domingo, 30 de setembro de 2007

Obra do Apostolado do Mar

Stella Maris, na Gafanha da Nazaré
Buarcos: Homenagem ao pescador

Caramulo

STELLA MARIS DE AVEIRO ABRE-SE A NOVOS HORIZONTES

Em jeito de balanço, podemos dizer que a Obra do Apostolado do Mar (OAM) continuou, neste primeiro semestre de 2007, a procurar novos caminhos de intervenção do seu clube Stella Maris nas áreas da ria e portos de Aveiro, apostando, especialmente, nos campos social, cultural e religioso.
A direcção, presidida pelo diácono permanente Joaquim Simões, optou, nessa linha, por conhecer, junto de dirigentes nacionais da OAM, formas diversas de valorização dos marítimos e seus familiares, sobretudo os residentes na região aveirense. Assim, seis elementos dos corpos directivos participaram num retiro, em Fátima, onde foi sublinhado o valor da solidariedade entre as famílias ligadas ao mar.
Com o mesmo objectivo de estabelecer laços solidários entre os membros da direcção e amigos da OAM da Diocese de Aveiro, realizou-se uma visita a Buarcos, para uma troca de impressões com o Padre Carlos Noronha, director nacional da OAM, e seus colaboradores. Os visitantes reconheceram a importância de uma instituição como esta, inserida numa freguesia piscatória e atenta aos problemas da comunidade.
A comitiva aveirense rumou seguidamente para a Serra do Caramulo. Num enquadramento natural, paisagístico e demográfico bem diferente das terras da laguna aveirense, um amigo do Stella Maris de Aveiro ofereceu um lanche na povoação de Pedronhe, do qual resultou um convívio muito salutar.
Porque se torna urgente dar a conhecer os objectivos concretos da OAM, nomeadamente através do clube Stella Maris, a direcção promoveu, ainda neste semestre, a celebração do primeiro ano da tomada de posse dos novos dirigentes. O encontro congregou, para além do Bispo de Aveiro, D. António Francisco, outros responsáveis diocesanos ligados ao sector, autoridades civis, funcionários e seus familiares, bem como amigos do clube, sobretudo os que, em momentos difíceis, se dispõem a ajudar este serviço diocesano.
No sentido de busca de conhecimentos e de procura de experiências que possam levar a OAM de Aveiro a abrir-se a novos horizontes, a direcção participou, em Junho, no XXII Congresso Mundial do Apostolado do Mar, promovido pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. O Congresso decorreu em Gdynia, Polónia, e teve por tema “Em solidariedade com a Gente do Mar, testemunhos de esperança pela Palavra de Deus, a liturgia e a diaconia”.
F.M.

Recordando...

Gafanhoas na romaria da Senhora da Saúde

FESTA DA SENHORA DA SAÚDE

Ao ouvir os foguetes da Senhora da Saúde, lembro-me bem de que isso era um convite a corrermos até lá. Mas tal foi muito depois da foto que aqui publico, retirada da Monografia da Gafanha (edição de 1944) do Padre João Vieira Rezende, que foi prior da Gafanha da Encarnação, a que pertencia a Costa Nova, hoje paróquia, mas ainda ligada, civilmente, à mesma freguesia.
Os trajes, que presentemente pouco ou nada nos dizem, eram moda naqueles tempos e, decerto, bastante apreciados. Trajes de gente de trabalho duro, nos campos arenosos das Gafanhas, mas que hoje, apesar de bastante produtivos, estão um tanto ou quanto abandonados ou... cheios de casas e prédios que emolduram ruas e mais ruas. Outros tempos.

ARES DO OUTONO


OUTONO

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.


Miguel Torga



In “DIÁRIO”, 1968

Na Linha Da Utopia



IMPLOSÃO POLÍTICA?

