quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

AVEIRO ATENTA A QUEM SOFRE

CAMPEÕES
DA SOLIDARIEDADE
O Ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, disse ontem, conforme refere o “PÚBLICO”, que Aveiro foi o distrito nacional que obteve o maior número de candidaturas aprovadas na primeira fase do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). Sublinha o Ministério do Trabalho e da Segurança Social, afirma o mesmo diário, que os projectos do distrito representam um investimento em equipamentos sociais num total de 30 milhões de euros, proporcionando mais 1876 lugares para crianças, idosos e pessoas com deficiência. As candidaturas que recolheram aceitação estendem-se a 16 dos 19 concelhos do distrito, e irão merecer, em termos totais, uma comparticipação pública de 13,5 milhões. "Se houvesse um campeonato em termos de candidaturas aprovadas, Aveiro teria tido o primeiro lugar", realçou Vieira da Silva, como adianta o “PÚBLICO”. Quem conhece o dinamismo dos aveirenses não pode estranhar estas informações e até há-de concordar que as nossas gentes, ao nível da solidariedade social, não deixam os seus créditos por mãos alheias, multiplicando, sucessivamente, estruturas de apoio às famílias, com diversas valências. E de muitos dirigentes ouvi, vezes sem conta, que mais não fazem porque não têm encontrado, por parte de alguns responsáveis, a nível estatal e autárquico, o apoio indispensável. Conheço bastantes instituições do distrito de Aveiro onde tudo isso pode ser comprovado, com pessoas que se são aos outros sem desânimo e querendo, mais e mais, ampliar instalações e criar outras de raiz, tudo para que os mais feridos da vida possam ter vida digna. De facto, não tem conta o número de dirigentes que se preocupam com os que mais sofrem. E quanto a voluntários, o número é ainda maior. Por isso, o elogio do governante é justo e oportuno, devendo ser, nos dias de hoje, um incentivo para que outros lhes sigam as pisadas, no sentido de ajudar quem mais precisa.
Fernando Martins

