domingo, 1 de julho de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 30


O CASTELO DA LOUSÃ E A RIBEIRA


Caríssima/o:


Lá voltámos passados quarenta anos e só então me apercebi do peso do grupo dos lousanenses: é que o passeio anual do nosso Curso foi ao Castelo da Lousã. Isso mesmo: de Coimbra à Lousã, e isto contando com a ajuda imprescindível desse tal grupo. [Esta coisa de viagens de fim de curso a Espanha e outras paragens, bem, temos dito!]
Permiti que regresse à Lousã para um abraço muito especial ao António Maio e à Olga que, na sua Casa do Pinheiro, experimentam profunda vivência matrimonial, salmodiando a promessa um dia feita para os bons momentos e para os menos bons ...
E então diz a lenda:

«Há muitas centenas de páginas em torno da lenda do castelo de Arouce ou, se quisermos, do castelo da Lousã. As mais delas são páginas eruditas tentando aproximar-se de uma narrativa popular. No Arquivo Nacional da Torre do Tombo, por exemplo há um documento que contém a lenda da fundação deste castelo. Ligeiramente modernizado o texto antigo de Frei António Brandão, sigamo-lo:
Dizem que el-rei Arouce determinado em ir pessoalmente, e passar a África pedir socorro (ou fosse a Cartago com quem teria aliança e amizade, ou outro reino) contra seus inimigos, que via estar de assento, e cobrar seu reino, que fortificou e proveu o melhor que pôde o castelo que tinha edificado quase nas entranhas e coração de umas serras, entre vastíssimos e cerrados arvoredos, e que com muito segredo meteu nele a Princesa Peralta, sua filha, com outra gente escolhida de sua casa, e com muita parte de seus tesouros, lançando fama de seu caminho, fingindo levar consigo sua filha, parecendo-lhe ficava nele bem segura, visto que os inimigos não procuravam entrar pela terra dentro, e contentarem-se com o do mar, assim por no castelo ser forte, respeito daqueles tempos, e metido no mais escondido da serra, e fechado com tantos bosques, como também por estar quase feito ilha, cercado de uma ribeira muito fresca, a qual também como o dito castelo do nome do dito Rei se chamou depois a ribeira de Arunce, e agora de Arouce. E querem dizer que para maior segurança de seus receios e temores de deixar assim ali sua filha e tesouros e com eles o coração, fez encantar o dito castelo com todos os tesouros que nele deixou, fora do que deixou à Princesa, sua filha para seu gasto, e dos que devia de levar, os quais algum dia os achará quem tiver essa dita. E com isso se partiu el-rei Arunce em demanda de sua pretensão; e bem se pode cuidar qual iria. Mas dele não tratarei por ora, por vos contar da Princesa sua filha, a qual ficou com tantas saudades, e com tantas lágrimas, e com muitos roncos com o íntimo da sua desconsolação...
Não há muito tempo, um historiador local explicava ter sido o velho Miguel Leitão de Andrade o primeiro a contar a embrulhada (também esta!) lenda envolvendo o rei Arouce, saindo derrotado de Conímbriga – que hoje é Condeixa-a-Velha -, e veio meter nesta pequena fortaleza sua filha, a bela Peralta e os seus haveres. E, despachado isto, regressou às batalhas. Ora em Évora vivia Sertório que projectava dar o golpe do baú à princesa Peralta. Nesse sentido mandou um homem chamado Estela a Arouce. E este, em vez disso, terá namorado a princesa...
E reza a lenda, esta ou outra que com ela se cruza, que a princesa Peralta acabou por abandonar aquele seguro castelo, transformando-se “em ribeiro de muito caudal e de muita água, pelo que, como princesa, o ficasse sendo também das outras ribeiras”...
[V.M., pg. 129]

Creio também que não ficará mal lembrar os «azeiteiros», muitos oriundos dessa região e que durante muitos e muitos anos percorreram as nossas estradas e os nossos caminhos. Quem se lembrará hoje desses homens que vendiam os azeites e vinagres ao quartilho? E dos seus carros adaptados para essa função?... Figuras quase lendárias!...

Manuel

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


O HOMEM:
CRIADO À IMAGEM DE DEUS?


