domingo, 19 de novembro de 2006

LIVROS

CADA DIA HÁ MAIS 50 LIVROS
O semanário "SOL" noticiou ontem que em cada dia são publicados em Portugal 50 livros. No ano passado entraram nos escaparates das livrarias 16 mil títulos, quase o triplo de há dez anos.
Ao contrário do que se tem dito, afinal publica-se bem no nosso País, havendo assim literatura para toda a gente e para todos os gostos. O que importa, a meu ver, é que se estimule o gosto pela leitura, levando os portugueses a ler mais e a ler o que é bom.
Apesar de se publicar bem em Portugal, penso que isso não será o suficiente para deixarmos os últimos lugares, a nível europeu , na tabela de leitores. Há, por isso, um longo caminho a percorrer, com a colaboração das famílias, escolas e outras instituições.
É conhecida a importância da leitura como fonte de saberes. Sem leitura, ficamos mais pobres e com ideias limitadas do mundo. Por outro lado, importa saber escolher os bons livros, tendo em atenção as críticas dos entendidos e os conselhos dos mais informados a este nível. É que há livros que são pura perda de tempo, apesar das suas grandes tiragens, enquanto outros, de muito mais valor, ficam esquecidos nas prateleiras das livrarias.
F.M.

QUESTÕES DE EDUCAÇÃO

Afirmou Júlio Pedrosa, Presidente do Conselho Nacional da Educação
Eliminar as «calamidades»
na educação
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No âmbito do debate naci-onal sobre a educação, o Conselho Nacional da Educação (CNE) organizou um seminário sobre “Equi-dade na Educação: preven-ção de Riscos Educativos”.
Em declarações à Agência ECCLESIA Júlio Pedrosa, Presidente da CNE, subli-nhou que é fundamental “uma maior capacidade de integração das diferentes competências e programas existentes no terreno”.
Com a pluralidade étnica existente nas escolas e o aumento do insucesso escolar, Júlio Pedrosa afirma também que como estas realidades são locais “é fulcral envolver todos os agentes e instrumentos que no terreno têm responsabilidade de lidarem com estas questões”. E avança: “olhar também para estes problemas mais cedo”. Os participantes destes seminário apelaram ainda para a “criação de oportunidades mais frequentes para encontro destes diferentes actores”. O trabalho em rede poderá ajudar a limitar estes riscos educativos. “Só assim os programas encontram destinatários que estão ao alcance de diferentes pessoas.” Num país tão “carente de trabalho continuado”, todos os actores “são poucos” para responderem aos problemas existentes. Certamente, as instituições – “como a Escola Católica” - que tenham condições “devem mobilizar-se para responder de forma mais efectiva” – salientou o presidente do CNE. E avança: “é uma certa calamidade que nós temos em alguns territórios do país”. A Escola Católica, que conhece estas realidades e “tem associadas comunidades sensíveis a estas realidades sociais poderá dar um certo contributo” – afirma. Nesta iniciativa apresentou-se também um estudo – apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian – sobre uma área do Porto (Campanhã e Bairro do Lagarteiro) onde “há contextos sociais difíceis que geram um grande abandono escolar e situações de vida das crianças que conduzem ao risco”- frisou Júlio Pedrosa. Com este tipo de trabalho, “adquirimos uma percepção - muitas vezes não existe – que há muitas crianças que abandonam e não são visíveis”. Perante estes casos é fundamental continuar a procurar instrumentos para lidar com estas situações. “Estratégias pedagógicas e formas de tratamento com a diversidade existente na sala de aula” – disse Júlio Pedrosa. E acrescenta: “De tal forma que as crianças com diferentes condições de aprendizagem possam ser levadas o mais longe possível”.
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Fonte: Ecclesia