NATAL - 15

Santuário de Fátima: Presépio
QUANTO MAIS LUZ,
MAIS NATAL?
Um sentimento de engano (per)segue o Natal em que nos (des)encontramos. No meio de tantas luzes que brilham na noite é imensa a escuridão de corações não amados que não nascem com o nascer da Luz do 25 de Dezembro. Este dia de todos os dias, reveste o brilho inapagável de uma esperança infinita que nos quer visitar sempre, novamente, e que traz consigo o único presente que sacia a fome de sentido de vida e de paz: Deus em Pessoa, Jesus! Que tempo e lugar haverá para este “Presente” de Tudo?! Que contraditório o caminho dos homens, que até são capazes de diminuir o “outro” no natal de cada dia e depois fazer a maior árvore do mundo na quadra festiva; que distâncias entre o ser e o parecer (que conduz ao ter) dos tempos modernos. Natal, outra vez, (trans)formado em luzes e doces, excessos e supérfulos, mas em que se perdeu (ao menos) da memória a razão de tanta doçura! Porque o assinalamos? Vivemos o “resto” do Natal(?). Enquanto ele der lucro, ele existirá! O Natal para a Europa será o “resto” dessa força repleta de tradição judeo-cristã – que vende e venderá mais algumas décadas - mas já tanto vazia de sentido profundo, divino. Quando se perde a razão profunda da festa, do doce, da rabanada, a médio prazo perde-se o próprio encontro, reencontro, a alegria de uma fonte de esperança divina encontrada. Claro, haverá que acolher cada luz que brilha, cada embrulho que hoje já não seduz a criança de mão cheias, e acreditar na esperança de cada momento, cada gesto. Haverá que acreditar sempre que por traz de cada árvore enfeitada habita a procura e o presente da paz, do amor, da felicidade e, por isso, o seu brilho é partilha aberta e feliz dos que estão em casa, em que o que se festeja é mesmo o (re)nascimento de um presépio no coração humano, que nos comunica uma nova paz para o natal de cada dia! Mas… será mesmo assim: quanto mais luz mais Natal?! Como passar – reconstruindo pela positiva - de todos os gestos sociais ao sentido profundo das coisas, da vida, da razão do dia de Natal? Como dizer hoje que o Natal está sempre incompleto e precisa da nossa ajuda no aconchego para haver mais calor humano? Como fazer perdurar as luzes acesas – elas que no seu piscar parecem sempre fugidias mas sempre surpreendentes na sua beleza de cores para todos os gostos – durante todo o ano? Que contradição (e que incompreensão n’) o Natal social! Como se este tivesse razão de existir. Como é possível celebrar o nascimento da vida quando, por outro lado, porventura, se quer dizer não à vida? É uma coisa única, nem que seja pela tradição (esta que quer ser sempre convite a caminhar hoje nos porquês), é irresistível o tornar públicos os símbolos de Natal, com o seu brilho encantador e cheio de ternura; mas o mais importante de tudo, e a autêntica prova dos nove, será lermos o depois: o que ficará depois do Natal? Que coerência diante de todos os sinais brilhantes? O Natal, para o ser de verdade, precisa de cada um! É convite a todos, mas é fundamentalmente estímulo a uma vida renovada na Paz para todos. Precisa, pelo menos, da “boa vontade” humana como quem procura a Verdade e aceita dialogar ao seu encontro. “Paz na terra aos homens”, será este o sonho feito vida como fruto do humilde dar “glória a Deus nas alturas”.Que se diga bem alto: o Natal não é um museu! O Natal, tal como as luzes, não coexiste com as mentes fechadas em si mesmas; há um brilho de dignidade humana que, pelo presente de Deus, é divina e que anseia ser partilhada infinitamente nos caminhos da vida. Que na “tomada” de cada luz que brilha reine a fonte de um momento de profundo silêncio… Encontro de paz, amor, esperança!
Alexandre Cruz

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

NATAL - 14

Mensagem do Bispo de Aveiro

Repouso na fuga para o Egipto - Gerard David.

Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

O NATAL É HORA DE DEUS
E DOM DA VIDA
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São múltiplos os sinais, diversificados os gestos e variadas as expressões e mensagens que afirmam o Natal como acontecimento que dá sentido às nossas vidas e oferece encanto e alegria às nossas terras. Aveiro, cidade e diocese, testemunha esta verdade e manifesta esta alegria. As comunidades e as famílias cristãs, as instituições e as pessoas, guiadas pela estrela de Belém, sentem-se neste tempo de Natal mais disponíveis para acolher Jesus, o Príncipe da Paz, o Filho de Deus. Recebemos do tempo e da história, formas e modos, jeitos e tradições de celebração do Natal. Nesta herança revelam-se o gosto e a arte, o encanto e a verdade com que oferecemos júbilo e beleza às nossas convicções de fé e aos acontecimentos da nossa redenção. Assim se percorrem, também, caminhos de proximidade entre o humano e o divino, entre o efémero e o absoluto, entre uma humanidade em procura e um Deus que vem ao nosso encontro. Um dos maiores imperativos do Natal consiste em tornarmo-nos, em cada ano que passa, mais disponíveis para testemunhar a beleza do Natal como abençoada hora de Deus e para colocar o nascimento de Jesus no coração do mundo, no centro da história e na alma da humanidade, onde o dom da vida não pode encontrar fronteiras nem limites. Esta é, também, a missão da Igreja: anunciar, viver e testemunhar o Natal como hora de Deus e dom da vida. Celebramos o Natal na nossa Diocese de Aveiro em pleno ano pastoral dedicado à Família. Saúdo e convoco todas as famílias da Diocese para que, a exemplo da Família de Jesus, saibamos viver o Natal como acolhimento do Salvador do mundo. O Natal é igualmente oportunidade privilegiada para intensificarmos o nosso espírito solidário. Sendo hora de Deus, o Natal faz-se hora da Humanidade. De todas as iniciativas de solidariedade onde a ousadia da caridade se exprime destaco este ano, com muita alegria, a Ceia de Consoada e a Festa de Natal oferecidas e organizadas pelo Centro Universitário Fé e Cultura da nossa Diocese aos estudantes e professores estrangeiros que passam o Natal longe das suas famílias. Vêm como estrangeiros. Queremos acolhê-los como irmãos. Com eles celebramos o único e o mesmo Natal. Este é o primeiro Natal que vivo em Aveiro. Agradeço-vos o acolhimento alegre e caloroso que me ofereceis e que, desde a primeira hora, me fez membro da Família aveirense. Esta é a minha primeira mensagem de Natal dirigida à Diocese e a todos os aveirenses. Saúdo cada um de vós e as vossas famílias e estendo esta mensagem a todos os aveirenses a viver emigrados e a todos quantos, vindos de outras terras ou países, moram, estudam e trabalham na nossa Diocese. Saúdo-vos com as palavras de bênção que Isabel, a Mãe de João Baptista, dirigiu à Mãe de Jesus: - Felizes aqueles que acreditaram (Lc.1,45). Um santo e feliz Natal
+ António Francisco dos Santos Bispo de Aveiro