1. Implosão? Certamente que não! Mas a conjuntura da eleição do líder partidário do maior partido da oposição confirmou como vamos andando. Claro que a actividade política, como fenómeno geral, não se esgota nos partidos, embora estes, com seus “aparelhos”, na hora da verdade, acabem por abafar outras opções. De quando em quando fala-se e vêem-se movimentos cívicos e mesmo outras novas formas de “participação” mas que, com pena, passado umas semanas, perdem a força por falta de estrutura própria acabando por ter vida breve.
2. O dizer-se que “cada país tem os políticos que merece”, além de ser comentário fácil e/ou mesmo de descomprometida analítica, sempre generalista, resulta em não acrescentar nada de bom e novo à realidade. Os fenómenos comunicacionais de hoje, que sobrepõem o entretenimento às questões de fundo (que o diga Santana Lopes na adiada Entrevista à SIC Notícias), acabam por ser o espelho de uma verdade cultural, da qual então se poderá dizer, isso sim, que “cada país tem os cidadãos que merece”, ou melhor: “cada país tem os cidadãos que tem (somos)!”
3. As recentes eleições do maior partido da oposição de feridas abertas merecem a maior atenção; como já antes haviam merecido a maior importância as eleições para a presidência da Câmara de Lisboa da qual saiu vitoriosa a abstenção. Tanto para os próprios como para o país, o “à deriva” confuso político-partidário é sempre sinal que deita a perder todas as boas intenções de todos. Fenómeno não novo e preocupante (por caricato) era tristemente interessante de observar na reclamação “ética” de ambas as partes, quando nenhuma delas tinha esse oxigénio vital de completa dignidade. Assim, não há condições!
4. Como edifício em implosão, diante de uma sempre inquietante abstenção cultural entretida, as bases de uma desejada credibilidade política vão ruindo. Não de fora, mas por dentro. Pior ainda! Mau para todos. Custando muito construir uma “torre”, num instante ela pode cair. Mas tudo continuará, a viagem humana sempre foi assim! Todavia, embora pareça interessante ao timoneiro do barco comum o desnorte alheio, não se pense que isso é bom… As eleições legislativas de 2009 trazem consigo o perigo da superconcentração do poder; isso sempre foi, no mínimo, menos bom (e por vezes mau)... A democracia real e dinâmica da liberdade precisa de oposições credíveis. Essa será a base saudável e autêntica de uma comunidade que sabe (con)viver com a diferença de opinião. Isso!

Alexandre Cruz

sábado, 29 de setembro de 2007

Postal ilustrado


MOLICEIROS MOSTRAM A RIA




Ali, no Canal Central, mesmo ao lado do Fórum, há sempre motivos que ilustram um qualquer postal ilustrado. Basta olhar daquele centro comercial, onde a maioria dos frequentadores procura algo que faz falta, para ver que tenho razão. Moliceiros que navegam, não ao sabor do vento, que costuma na ria encher as velas, nem das varas, que homens de garra antigamente (e ainda hoje, num ou noutro dia de festa) manejavam com arte e saber, mas a motor, levando turistas que se deliciam com a viagem, curta e saborosa. Experimentem, por favor.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

AS DÚVIDAS
DE CRENTES E NÃO CRENTES


As dúvidas de Madre Teresa de Calcutá quanto à existência de Deus parece que afligiram mais os não crentes do que os crentes.
Na obra recém-publicada Mother Teresa: Come Be My Light - Madre Teresa: vem e sê a minha luz -, com correspondência da religiosa célebre, aparece uma Madre Teresa em profunda crise espiritual, que chega a duvidar da existência de Deus. "O silêncio e o vazio são tão grandes que olho mas não vejo, escuto mas não oiço, a língua move-se durante a oração mas não fala", escreveu numa das cartas
:
Pode ler todo o artigo em DN

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Costa Nova em festa

Costa Nova. Foto antiga, como bem se vê


NOSSA SENHORA DA SAÚDE
ENCERRA ÉPOCA BALNEAR

Segundo a tradição, as festas em honra de Nossa Senhora da Saúde, na Costa Nova, com data marcada para o último domingo de Setembro, encerram a época de veraneio. Não está escrito em parte nenhuma, que eu saiba, mas na prática é assim. As aulas, as actividades profissionais e um pouco de frio, que não tarda aí, ditam a sentença.
Como é costume, não faltarão pessoas de todos os lados, de mistura com os naturais e com as gentes de Ílhavo e arredores, mais os gafanhões das diversas Gafanhas, para dar vida a uma festa enquadrada pela ria e pelo mar, todos à espera da bênção da Senhora da Saúde, que pode chegar a qualquer hora. Divertimentos com fartura, comes e bebes onde não pode faltar o peixe saboroso da laguna, missa de acção de graças e procissão pelas principais ruas da Costa Nova, de tudo um pouco haverá para animar o povo. Povo que convive, alegre e feliz, e que promete voltar, no próximo ano, para mais uma época balnear, na esperança, se possível, de que essa seja melhor do que a que termina neste domingo.

