terça-feira, 3 de julho de 2007

Comunicação social na Igreja

OS TRÊS NÍVEIS
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
DA IGREJA

"Quanto à relação da Igreja com outros órgãos de informação, ela não pode deixar de passar pela profissionalização da comunicação. É impossível ignorar-se que todo o conteúdo tem forma: não há mensagem que nos chegue sem forma (palavras, sintaxe, retórica, fotos, imagens em movimento, cenário, iluminação, etc.). O conteúdo tem de ser adequado aos destinatários, a começar pelos jornalistas que serão os intermediários. O risco de adulteração da mensagem é maior quando a adaptação ao destinatário não é feita pela própria entidade que a pretende comunicar. Fazem parte da profissionalização: primeiro, as técnicas do marketing (a palavra não deve assustar, é apenas uma palavra; se se quiser, podemos inventar outra: audiencing, isto é, adaptar a mensagem à audiência concreta com a máxima eficácia); segundo, a reflexão sobre qual o registo em que os representantes da Igreja, por ser Igreja, devem comunicar com os media para que a comunicação seja adequada e profícua."
:
Eduardo Cintra Torres, conhecido crítico de televisão, que colabora habitualmente no PÚBLICO, escreveu um texto que pode ser lido na íntegra, na ECCLESIA, sobre a comunicação social da Igreja. Penso que se trata de uma reflexão que todos devíamos ter em conta, sobretudo os católicos.

Efeméride


IGREJA DAS CARMELITAS
E PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL


1905

No dia 3 de Julho de 1905, por iniciativa da Câmara Municipal de Aveiro e após viva controvérsia, começou o corte e demolição de parte do Convento das Carmelitas, para a abertura de uma praça, que veio a ser baptizada, à margem da Igreja, diga-se de passagem, com o pomposo nome de Marquês de Pombal, que, acrescente-se ainda, não gostava nada de Aveiro. O duque de Aveiro, não terá, em sua opinião, colaborado no atentado ao Rei D. José?
Ao recordar este facto, relatado, sucintamente, no Calendário Histórico de Aveiro, de António Christo e João Gonçalves Gaspar, ocorre-me perguntar se não seria altura de a igreja das Carmelitas e anexos voltarem à posse da Igreja Católica, para lhes ser dado um uso mais adequado. Penso que sim.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Energias Renováveis em Acção

ESCOLA SECUNDÁRIA
DA GAFANHA DA NAZARÉ
E PORTO DE AVEIRO DE MÃOS DADAS
:
A Administração do Porto de Aveiro decidiu associar-se como financiadora do projecto “Energias Renováveis em Acção”. Com esta iniciativa, a cargo da Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico da Gafanha da Nazaré, e inserida no Programa de Apoio a Projectos Educativos, pretende-se, numa primeira fase, dotar a Escola dos meios necessários a produzir e armazenar energias renováveis, eólicas e solares, para abastecer o consumo energético de um laboratório de informática constituído por 12 computadores pessoais. É ambição do estabelecimento de ensino aumentar, em fases posteriores, os instrumentos de captação e acumulação de energias renováveis, com o intuito de dotar a escola de maior autonomia quanto ao consumo de energia. A missão pedagógica e de formação do “saber ser” e “saber estar” da escola, incutindo e sensibilizando os alunos e a comunidade de uma forma geral para a importância do aproveitamento e utilização das energias renováveis, aspectos que assumem cada vez mais relevância na nossa sociedade, dada a sua dependência em termos energéticos; a exploração dos recursos naturais relevantes da zona (vento e sol), rentabilizando-os na produção de energias limpas e renováveis; e a diminuição da factura de energia eléctrica, são os objectivos elencados pelo projecto “Energias Renováveis em Acção”.
: Fonte: Porto de Aveiro