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 44

TUDO DA COR DA NEVE...
Caríssimo/a: E continua a chover. Seguramente que lá mais para diante, Janeiro fora, o tempo apertará e aparecerão as geadas e a neve 'na serra da Estrela'. Para quem vive nas 'cidades' só há bom tempo com sol esplendoroso e passamos a vida a queixar-nos do 'tempo', nós, os filhos do urbano - se chove, porque chove; se está calor, ... Aliás, salvo erro, já o nosso povo diz que 'o lavrador quer sol na eira e chuva no nabal'. Basculhando apontamentos em outras arcas encontrei referências a tempos vários e outros que nos farão sorrir perante a nossa incredulidade e a nossa dúvida: pode lá ser?! Vamos ver: 1938 - Jan - 11- Neva em Avanca.
" Caiu por aqui [Avanca] neve aos bocadinhos. Uma coisa como nunca tinha visto. Choveu neve aos pedacinhos, pareciam bocadinhos de algodão branco em rama. Via-se no céu tudo a mexer-se como que fossem 'boagens'. Ao outro dia estava a serra toda branca de neve. Muita gente bastante velha, nunca viram isto". [Apontamentos de Maria José Costeira] [Na agenda de Monsenhor Costeira:]
1941- Jan - 15 -"Um grande temporal assolou esta cidade (Évora), abatendo chaminés, telhados, muitas árvores e causando muitos desastres pessoais. Morreu um bombeiro e uma criança, várias pessoas ficaram feridas. Foi uma devastação nas árvores, telhados, etc.. Não há memória de tal ter sucedido há muito tempo."
16-"Continua o mau tempo: frio e ventania forte. Foi o temporal de ontem um ciclone que assolou todo o país fazendo prejuízos incalculáveis. Não há memória de tal desgraça nesta geração. Foi muito pior que o de 16 de Janeiro de 1922."
17-"Está o trânsito interrompido em quase todas as linhas férreas do país, nas estradas, etc.. Não há telégrafo nem telefones. Só a rádio." 21-"Recebi carta de minha irmã Maria, escrita em 16. Narra o que foi de trágica a tarde e a noite de 15. Em casa ruiu parte da chaminé, o telhado sofreu bastante e as laranjas caíram todas, ficando as folhas das laranjeiras como queimadas pelo fogo." 26 - "Grande ciclone varre toda a região marinhoa.” 1942 - Jan - 11- “Em Évora, caiu um nevão que constituiu um espectáculo lindíssimo nas ruas, praças, telhados, jardins e campos. Para mim foi uma coisa nova. Fiz uma bola de neve, coisa que nunca tinha feito em minhas mãos." Na esperança de 'melhores' dias fica o
Manuel