Na Linha Da Utopia

O Estado (da questão)

1. A liberdade anda perdida. A visão de liberdade que se proclama é mais a “exclusão neutralista” que o generoso acolhimento da diversidade valorativa. Para algumas mentalidades (pro)motoras, às quais a indiferença futebolística dá jeito, parece que ainda estamos na Revolução Francesa (1789), onde a “liberdade, igualdade e fraternidade” são unilaterais, só para alguns. A razão de Estado, até aí convergente e daí emergente, mais que acolher a riqueza da diversidade em dignidade da vida das pessoas, visa(va) impor o seu próprio modelo. Mais que uma liberdade que acontecesse na vida das pessoas, ela ganhava contornos de oposição bloqueadora da própria liberdade (pessoal e institucional). Pura ironia da história humana!
2. Qual o lugar das pessoas na decisão do Estado? Que margem de participação têm as pessoas a quem se dirige a lei aprovada? Quando legislação é sinónimo de imposição, temos a própria democracia em questão. Claro haverá a hierarquia de verdades, claro que nem tudo o que a maioria quer é automaticamente verdade com dignidade. A agenda do país está controlada, e nessa rede de (pre)ocupações tanto pouco lugar terão os excluídos da sociedade (sejam pobres sem curso ou com curso), como os que procuram cuidar o seu acompanhamento. Não sendo nenhuma diversidade proprietária de tudo, estes, conotados com isto ou com aquilo (esquecendo-se a agenda que o essencial é o serviço às pessoas), têm o campo de acção apertado, limitado, para fechar.
3. Pura ilusão, quando a razão de Estado asfixiará os próprios donos da agenda; eles também serão as vítimas da sua ilusão. Esquecem-se que as voltas da vida mudará os cenários e que um dia precisarão de cuidados médicos e, na humildade radical, de alguém que lhes dê uma “esperança”. O que faltará na profunda formação humana que nos venha, duma vez por todas, dizer que liberdade (não é exclusão da profundidade humana) mas será todos termos oportunidade de nos sentirmos em casa, cada um na sua diversidade de pensamento?! Há tanto a apre(e)nder! Mas até lá os estragos vão frutificando. (A última vergonha é o “afastamento” dos capelães hospitalares e da pessoa doente ter de “assinar” a sua vinda…! Para bom entendedor… Em liberdade, haja acolhimento de todas as perspectivas e não a sua exclusão. Para quê negar o próprio futuro?). Felizmente nem tudo (ainda?) é assim; mas a liberdade anda sem cor!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


BELEZA EM CONÍMBRIGA
Quem pode ficar indiferente a tanta beleza que os postais ilustrados de Conímbriga, com a arte bem visível de artista da civilização romana, nos mostram? Este chão, polícromo, diz tudo. E se dos postais ilustrados descermos à realidade, então muito mais teremos que apreciar. É certo que, num ambiente destes, longe dos barulhos que às vezes nos tolhem as ideias claras, ficaremos mais ricos e, quem sabe, mais serenos.

