sábado, 21 de abril de 2007

Um artigo de Laurinda Alves, no CV


UM CORAÇÃO LIMPO


Todos somos peritos em arranjar desculpas ou “boas razões” para fugir a algumas questões. Acontece no dia-a-dia, por tudo e por nada, mas acontece especialmente quando estas questões mexem connosco a um nível mais profundo e, porventura, mais difícil.Ficar demasiado exposto ou com a sensação de vulnerabilidade não é confortável para ninguém. Daí a sensação recorrente de passar ao lado de certas questões. Ou, como se costuma dizer, de assobiar para o ar, de enfiar a cabeça na areia ou de varrer as coisas para debaixo do tapete.
O ritmo a que corre a vida e a vertigem dos dias não favorecem em nada uma atitude mais introspectiva ou reflexiva, mas, no entanto, todos reconhecemos que precisamos de momentos para parar, reflectir e tomar decisões.
Como a vida não se compadece com este tipo de necessidades, temos de ser nós próprios a tomar consciência de que sabemos mais do que percebemos.
Ou seja, temos acessso a tanta informação, vivemos tantas experiências, conhecemos tantas pessoas e somos tão solicitados para tantas coisas tão diferentes, que raramente temos tempo para processar tudo isto. E quando falo em processar, falo em perceber, mas, acima de tudo, em separar o essencial do acessório. Ou, voltando à linguagem metafórica, em separar o trigo do joio.
Saber mais do que aquilo que se percebe é uma das grandes armadilhas modernas. Acontece-nos sem darmos por isso e, pior, acontece desde muito cedo. Hoje em dia as crianças e os adolescentes também já sabem muito mais do que percebem e é justamente por verem e ouvirem falar de tanta coisa que têm a ilusão de que sabem tudo. Na verdade uns sabem de mais enquanto que outros percebem de menos.
Voltando às questões essenciais, que tantas vezes ignoramos ou substituímos por outras mais acessórias, vale a pena tomar consciência de que temos a tentação recorrente de arranjar desculpas (as chamadas “boas razões”) para adiar certas coisas.
Importa perceber que, a partir de uma dada altura, não podemos adiar mais. Não se trata de precipitar as questões mas sim de as enfrentar. De olhar para elas e dar passos, lidar com elas. De fazer qualquer coisa de concreto que nos permita ir mais longe.Nesta linha de pensamento, a atitude mais correcta passa por perceber a hora certa para assumir as coisas que andamos sempre a adiar. E não as adiar mais.
Outra grande armadilha que temos em nós é o argumento das “boas razões”. Quantas vezes arranjamos “boas razões” para fazer isto e deixar de fazer aquilo quando, no fundo, sabemos que as nossas intenções são ambíguas ou estão distorcidas? E, aqui entre nós que ninguém nos ouve, quantas vezes não são mesmo mesquinhas?
A trapalhice interior e a falta de clareza nas intenções transparecem fatalmente na nossa atitude e, daí também, a necessidade de clarificar e purificar.
Neste sentido, por tudo aquilo que fica dito e, especialmente, por aquilo que guardamos em nós e pertence à esfera do inconfessável, vale a pena pedir nesta Páscoa um coração limpo. Ou melhor, apostar em purificar o coração e em clarificar as intenções para deixarmos de ter a sensação de “dar a volta ao texto”.

Ares da Primavera


CASA DE CHÁ
NO PARQUE INFANTE D. PEDRO
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Para recordar, hoje ofereço a antiga Casa de Chá do Parque Infante D. Pedro, bem enquadrada pelo arvoredo.
Na minha infância e juventude, era uma casa mágica, quase sempre fechada. Por ali passávamos nas horas de folga ou de "feriados" na Escola. Não havia Fórum nem grandes Centros Comerciais(Nem sonhados, na altura), com todas as suas solicitações. O parque era, de facto, um ponto de encontro das pessoas, que por ali cirandavam à procura de sombras, no Verão, ou a ver o lago com os seus cisnes. Andávamos de barcos a remos e conversávamos imenso, porque não havia nada que comprar. Bons tempos.

Assistência religiosa nos hospitais


NOVOS DIREITOS DOS DOENTES


O Ministério da Saúde solicitou à Comissão de Liberdade Religiosa (CLR) um projecto de um novo diploma que regulamenta o funcionamento dos serviços de assistência espiritual e religiosa hospitalar. A CLR já enviou esse parecer ao Ministério da Saúde. O Pe. José Nuno Ferreira, coordenador nacional das Capelanias Hospitalares, disse à Agência ECCLESIA que felicita a CLR pelo documento e "por verificar que se encontrou espaço para dar atenção a uma matéria tão sensível e fundamental para as pessoas que encontram doentes".
No parecer, a CLR recomenda que a assistência religiosa nos hospitais seja um direito fundamental dos doentes. A Comissão reitera também que os doentes devem ser informados desse direito.
O coordenador nacional refere um ponto que não é muito realista no funcionamento das instituições hospitalares. "A questão da inquirição à entrada do internamento". E adianta: "não é o momento oportuno para perguntar à pessoa se quer ser assistida religiosamente".
O Pe. José Nuno não concorda também que a assistência religiosa seja remetida para o período fora do tempo das visitas. "Em muitos hospitais, as visitas vão das 11 às 21 horas" - disse. E avança: "Não é muito realista".
A comissão, presidida pelo ex-Provedor de Justiça Menéres Pimentel, integra representantes de várias confissões religiosas radicadas em Portugal.
O Ministério da Saúde remeteu recentemente para a CLR um projecto de regulamentação da assistência religiosa hospitalar, tendo a comissão enviado esta semana um parecer com várias recomendações e propostas de alteração.
Além da oferta diferenciada, a CLR defende que o diploma do Ministério da Saúde contemple diversos direitos do doente, nomeadamente de obtenção de assistência religiosa "em tempo razoável" e "mesmo sem pedido expresso, desde que objectivamente se presuma ser esta a vontade do doente".
A comissão considera também que os hospitais devem assegurar, "quando necessário", o transporte dentro da unidade aos doentes que queiram praticar actos de culto, "salvo razões clínicas expressamente prescritas".
A CLR defende ainda o "direito a condições de intimidade e recolhimento na assistência espiritual e religiosa", e de posse pelos doentes de publicações e objectos pessoais de culto, "desde que não comprometam a funcionalidade do espaço de internamento, a ordem hospitalar, o bem-estar e o repouso dos demais internados".
No próximo dia 24 de Abril, em Fátima, haverá uma reunião da Coordenação Nacional das Capelanias Hospitalares.
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Fonte: Ecclesia