NATAL - 13

Virgem e o Menino - Lorenzo Ghiberti.
Nacional Gallery of Art.
Washington - Kress Collection
PELO NATAL
:: Recordo com saudade aqueles Natais Que celebravam o nascimento de um petiz Um momento tão marcante e tão feliz Passado numa cabana pobre de animais Eram pobres as prenditas que me dava O menino Jesus, nos Natais da meninice Um doce e algo útil. Mesmo que não pedisse Ele sabia sempre do que eu mais precisava E que podia eu esperar receber mais De um menino muito mais pobre do que eu De um menino que eu sabia que nasceu Tão pobre numa cabana de animais Era um tempo muito belo mas modesto As roupas partilhadas com os manos Os brinquedos, simples, duravam anos A imaginação e o engenho faziam o resto Hoje é diferente e faz-me certa confusão Que o Natal que era outrora de um menino Seja hoje de um velho abastado e fino Que publicita as suas prendas na televisão O Pai-Natal impôs-se no nosso imaginário... Um menino pobre numa cabana de animais Não encaixa bem nos propósitos comerciais Como explicaria qualquer bom publicitário. Recordo com saudade aqueles Natais... João Alberto Roque (22 de Dezembro de 2005)

NATAL - 12

Sagrada Família - Frei Agostinho Paolo.
Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa
A CONSTRUÇÃO DO PRESÉPIO
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«A primeira coisa a ir para dentro da gruta foi o musgo. Com muito jeito alcatifámos o chão com mantas fofas e verdes que fomos tirando das cestas. As heras foram crescendo em redor. E, de repente, o interior da gruta transformou-se numa serra verdinha, com arvoredo e cheia de pasto, a precisar de um rebanho de ovelhas e de alguns pastores. (…)
Feita com espigas de trigo, saiu da caixa uma manjedoura. Era uma boa ideia. Se chovesse ou nevasse, aquela manjedoura serviria para lá pôr o feno seco para o rebanho comer.
Outro pastor chegou. Aquele pastor, que era ainda rapazinho e tinha um chapéu roto na cabeça, foi pôr-se junto dos cordeiros. E fez muito bem. Aquela serra não estava vigiada. Se aparecesse um lobo, os cordeios, coitaditos, nem sequer teriam tempo de chamar pelo cão.
Depois apareceu uma vaca (…). Do outro lado veio encostar-se um burrinho. Logo depois apareceu S. José e foi encostar-se à manjedoura. Atrás de José, veio Maria.
O burrinho, a vaca, José e Maria estavam a olhar para a manjedoura. Bem se via que estavam preocupados. O bafo muito quente saía das narinas da vaca e do burrinho e aquecia a palha da manjedoura.
Uma estrela prateada apareceu no cimo da gruta, bem perto de um galo que não parava de cantar.
Finalmente, muito gorducho, sempre a rir, só com uma fralda de pano no corpo,o Menino Jesus foi posto na manjedoura.
Depois ficámos bastante tempo a olhar. A olhar. Calados.
O silêncio era tão grande naquela gruta que até parecia que ouvíamos o MeninoJesus a respirar tranquilamente.»
(excerto do conto Sonhos de Natal,
deAntónio Mota)
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Enviado por Sara Silva