A nossa gente


Armando Oliveira Pimentel


Neste mês das festas da Vista Alegre em Honra de N. Sra. da Penha de França, dedicarmos a rubrica “A Nossa Gente” ao Mestre Armando Pimentel, pintor artístico da Vista Alegre.
Armando Oliveira Pimentel nasceu em Vagos a 17 de Janeiro de 1930, mas desde os seus 20 anos, ano em que casou, reside em Ílhavo.
Descende de uma família profundamente enraizada na Vista Alegre. Foi seu pai, o primeiro pintor da família, que certamente influenciou a vocação do filho para abraçar a profissão que faria dele o último Mestre de pintura da Vista Alegre. Esta vocação revelou-se muito precocemente pois Armando Pimentel recorda-se, de ainda menino gostar de desenhar “as caras dos Reis de Portugal, mas só dos que tivessem barba e bigode…”
O seu pai tentou a sua entrada para o seminário a qual não se realizou por motivos financeiros. Abandonada a ideia do seminário, e porque era necessário ajudar os pais e os irmãos, começou a trabalhar num talho à espera de ter idade para poder ingressar na Vista Alegre.
Foi no dia 22 de Março de 1942, com 12 anos de idade, que começou a aventura do futuro Mestre da Vista Alegre, ingressando na Aula de Desenho tendo como professor o João Cazaux. Cedo se revelaram os seus invulgares dotes artísticos, e passado um ano ingressou como aprendiz na oficina de Pintura onde foi acompanhado pelo Mestre Ângelo Chuva. Aos 18 anos foi oficialmente considerado “Aprendiz menor do 1º ano de pintor” e começou a trabalhar com o seu grande Mestre Palmiro Peixe.
Foi meteórica a sua carreira como pintor da Vista Alegre. Contrariamente ao que era habitual começou a ter um vencimento de 5$00 por dia, logo que iniciou a aprendizagem de pintura e aos 14 anos recebeu, no Natal, a sua primeira gratificação, que naquela altura, só era concedida a 6 pintores!
Foi Armando Pimentel que iniciou a técnica da pintura sobre biscuit, em 1970, que tornou possível uma autêntica revolução artística da pintura, pelo realismo que tal técnica permitia dar às peças.
De 1970 a 1999 todos os lançamentos de séries especiais ou limitadas da Vista Alegre lhe passaram, directa ou indirectamente, pelas mãos e lhe mereceram a mais dedicada atenção e o maior empenho na qualidade da sua execução.
Armando Pimentel esteve ao serviço da Vista Alegre 65 anos, representando-a em vários pontos do globo, desde a fábrica alemã Hutschenreuther, em 1969, participou num Congresso de Design na Suécia e na Finlândia, esteve presente nas Feiras de Versalhes, Frankfurt e Hannover, e fez demonstrações de pintura ao vivo em Londres, Dallas, Bóston, New York, Haway e Rio de Janeiro. Também em Portugal teve a oportunidade de revelar o seu talento como pintor na FIL, em Lisboa, em exposições realizadas na Póvoa de Varzim e Espinho e por ocasião da inauguração da nova Loja da V.A. no Chiado, em Lisboa.
Armando Pimentel pintou centenas de peças, todas motivo de orgulho, algumas com marcas históricas. É o caso do serviço oferecido como presente à Rainha Isabel II, quando o Presidente da República visitou a Grã-Bretanha. Bem como outro pedido executado a pedido da Câmara Municipal de Lisboa para servir no banquete oficial que o Presidente da República ofereceu à Rainha Isabel II.
Mestre Armando Pimentel foi um grande Embaixador da Vista Alegre, deixando, por onde passou, o rasto da sua inconfundível arte numa capacidade rara de criar beleza.

Fonte: “Viver em…” da CMI

A nossa saúde




DIETAS

A moda das dietas, para tudo e mais alguma coisa, reaparece, com mais força, no Verão. Nesta altura, mais por motivos de estética e para não parecer mal na praia. Não vejo nenhum mal nisso. Mas como a saúde sofre com uma alimentação errada, as dietas também fazem parte, hoje e durante todo o ano, das recomendações médicas. Só que, às vezes, ficamos baralhados, com certas contradições. O que uns recomendam, outros condenam.
Há tempos, três especialistas colaboraram com uma revista, cada um deles explicando, grosso modo, o seu método. E os três tentaram explicar as razões das suas opções, que não coincidiam em vários pontos. O que um condenava o outro considerava normal ou importante.
No final, cheguei à conclusão de que o problema está em cada um nós e que se resume em comer pouco e várias vezes por dia, não abusando daquilo que toda a gente diz que faz mal, controlando o apetite e optando por alimentos variados e o mais naturais possível.
No PÚBICO de hoje, a jornalista de serviço e especialistas em questões científicas, Ana Gerschenfeld, recomenda uma “Dieta da idade da pedra”, como a mais saudável.
Diz assim:




