectivo, competitivo e desigual."
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NOTA: Antes de ler a Mensagem de Eugénio José da Cruz Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, para a Semana Cáritas, que está em curso até 24 de Fevereiro, permita-me uma sugestão: Se puder ajude alguém que esteja a passar momentos difíceis, individualmente ou através da Cáritas da sua área de residência. A Cáritas é uma organização da Igreja Católica, vocacionada para apoiar quem mais precisa. Onde houver fome e carências de outra ordem, onde houver catástrofes naturais e perseguições, onde houver deslocados e refugiados, onde houver pessoas a necessitarem de promoção social aí está a Cáritas Internacional. Mas a Cáritas Dioceana e a Cáritas Paroquial também estão, em espírito de proximidade, junto de quem sofre, porventura à nossa porta, sem propaganda e sem alardes.

Na Linha Da Utopia

Maus-tratos, animais!

1. Ainda bem que os novos poderes da comunicação têm a força de acordar para determinados problemas. Desta forma, quantos alertas, ora com excesso ou com defeito, já foram passando à consciência colectiva na defesa dos oceanos, dos rios, das florestas e da Vida. O que sai na televisão ou anda na internet, (nem sempre sendo verdade) em determinadas causas, ganha uma força libertadora com impactos determinantes, mesmo em casos de justiça que envolvem pessoas e cidadãos, na procura despertadora de uma maior consciência respeitadora. É pena, mas é verdade: tantas vezes só desta forma e pelas comunicações sociais alguns problemas obtêm a luz ao fundo do túnel. Quem a este respeito não se lembra de Fernando Pessa (já lá vão uns anos), que na sua “peregrinação” por Lisboa detectava os problemas de tal forma da praça pública que os mesmos obtinham solução imediata. Também hoje assim continua.
2. O caso destes dias que destacamos refere-se aos maus-tratos dados por humanos a animais. A espécie (humana) considerada superior tem os comportamentos mais inferiores... Infelizmente, nada de novo; mas desta vez com impactos novos. Nos Estados Unidos, um vídeo filmado por uma organização dos direitos dos animais denuncia a barbaridade para com animais bovinos em matadouro (que dizer quando se espeta a empilhadora brutamente contra animais vivos?! E muito mais…). As imagens percorrem o mundo. A brutalidade desses humanos é escandalosa. Graças à visibilidade, os efeitos estão aí: a maior retirada de carne de vaca de sempre dos EUA (total de 65 mil toneladas) desta empresa que servia muita escolas e instituições sociais.
3. Além das consequências para a saúde pública, este facto relança o alerta sobre os maus-tratos para com todos os seres vivos, e especialmente os animais. Crueldade exercida com seres indefesos (seja a própria floresta, os mares, os animais…) manifesta bem alto como continuamos de humanidade, pois as acções sempre foram e são o espelho do ser. Uma renovada ordem da racionalidade transversal afirma-se hoje como imperativo ético, na relação do ser humano com todas as realidades existentes. As perspectivas do desenvolvimento sustentável e da biodiversidade também obrigam ao progresso de todos os conhecimentos que promovam as dignidades situadas de cada ser vivo. Neste quadro, o lugar especial dos humanos só pode ser actuar em conformidade com a “razão” que, porque conhece, respeita condignamente. Afinal, não será isto que ainda caracteriza o Homem?!

Alexandre Cruz