Parece estender-se cada vez mais a tentação de pensar que o Homem é um animal entre outros. Se diferença houvesse, não seria essencial e qualitativa, mas apenas de grau.
Mas quem anda atento reconhecerá com certeza que a diferença entre o Homem e os outros animais não é apenas de grau, mas essencial e qualitativa. Pelo menos, é preciso manter a pergunta
Também o Homem é corpo, mas um corpo que fala e que diz eu. Ora, um corpo que produz sons duplamente articulados, portanto, transportando sentido, é um corpo que transcende a animalidade.
Que o Homem não fica submerso na instintividade da vida prova-o o facto de, por exemplo, ao contrário do animal, no domínio da sexualidade, ser capaz de pesar razões, abster- -se, pensar no que é melhor para si e para o parceiro, ter inventado o erotismo e também a pornografia, procurar técnicas anticonceptivas. Aí está a liberdade, a moralidade e, consequentemente, a responsabilidade. Pelo menos até certo ponto, o Homem é senhor de si e dos seus actos.
O Homem é capaz de renunciar à satisfação imediata dos seus impulsos: é "o asceta da vida", escreveu Max Scheler. Por isso, é capaz de jejuar e ergueu, por exemplo, um edifício jurídico-penal, para evitar a vingança cega, dirimir diferendos, não fazer justiça pelas próprias mãos.
Quando vemos um animal sentado, de olhos fechados, com a cabeça entre as mãos ou encostada à mão direita, estamos em presença de um Homem que medita. Está ensimesmado, entrou dentro de si próprio, desceu à sua intimidade, submerso na sua subjectividade pessoal.
Não vivo longe de um aeroporto, e reparo, quando passeio pela praia, como os cães vadios da zona se põem a correr na areia, atrás das sombras dos aviões que se apressam para a pista. Cá está: o animal vive da imediatidade dos instintos e o mundo para ele é fundamentalmente um conjunto de estímulos, que atraem ou repelem. O Homem, ao contrário, dada a sua capacidade de distanciação, vive no real: é um "animal de realidades", repetia Zubiri.
O Homem "começou a ser Homem intentando criar beleza", escreveu o filósofo Pedro Laín Entralgo. O Homem não vive amarrado e encerrado na satisfação das suas necessidades vitais. Ele transcende o simplesmente biológico, criando cultura. E vive do gratuito: cria e contempla a beleza, pois é o ser "criativamente possuído pelo fascinante esplendor do inútil" (G. Steiner). Para sobreviver, não precisava de investigar na mecânica quântica. O que ganha no tempo dedicado aos mortos? No entanto, o tempo que gastamos inutilmente com os mortos!...
Os animais também comunicam. Mas nunca um animal fez perguntas. O Homem é o animal que pergunta. E perguntar coloca-nos na perplexidade, pois implica ao mesmo tempo saber e não saber. Se perguntamos é porque não sabemos, mas sobre aquilo de que nada sabemos não perguntamos. Afinal, o que sabemos, quando perguntamos? Na pergunta, o que se mostra é o imostrável. No perguntar, o Homem revela que é o ser do intervalo - entre o finito e o infinito - e que está ligado ao Transcendente, pelo menos como questão.
O Homem é um ser paradoxal. Somos bípedes sanguinários, capazes de sadismo feroz. Inventamos máquinas de guerra brutal e instrumentos de tortura indizível. Pilhamos, massacramos, somos de uma ganância ilimitada, de uma vulgaridade ridícula, de um materialismo rasteiro. No entanto, como escreveu o agnóstico George Steiner, "este mamífero desgraçado e perigoso gerou três ocupações, vícios ou jogos de uma dignidade completamente transcendente. São eles a música, a matemática e o pensamento especulativo (no qual incluo a poesia, cuja melhor definição será música do pensamento). Radiantemente inúteis, estas três actividades são exclusivas dos homens e das mulheres e aproximam-se tanto quanto algo se pode aproximar da intuição metafórica de que fomos realmente criados à imagem de Deus".
É por isso que, apesar dos avanços das ciências humanas, da genética, das neurociências, que devem ser maximamente promovidos, permanecerá, íntegra, a pergunta: o que é o Homem?