Um artigo de D. António Marcelino

MIOPIA LEGAL E LAICISMO INTOLERANTE


Foi publicamente denunciada a proposta de regulamentação da lei da assistência religiosa nos hospitais do Estado, apresentada pelo Governo. Segundo consta o capelão só poderá aproximar-se dos doentes que, por escrito e com a devida assinatura, solicitem a sua presença. Isto é inacreditável, por maior que seja a razão de tal proposta e o medo de que não sejam respeitados nas suas convicções aqueles quem sofrem.
Fui durante dez anos capelão de um sanatório do Estado. Mais de cem homens internados, todos eles oriundos dos distritos alentejanos, muitos já com os pulmões desfeitos pela grave silicose produzida pela poeira das minas onde trabalharam até lhes ser possível. Não sei se neste tempo algum descobriu o rosto de Deus e começou uma prática religiosa que nunca tinham tido. Sei, porém, que muitos experimentaram uma reconhecida força espiritual pelo calor da amizade que sempre lhes dediquei, quando me procuravam ou eu me aproximava para animar, dar conforto, ser uma presença amiga e familiar, muitos que a família que não podia visitar, pela distância e falta de recursos. Quantas cartas lidas e escritas, quantas confidências libertadoras, quantos apelos para solucionar problemas, prevenir situações, provocar reconciliações… Só quem está vazio de sentimentos fraternos, de afectos de humanidade e de solidariedade, só quem desconhece a realidade de quem sofre sem horizontes de cura, pode desvalorizar a força de uma palavra amiga, de uma visita gratuita por parte de quem, não era família de sangue, nem rosto conhecido. Só quem nunca sentiu a comunicação silenciosa de um gesto respeitoso quando o silêncio diz mais que as palavras, pode pensar que basta que o capelão do hospital seja como um bombeiro de serviço, à espera do pedido por escrito e assinado, para se poder aproximar da cama do doente. Para os laicistas associados até isto é de mais, porque para eles o lugar do capelão é a rua.
É a velha miopia moral de quem só enxerga até onde os olhos chegam. É o preconceito de quem vê na religião, qualquer que ela seja, um elemento deletério, que terá que terá de se aguentar, devido ao atraso de um povo inculto. É a pobreza de ideias e sentimentos de quem vê nos direitos humanos um favor generoso de quem governa.
Sabia que entre nós estão empobrecendo os sentimentos e as expressões de humanidade, mas não sabia que este empobrecimento era desejado e programado. Os doentes, assim se pretende, devem ser respeitados, mas segundo o crivo da lei interpretada a rigor. Agora os serviços públicos determinam o envio acelerado de equipas de psicólogos para apoiar famílias vítimas de calamidades, quando afectadas e fazem algumas vezes o mesmo para apoiar doentes graves dos hospitais Porque o Estado é laico, padres longe e psicólogos perto. Prefere-se o raro ao permanente, o espalhafatoso ao discreto, a lei à pessoa.
Ao longo da vida encontrei chefes militares a pedir que não tirem os capelães às forças armadas, directores de hospitais e de prisões a agradecer o trabalho extraordinário do capelão, responsáveis de escolas a lamentar que a aula de moral esteja a ser desvalorizada pelo governo e direcções regionais, com prejuízo para os alunos e para comunidade educativa. Isto não significará nada para quem faz as leis e as regulamenta?
É preciso ouvir o povo não apenas nas inaugurações com vivas, foguetes, presentes e placas com os dizeres que o ministro determina. Há que sentir o pulsar da vida, compreender as preocupações das pessoas, provocar a sua participação no que lhes diz respeito. Foram acaso ouvidos os doentes, as famílias, a gente dos hospitais? Quem serve não se pode dispensar desta tarefa. É fácil corrigir abusos, mas não tanto suprir as consequências de omissões, quando a própria lei as favorece.


António Marcelino

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Manoel de Oliveira


EXEMPLO PARA TODOS NÓS

“Aos 99 anos, o cineasta mais prestigiado do país continua a ter talento e vigor suficientes para produzir filmes que sustentam a ovação do público e o aplauso da crítica. Ao propor a candidatura da sua mais recente criação, Belle Toujours, aos Óscares, o Instituto do Cinema e do Audiovisual nada mais faz do que celebrar a sua arte. E o seu exemplo.”

In PÚBLICO de hoje
:
Quando muita gente muito mais nova do que o mais idoso cineasta vivo e em plena actividade se queixa por tudo e por nada, remetendo-se a um fazer nada doentio, o exemplo de Manoel de Oliveira tem de ser olhado com respeito e admiração.
Continuar a fazer filmes de qualidade, no pleno uso das suas capacidades artísticas e de inteligência, com quase um século de vida, manifesta uma grande força de viver, um grande amor à arte de que é mestre há muitas décadas e um prazer enorme em nos estimular a segui-lo, em qualquer canto e área profissional, social, religiosa, cultural e artística em que nos situemos.
FM

Na Linha Da Utopia

CLIMA, O PROCESSO!