LIMBO

Igreja Católica
elimina o limbo para crianças
que morrem por baptizar
A Igreja Católica eliminou o limbo, onde a tradição católica colocava as crianças que morriam sem receber o baptismo, considerando que aquele reflectia "uma visão excessivamente restritiva da salvação". Num documento publicado hoje, a Comissão Teológica Internacional, que depende da Congregação para a Doutrina da Fé, declara-se convencida de que existem "sérias razões teológicas para crer que as crianças não baptizadas que morrem se salvarão e desfrutarão da visão de Deus". Esta comissão estudava o tema do limbo desde 2004 e a publicação do documento foi autorizada pelo Papa Bento XVI.
O limbo nunca foi considerado um dogma da Igreja e não é mencionado no Catecismo.
Em 1984, quando o actual Papa era perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, já tinha afirmado que o limbo era "só" uma "hipótese teológica" e o que o melhor era não o ter em conta.
O documento, por ora, foi publicado em inglês e sairá depois noutras línguas, confirmou um membro da comissão, precisando que a Igreja continuará a considerar o baptismo como o caminho para a salvação mas, nestes casos, a misericórdia de Deus é maior do que o pecado.
A mesma fonte acrescentou que os factores analisados oferecem suficiente base teológica e litúrgica para acreditar que as crianças que morrem sem ser baptizadas "se salvarão e gozarão da visão beatífica".
Segundo o publicado pela Comissão, o documento de 41 páginas considera que Deus é misericordioso" e quer que todos os seres humanos se salvem"."A graça tem prioridade sobre o pecado e a exclusão de crianças inocentes do céu não parece reflectir o amor especial de Cristo pelos mais pequenos", sublinha o texto.
O documento intitula-se "A esperança de salvação para as crianças que morrem sem ser baptizadas" e, segundo a Comissão, o limbo representava um "problema pastoral urgente, já que cada vez são mais as crianças nascidas de pais não católicos e que não são baptizados e também "outros que não nasceram ao serem vítimas de abortos".
O texto recorda que no século V Santo Agostinho dizia que as crianças mortas sem o baptismo iam para o inferno e, a partir do século XIII, começou a falar-se do "limbo" como "esse lugar onde as crianças não baptizadas estariam privadas da visão de Deus mas não sofreriam, já que não o conheciam".
A Comissão Teológica Internacional precisou no texto que durante séculos os papas procuraram não definir o limbo como tema doutrinal e deixaram o tema em "aberto". Fonte: “PÚBLICO on-line”

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Um poema de António Correia de Oliveira





PELA PÁTRIA


Ouve, meu filho: cheio de carinho,
Ama as Árvores, ama. E, se puderes,
(E poderás: tu podes quanto queres!)
Vai-as plantando à beira do caminho.

Hoje uma, outra amanhã, devagarinho.
Serão em fruto e em flor, quando cresceres.
Façam os outros como tu fizeres:
Aves de Abril que vão compondo o ninho.

Torne fecunda e bela, cada qual,
A terra em que nascer: e Portugal
Será fecundo e belo, e o mundo inteiro.

Fortes e unidos, trabalhai assim…
- A Pátria não é mais do que um jardim
Onde nós todos temos um canteiro.

In “A Alma das Árvores”

Ares da Primavera


JÁ PLANTOU UMA ÁRVORE?
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Estamos, como se sabe, na Primavera. Tempo de plantações e de renascimento das plantas.
Se ainda não plantou uma árvore, ainda está a tempo de o fazer. Preferencialmente num quintal. Se não o tiver, faça-o em casa. Há plantas e até árvores para todos os sítios. Adopte, pois, uma planta ou uma árvore.
Depois de a plantar, cuide dela como quem cuida de um filho. Sobretudo quando ele ensaia os primeiros passos. Visita a planta, ou árvore, todos os dias. Esteja atento às suas necessidades. Olhe que ela pode adoecer e é preciso tratá-la com todo o carinho. Se não souber, pergunte a quem saiba.