sábado, 30 de junho de 2007

Carta do Papa aos católicos chineses



BENTO XVI
DEFENDE DIÁLOGO
COM AS
AUTORIDADES CHINESAS




Bento XVI, com sentido sobrenatural e com uma linguagem eminentemente pastoral, se dirige a toda a Igreja que está na China. A sua intenção não é a de criar situações de atrito com pessoas e com grupos particulares: ele, mesmo pondo em evidência certas situações críticas, o faz com muita compreensão devido aos aspectos contingentes e pelas pessoas envolvidas, apesar de recordar com extrema clareza os princípios teológicos. O Papa deseja convidar a Igreja a uma mais profunda fidelidade a Jesus Cristo, lembrando a todos os católicos chineses a missão de ser evangelizadores no actual contexto concreto do seu País.
O Santo Padre observa com respeito e com profunda simpatia a história antiga e recente do grande Povo chinês e renova, uma vez mais, a disponibilidade para dialogar com as autoridades chinesas, ciente de que a normalização da vida da Igreja na China pressupõe um diálogo franco, aberto e construtivo com as Autoridades.
Bento XVI, assim como o seu Predecessor, João Paulo II, está também firmemente convencido de que tal normalização oferecerá uma inigualável contribuição para a paz no mundo, criando assim um marco insubstituível no grande mosaico da convivência pacífica entre os povos.
:
Leia mais em Ecclesia

Com que ideia ficarão dos portugueses?

HÁ QUEM CULTIVE
O PRAZER DA MALEDICÊNCIA Nas democracias, sobretudo nas mais maduras, é normal haver respeito pela liberdade de cada um, liberdade essa que não invade a liberdade dos outros. Também é óbvio que o direito de opinião deve ser respeitado. Acontece, porém, que muita gente pensa que, por respeito a esses direitos, cada um pode dizer e fazer o que quer e o que lhe apetece, mesmo com ofensas gratuitas e brincadeiras de mau gosto.
Tenho dificuldade em aceitar e em viver num clima desses. Criticar o que está mal, apontar erros e avançar com propostas para uma vivência democrática mais sã e mais justa está muito certo. Mas será que isso implica a ofensa, a calúnia, a mentira, o boato e a pura má-língua? Portugal vive, de há meses a esta parte, um clima impensável para uma democracia decente e respeitadora dos mais elementares direitos dos cidadãos. Por tudo e por nada, correm na Internet as mais aberrantes calúnias e as anedotas mais estúpidas e ofensivas das pessoas. Quando as pressinto, atiro-as logo para o lixo. Mas sei que há muita gente que adora difundi-las, só pelo prazer de cultivar a maledicência. Paralelamente, há mensagem lindíssimas e informações oportunas, que dá gosto ler e meditar. Agora as brincadeiras de mau gosto têm vindo ao de cima, envolvendo membros do Governo. Processos judiciais e demissões estão na moda. Não sei se será mais grave isso ou permitir que esse ambiente continue, criando instabilidade nos departamentos estatais. Nas empresas privadas não há tempo, decerto, para atitudes semelhantes, que eu saiba.
Gente a acusar-se mutuamente de forma torpe, não estará correcto. Pactuar com ela, também não. Cá para mim, tudo isto só é possível por haver quem, em vez de trabalhar, passa a vida com mexericos, alimentando ataques pessoais e guerras partidárias. Quando os políticos da UE se instalarem por cá e quando começarem a olhar para este clima de brincadeira pegada, com que ideia ficarão dos portugueses?
Fernando Martins

A propósito das missas em latim

A PACIÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO
:
Sou do tempo das missas em latim, com o celebrante de costas para a assembleia. Isto aconteceu na Igreja Católica durante séculos, por razões que não importa agora recordar. Imagino que o Espírito Santo teve, durante esse tempo todo, uma paciência incrível para segurar o povo dentro das igrejas, à espera que os celebrantes acabassem de ler e dizer uma frases em latim, que quase ninguém entendia. Entretanto, as pessoas iam tendo a percepção de que era importante orar e, pelo sim pelo não, lá iam rezando o terço até à bênção final. Quando eu era garoto, nem homilias havia com regularidade na Gafanha da Nazaré. Depois do concílio Vaticano II, convenci-me de que as eucaristias, nas Línguas das gentes com quem e para quem eram celebradas, jamais deixariam que desenterrassem o latim para as liturgias comunitárias e dirigidas ao povo. Pelo que sei, ainda há católicos saudosistas desses tempos. Há tempos alguém falava-me da importância do mistério que representava a missa em latim. O Santo Padre, que agora aprovou a possibilidade de serem celebradas missas segundo o rito anterior ao Vaticano II, possivelmente até em latim, estará a admiti-las, certamente, para casos especiais ou para grupos restritos ou, provavelmente, para celebrações com participantes de várias nações. O pior, a meu ver, será se a moda pega e se, por tudo e por nada, alguns sacerdotes se convencem de que as missas em latim são mais bonitas e mais misteriosas, e também, por isso, com mais capacidade para aproximar as pessoas de Deus e dos irmãos. Cá para mim, espero que a moda não pegue. Já imaginaram estarmos a participar numa eucaristia, sem percebermos nada do que o celebrante está a dizer?
Fernando Martins