1. Por estes dias um senador americano, Ernie Chamberes (do estado de Nebraska, EUA), apresentou um processo criminal contra “Deus”. A razão deste processo aberto no condado de Douglas é que, no pensar do jurista, “Deus” é o culpado pelas tragédias climáticas, tais como “inundações, furacões horríveis e terríveis tornados”. Nas terras do tio Sam em que tudo é possível, vem dizer, também, este processo, que a liberdade americana não tem limites, tendo mesmo a capacidade de apresentar um processo de tribunal contra “Deus”, esperando o jurista receber a resposta divina. (Há gente para tudo!)
2. Felizmente que este ridículo – tanto científico como teológico (na percepção sobre quem é Deus e sobre o que é a liberdade humana) - é facilmente destronado pelos comprovados dados científicos e (não sendo tal decisivo) mesmo pela opinião pública informada. O recente mega-inquérito da BBC em 21 países (a 22 mil pessoas) revela forte apoio popular no combate ao aquecimento global, sendo que a grande maioria sublinha ser preciso agir já e em escala global. A maioria das pessoas acha, assim, que o ser humano na sua ingerência é o responsável, não podendo os decisores (ainda que…) ficar de braços cruzados.
3. As verdades fundamentais não dependem nunca de inquéritos. Ainda assim, na base da razão e do bom-senso, o pensar colectivo hoje, felizmente, é de encarar a realidade, não desculpabilizando para outrem aquilo que é da responsabilidade humana. Bom seria que esse senador americano, em maturidade (humana, científica e teológica), não atirasse para a “serpente” aquilo que é determinado pela nossa liberdade (responsável ou não). E se ele fosse conversar com George W. Bush para “abrir” o entendimento do chefe de estado mais poluidor?! Assim não há condições!
4. Nestes dias o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, põe dezenas de chefes de Estado e de governo a debater estas questões na cidade cómoda de Nova Iorque. Não sabemos lá como estará o tempo, se chove granizo, vendaval ou não! Mas que o clima seja de decisão ambiental. Só ela compensa, só por aí teremos futuro. Não será preciso, sequer ver as verdades de All Gore para concluirmos que todos temos de mudar este paradigma de (sub)desenvolvimento ambiental. Quanto mais tarde, pior! (Vai doer mas terá de ser!)

Alexandre Cruz

Universidade de Aveiro


ESTUDANTES PRECISAM 
DE SER BEM ACOLHIDOS

Já lá vai o tempo em que havia um certo divórcio entre os estudantes da UA e a cidade. Gente nova que vinha para Aveiro e que não recebia da população o acolhimento que merecia. Por alguma indiferença de ambas as partes e porque muitos alunos, com as suas irreverências, perturbavam, de algum modo, o quotidiano das pessoas, sobretudo durante a noite. Hoje, que eu saiba, tudo está mais normalizado, havendo um bom relacionamento entre os aveirenses e os estudantes que vêm de outras regiões do País e até do estrangeiro.
Criaram-se estruturas universitárias e outras que programassem a integração de quem chegava, e Aveiro habituou-se a sentir que a UA era uma mais-valia para cidade. Até a Igreja Católica, numa visão clara da sua missão de acolher bem o migrante, construiu um espaço de raiz, o CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), para acolher quem, de alguma forma, possa sentir-se um pouco desenraizado.
Nesta altura em que a UA inicia mais um ano lectivo, penso que nos fica bem olhar, no dia-a-dia, com simpatia e estima os estudantes que optaram pela universidade aveirense. E se pudermos ajudar quem sente algumas dificuldades na integração, tanto melhor.

FM

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

ARES DO OUTONO


BEM-AVENTURANÇA


Há frutos de Setembro
no teu olhar
quando os lábios da noite
se cerram, aveludados.

Uma serena fulguração
brota então dos teus dedos
crescendo
como um fio de lua.

No teu rosto poisa
a bem-aventurança,
asa branca
de água e silêncio.

E uma quietude perfeita
respira na rosácea pura
do teu corpo,
como um aroma de maçãs.

Eugénio Beirão

In “Pétalas e Rubis”

Governo tem de olhar para o povo

O espiritual não terá lugar
nas sociedades de hoje?