Um artigo de D. António Marcelino


RESPEITO PELA NATUREZA
E PELAS PESSOAS


Soube há dias, pelas agências no-ticiosas, da morte de John Billings, o pai do método natural da regulação da fertilidade, conhecido como “método da ovulação pela observação do mucos cervical”. Conheci o inves-tigador australiano, em 1980, no Sínodo dos Bispos sobre a família, em que participou, a convite de João Paulo II, juntamente com Evellyn, sua esposa e companheira na investigação e na concretização do método.
Durante mais de 25 anos, o casal Billings investigou pacientemente até ao aperfeiçoamento, que só depois divulgou, um método que respeita por completo as leis da natureza, devidamente provado e cientificamente credenciado. A ele se associaram depois cientistas de todo o mundo. Por estranho que pareça, encontrei ao longo da minha vida já vivida, médicos e enfermeiros que orientam o planeamento familiar em centros de saúde públicos, desconhecendo este avanço da ciência, que comporta, para além dos efeitos desejados, um total respeito pela natureza da mulher.
Trata-se de um verdadeiro método ecológico, é bem dizê-lo, num tempo em que parecem valer mais os pássaros e as cegonhas que as pessoas.
Quem não anda distraído, nem distante, de coisas importantes da vida sabe, perfeitamente, que o problema grave do planeamento familiar está longe de resolvido, com a seriedade que um tal problema merece. Assim, quer pelos efeitos pretendidos de um processo imediato, quer pelas diversas consequências que por vezes surgem a afectar a saúde e a vida da mulher.
A situação é mais grave e preocupante em relação a diversos químicos, mas não é também inócua quando se trata de alguns meios mecânicos.
A máquina maquiavélica e poderosa das multinacionais, produtoras de produtos orientados para impedir a fertilidade, e a luta desenfreada de interesses entre as mesmas, tem levado a que muitos dos directamente inseridos no processo, como informadores e decisores, se instalem apenas naquilo que as mesmas empresas comunicam e propõem, de mistura com benesses que não se podem perder. Assim é mais fácil e mais rentável.
Os métodos naturais foram por isso, progressivamente, depreciados e calados, mesmo por aqueles que, por dever de ofício e por honestidade profissional, os deviam conhecer bem para os poderem propor, de modo esclarecido, à decisão livre de quem procura, legitimamente, informação e orientação para regular e planear os filhos que deseja. Não se trata apenas, dado que se sonega informação a que se tem direito, de um situação injusta, frente aos utentes de um serviço público. Trata-se, também, de ver, de modo superficial e pouco honesto, um problema grave que requer uma informação correcta e uma educação acompanhada.
O pouco cuidado em todo este processo, é lamentável e tem feito diminuir, vertiginosamente, a natalidade e criado um desequilíbrio perigoso entre a prática sexual e a dimensão positiva e responsável da mesma.
A quem pode interessar esta situação? É bom que se interroguem sobre o problema e a realidade os médicos, os informadores sexuais, as associações de planeamento e os cada vez mais numerosos abortistas, por um tempo ufanos e vitoriosos em batalhas, onde a vida, as pessoas, a sociedade e o respeito pelas leis da natureza contam cada vez menos.
Ainda sou dos que acreditam que o mérito da investigação, longa e séria, de John Billings e de sua esposa continuarão a contar para os casais que reagem aos mais fácil e são fieis às opções em que natureza é respeitada e as suas leis acolhidas, de modo sempre mais agradecido.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

São Jacinto antigo

São Jacinto antigo: foto cedida por Ângelo Ribau


RECORDAR É VIVER
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Ver ou rever uma fotografia antiga pode servir para reviver pessoas, terras ou acontecimentos.
Para mim, e para muitos, certamente, é coisa sempre agradável. Acontece, como hoje, que esta foto pouco me diz. Não conheço ninguém, mas o ambiente diz-me algo, que não sei definir. Quem me poderá ajudar? Aqui fica o desafio.

Os livros

Ler é viver duas vezes
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São infinitos os louvores aos livros. Alguns chegam mesmo a preferi-los às pessoas: “A companhia dos livros dispensa com grande vantagem a dos homens” (Carlyle Thomas). Não chego a tanto. Não há livros sem pessoas. Penso antes como o filósofo Descartes, que dizia: “A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados”. E presentes – acrescento. Ou então como o “nosso” padre António Vieira, que escreveu que “o livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive”.
Aproxima-se o Dia Mundial do Livro, 23 de Abril – a oportunidade para mais uns rituais de louvor à leitura e à literatura. Um pouco por todo o lado programam-se acções. A melhor de todas é a que qualquer pessoa pode levar a cabo em quase todas as circunstâncias: pegar num bom livro (há tantos e tão bons que não adianta insistir na leitura de um livro que não agrade!) e ler. Se precisa de algum incentivo, aqui fica um: “Ler é viver duas vezes”. E mais esta pergunta, adaptada de um painel publicitário de uma grande cidade: “É este o único ser que em sua casa devora livros?” No cartaz via-se uma traça enorme.
J.P.F.
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In Correio do Vouga

Prémio para Mia Couto




MIA COUTO PREMIOU
TODA A LÍNGUA PORTUGUESA


O escritor moçambicano Mia Couto ganhou ontem o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, que abrange um universo de 37 países. Foi o primeiro escritor africano a receber este galardão.
Mia Couto é um ficcionista de rara e original sensibilidade, reconhecido e traduzido em muitos países. É especialista em vencer a barreira da linguística tradicional do Português, ao criar, em tantas páginas dos seus livros, novas palavras, numa mistura, se assim podemos dizer, da Língua de Camões com dialectos africanos, em especial moçambicanos.
Ao receber este prémio, Mia Couto premiou, também, toda a pátria da Língua Portuguesa, ao torná-la ainda mais conhecida e quiçá mais procurada pelos amantes da literatura e do pensamento de expressão portuguesa, que abrange um pouco de todo o mundo.
No seu discurso proferido ontem em Roma, o escritor moçambicano sublinha, como li no PÚBLICO, que, “a par de línguas de raiz africana, a língua portuguesa é uma das ferramentas de fabricação da identidade nacional e de construção da modernidade em Moçambique”. Diz, ainda, que “os moçambicanos estão reinventando a língua portuguesa, ao mesmo tempo que ela os está inventando como corpo colectivo, como sujeitos de uma cultura apta para o afecto e para as negociações com a modernidade”.