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO

HOMENS E GOLFINHOS
Desde muito novo me habituei a ver os golfinhos pelos mares dos Açores. Não faz parte da minha infância a descoberta das suas altas virtualidades. Simpáticos, brincalhões, boas companhias nas longas viagens de barco. Pelo que percebia, os pescadores não lhes achavam muita graça, pois roubavam muitos dos chicharrinhos que deviam cair nas suas redes. E, ainda hoje, saindo um pouco da costa, o lugar certo e a hora precisa de ver os golfinhos coincide com a espuma branca do lugar onde os cardumes acorrem para as suas abundantes refeições. É a lei do mar. Passados a animais de circo ganharam alguma magia e arrastam multidões para os seus rituais de acrobacia e velocidade dentro e fora das águas. Possivelmente ultrapassaram, nalguns casos, a colheita de ternura roubando, não já cardumes que podiam servir para a mesa dos pobres, mas algum lugar de afecto que é recusado a pessoas. Agora, com as ecografias de gestação, deixam extasiados alguns que revelaram indiferença pelo início da vida… humana. Nada mais bonito que o olhar duma mulher fixado na ecografia do seu filho. O recorte, o movimento, a constituição do corpo humano surgem como o primeiro documento que os pais gostam de revelar ao familiares e amigos com uma candura que não tem preço nem explicação. A ciência sente-se cada vez mais perturbada pelo acesso ao momento luminoso do início vida. Uma vida humana no ventre materno é algo de sagrado, subtil, frágil, sublime, na total incapacidade de defesa a qualquer agressão. Os estudiosos da comunicação reconhecem que é aí, pela modulação, sem palavras nem gestos, que começa o grande diálogo entre mãe e filho. E aí se contam emoções, alegrias, afectos, projectos. Dia e noite, dias e dias, em profundos colóquios de silêncio e embalo, onde a mãe e filho nenhum gesto é indiferente. Todos se acumulam para uma aventura comum da vida. Nada há comparável à vida humana.

Natal da minha meninice

A Virgem e o Menino, de Hans Memhng, Museu Nacional de Arte Antiga

Na paz da minha tebaida, usufruindo do aconchego dos meus familiares e da companhia sedutora dos livros que me trazem recordações de tantos anos, vieram até à minha memória vivências de Natais doutros tempos. Dos tempos em que o essencial não eram apenas as lembranças compradas em lojas de modas, que o Menino Jesus de então nada tinha a ver com o símbolo comercial do anafado Pai Natal dos nossos dias.
Lembro-me, era eu um menino que acreditava mesmo nas prendas do Menino Deus, de ver minha mãe regressar da loja da Tia Joana Rita, esposa do mestre José Lázaro, com uns embrulhos que tentava esconder. Por mais que lhe pedisse que nos mostrasse o que trazia, ripostava com maus modos, mas a sorrir: o Menino Jesus não gosta nada de meninos teimosos. E lá ia esconder as simples guloseimas que na madrugada da Noite de Consoada estariam bem distribuídas nos sapatos que eu e meu irmão púnhamos num recanto da lareira da cozinha principal.
Nunca me zanguei quando descobri que afinal as prendas do Menino Jesus chegavam até mim através dos meus pais. E quando ouço alguns "sábios" que há por aí com protestos sem nexo contra o facto de se enganarem as crianças com as prendas que o Menino Jesus distribui no dia de ceia (como por aqui se diz), rio-me da ignorância dessa gente que fica, no entanto, toda contente e até acha bem que seja o Pai Natal a substituir o Deus Menino da minha infância.
Diz a psicologia que há idades para tudo: para os sonhos, para as estórias de encantar, para os contos mágicos, para o fantástico, para o faz-de-conta e para tantas outras lendas e tradições que fazem voar a imaginação por espaços irreais, tornados autênticos para muitos, cruzando-se com a vida dos homens que nem sempre podem ou sabem abrir-se aos mistérios que trazem no coração.
Não fiquem, pois, perturbados esses "sábios" que são incapazes de voar para o alto, quais águias que abarcam horizontes de belezas ímpares, para vislumbrarem os mundos de sonhos que nunca se esquecem. Quando a minha mãe me disse que o Menino Jesus apenas dava saúde a meu pai, que labutava nas águas do mar, na pesca do bacalhau, onde se iniciara em menino, com 14 anos, não fiquei nada zangado. E até me recordo que ri a bom rir e que a beijei ternamente.