Papa vai dirigir carta aos bispos



Missas no Rito antigo
estão de volta


A Santa Sé anunciou oficialmente que Bento XVI aprovou a utilização univer-sal do Missal promulgado pelo Beato João XXIII em 1962, com o Rito de São Pio V, utilizado na Igreja durante séculos.
Segundo o comunicado divulgado esta manhã, representantes de várias conferências episcopais estiveram reunidos no Vaticano com o Papa, durante uma hora, para falarem do "Motu proprio" de Bento XVI sobre esta questão. A reunião foi presidida pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano.
O Rito de São Pio V, que a Igreja Católica usava até 1962 e que foi substituído pela liturgia do "Novus Ordo" (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, é assim aprovado para uso universal. O Papa estende a toda a Igreja de Rito Latino a possibilidade de celebrar a Missa e os Sacramentos segundo livros litúrgicos promulgados antes do Concílio.
A publicação do documento de Bento XVI, que será acompanhado por uma "longa carta pessoal do Santo Padre a cada Bispo", está prevista para os próximos dias.
Esta aprovação universal significaria que a Missa do antigo Rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem, sem necessidade de autorização hierárquica de um Bispo.
Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio continuarão, contudo, a constituir a forma ordinária e habitual do Rito Romano.
O Rito resultante da reforma litúrgica conciliar instituía uma nova forma de celebrar a missa que revogava, não o uso do Latim, mas o uso do anterior Rito de S. Pio V. O "Novus Ordo" tem também uma versão em Latim.

Fonte: Ecclesia

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Citação


"O riso é a mais útil forma da crítica porque é a mais acessível à multidão"


Eça de Queirós,
in PÚBLICO de hoje
:
NOTA: Esta simples citação do grande Eça trouxe-me à memória um livrinho que li há muitos anos sobre o romancista de "A cidade e as serras", o primeiro romance que dele li. Chama-se o livrinho "O espírito e a graça de Eça de Queiroz", preparado por Luiz de Oliveira Guimarães, com prefácio de Fradique Mendes, como se lê logo na capa. Edição da Romano Torres, com data de 1945.
Li-o com prazer e recordei-o hoje, por artes nem sei de quê.
Deste livro transcrevo:

"Portugal é um país que todos dizem que é rico, povoado por gente que todos sabem que é pobre"
:
"Um dia, em Paris, quiseram que Eça de Queiroz subisse em balão. Recusou.
- Eu não sou político, meus amigos!
E, depois dum silêncio, esclareceu:
- Só os políticos é que conhecem a complicada arte de se equilibrarem nos ares!"
:
"Atenas produziu a escultura, Roma fez o direito, Paris inventou a revolução, a Alemanha achou o misticismo. Lisboa que criou? O Fado"

Museu Paroquial da Gafanha da Nazaré







UM ESPAÇO MUSEOLÓGICO
QUE MERECE SER VISITADO

No sábado, 23 de Junho, foi inaugurado o Museu Paroquial da Gafanha da Nazaré, em cerimónia simples que contou com a presença de D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, servindo de cicerone o Prior da freguesia, Padre José Sardo Fidalgo.
Penso que toda a gente compreenderá a importância de um espaço museológico como este, onde se preservam peças que fazem parte integrante da história da comunidade católica da Gafanha da Nazaré.
Para além de paramentos da igreja primitiva, que foi inaugurada em 1912, os visitantes podem apreciar outras peças de muito valor, simbólico e não só, como castiçais, jarras decorativas, cálices e turíbulos, píxides e custódias, navetas e missais. Há imagens dos primeiros tempos da igreja, um livro de actas da Irmandade de Nossa Senhora da Nazaré, dos princípios do século XX, uma bandeira da mesma irmandade, com data de 1941, e muitos outros motivos para uma visita atenta.
As paredes do Museu estão bem decoradas com painéis do artista Manuel Correia, alusivos à parábola do Filho Pródigo. Um trabalho muito expressivo e de rara sensibilidade, que merece ser olhado com olhos de ver.
A comunidade católica da Gafanha da Nazaré está de parabéns. O que é preciso, agora, é que todos visitem este Museu Paroquial, enriquecendo-o, se puderem, com peças que tenham pertencido à paróquia, uma vez que, segundo lá se recorda, em legenda bem visível, há património da freguesia que anda perdido e que ainda não foi possível recuperar.