Pontificado de Bento XVI


Balanço de dois anos
de Pontificado
por Guilherme d'Oliveira Martins


Guilherme d’Oliveira Martins destaca sinais de esperança “muito signi-ficativos”, no pontificado de Bento XVI. A Encíclica “Deus é Amor” constituiu “talvez o momento mais forte até à data deste pontificado”, sublinha o Presidente do Tribunal de Contas.
“É um texto com muitas virtudes, designadamente no que se refere à compreensão dos sinais dos tempos, à exigência ligada às responsabilidades sociais de todos no mundo contemporâneo e a uma espiritualidade aberta e respeitadora das diferenças”, afirma, referindo o que a Encíclica tem de “extraordinariamente importante e também de inesperado”.
O balanço a fazer dos dois anos de pontificado de Bento XVI “terá de ser provisório, sobretudo porque existem, neste momento, desafios muito exigentes perante os quais se encontra a Igreja e o pontificado”, em especial nos domínios do magistério da paz, da justiça e do diálogo entre as religiões, “domínios que este Papa tem manifestado um especial interesse e empenho”.
As diferenças, comparativamente com o pontificado de João Paulo II, são muito significativas, porque são figuras muito diferentes, segundo Guilherme d’Oliveira Martins porque “Bento XVI é um universitário, foi-o durante toda a sua vida e João Paulo II teve uma experiência académica muito rica no entanto foi sempre um pastor”.
O actual Papa tem-se centrado em diversas ocasiões “nos elementos que tocam à compreensão da cultura contemporânea como cultura da dignidade da pessoa humana contra a lógica de cultura de indiferença, de esquecimento e de ausência de memória”. O desafio que Bento XVI terá pela frente, na opinião do Presidente do Tribunal de Contas está “na complementaridade que tem de ficar mais clara, entre o sentido pastoral e sentido do ensinamento e da reflexão e razão”.
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Fonte: Ecclesia

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Ares da Primavera



FIGUEIRA DA FOZ:
CENTRO DE ARTES E ESPECTÁCULOS
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Na Figueira da Foz, o Centro de Artes e Espectáculos é um oásis de paz e de cultura. No centro do edifício, há um jardim interior, que mostro aqui num simples recanto, ladeado por um claustro onde dá gosto dar uma voltas. Na recepção, à entrada, podemos colher as mais variadas informações sobre os espectáculos da semana ou do mês. Normalmente, são espectáculos de qualidade.
Mas há mais para oferecer. Exposições, livraria, jornais e revistas, bar, espaço para crianças, esplanadas, sempre com gosto e arte. A envolver tudo isto, temos o Parque das Abadias, verdejante e arborizado, e ao lado, a Biblioteca e o Museu Santos Rocha. Se puder, passe por lá.

Eduardo Prado Coelho voltou ao PÚBLICO

QUE SEJA BEM-VINDO
E COM SAÚDE
Depois de um período de doença, que o afastou do convívio dos seus leitores, no PÚBLICO, com a sua rubrica “O Fio do Horizonte”, Eduardo Prado Coelho voltou ontem. Independentemente de comungarmos ou não das suas ideias, em minha opinião, as suas crónicas valem pela oportunidade, pela acutilância e pela coragem de dizer o que pensa sobre os mais diversificados assuntos do dia-a-dia. Por isso, é sempre com curiosidade e interesse que o leio nas páginas do PÚBLICO ou noutros espaços onde faz crítica literária. Aqui, onde é, há largos anos, um divulgador do muito bom que se escreve entre nós, e não só, mas também onde critica, sem dó nem piedade, o mau que se vai editando, Eduardo Prado Coelho consegue alertar-nos para excelentes leituras. Ontem, no PÚBLICO, revela o seu descontentamento e surpresa pelas entrevistas feitas por Judite de Sousa ao cantor Tony Carreira e ao político Valentim Loureiro. E acrescenta, com sentido crítico apurado: “Com tanta gente da ciência, da tecnologia, da cultura ou do espectáculo que valeria a pena ouvir, é lamentável que coisas como estas estejam a acontecer no que se define como serviço público.” Que seja bem-vindo e com saúde, são os meus votos. F.M.

Reler os clássicos


EÇA DE QUEIROZ
É DE TODOS OS TEMPOS

Numa curta notícia do PÚBLICO de ontem fiquei a saber que o romance OS MAIAS, de Eça de Queiroz, vai ser traduzido e publicado pela primeira vez nos Estados Unidos, devendo ser posto à venda no dia 30 de Julho.
Ao dar o seu apoio a esta tradução e edição, o crítico literário norte-americano Harol Bloom considera OS MAIAS como “um dos mais notáveis romances europeus do século XIX, comparável, na sua totalidade, às melhores obras dos grandes mestres russos, franceses, italianos e ingleses da prosa de ficção”.
O mesmo crítico sublinha que a obra “revela a decadência de Portugal, no seu longo declínio, que iria culminar no regime fascista de Salazar do século XX”.
O importante desta notícia, para os portugueses do nosso tempo e para outros povos, também está, como creio, na necessidade que há de reler os nossos clássicos, que são, sem dúvida alguma, uma das principais fontes da forma do viver e pensar dos nossos antepassados.
A vida do povo e o retrato das sociedades de antanho estão mais nos romances do que nos livros de história. Com esta verdade, quem quiser saber mais dos nossos avós tem de ler os livros dos nossos clássicos. Afinal, Eça de Queiroz é de todos os tempos. Por isso, até os norte-americanos vão gostar de o ler.
F. M.