IMAGENS DE AVEIRO

RUA DIREITA... MUITO TORTA
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Penso que em cada cidade há uma Rua Direita, muito torta. Em Aveiro também. Diz-se que se chama assim por nos conduzir mais depressa ao centro. Pode ser...
Um dia destes andei pela Rua Direita da cidade dos canais. A cidade da minha infância e juventude, onde estudei, e da minha idade adulta, onde desempenhei tarefas diversas.
Quando lá vou, com frequência, recordo sempre pessoas e recantos que me fazem reviver casos e pessoas. E confesso que é bom correr o tempo desde a infância até agora, de que guardo indeléveis momentos de satisfação interior.
Na Rua Direita cruzei-me com muita gente conhecida... Os nomes já me escapam, mas os seus rostos são-me familiares e dizem-me qualquer coisa....
Há anos, quando ia a Aveiro, fazia-o, normalmente, por deveres profissionais. Agora vou lá sem pressas, sem programa, sem objectivos muito bem definidos. E talvez por isso, vejo muito mais: gente que passa, exposições que nos convidam a entrar, edifícios com história, estabelecimentos modernos, casas em ruínas, flores nas varandas, ovos moles que apetece saborear, eu sei lá que mais!
Hoje aqui deixo o desafio a andar pela cidade sem rumo certo. Hão-de ver que sabe bem!
Fernando Martins

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

A mentira da morte
e a morte da mentira
Terminou ontem no Porto um colóquio sobre "O Homem e a(s) Mentira(s)". Coube-me falar sobre o tema em epígrafe.
Afinal, quem mente: a morte ou o Homem?
Ninguém sabe o que é morrer. Mesmo que tenhamos visto alguém morrer, foi de fora. Vimos alguém ainda vivo. Depois, é uma ausência.
Ninguém sabe o que é estar morto. O que é estar morto para o próprio morto?
Dizer, perante o cadáver do pai, da mãe, do amigo, da amiga, do filho, da filha, do irmão, da irmã: o meu pai está aqui morto, a minha mãe está aqui morta, o meu amigo, a minha amiga, o meu filho, a minha filha, o meu irmão, a minha irmã está aqui morto, está aqui morta, não tem sentido, pois o que falta é precisamente o sujeito. Eles não estão ali. Se estivessem, não estavam mortos. Onde estão então? Há aquela pergunta infinita que Tolstoi coloca na boca de Ivan Ilitch moribundo: onde é que eu estarei, quando cá já não estiver?
Dizer que os levamos à sua última morada é outro contra-senso da linguagem. Quem é que se atreveria a enterrar ou a cremar o pai, a mãe, o filho, a filha, o amigo, a amiga, o irmão, a irmã?
E também não faz sentido afirmar que vamos ao cemitério vê-los. Nos cemitérios, com excepção dos vivos que lá vão, não há ninguém.
Mas então o que há nos cemitérios, para que a sua profanação seja, em todas as culturas, um crime hediondo? Há a memória. Mas o que sobretudo há é o que nos faz homens: um in-finito ponto de interrogação, que vem ao nosso encontro como pergunta in-finita: o que é ser Homem?; porque é que há algo e não nada? A morte coloca-nos perante o abismo do nada. E o que é que se diz sobre o nada?
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GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 40