É sabido que o Governo está a procurar alterar a legislação em muitos sectores, nomeadamente na Saúde e na Justiça. Diga-se, para já, com protestos vindos de todos os quadrantes políticos, inclusive do próprio partido que sustenta o executivo de José Sócrates. É legítimo que o faça, em obediência ao mandato que recebeu dos portugueses e às exigências que o défice das contas públicas impõe, já que caminhávamos, a passos largos, para o caos económico e financeiros. Importa, porém, questionarmo-nos sobre os limites que o Governo deve ter em conta, pois não se pode, de um dia para o outro, deitar a casa abaixo para depois se construir outra casa descaracterizada e onde não caiba toda a família.
Hoje e aqui gostaria de abordar uma consequência das leis em construção ao nível da Justiça e da Saúde, leis essas que pretendem relegar para segundo plano a importância do espiritual. Os padres da Igreja Católica e os ministros de outras confissões religiosas ficariam sem condições dignas para prestarem apoio às pessoas internados nos estabelecimentos prisionais e nos hospitais públicos. Quando o legislador pretende sugerir, por exemplo, que o apoio espiritual tenha lugar apenas durante o horário das visitas, em horas de alguma agitação, e a requerimento dos internados, vê-se logo que não faz a mínima ideia do que é uma missão dessas. Deve ser uma pessoa que nunca na vida precisou de ajuda a esse nível e que nem sequer reconhece o valor do espíritual e do religiosos na construção do homem todo e de todos os homens.
Há quem defenda que o legislador tem de ser um pouco cego, frio, insensível, posicionando-se acima de tudo e de todos. Não posso admitir tal posição. Legislar contra a maré, contra as pessoas reais que constituem, há séculos, este nosso País, indiferente aos seus valores e tradições, à margem do bom senso, é destruir a alma do povo que somos. Será, então, que o espiritual não terá lugar nas sociedades de hoje? Será que o Governo não quer olhar para o povo?

Fernando Martins

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


AVEIRO É NOSSO!

1. Que seria de Aveiro sem os estudantes?! Esta pergunta simples – feita no presente – conduz-nos à visão que, ao longo de mais de três décadas passadas, faz hoje de Aveiro uma “cidade dos estudantes” voltada para o futuro.
A “hora” é a do melhor acolhimento de todos, no esforço dedicado de bem receber aqueles que chegam pela primeira vez e os que continuam o seu estudo. Associações de Estudantes e todos os múltiplos serviços abrem a casa para que todos (os que vêm de todo o país e de muitos outros países) se sintam em casa.
2. É formidável sentir o grito da cor e da expectativa dos que pela primeira vez abarcam em Aveiro. Do seu grito “Aveiro é nosso!” sente-se a rápida identificação e o gosto de logo viverem os ares desta dinâmica região aveirense.
O passar do testemunho das tradições da “faina académica”, especialmente também em tempos de curso mais concentrado (Bolonha) afirmar-se-á como tarefa fundamental para uma pertença dinâmica na vida de uma desejada comunidade plural aberta aos saberes universais.
3. Aos estudantes (que são a razão de ser e o centro de referência das instituições de ensino e do seu múltiplo acompanhamento), hoje é colocada em suas mãos a oportunidade de um curso que é sempre uma responsabilidade social.
Um curso que nunca será uma meta em si mesmo, mas aquela “ferramenta” para depois continuar a aprender fazendo. Por isso, será tanto maior o sucesso quanto a vida do curso tiver lugar para as mais variadas experiências de vida, criatividade e de serviço à comunidade.
4. Os números europeus não nos são famosos: os estudantes portugueses são dos que menos participam na vida social e cultural da comunidade. É um facto, é um hábito (ainda) que habita as entranhas de muita da nossa cultura portuguesa, onde o deixar andar é regra.
Tal como “Aveiro é nosso!”, venha esse “choque cultural” de uma dinâmica motivação, pertença e presença, na vida cultural muito para além da especialidade de cada um...Quanto mais conhecermos, melhor serviremos!

Alexandre Cruz

Ares do Outono




Ó minha terra, nos crepúsculos de outono!
Nuvens do entardecer, doiradas ilusões,
Quando fala comigo a alma do Abandono,
E o vento reza, no ar, penumbras de orações…

Teixeira de Pascoaes

In “Versos Pobres

Postal ilustrado — Castelo de Montemor-o-Velho



Nas minhas andanças de férias registei, para mais tarde recordar, sítios, monumentos, paisagens, pessoas, de tudo um pouco, afinal. O Castelo de Montemor-o-Velho é, todo ele, um monumento que nos desafia a memória do que lemos e ouvimos da História de Portugal. Se gostarem destas coisas de que eu gosto, aqui fica a sugestão para um fim-de-semana qualquer.

