terça-feira, 5 de dezembro de 2006

ÚLTIMO DIA

JANTAR DE BOAS-VINDAS
AO NOVO BISPO DE AVEIRO
Como já aqui referi, está a ser organizado um jantar, em Aveiro, com duplo sentido: de homenagem e gratidão a D. António Marcelino, que deixa o leme da barca diocesana, por limite de idade, e de boas-vindas ao novo Bispo da Diocese, D. António Francisco. O jantar vai ter lugar no sábado, 9 de Dezembro, um dia depois da entrada na diocese do novo Bispo, e nele podem participar, mediante inscrição (15 euros), todos os que estiverem interessados e puderem. As inscrições terminam hoje, pelo que ainda há tempo para passarem pelas paróquias para adquirirem a senha de entrada.

RELER É UM PRAZER

Um livro de Bernardo Santareno 




Reler é um prazer. E quando os livros me dizem algo de especial, muito maior é o prazer. O livro que ando a reler – NOS MARES DO FIM DO MUNDO – é do dramaturgo Bernardo Santareno. Foi escrito com base em duas viagens que o escritor fez, como médico, na frota da pesca do bacalhau, nos anos de 1957 e 1958. Nos navios “David Melgueiro”, “Senhora do Mar” e navio-hospital “Gil Eannes”. Nesta obra, Bernardo Santareno conta-nos deliciosas e comoventes histórias de pescadores à linha nos mares da Terra Nova e da Gronelândia, com quem privou de perto. Não se preocupou muito com os oficiais de bordo, mas enalteceu a tenacidade dos que, cada um no seu dóri, enfrentaram os mares gelados, com risco constante da própria vida. Os últimos pescadores do mundo a deixarem este tipo de pesca. 
O escritor dedica o seu livro essencialmente a esses: “A todos os pescadores bacalhoeiros portugueses, que têm o riso claro e feroz; Que sempre ocultam nos olhos um aceno de morte; Que todos os dias, naturalmente, fazem milagres de força; Que, se a pesca adrega de ser boa, cantam e bailam sozinhos, como os meninos e os loucos… Que são tipos perfeitos da raça.” 
Neste trabalho, o dramaturgo recorda-me histórias que ouvi desde menino. Apelidos de pescadores que me foram próximos, porque gafanhões e ilhavenses; naufrágios de que tanto ouvi falar, como o do “Maria da Glória”, em que morreram gafanhões meus vizinhos; a vida a bordo dos que nunca esquecem a família; as mulheres dos “mais rijos navegadores do mundo”; as competições e ‘guerras’ entre pescadores; e tantas outras estórias cheias de poesia e de ternura que é tão saboroso ler e reler.
No fim do livro, o escritor não deixa de reflectir o que foram estas viagens com estes bravos. Diz assim: “Faço, mais uma vez, o exame da minha consciência: Cumpri realmente bem? Fui o clínico seguro e decisivo, o amigo sereno e infatigável (eu ia a escrever o “pai”) de que estes mil e tantos homens precisavam? Nem sempre: por ignorância, por tibieza, por comodismo. No entanto, uma verdade quase me sossega: Eu amo estas gentes. E elas sabem que assim é.” 

Fernando Martins

NATAL - 5

UMA NOITE DE NATAL
Um dia, já lá vão 43 anos…
Foi no dia 24 de Dezembro de 1963, estou a recordar-me do silêncio da noite, como se fosse agora. Estava a nossa companhia de serviço ao “Cinturão Verde” – zona de protecção da cidade de Luanda, com arame farpado desde o aeroporto até aos “musseques” – e a nossa missão era identificar quem entrava ou saía da cidade. Tínhamos jantado isolados. Teria de haver cuidados redobrados, já que a noite seria propícia à entrada do “inimigo”. Os cigarros, únicos companheiros com quem conversávamos no silêncio da noite, eram consumidos rapidamente entre as mãos ou dentro do capacete para não podermos ser localizados. Cigarro atrás de cigarro, foram consumidos os três maços que eu tinha levado para esse dia. E agora? São 23 horas. É dia de ceia. Está tudo fechado. Como vou passar o resto da noite? Bem…pensei eu! Chamei o condutor do jipe. O “Tavira” apareceu meio ensonado: – Diga, meu Furriel. – Vamos ao “musseque”. Preciso de cigarros e pode ser que esteja por lá alguma tasca aberta. Fomos andando devagar vendo o estado do arame farpado. Tudo em ordem, menos a tal tasca que poderia estar aberta. Parámos. O silêncio parecia total, até que da loja do cabo-verdiano saíram dois pretos cambaleando de bêbados. Aproximámo-nos e os pretos fugiram conforme puderam e desapareceram na escuridão da noite. Entrei na loja e pedi dois maços de cigarros. Paguei e fiquei encostado ao balcão, aconselhando o homem a fechar a loja para evitar problemas como aquele a que tinha assistido e a ir consoar com a família. – Não tenho cá família, disse-me ele. Está na minha terra, em Cabo Verde. – Então o que faz aqui sozinho a estas horas? – Estou a ouvir esta música. E aumentou o volume do rádio para eu ouvir também… A Rádio Ecclesia transmitia músicas de Natal. A que comecei a ouvir foi “Noite Santa, Noite Serena”, cantada pelo conjunto coral “Os Pequenos Cantores de Viena”. Automaticamente a minha mente mudou-se para a minha terra: os meus filhos, a minha mulher, os meus pais, enfim, a minha família… Estavam todos tão longe e tão perto! Abandonei a loja, acenando com a mão ao cabo-verdiano sem o olhar, para não ser traído pelas lágrimas que me corriam pela face abaixo. Chegado à viatura, fiz sinal com a mão ao condutor para que seguisse. – O meu furriel está bem? – perguntou o “Tavira”. – Segue, acenei-lhe eu. Quando um homem chora tem com certeza uma razão muito forte para o fazer. Ângelo Ribau

DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTÁRIO

QUE NÃO SEJA PRECISO ESPERAR MAIS UM ANO PARA VOLTARMOS A FALAR DO VOLUNTARIADO
Celebra-se hoje o Dia Internacional do Voluntário. Mais um dia para todos, em geral, e para cada um de nós, em particular, nos debruçarmos sobre nós próprios, com o objectivo de descobrirmos o que poderemos fazer pelos outros. Tendo em mente, permanentemente, que o volun-tariado é hoje, como sempre, fundamental para o desenvol-vimento humano, numa linha da dignidade de cada pessoa, seja ela nova ou velha, rica ou pobre, culta ou iletrada, branca ou negra. Importa que saibamos descobrir, no dia-a-dia, razões para vivermos um pouco mais para quem mais precisa, directa ou indirectamente, pelo silêncio da ajuda próxima, pela cooperação com quem longe trabalha em terras de pobreza extrema, de guerras e de conflitos étnicos, de gente sem pão nem água, sem cultura e sem meios de subsistência mínimos. Penso que é importante conhecer o que fazem tantos e tantos que deixam tudo, por períodos curtos ou longos, para trabalharem para e com quem mais sofre, em tempos de imensas riquezas para alguns e de escandalosa pobreza, a todos os níveis, para muitos mais. Pensemos, pois, um pouco mais neste Dia Internacional do Voluntário. Ele foi criado precisamente para isso. E que não seja preciso esperar mais um ano para voltarmos a falar do voluntariado. F.M.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

NATAL - 4

BILHARACOS DE ÍLHAVO
E SUA REGIÃO
Ingredientes 2 Kg de Abóbora Raspa de 1 limão 400 g de Açúcar 200 g de farinha de trigo 3 ovos inteiros Canela q.b. 1 cálice de aguardente Confecção:
Cozer a abóbora na véspera, com alguma água e uma pitada de sal. Depois de cozida, coloca-se dentro de um pano pendurado, a escorrer. Vinte e quatro horas depois prepara-se a massa, misturando todos os ingredientes. Fazem-se pequenas bolinhas dessa massa que vão a fritar em óleo abundante e a elevada temperatura. Tirados da fritadeira, os bilharacos são escorridos e colocados numa travessa onde são polvilhados com açúcar e canela.
De António Angeja

Fonte: Roteiro Gastronómico de Portugal

NATAL - 3

NATAL é tempo de dar Dar espaço à reflexão, Dar mais a quem nos rodeia. Dar um pouco de nós, É este espírito de entrega que queremos celebrar! Ao oferecermos-lhe uma semente, esperamos plantar em si a vontade de dar corpo
a uma nova vida. Em sua casa ou perto dela, ajude a recuperar o verde que o fogo destruiu. Ao fazê-lo,
estará a poupar recursos e a promover o futuro Faça do Ambiente
uma prioridade para 2007!
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Fonte: Texto que me chegou
de uma campanha sobre o Ambiente