OS CARTÕES TÊM COR?
Caríssimo/a: “Anos de Cristo!” “Biscoito!” “Cadeira de S. Pedro!”
E os números vão saindo da saca... Os rapazes, sentados à volta na eira, com os cartões desbotados à sua frente, fazemos as marcações com pedrinhas que foram sendo guardadas nos bolsos das calças. Quando alguém do lado dá alguma sugestão ou ajuda, a reprimenda sai de jacto: - Não fales que dá azar! Só se ouve a voz do 'cantador' que atira um número de cada vez:
“A conta que Deus fez!” “Palitos da Areosa” “Cuidado qu'o burro arrebenta!” Foi precisamente este número, o 40 (será que estava nos meus cartões?), que me recordou este jogo que tantas tardes nos ocupou nos recantos mais sossegados. Já não me lembro de quem eram os cartões, nem tão pouco as suas cores se me apresentam, tão desvanecidas elas estavam, agora o que me vem logo à ideia era a pergunta que fazíamos: - Quarenta: “cuidado que o burro arrebenta”! E então o noventa? E todos os outros 'entas'? A cantilena dos números é assaz curiosa e remete-nos para a forte tradição religiosa, para cenas da vida real e factos ocorridos com o seu quê de pícaro ou mesmo picante. Mas a nossa dúvida vinha só na facilidade com que o 40 rebentava o animal! Agora aqui sentado até acho fácil a solução (será solução? será fácil?). Não terá a ver com os 'quarenta dias que Jesus passou no deserto'? Ou melhor, com os 'quarenta anos que Moisés levou a atravessar o deserto'? Enormidade, duração desconhecida e sempre a apontar muito, muito tempo... Nestas buscas pelos dicionários até houve um que me mostrou uma curiosidade que partilho: “nas línguas persa e turca, a 'centopeia' é chamada 'quarentopeia'! Sabias que eu não sabia? XUI! Manuel

sábado, 18 de novembro de 2006

SÍMBOLOS DE NATAL

O MENINO JESUS
FOI UM MARCO
DA NOSSA CIVILIZAÇÃO
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Hugo Chávez, presidente da Venezuela, disse, há dias, que não queria nos departamentos públicos símbolos de Natal que nada tivessem a ver com as tradições do país. Excluía, assim, os Pais Natais, que foram uma criação dum célebre refrigerante americano. Quer, por isso, que os enfeites de Natal andem à volta do Menino Jesus. Não sou contra proibições deste género, que podem ser um desafio à desobediência das pessoas, virando-se o feitiço contra o feiticeiro. Mas sou a favor de uma pedagogia que leve as pessoas a pensar um pouco. De facto, a nossa sociedade, marcada pelo consumo, impôs por todo o lado o velhinho de vermelho, com a sua história de oferecer prendas aos meninos na quadra natalícia. Nada tenho contra a publicidade que se serve das armas que entender para vender os seus produtos. Mas acho que a nossa sociedade não devia descurar os símbolos natalícios, com o Menino Jesus a envolver-nos, com toda a sua ternura, no Natal que se avizinha. Ao lado dos comerciantes que se agarram ao que faz vender mais prendas, penso que nós, sobretudo nas nossas casas, podíamos e devíamos utilizar enfeites que nada tivessem a ver com o Pai Natal, mas sim com o Menino Jesus, que foi um marco da nossa civilização. Fernando Martins

UM ARTIGO DE FRANCISCO SARSFIELD CABRAL NO DN

CIENTISMO NÃO É CIÊNCIA
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"O cristianismo não implica um conflito inevitável entre a fé sobrenatural e o progresso científico." Estas palavras do Papa Bento XVI, pronunciadas na semana passada, passaram despercebidas entre nós. Não parecem trazer novidade, até porque o actual Papa tem repetidamente valorizado a racionalidade humana, em particular a de raiz grega, enquanto património da própria mensagem cristã. Só que no passado Verão levantou-se algum alvoroço em torno de uma eventual rejeição, pela Igreja Católica, da teoria da evolução de Darwin. Bento XVI reunira em Castelgandolfo, a sua residência de Verão, alguns antigos alunos para, com a ajuda de peritos, debaterem o tema "evolução e criação". Ora um artigo do cardeal de Viena no The New York Times em Julho de 2005 e duas declarações de Joseph Ratzinger nesse mesmo ano haviam levantado suspeitas de que a Igreja Católica poderia vir a reabrir um conflito com o evolucionismo de Darwin. Conflito muito aceso nos Estados Unidos, mas por parte de algumas igrejas protestantes, que reclamam a proibição do ensino das teorias de Darwin nas escolas ou, pelo menos, querem o ensino simultâneo do "criacionismo".
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