Fernando Martins

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Um poema de Daniel Faria

DO LIVRO SEGUNDO DA NOITE ESCURA, DE SÃO JOÃO DA CRUZ 5 Entendo agora a nudez do pobre E posso tocar-lhe como quem toca a alma às escuras Mesmo sem a tremenda noite com que lhe toca a mão divina O terceiro modo da paixão são os extremos. Agora entendo Os dedos dos cegos Agora entendo o ovo e o mártir quando é cercado para morrer Entendo o ventre do bicho marinho, o fundo dos golfos E já sei como abrem os ressuscitados os olhos no sepulcro Sei o que é ser vomitado nas praias O que é voltar a terra firme – ao dia mais do que à luz Sei o que é o ouro no fogo e no inferno Sei o que é renascer pelas águas In “Dos Líquidos”

EQUÍVOCOS e CONTRADIÇÕES

EQUÍVOCOS,
CONTRADIÇÕES
E INJUSTIÇAS

A lei do aborto e agora a sua regulamentação constituem, para já, um molho de equívocos e de contradições e mesmo de injustiças que já não deixam ninguém surpreendido. Estejamos atentos e veremos como se vão multiplicar as surpresas. Tudo já existia nos que lutaram pelo sim e se vangloriaram com a vitória alcançada. Alguns, neste momento, estão com o lume na mão sem saber como dar saída aos problemas surgidos. Soluções dignificantes, no caso, não parece serem possíveis. Só gente menos esclarecida, com visão unidimensional e teimosa em reduzir o mundo ao rectângulo estreito da sua janela, incapaz, por isso mesmo, de ver a realidade e o horizonte infindo da vida humana e dos seus direitos, da dignidade pessoal e da sua legítima defesa, podia ter levado o país para este beco. Hospitais, médicos, enfermeiros reagem à matança dos inocentes. Era de esperar. Quem nisto vê ocasião para ganhar dinheiro, virá à praça.

Liberdade Religiosa


Conselho de Ministros
designa Mário Soares
para presidir à Comissão
de Liberdade Religiosa



O Conselho de Ministros designou o antigo Presidente da República Mário Soares para presidir à Comissão de Liberdade Religiosa, substituindo neste cargo o social-democrata Menéres Pimentel.
O ministro da Justiça, Alberto Costa, saudou o trabalho desempenhado pelo presidente cessante, Menéres Pimentel, como presidente da Comissão de Liberdade Religiosa desde 2004, e sublinhou que Mário Soares é uma personalidade "cujo contributo para a democracia e para a liberdade religiosa, assim como para o diálogo inter-religioso, é conhecida de todos os portugueses".
Considero acertada a decisão do Conselho de Ministro, pois toda a gente sabe que Mário Soares, ateu confesso, tem muito respeito pelos que professam uma qualquer confissão religiosa, enquanto reconhece a importância das religiões na formação das pessoas.
Penso que, com a sua personalidade, de raízes humanistas, saberá estabelecer consensos, na procura de climas de respeito por todas as religiões.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Dia da Igreja Diocesana




ESTA É HORA DE GRATIDÃO…

Celebrou-se, no domingo, 24 de Junho, no Santuário de Santa Maria de Vagos, o Dia da Igreja Diocesana, pela primeira vez com a presença do novo Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos.
Em dia que significa o encerramento do ano apostólico, dedicado à família, D. António sublinhou que “o segredo da família humana é o amor, a fidelidade, a generosidade e a perseverança”, para acrescentar que o mesmo se passa com a família diocesana, feita do “amor filial a Deus” e do “amor fraterno do mandamento novo”, da “fidelidade e generosidade de tantas vidas dadas à Igreja e ao Mundo” e da “perseverança de quem permanece até ao fim”. “Esta é uma hora de gratidão devida aos bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, leigos e leigas que ao longo do tempo, com generosidade e entrega ilimitadas, edificaram a Igreja que hoje somos”, proclamou.
D. António enviou 17 jovens em experiências missionárias, não sem antes exortar os seus fiéis a serem presença cristã no mundo: “Pertence-nos tudo fazer para que sejamos rosto e voz, palavra e vida de uma Igreja perita em humanidade, próxima e fraterna e corajosa mensageira das bem-aventuranças. Vemos no horizonte surgir oportunidades para darmos sentido a uma missão que envolva toda a diocese, consolide a beleza da nossa comunhão, intensifique o diálogo com a sociedade e com o mundo imenso da educação e do trabalho, da cultura e da cidadania que moram à nossa porta”.