Um artigo de António Rego

LANÇAR ÀS FERAS
Dentro de casa, com os amigos, a meia voz, com preâmbulo harmónico, diz-se quase tudo acerca de todos. Até se pensa, por vezes, que é legítimo ou até pedagógico destroçar o vizinho. E há quem julgue que é higiénico e terapêutico criticar, dizer mal, acrescentar uns pós para tornar a narrativa interessante, começar por declarar que “é uma conversa aqui entre nós”. E aí vai o mundo duma ponta à outra numa mordacidade venenosa onde ganha legitimidade a parábola, a hipérbole, a maledicência pura, o escárnio, a humilhação, a mentira, a calúnia. Tudo parece legitimado pela grossura das paredes e pela confiança imensa que se deposita no interlocutor que vai repetir o esquema parcial ou totalmente. E assim sucessivamente. Chegado ao estertor do maldizer expira-se um alívio com ar de quem apenas, inocentemente, desabafou sem prejudicar ninguém, nem colocar na praça pública a mais pequena mácula acerca de quem quer que seja. A tecnologia não alterou este estado de espírito. Ampliou, amplificou, multiplicou, fez alastrar a superfície do privado, espalhou, como vento rodopiante, as penas leves duma ave imaginária que era o bom nome de alguém que, mesmo não sendo perfeito, nem por isso perdeu direito à dignidade. Se se trata de personalidade em palco ou no pelourinho da aldeia, parece que a crueldade redobra numa espécie de sadismo verbal. Explode a condenação, acende-se a fogueira, lança-se o réprobo, sem direito a honra, história, família ou afecto. Como se fora um manequim descarnado e insensível. Com culpa, meia culpa, ou culpa nenhuma. Tudo isto parece um jogo mas não é. Lançada no enriço dos media, a crueldade multiplica-se por quantos exemplares se imprimem e por outros tantos ouvintes ou espectadores, ou inter-nautas do grande circo mediático. Porque – outra agravante – passa a ser puro objecto de divertimento. Como nos coliseus e anfiteatros onde o ranger de dentes das feras a trucidar pessoas era apenas uma diversão do povo. É um regresso ao paganismo. Onde aos cristãos se pergunta em que se distinguem dos outros nos juízos cruéis que aplicam a inocentes ou culpados. Ou como deixam cair a túnica branca para se banquetearem com o sangue da dignidade dos outros.

Um artigo de Alexandre Cruz

RIGOR E SENSIBILIDADE
1. A ordem do dia, em notícias vindas da capital do país, tem sido marcada pelas consequências de um mal que muito nos perturba e atinge a nossa própria essência de ser português. A ideia que por essa Europa (dos 15, 25 e 27) vai perpassando do nosso país é de uma sementeira de razões de laxismos, facilitismos, compadrios. O dizer-se na praça pública, com se tem dito nestes dias, que professores de algumas universidades privadas da capital eram simultaneamente deputados na Assembleia da República e exerciam a leccionação para a qual não estavam habilitados mas só porque eram “figuras” e “amigos”, dá-nos uma imagem do país que não queremos mas que infelizmente existe. 2. Mais, em debate televisivo aberto, confirmou-se o já sabido sentimento de que tantas vezes as comissões de estudo (com ou sem inquérito), as averiguações em dossier, os trabalhos de grupos convidados de especialistas…todo esse laborioso cuidado em ver, rever e propor, acaba tantas vezes por cair em saco roto não se sendo (politicamente) consequente com o estudo que se solicitou e em que todos investimos. Uma sensação de inconsequência (deixando andar) percorre muitas áreas gerando sentimentos do ir deixando para amanhã o que se pode (e deve) fazer hoje. 3. Bem se sabe que problema adiado é problema multiplicado. Sem primarismos, mas uma filosofia cultural do inadiável deveria “varrer” os maus hábitos purificando o “sistema” ideológico muitas vezes laxista. Cada instituição que implode na corrupção, cada ponte ou caminho-de-ferro que sem o rigoroso e periódico cuidado caem, cada obra pública que triplica o seu preço orçamentado, cada serviço que fecha desertificando irreversivelmente o nosso interior, fala-nos de um Portugal que se adia e perde no tempo, não agarrando cada dia uma alma e um sentido de construção social fundamentais que unam em convergência os esforços de todos. 4. Não se pense que o problema são os senhores do Estado; se esses renovam elegantemente a sua frota de automóveis ou colocam as secretárias que lhes aprouver, também o empresário português em inícios de sua visibilidade, tantas vezes, das primeiras coisas que faz é comprar o melhor carro e a melhor casa. Assim, não é a dicotomia público-privado que está no centro do problema, é a questão de uma mentalidade colectiva permissiva e que muitas vezes ainda vê com maus olhos o “rigor” e a disciplina. É também neste campo da exigência cuidadosa em que estamos depois de quase todos os países europeus. 5. “Rigor”, a partir carteira da escola, terá de ser a aprofundada palavra de ordem. Todavia, não o rigor seco, do mete-medo, do ter de fazer senão advirá punição. Este terá de ser o tempo do rigor gratificante porque explicado que é para o melhor de todos (como no bom exemplo da TAP com o Eng. Fernando Pinto). Só o rigor completo combate o laxismo e a corrupção; só a separação das águas entre a amizade e a competência fará de Portugal o país da liberdade na verdade e não, muitas vezes, um arrastar-se no vício do pensar só em si; quando vieram os primeiros fundos europeus (há 20 anos), quantos senhores, falseando as aplicações, pensaram só em si em vez de formarem e investirem de acordo com as metas a atingir (?). Foi aqui que a Irlanda e a Espanha deram o salto. 6. A cultura do rigor diário com sensibilidade terá de ser, afinal, a cultura na própria vida. Naturalmente que em Portugal fez-se muitíssimo em tão pouco tempo; mas necessariamente a pergunta se se fez bem e se se gerou uma mentalidade dinâmica e responsável em tudo obtém resposta em aberto… Será que Portugal só com a justiça é que vai lá? Será mesmo que não sabemos viver e SER a liberdade? Mal vai e pobre país é aquele em que o rigor tem de entrar à força! Se o rigor vem pela força não desce ao coração, não é acolhido na sensibilidade; desaparecendo a fiscalização tudo volta ao mesmo mal… Talvez no tesouro que é a educação, de forma transversal, seja de apostar mais e melhor na formação humana e cívica; esta será o “lugar” onde será possível gerar uma mentalidade de rigor que sabe bem, pois acolhido com sensibilidade constrói comunidade. No fundo é de (noção de) COMUNIDADE que precisamos! (Dizem os estudos sociais que apesar de solidários no SOS pensamos de forma muito individualista, ideia que se aproxima muito do “Chico esperto”…).