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

A FORÇA E A ALMA
DO VOLUNTÁRIO
1. O estado do mundo bem precisa que o espírito humano se eleve repleto de dons da simplicidade e gratuidade. O espírito da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mais que trinta artigos escritos, querem ser um desafio permanente a uma vida com sentido que procura viver e partilhar em solidário espírito de serviço. Esta abertura de espírito que vence a limitação da “fria” razão, será a única via do encontro e reencontro consigo mesmo e com o outro, num atingir plenamente a realização humana. Dia 5 de Dezembro celebra-se o Dia Internacional os Voluntários para o Desenvolvimento Económico e Social. É certo que todos o somos cada dia… Mas, que seria hoje do mundo sem o Voluntariado organizado? Que seria da Humanidade sem esta frescura de espírito que, de forma, organizada mas sempre flexível vai abrindo persistentes portas de esperança? Mas…nestas questões estamos cada hora a (re)começar, pois a oferta é sempre maior que a procura. Falta, ainda, um longo caminho a percorrer. O espírito de Voluntariado como serviço é interminável; é como as cerejas ou como o novelo que se abre e sempre abre mais e mais. É tal a sua preponderância, que, verdade se diga, hoje qualquer organização, pontual ou estruturada, integra essa força livre, pacífica e generosa do Voluntário.
2. Fala-se muito das preocupações da educação, cidadania, sociedade; sente-se a problemática social do desinteresse das novas gerações em relação ao bem comum, imersas, porventura, num indiferentismo que vai alastrando e desgarrando os laços de entreajuda; constata-se sempre a dificuldade da participação cívica nos espaços comuns pensando, todavia, que são modelo único, mas esquecemos que o “fazer” com reflexão poderia ser um potencial de estímulo realista e atractivo para quem anda à procura (e todos sempre andamos…). Fazemos o diagnóstico das problemáticas e das situações no gabinete cheio de computadores, e do computador até andamos fechar esta instituição ou abrir aquela; vivemos mergulhados em papéis (num modelo de dedução) em vez de dar mais a primazia à realidade com projecto, à visão, à pessoa, ao olhar inclusivo para transformar a mesma realidade. É que só partindo desta é que poderemos implicar “todos”, idealizando caminhos de envolvência “com” e não meramente projectos “para” como se esquecesse o real. Há uma imensidão de potencial educativo e institucional que, hoje mais que nunca, o Voluntariado contém. Abrir-se a ele e antecipar todo o futuro! 3. Não será por mero acaso que hoje se sente que toda a rede de instituições que cooperam em comum, todas as ONGD’s (Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento) “aquecem” o planeta frio de um racionalismo (económico, tencológico ou mesmo distraído da vida); toda essa imensidão de instituições das mais formais às menos, e cada uma com as suas virtudes e limites, são, sem dúvida no mundo actual a nova frescura capaz de ir criando pontes fecundas entre os povos. Mas, para quando uma maior clarividência em todos este processo (Voluntariado) rico de potencial transformador da mentalidade comum? Quando as instituições educativas convidam e integram formalmente no seu projecto de formação humana e escolar toda a vasta experiência do espírito de Voluntariado (que tanto terá a dizer mesmo para as tenras idades, pois parte da experiência prática)? Quando as próprias Organizações de Voluntariado terão maior capacidade de abertura e permuta para uma educação social aprofundando toda a sua riqueza educativa e transferindo-a para os sistemas de educação? Aprofundar o caminho já percorrido para haver mais pontes educativas será hoje essencial. Não se pode esperar mais!... Uma realidade nos parece certa: um potencial imenso de educação para as causas humanas fundamentais continua “desperdiçado”; claro que para o acolher e integrar em projecto, além da abertura de espírito responsável de todos, será necessário vontade política explícita.
4. Não se pense que estamos diante de um terreno novo. Valerá a pena a este propósito referir que já no ano de 1990 foi aprovada a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO VOLUNTARIADO, adoptado pela 11ª Conferência Bienal da IAVE (International Association for Volunteer Effort), em Paris, 1990, com a presença de voluntários de todo o mundo (ver http://www.portaldovoluntario.org.br/site/pagina.php?idconteudo=224; http://www.unv.org/). Se “cada pessoa que se eleva, eleva a própria humanidade”, também poderemos dizer que cada Voluntário que tem consciência da sua missão vai, assim, transformando o próprio mundo. Claro que não falamos numa perspectiva de voluntariado como um SOS (nada disso!); falamos, sim, da mudança de mentalidade que saiba incluir numa visão de futuro todas as forças positivas assentes nos valores fundamentais. Que maior exemplo que a acção solidária / voluntária que fala mais alto que todas as palavras? (Um processo partindo da realização à reflexão.) Hoje o Voluntariado não tem fronteiras e vence todas as barreiras sócio-políticas! Que o digam as catástrofes diversas... Mas porque é que se fica só por aqui? Porque não se tira a “lição” para uma educação universal? É, por isso, em potencial, o voluntariado, uma força imparável de energia e alma que transparece o querer ansioso de um mundo bem mais sensível, bem melhor! É este o segredo e a esperança que perpassa no coração dessa multidão bem especial dos Voluntários! (Para ver, em Portugal, Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado: http://www.voluntariado.pt/). Tão longo é o caminho (de nós próprios), e imensa a distância entre as nossas palavras e a sempre premente realidade!