Dieta da idade da pedra



“Toda a gente sabe: um dos flagelos do mundo ocidental, num futuro que já é presente, serão as doenças ligadas à alimentação - a diabetes e o seu cortejo de complicações graves. Mas afinal qual é a dieta mais saudável? Não é bem a mediterrânica, respondem cientistas da Universidade de Lund, na Suécia; é a dos homens e mulheres da Idade da Pedra. No primeiro estudo deste género no ser humano, pediram a 14 pessoas para adoptarem uma dieta "paleolítica": fruta, legumes, nozes, carne magra, peixe, evitando o sal. A outros 15, aconselharam uma dieta de tipo "mediterrânica prudente" - à base de flocos integrais, lacticínios com baixo teor de gordura, fruta, legumes e gorduras saudáveis como o azeite. Mediram os picos de açúcar no sangue após a ingestão de hidratos de carbono, que quando são acentuados indicam uma "intolerância à glucose", sintoma precursor da diabetes. Passados três meses, o principal resultado, refere um comunicado, foi que esses picos tinham diminuído marcadamente no grupo Paleolítico, mas não no Mediterrânico. Ou seja: mesmo os cereais e os lacticínios deveriam fazer parte dos alimentos a evitar.”

domingo, 1 de julho de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 30


O CASTELO DA LOUSÃ E A RIBEIRA


Caríssima/o:


Lá voltámos passados quarenta anos e só então me apercebi do peso do grupo dos lousanenses: é que o passeio anual do nosso Curso foi ao Castelo da Lousã. Isso mesmo: de Coimbra à Lousã, e isto contando com a ajuda imprescindível desse tal grupo. [Esta coisa de viagens de fim de curso a Espanha e outras paragens, bem, temos dito!]
Permiti que regresse à Lousã para um abraço muito especial ao António Maio e à Olga que, na sua Casa do Pinheiro, experimentam profunda vivência matrimonial, salmodiando a promessa um dia feita para os bons momentos e para os menos bons ...
E então diz a lenda:

«Há muitas centenas de páginas em torno da lenda do castelo de Arouce ou, se quisermos, do castelo da Lousã. As mais delas são páginas eruditas tentando aproximar-se de uma narrativa popular. No Arquivo Nacional da Torre do Tombo, por exemplo há um documento que contém a lenda da fundação deste castelo. Ligeiramente modernizado o texto antigo de Frei António Brandão, sigamo-lo:
Dizem que el-rei Arouce determinado em ir pessoalmente, e passar a África pedir socorro (ou fosse a Cartago com quem teria aliança e amizade, ou outro reino) contra seus inimigos, que via estar de assento, e cobrar seu reino, que fortificou e proveu o melhor que pôde o castelo que tinha edificado quase nas entranhas e coração de umas serras, entre vastíssimos e cerrados arvoredos, e que com muito segredo meteu nele a Princesa Peralta, sua filha, com outra gente escolhida de sua casa, e com muita parte de seus tesouros, lançando fama de seu caminho, fingindo levar consigo sua filha, parecendo-lhe ficava nele bem segura, visto que os inimigos não procuravam entrar pela terra dentro, e contentarem-se com o do mar, assim por no castelo ser forte, respeito daqueles tempos, e metido no mais escondido da serra, e fechado com tantos bosques, como também por estar quase feito ilha, cercado de uma ribeira muito fresca, a qual também como o dito castelo do nome do dito Rei se chamou depois a ribeira de Arunce, e agora de Arouce. E querem dizer que para maior segurança de seus receios e temores de deixar assim ali sua filha e tesouros e com eles o coração, fez encantar o dito castelo com todos os tesouros que nele deixou, fora do que deixou à Princesa, sua filha para seu gasto, e dos que devia de levar, os quais algum dia os achará quem tiver essa dita. E com isso se partiu el-rei Arunce em demanda de sua pretensão; e bem se pode cuidar qual iria. Mas dele não tratarei por ora, por vos contar da Princesa sua filha, a qual ficou com tantas saudades, e com tantas lágrimas, e com muitos roncos com o íntimo da sua desconsolação...
Não há muito tempo, um historiador local explicava ter sido o velho Miguel Leitão de Andrade o primeiro a contar a embrulhada (também esta!) lenda envolvendo o rei Arouce, saindo derrotado de Conímbriga – que hoje é Condeixa-a-Velha -, e veio meter nesta pequena fortaleza sua filha, a bela Peralta e os seus haveres. E, despachado isto, regressou às batalhas. Ora em Évora vivia Sertório que projectava dar o golpe do baú à princesa Peralta. Nesse sentido mandou um homem chamado Estela a Arouce. E este, em vez disso, terá namorado a princesa...
E reza a lenda, esta ou outra que com ela se cruza, que a princesa Peralta acabou por abandonar aquele seguro castelo, transformando-se “em ribeiro de muito caudal e de muita água, pelo que, como princesa, o ficasse sendo também das outras ribeiras”...
[V.M., pg. 129]

Creio também que não ficará mal lembrar os «azeiteiros», muitos oriundos dessa região e que durante muitos e muitos anos percorreram as nossas estradas e os nossos caminhos. Quem se lembrará hoje desses homens que vendiam os azeites e vinagres ao quartilho? E dos seus carros adaptados para essa função?... Figuras quase lendárias!...