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Ares da Primavera

Figueira da Foz: Parque das Abadias


PRIMAVERA: ATÉ QUE ENFIM!
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A Primavera, a sério, aí está. Até que enfim! Está um sol radioso e já tirei o casaco. Tempo quente como no Verão. Ou quase, melhor dizendo. Passear pelo Parque das Abadias, de relva fresca e arvoredo a dar-nos a sombra precisa, é um prazer muito grande. Ao fundo, para onde volto com frequência, estão o Centro Cultural, a Biblioteca e o Museu. Tudo espaços que são outros tantos desafios, para quem gosta de fugir da rotina.

O exemplo de Bento XVI



O PAPA COMPLETA HOJE
80 ANOS DE VIDA
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Embora tenha celebrado ontem, com uma eucaristia, o seu aniversário, o Papa só hoje completa 80 anos de vida. Uma vida cheia de Deus, como é suposto admitir, sabendo, quanto se sabe, da sua entrega à Igreja de Cristo e, por inerência, a todos os homens e mulheres de boa vontade.
Teólogo de renome, cardeal com ampla intervenção no tempo de João Paulo II, agora Papa, Ratzinger não se cansa de mostrar toda uma vitalidade impressionante. Apesar dos seus 80 anos de idade e quando tantos mais novos se apresentam reformados e conformados com nada fazer, Bento XVI dá ao mundo um exemplo digno de ser louvado.
O Governo da Igreja não é, certamente, tarefa fácil, para manter a unidade numa universalidade de culturas, raças, costumes e diferenças sociais abissais. Mas nem por isso o Papa deixa de mostrar serenidade nas decisões e ousadia nas propostas. Ainda escreve, como o prova o livro que acaba de sair sobre Jesus Cristo, que há-de ser bastante procurado e lido, numa altura em que tanto se especula sobre a vida histórica do Senhor.
Bento XVI é, portanto, um bom exemplo para todos nós, sobretudo para os descontentes da vida, para os acomodados, para os que não conseguem descortinar razões elevadas para viver com dignidade, mas ainda com objectivos abertos ao projecto de um mundo melhor para todos.

Fernando Martins

Diplomas de José Sócrates




BOM CONSELHO
DE CAVACO SILVA
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Com a prudência a que já nos habituou, Cavaco Silva deu aos portugueses mais um bom conselho. Questionado sobre os diplomas do primeiro-ministro, respondeu que esse problema “não é com certeza o mais importante para o desenvolvimento do país”. Alguns jornalistas ainda voltaram à carga, mas o Presidente respondeu, com serenidade, que teria de repetir o que já havia dito. E mais não disse.
Penso que Portugal e os portugueses estão cheios de problemas, a merecerem, sem dúvida, uma atenção e um empenho muito grandes, da parte de todos. Mas há sempre alguns que teimam em desviar a atenção do povo das verdadeiras inquietações, lançando no ar questões fracturantes, mas que em nada contribuem para a procura das melhores soluções para as muitas dificuldades que nos afligem. Se repararmos bem, haveremos de chegar à conclusão de que estas atitudes são cíclicas, teimando em alimentar questiúnculas que, no fundo, não têm valor digno de grande registo. Há órgãos de comunicação social que se aproveitam disto para vender notícias, normalmente bombásticas, na ânsia de conquistar leitores, ouvintes e telespectadores. É que há muita gente que delira com boatos, insinuações maldosas, calúnias, crimes de faca e alguidar e... diplomas mal conseguidos. Já agora, não é verdade que meio mundo está na situação de José Sócrates?
Ora, o Presidente Cavaco Silva veio lembrar, numa sessão sobre a inclusão, num País como o nosso, em que há tantos excluídos e marginalizados, que o mais importante será, em dúvida, promover a solidariedade e o desenvolvimento de Portugal.