Eleições no PSD

A SER VERDADE… Ribau Esteves, porta-voz de Luís Filipe Menezes para as eleições à liderança do PSD, acusou alguns responsáveis do seu partido de irregularidades, ao nível dos prazos de pagamento das quotas, o que afecta, obviamente, os cadernos eleitorais. Sublinhou que o PSD, com atitudes destas, que estarão a favorecer Marques Mendes, está a viver o período mais negro da sua história. E acrescentou que estes compor-tamentos "descredibilizam" o partido. Todos sabemos que os partidos políticos são fundamentais à democracia. Sem eles, não há democracia. Os partidos são a base de projectos que podem conduzir, grosso modo, a sociedades justas. Exercem um papel pedagógico altamente importante junto das populações, na defesa daquilo que consideram o mais válido para se atingir a meta de mais justiça social, de mais paz, de mais harmonia entre as comunidades. Contudo, de vez em quando surgem notícias que mostram que algo vai mal nos partidos. As suas contas não batem certo, os seus financiamentos têm sombras complicadas e os relacionamentos democráticos, dentro dos próprios partidos, estão longe daquilo que defendem e apregoam. Como é o caso, agora, das eleições no PSD, conforme denunciou Ribau Esteves, que ameaça recorrer ao Tribunal Constitucional. A ser verdade tudo isto, como é que poderemos acreditar em alguns políticos? Fernando Martins

Um artigo de António Rego


UM RAMO DE AMENDOEIRA


Parece mais fácil semear o terror que a esperança. E o caos pode tornar-se mais sedutor que a harmonia. A dualidade do homem, a aparente cegueira da natureza, a explosão primária de instintos destruidores, a aparente lentidão do avanço do que é bom e belo, conduz a muitas leituras desencantadas do mundo, da história e do homem, tido muitas vezes como um dependente incurável do instinto.
Não é preciso vaguear pelos planetas da abstracção. Basta ler os jornais, ver e ouvir as notícias. Não raro se desprende a náusea da onda opaca e sufocante dum mundo que teima em não encontrar o rumo. Aos solavancos, a ciência e a técnica vão revelando e reabrindo sulcos. Mas o homem, o ser humano, parece marcar passo num lamaçal de violências, injustiças e desordens. Ao peso esmagador dum pecado original de que não consegue libertar-se.
:
Para ler todo o artigo clique aqui

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


SERINGAS E CAUSAS

1. Este mundo não é mesmo o melhor dos mundos, é o mundo possível. Mas as soluções para os problemas sociais, tanto não poderão perder o contacto “cru” com as realidades como não se poderá decidir na base de um pragmatismo que se esquece de iluminar as razões das problemáticas existentes. O caso do Programa Específico de Troca de Seringas (projecto-piloto, experiência), aprovado no Parlamento há meses ao fim de 15 anos de discussão é o espelho desta mesma ansiedade da história e da gestão do bem comum.
2. Não sabemos se se deve ou não realizar esta troca de seringas nas prisões (se será o mal menor ou não), mas o que nos parece é que vivemos um tempo em que a gestão do que é comum (e nisto, mesmo os dinheiros públicos) são aplicados talvez mais nas consequências (e por isso nas coisas) que nas “causas”. É certo que, com realismo, todas as palavras dos bons costumes pouco valem em contextos onde a própria humanidade pessoal está, porventura, deteriorada, sem capacidade de fortalecer uma vontade libertadora do pesadelo da droga. Mas, persistimos que o investimento fundamental – mesmo como “sinal social” - deverá ser na formação.
3. Os ecos não se fazem esperar. Das perto de 13 mil pessoas presidiárias em Portugal, quase um terço vive o contacto com o flagelo da droga. Nestes dias, testemunhos de antigos reclusos viventes desse ambiente sublinham tanto o erro da troca de seringas, como, por semelhança, a bebida ao alcoólico e a cada um a sua dose de vício. E ainda, a tão simples pergunta habitual: as pessoas que toda a vida sempre lutaram e vêm-se na necessidade de esperar anos por cirurgia, que sentem destes prontos investimentos em seringas, no aborto,…?
4. É certo, cada coisa no seu lugar, cada problema a sua decisão; e talvez ser um país moderno seja assim mesmo! Mas se este investimento propagador existe, então haverá que olhar mais e melhor, em coerência, para os investimentos fundamentais, tanto da acção social (dos pobres aos desempregados que têm famílias para alimentar), como para aprofundar sobre a função educativa e pedagógica dos espaços presidiários. Enquanto “isto” não agarrarmos continuamos pela rama, em feitiços (de droga) que se podem virar contra os feiticeiros. O terreno é pantanoso!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