Fernando Martins

TURISMO

Aveiro: Canal Central

AVEIRO:
DESTINO TURÍSTICO
DE QUALIDADE
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A Ria de Aveiro e a zona costeira limítrofe foram distinguidas como destino costeiro turístico de qualidade, através de um projecto europeu. A região lagunar é a primeira a nível nacional a ser reconhecida com este galardão. Isto mesmo noticia hoje o Diário de Aveiro, com o destaque que merece. Há muito se diz que a Ria de Aveiro e as terras que banha são riqueza paradisíaca insuficientemente aproveitada para fins turísticos. Noutros países, estas belezas naturais seriam certamente motivo para mais largos voos no campo do turismo, gerando novas fontes de rendimento e mais trabalho para muitos. Estou convencido de que, nos tempos que correm, os nossos autarcas e gente empreendedora estão mais abertos a novas formas de criar riqueza, obviamente com vantagens para toda a gente, se devidamente apoiada em projectos credíveis e com visão de futuro. A Marina da Barra, de que tanto se falou há anos, seria, em minha opinião, um projecto a reequacionar, diminuindo, eventualmente, a carga habitacional, para então se avançar. Nisso se tem empenhado a Câmara Municipal de Ílhavo, mas deve haver por aí entraves políticos e burocráticos que não têm deixado avançar o projecto, com a celeridade desejada. O mesmo se pode dizer da ponte que poderia ligar São Jacinto a Aveiro, eliminando o isolamento daquela freguesia da sede do concelho. O nosso mal, muitas vezes, é esse. Ideias inovadoras, com interesse à vista, emperram por quezílias políticas. Daí o nosso atraso no aproveitamento da nossa Ria. Fernando Martins

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

NATAL - 10

JESUS NO PRESÉPIO
- Um menor em risco
Mais uma vez vai ser Natal! Já agora, e antes de mais, Bom Natal a todos os leitores desta “coluna de opinião”. No pressuposto de que esta coluna vá correspondendo a um certo “sobressalto cívico e de cidadania” que o seu autor dela pretende, a simbologia do Natal sugere-me uma reflexão sobre a problemática que tanto (e tão oportunamente) tem andado pelas páginas do SOLIDARIEDADE muito bem tratada, a saber: os “menores em risco”.
Esta criança chamada Jesus andou com um azar miserável: filho de mãe solteira, adoptado pelo bom S. José, pessoas pobres que, como tais, levaram com a porta na cara quando, em viagem, viram chegar a hora do nascimento e pediram alojamento em várias pensões! Lá foram parar a um curral de sendo aquecidos pelo calor de animais que os humanos lhes negaram, ali viram nascer o seu Menino.
Ainda mal refeitos deste pesadelo, tomam conhecimento de que essa criança estava na mira das autoridades por representar uma ameaça ao poder dos tronos da autoridade, onde pontificava o temido Herodes que, de forma cruel, o quis eliminar à nascença, decretando a ignominiosa “matança dos inocentes”. Azar o seu: entretanto, o Menino Jesus, acompanhado por Maria e José, fugiu para o Egipto, qual imigrante clandestino sem papéis nem autorização do SEF lá do sítio.
Por lá andou uns tempos, iludindo a vigilância das autoridades, até que conseguiu regressar à sua terra para lá ir crescendo em sabedoria e ciência, preparando-se assim para a sua Missão Messiânica. O Natal evoca-nos este acontecimento histórico, de um Deus feito Homem na forma de uma Criança. Jesus pode bem considerar-se como o protector das “crianças em risco” .
É pena que a evocação desta data natalícia e os símbolos genuínos deste evento do Natal de Jesus se tenham vindo a “desidentificar” de tal forma que o comércio e as decorações natalícias tenham “eliminado” o Menino substituindo-o por um Pai Natal carregado de prendas, numa espécie de adoração ao ídolo do consumo que constitui uma cruel adulteração das cenas históricas herdadas pela tradição cristã! Afinal de contas, naquele tempo como hoje, parece que as crianças na sua fragilidade e inocência incomodam tanta gente. Porque será?
José Maia
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Fonte: SOLIDARIEDADE