Fernando Martins

Citação - Frei Bento Domingues

“Todas as religiões nasceram para abrir o mundo ao reconhecimento da sua Fonte e do seu Sentido, para que os seres humanos possam tornar a fazer da Terra o jardim que, muitas vezes, estragam até o tornarem irreconhecível. Na Vigília [Pascal], as religiões do mundo foram brevemente evocadas antes da religião de Israel e do movimento cristão. Pensando no espírito do encontro de Assis, talvez valesse a pena não esquecer as tradições espirituais dos Povos Primeiros, da América pré-colombiana, da China, do Tibete, do Japão, da Índia, do Egipto, da Mesopotâmia, do Irão, etc. O diálogo inter-religioso a favor da reconciliação e da paz entre os povos continua a ser urgente.”
Frei Bento Domingues, in “PÚBLICO” de ontem

Pobreza



Menos pessoas
em pobreza extrema
no mundo


As estatísticas mostram que a pobreza extrema no mundo diminuiu 21%, entre 1990 e 2004, mas, ainda assim, existem 985 milhões de pessoas que sobrevivem com menos de um dólar diário.
O documento divulgado pelo Banco Mundial (BM) - edição de 2007 dos "Indicadores do Desenvolvimento Mundial" – destaca também a diminuição da percentagem dos que vivem com menos de dois dólares diários, estimando contudo, que em 2004 ainda havia 2.600 milhões de pessoas - quase metade da população do mundo em desenvolvimento - vivendo abaixo desse patamar.
O estudo atribui ao progresso a diminuição da pobreza, a que está associada a taxa do crescimento do Produto Interno Bruto per capita, que subiu à média de 3,9% desde o ano 2000.
Outra razão considerada "chave" para que, no ano de 2004, houvesse cerca de 260 milhões de pessoas a menos em situação de pobreza extrema face a 1990, foi a massiva redução da miséria na China no período mencionado.
Contudo, as estatísticas deixam claro que o momento não é de triunfalismo, revelando por exemplo, que mais de 10 milhões de crianças menores de cinco anos morrem todos os anos por doenças que se podem prevenir.
Quanto às diferentes regiões em desenvolvimento, o estudo destaca que a América Latina tem a maior esperança de vida, com 72 anos, e também a menor taxa de mortalidade entre as crianças menores de cinco anos.
Nesta região, 8,6% das pessoas vivem na pobreza extrema face aos 9% do Leste asiático ou 41,1% da África Subsaariana.
Já a região do leste asiático e Pacífico vem à cabeça do mundo em desenvolvimento graças às elevadas taxas de crescimento, que lhe permitiram reduzir a pobreza mais rapidamente do que noutros lugares.
A região revela também vantagem na educação, ao ter alcançado a escolarização universal primária.
As regiões do Médio Oriente e Norte de África avançaram muito em educação: quase 90% das crianças acabam a sua educação primária.
O sul da Ásia tem as menores taxas de alfabetização feminina do mundo em desenvolvimento, dependendo mais da agricultura que qualquer outra região.
Na África Subsaariana a esperança de vida caiu dos 49 para os 47 anos desde 1990, devido à alta taxa de mortalidade infantil e à incidência da SIDA.
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Fonte: Rádio Renascença

sexta-feira, 13 de abril de 2007

JESUS DE NAZARÉ

Primeira obra do Papa procura devolver valor histórico aos relatos evangélicos e critica teorias que destroem a figura de Jesus . Livro chega a Portugal em Maio


O ROSTO DO SENHOR


O teólogo Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, apresenta com "Jesus de Nazaré" a sua primeira obra escrita desde a sua eleição como Papa. O livro, hoje apresentado no Vaticano, chega às livrarias (em italiano, alemão, polaco e grego) no dia 16 de Abril, data de aniversário natalício do seu autor.
Em Portugal, a obra é editada pela Esfera dos Livros e chegará às bancas no próximo mês de Maio. As edições são, neste momento, já mais de 20.
O título simples não esconde décadas de trabalho, apresentando, numa linguagem teológica narrativa, uma busca pessoal do "rosto do Senhor" e procurando demonstrar a coincidência entre a dimensão religiosa e a dimensão história de Cristo.
Ao longo dos séculos, de forma mais ou menos espectacular, têm chegado teorias muito diversas sobre a vida de Jesus, muitas vezes com a pretensão de serem a "resposta definitiva" para as questões que se levantam. O Papa, neste livro, procura responder às tendências do actual contexto cultural, que procuram distanciar o Jesus da história do Cristo da fé, quase ignorando as respostas "institucionais" sobre a figura central do Cristianismo.
Os factos históricos, contudo, podem estar ao serviço da fé. Ao longo de 10 capítulos, Bento XVI mostra-se atento aos dados da pesquisa moderna sobre Jesus e apresenta o Jesus dos Evangelhos como o verdadeiro Jesus histórico, "uma figura sensata e convincente a que podemos e devemos fazer referência com confiança e sobre a qual temos motivos para apoiar a nossa fé e a nossa vida cristã".
O Jesus que encontramos nos Evangelhos é, para o Papa, "muito mais lógico do ponto de vista histórico e também mais compreensível do que as reconstruções com que nos tivemos de confrontar nos últimos anos".
"Eu tenho confiança nos Evangelhos", afirma, com convicção.
O Papa adverte que a obra não foi escrita contra a exegese moderna, mas alerta que "os piores livros, destruidores da figura de Jesus, desmanteladores da fé, estão cheios de supostos resultados da exegese".
Este livro, cuja redacção se iniciou em 2003, continuando em "todos os momentos livres" desde que foi eleito Papa. Uma segunda parte do livro, dedicada à infância de Jesus, será publicada mais tarde.
Bento XVI entra na discussão em volta de Jesus: questão, que desde logo, desperta a atenção: há uma verdadeira história de Jesus? A verdadeira história de Jesus não está na Bíblia? A figura dos Evangelhos é credível?
No livro há um alerta: "a interpretação da Bíblia pode tornar-se um instrumento do Anticristo", se seguir caminhos errados.
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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 19