Fonte: Ecclesia

Ares do Verão

Foto de Teresa Calção

QUADROS QUE A NATUREZA NOS OFERECE
:
Andamos muitas vezes distraídos. Nem sempre olhamos para a Natureza, que tantos quadros nos oferece. Até o emaranhado das ramas das árvores da floresta nos pode deliciar, com a multiplicidade cromática coando os raios do Sol. Os quadros pictóricos não são só feitos pelos artistas plásticos. Graciosamente, também a Natureza se encarrega de nos brindar com alguns. Importante apenas termos olhos para ver.

Um artigo de António Rego

POLÍTICA E SALA DE JOGOS
Os tempos nunca correm numa direcção única. Nem - porque são tempo - chegam e partem com a velocidade dum relâmpago. Os sinais esboçam-se, desenham-se, insinuam-se, revelam-se, interpretam-se. E nada é unívoco ou instantâneo por muito lentas ou velozes que se revelem as épocas. Mas chegar a tempo aos sinais dos tempos é fundamental para os ler e interpretar. Filtrá-los apenas pelos ângulos experimentais ou pelos afectos imediatos é impor ruído ao que deve ser escutado no silêncio ou perturbação ao que merece ser visto com serenidade, ou neblina ao que exige transparência. Que se passa entre nós num tempo - no nosso - que emite sinais por vezes contrários, confusos, carregados de objectivos claros para quem os lança e imprecisos para quem os observa? O atropelo de factos políticos, sociais, culturais, de interesses corporativos secretos ou não, vai criando camadas de interpretações entre a ingenuidade e a desconfiança. E com a torrente de jogos conhecidos e desconhecidos na vida pública, fica o cidadão médio à mercê dos comentadores, intérpretes desses signos que emergem de muitas direcções. A pressa compulsiva com que se desenrolou a regulamentação sobre o aborto na sequência do referendo, as leis que se precipitam sobre a assistência religiosa nos hospitais e prisões, o anteprojecto que se lançou para "pluralismo e independência na comunicação social", o ataque cerrado à acção da Igreja no campo social, muito dificilmente nos deixam tranquilos sobre as intenções últimas dos nossos legisladores que alimentam um complexo de desconfiança face à confissão religiosa mais antiga e representativa em Portugal - a Igreja Católica - esquecidos que lá nasceram e aprenderam a ser gente. A sequência de afrontas é óbvia, a arrogância é clara. Como que a pedir uma guerra declarada, nova letra para os velhos hinos jacobinos. Os sinais da armadilha que alguns sectores alimentam são óbvios. Mesmo assim importa não perder nem a paciência nem a capacidade de diálogo. Estamos numa sociedade em mudança. Mas onde navegam muitos oportunistas que continuamente pedem música para as suas danças. Esta tensão é real. Mas nem por isso dispensa a escuta e a tolerância. Mesmo para com os intolerantes de capa falsa. Importa (porém) que o povo se aperceba do que acontece e não veja apenas a casa arrombada quando se encerra um Centro de Saúde ou uma Maternidade.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Associação Humanitária

Angola.Foto do arquivo do CUFC

ORBIS com novo website:

A ORBIS é uma associação humanitária vocacionada para o voluntariado missionário. Nasceu em 2006 na Diocese de Aveiro e acaba de apresentar o seu novo website, através do qual será possível conhecer os seus objectivos. Está alojado em www.orbiscooperation.org, onde espera pela sua visita, mas não só. Também espera pela sua cooperação.
A ORBIS nasceu por iniciativa do Secretariado Diocesano de Animação Missionária, fundamentalmente para promover a cooperação junto dos países menos desenvolvidos. Entre os projectos apresentados, com grande impacto no mundo lusófono (Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné e Brasil), destaca-se o da "adopção virtual" e o "Comércio solidário", para "dizer na nossa acção diária que podemos fazer a diferença!".
Graças à ORBIS, muitos jovens já fizeram experiência missionária, ao mesmo tempo que se tem proporcionado o acolhimento de Missionários que necessitam de restabelecer a saúde ou de fazer estudos em Aveiro.
Os jovens abertos a experiências missionárias participam quinzenalmente na Escola Missionária, que funciona de Outubro a Junho, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), respeitando um plano de formação preparado para desenvolver o espírito missionário e o sentido da cooperação.
Desta associação voltarei a falar no próximo futuro, pois acredito que se torna muito importante dizer aos meus amigos e leitores que é preciso ajudar quem tanto está disposto a dar-se aos mais carentes.
Para já, aconselho uma visita ao "site" da ORBIS.