Manuel

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


O HOMEM:
CRIADO À IMAGEM DE DEUS?


Parece estender-se cada vez mais a tentação de pensar que o Homem é um animal entre outros. Se diferença houvesse, não seria essencial e qualitativa, mas apenas de grau.
Mas quem anda atento reconhecerá com certeza que a diferença entre o Homem e os outros animais não é apenas de grau, mas essencial e qualitativa. Pelo menos, é preciso manter a pergunta
Também o Homem é corpo, mas um corpo que fala e que diz eu. Ora, um corpo que produz sons duplamente articulados, portanto, transportando sentido, é um corpo que transcende a animalidade.
Que o Homem não fica submerso na instintividade da vida prova-o o facto de, por exemplo, ao contrário do animal, no domínio da sexualidade, ser capaz de pesar razões, abster- -se, pensar no que é melhor para si e para o parceiro, ter inventado o erotismo e também a pornografia, procurar técnicas anticonceptivas. Aí está a liberdade, a moralidade e, consequentemente, a responsabilidade. Pelo menos até certo ponto, o Homem é senhor de si e dos seus actos.
O Homem é capaz de renunciar à satisfação imediata dos seus impulsos: é "o asceta da vida", escreveu Max Scheler. Por isso, é capaz de jejuar e ergueu, por exemplo, um edifício jurídico-penal, para evitar a vingança cega, dirimir diferendos, não fazer justiça pelas próprias mãos.
Quando vemos um animal sentado, de olhos fechados, com a cabeça entre as mãos ou encostada à mão direita, estamos em presença de um Homem que medita. Está ensimesmado, entrou dentro de si próprio, desceu à sua intimidade, submerso na sua subjectividade pessoal.
Não vivo longe de um aeroporto, e reparo, quando passeio pela praia, como os cães vadios da zona se põem a correr na areia, atrás das sombras dos aviões que se apressam para a pista. Cá está: o animal vive da imediatidade dos instintos e o mundo para ele é fundamentalmente um conjunto de estímulos, que atraem ou repelem. O Homem, ao contrário, dada a sua capacidade de distanciação, vive no real: é um "animal de realidades", repetia Zubiri.
O Homem "começou a ser Homem intentando criar beleza", escreveu o filósofo Pedro Laín Entralgo. O Homem não vive amarrado e encerrado na satisfação das suas necessidades vitais. Ele transcende o simplesmente biológico, criando cultura. E vive do gratuito: cria e contempla a beleza, pois é o ser "criativamente possuído pelo fascinante esplendor do inútil" (G. Steiner). Para sobreviver, não precisava de investigar na mecânica quântica. O que ganha no tempo dedicado aos mortos? No entanto, o tempo que gastamos inutilmente com os mortos!...
Os animais também comunicam. Mas nunca um animal fez perguntas. O Homem é o animal que pergunta. E perguntar coloca-nos na perplexidade, pois implica ao mesmo tempo saber e não saber. Se perguntamos é porque não sabemos, mas sobre aquilo de que nada sabemos não perguntamos. Afinal, o que sabemos, quando perguntamos? Na pergunta, o que se mostra é o imostrável. No perguntar, o Homem revela que é o ser do intervalo - entre o finito e o infinito - e que está ligado ao Transcendente, pelo menos como questão.
O Homem é um ser paradoxal. Somos bípedes sanguinários, capazes de sadismo feroz. Inventamos máquinas de guerra brutal e instrumentos de tortura indizível. Pilhamos, massacramos, somos de uma ganância ilimitada, de uma vulgaridade ridícula, de um materialismo rasteiro. No entanto, como escreveu o agnóstico George Steiner, "este mamífero desgraçado e perigoso gerou três ocupações, vícios ou jogos de uma dignidade completamente transcendente. São eles a música, a matemática e o pensamento especulativo (no qual incluo a poesia, cuja melhor definição será música do pensamento). Radiantemente inúteis, estas três actividades são exclusivas dos homens e das mulheres e aproximam-se tanto quanto algo se pode aproximar da intuição metafórica de que fomos realmente criados à imagem de Deus".
É por isso que, apesar dos avanços das ciências humanas, da genética, das neurociências, que devem ser maximamente promovidos, permanecerá, íntegra, a pergunta: o que é o Homem?