A HERANÇA DO TIO MARCOS
Caríssima/o: Não somos do tempo do Tio Marcos, mas os anos vão passando e, pessoalmente, considero-me um privilegiado por ter ido estudar para Aveiro. A vida encarregou-se de me dar uns bons pontapés para a frente. Recobrar as viagens que fazíamos de bicicleta, a caminho do Liceu ou da Escola Comercial, o contacto com os companheiros, contínuos e professores é testemunhar vivências inesquecíveis e enriquecedoras. Sentar junto de nós empregados como Estima ou João Maria Pereira Júnior, o Cochicho, professores como José Pereira Tavares, Francisco Ferreira Neves, Orlando de Oliveira (e tantos e tantos outros que continuam vivos no nosso coração!), é compendiar uma enciclopédia de Homens Bons que nos acompanharam, ampararam e marcaram rumos para o futuro. Esta lenda ajuda-nos a olhar para o nó que eles apertaram. «Esta lenda é dos antigos tempos aveirenses, em que a festa de S. Pedro marcava a vida das populações dali. E começa com o Tio Marcos, tombado no seu leito de morte, segurando as mãos dos seus filhos Albino e Jorge, se prepara para a longa jornada sem regresso. Tinha-os educado no caminho da rectidão e do trabalho e queria que assim se mantivessem. - Meu querido Albino, tu és o mais velho. Não deves esquecer-te de quanto te ensinei, ouviste? E o filho jurou ao pai que nem um só momento esqueceria as lições recebidas. - Respeita sempre o teu irmão, Jorge, ele é o mais velho. Gostaria que vocês fossem um nó tão apertado que ninguém o pudesse desatar! Comovidos , os filhos disseram ao velho que podia confiar neles. O Tio Marcos disse-lhes que assim podia morrer descansado mas, antes, queria entregar-lhes a herança. E de debaixo da sua almofada tirou um pequeno saco. - Está fechado e só o abram quando estiverem verdadeiramente aflitos. Não é muito, mas é o que vos posso deixar. Guarda-o tu, Albino, mas lembra-te que é de ambos! É leve ,mas vale uma fortuna. Mas primeiro contai com o vosso trabalho! E lá se foi o bom Tio Marcos. Os dois rapazes guardaram o saco e voltaram ao trabalho, que tinham bons braços para isso. E corria tudo muito bem para eles até que, um dia, chegou uma rapariga muito bonita à aldeia. Dizia-se que fugira de casa por não querer casar com o homem que o pai queria por força e ela odiava. E muitos rapazes da aldeia ficaram enamorados dela, incluindo o Albino e o Jorge. E ela a todos dava esperanças. Porém, aquela situação começou a criar problemas entre os dois irmãos, que chegaram a relaxar o próprio trabalho, além da amizade que os unia. Chegaram mesmo a discutir. Qualquer deles presumia ser o rapaz de quem ela gostava. Depois da discussão, cada um deles procurou a bela rapariga e combinou fugir com ela da aldeia logo depois das festas de S. Pedro. Um e outro se prontificou a deitar a mão ao saco, onde estava a herança do Tio Marcos. Porém, a rapariga conseguiu dar cabo da cabeça a um e a outro, sugerindo-lhes que matasse o irmão. E eles, na inconsciência da paixão, nem se lembravam das palavras amigas do pai. Ora na noite de S. Pedro, em pleno arraial, Albino e Jorge encontraram-se frente a frente. O primeiro tinha na mão o saco da herança do Tio Marcos. Ali mesmo os irmãos engalfinharam-se. Pareciam dispostos a matar. De repente, ouviu-se uma voz: “S. Pedro, valei-me!” E o próprio S. Pedro apanhou o saco e abriu-o. Dentro estava apenas um nó apertadíssimo. Os irmãos olharam-no e caíram em si. Houve um estrondo e a rapariga por quem lutavam desfez-se em fumo. Abraçaram-se e entenderam que estiveram a ponto de ceder ao demónio tudo de bom que neles havia!» Pisguemo-nos das aulas, fazendo um intervalo grande, e corramos aos matraquilhos à Feira de Março. Manuel
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NOTA: O texto do colaborador e amigo Manuel, publicado habitualmente ao domingo, sai hoje, simplesmente porque não sei se terei Net no fim-de-semana.

Um texto de Fernando Pessoa

A CORAGEM DE PESSOA Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…
NOTA: Texto incluído por Laurinda Alves
no seu espaço de opinião – Coisas da Vida –,
no “PÚBLICO” de hoje.

GAFANHA DA NAZARÉ


GAFANHA DA NAZARÉ
COMEMORA
SEXTO ANIVERSÁRIO DE CIDADE



A Gafanha da Nazaré vai comemorar, no próximo dia 19 de Abril, o sexto aniversário da elevação a cidade, com um programa variado e que merece a participação de todos os gafanhões.
Criada freguesia em 31 de Agosto de 1910 e vila em 1969, foi elevada a cidade há seis anos, por mérito próprio. O seu desenvolvimento demográfico, económico, cultural e social bem justifica as promoções que recebeu do poder constituído no século XX, a seu tempo reclamadas pelo povo.
A Gafanha da Nazaré é obra assinalável de todos os gafanhões, sejam eles filhos da terra ou tenham sido adoptados. De todos os pontos do País, das grandes cidades e dos mais pequenos recantos, muitos aqui chegaram e aqui se fixaram, porque não lhes faltaram boas condições de vida.
A Gafanha da Nazaré é, hoje, uma mescla de muitas e variadas gentes, que, com os seus usos e costumes e muito trabalho enriqueceram, sobremaneira, este rincão que a ria e o mar abraçam e beijam com ternura.
Importa, agora, que todos sejamos capazes de dar as mãos para tornar a nossa terra ainda mais bela e mais próspera, para que, quantos nela vivem e trabalham, sejam muito mais felizes.