MAR DE BUARCOS
- Apanha de marisco
Há hábitos que permanecem nos nossos genes. Penso que a pesca é um deles. Quando a maré baixou, os veraneantes, que antes estavam a apanhar um pouco de sol, no areal ainda escaldante, correram para as pedras, na ânsia de recolherem qualquer coisa que se comesse, na hora da merenda de um dia de Verão. Não seria, decerto, por fome, mas pelo prazer da apanha. E então lá andavam, atarefados, a ver quem mais enchia o saco de plástico de marisco.

domingo, 23 de setembro de 2007

Jacinta na RTP2

PARA SE GOSTAR DE JAZZ,
É PRECISO OUVIR…OUVIR… OUVIR

No domingo, 23, no Jornal da RTP2, Jacinta, cantora de jazz de projecção internacional, falou do seu novo disco, uma homenagem a Zeca Afonso.
A música do Zeca “encanta” e nela estão bem patentes raízes árabes e africanas que a enformam, disse Jacinta, que se encontra na fase de lançamento do seu novo disco, em nova editora. A riqueza da estrutura melódica daí extraída fala por si, referiu Jacinta, adiantando que a beleza do jazz está em pegar num tema famoso, para o levar mais longe. “Estamos a fazer isso com o Zeca”, afiançou.
Com este trabalho, garantiu que está a apostar num estilo mais moderno, num estilo “mais frio e seco”, saindo um pouco do jazz clássico americano, para outras abordagens, "mais madura e com muita consistência". Acredita que este disco a vai lançar mais em Portugal, acrescentando que nele estão as raízes portuguesas, com o fado sempre presente, de mistura com a “frescura” da música do Zeca.
Para os portugueses começarem a gostar mais do jazz, é preciso “ouvir… ouvir… ouvir”, já que só se pode gostar daquilo que se conhece. E para conhecer é preciso ouvir.
Com a música clássica no coração, pois foi por aí que começou na Universidade de Aveiro, Jacinta mantém projectos para a composição, decerto para um futuro próximo. Aliás, confessou que já tem trabalhado nessa área, sobretudo em arranjos de músicas que canta.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


DIFICULDADES DA IGREJA
NO MUNDO ACTUAL

Tudo começa com um equívoco. Hoje, quando se fala da Igreja, é numa gigantesca instituição e nos seus altos e médios hierarcas que de facto se pensa: Papa, bispos, padres. Já se esqueceu que, no princípio, não era assim, pois Igreja significava a reunião das Igrejas, entendidas como assembleias dos cristãos congregados em nome de Jesus.
Foi com Constantino e Teodósio que tudo se modificou, quando o cristianismo se tornou religião oficial do Estado e a Igreja acabou por transformar-se numa instituição de poder. Desde então, de um modo ou outro, espreitou o perigo de esquecer a Igreja enquanto comunidade dos fiéis a Cristo, que caminha na fé e na tentativa de actualizar no mundo o reinado de Deus a favor de todos os homens e mulheres, sobretudo dos mais pobres e abandonados, para sublinhar sobretudo uma Igreja-instituição, hierarquizada e poderosa. Quem congrega é menos Jesus do que a hierarquia, e a fé está mais dirigida ao dogma do que à pessoa de Jesus e ao Deus salvador.
:
Todo o artigo em DN

LIBERDADE - Vieira da Silva

epois de ter permanecido em depósito durante mais de uma dezena de anos, Liberdade, a pintura que Maria Helena Vieira da Silva doou ao Estado português por alturas do 10º aniversário do 25 de Abril, vai voltar a estar, em breve, ao alcance do olhar do público. A peça será exposta no Teatro Aveirense, por ocasião das comemorações do Congresso Republicano de 1957, no próximo dia 6 de Outubro.
Datada de 1984, a pintura alusiva à revolução dos cravos integra o acervo artístico que a Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura entregou à guarda da Câmara Municipal de Aveiro e da Universidade de Aveiro - em regime de comodato - e tem vindo a ser alvo de trabalhos de restauro. "Estava em muito más condições, mas, juntamente com o centro de conservação e restauro da Câmara de Comércio Italiano, temos conseguido fazer um bom trabalho", nota Maria da Luz Nolasco, directora do Teatro Aveirense (TA).
Leia o artigo de Maria José Santana, na página CULTURA