terça-feira, 31 de janeiro de 2006

PROFESSOR EGAS MONIZ VAI SER HOMENAGEADO

FACULDADE DE MEDICINA DE LISBOA VAI COMEMORAR O CINQUENTENÁRIO DA MORTE DO
PROFESSOR EGAS MONIZ A Faculdade de Medicina de Lisboa vai promover uma sessão, no dia 6 de Fevereiro, pelas 9.30 horas, no Grande Auditório do Edifício Egas Moniz da Faculdade de Medicina de Lisboa, comemorativa do cinquentenário da morte do distinto Professor, que foi honrado com o Prémio Nobel da Medicina.
Nessa ocasião, também será descerrado um Medalhão que dá nome ao Edifício Egas Moniz da FML.
Com o seu nome, está patente ao público, em Avanca, sua terra natal, um museu com diversas colecções, de teor muito variado, incluindo uma sala que conta a história dos estudos científicos que desenvolveu e que lhe deram o Prémio Nobel, em parceria com outro sábio.

FESTAS SEM FOGUETES

FESTAS, SIM;
FOGUETES, NUNCA O secretário de Estado do Desen-volvimento Rural e das Florestas garante que, no Verão, será proibido o lançamento de foguetes e de balões com mecha acesa. Até agora, era permitido o lançamento de foguetes mediante licença e presença de bombeiros no local. Rui Gonçalves afirma que os foguetes são responsáveis por alguns dos grandes incêndios e como tal serão proibidos no chamado "período de risco", que corresponde, «grosso modo» ao Verão. O diploma do Governo, que prevê coimas elevadas, deverá ser discutido na Assembleia da República já em Fevereiro e a sua aprovação está prevista para Março.
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Fonte: RR

BANDA LARGA NAS ESCOLAS

Sócrates coloca Portugal
no topo da UE O primeiro-ministro garantiu hoje que a ligação de todas as escolas públicas do país à Internet em banda larga representa um salto tecnológico que coloca Portugal no topo dos países da União Europeia nesta matéria. José Sócrates falava durante uma deslocação à escola básica do 1º ciclo de Oriola, no concelho de Portel, onde o Governo quis assinalar a conclusão de “um dos projectos mais emblemáticos do plano tecnológico”.“As escolas ficam agora na vanguarda tecnológica e este projecto é muito importante para esbater diferenças entre o litoral e o interior, entre o centro e a periferia", afirmou o primeiro-ministro.
Acompanhado pelos ministros da Educação, Ciência e do Ensino Superior e Obras Públicas, Transportes e Comunicações, José Sócrates considerou que a informatização do país é essencial para o seu crescimento económico e sublinhou que Portugal tem de queimar várias etapas nesta matéria para alcançar outros países europeus.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Um artigo de António Rego

O ESPLENDOR DA CARIDADE
Algo de surpreendente aconteceu em torno da primeira Encíclica de Bento XVI. Com um título curto, óbvio, aparentemente abstracto para as lógicas de marketing de hoje, eis que suscita um volume impensável de informação e comentário, quer nos media confessionais, quer nos laicos ou mesmo adversos. E em todos os casos, com algum desconcerto acerca dum homem que foi duramente criticado antes de ser Papa e, quando eleito, apontado por apressados comentadores, de conservador impiedoso e intolerante.
Ainda que muitos continuem a falar sem nada perceberem do que dizem, eis que paira um olhar suspenso sobre uma Encíclica acerca do Amor que surge com uma clareza meridiana, um suporte histórico e bíblico em tudo o que exprime, desde a antiguidade clássica, passando pelo Antigo e Novo Testamento, e descendo às mais duras exigências no terreno social.Tudo se tece com uma lógica cerrada, uma argumentação sólida e simultaneamente uma doçura inexcedível, ao olhar Deus como Amor e o homem e mulher como seres amados, e que se amam no seu todo sem pertença ou exclusão de Afrodite ou Platão.
Nesta palavra do Papa o amor humano ganha um estatuto de nobreza no seu todo de pessoa, mais que soma ou exclusão de corpo e espírito. Por isso Bento XVI nem por um momento se esquiva à temática do amor, na viagem fascinante do eros à agape, procurando, como disse, restituir à Caridade todo o seu esplendor. E tudo se consumando, tal como havia procedido, no amor de Deus.
Bento XVI entrou num terreno essencial de Deus e do homem. Sem um entendimento sobre o amor, a nada nem a ninguém se pode pedir clareza, entrega, afecto. Sem arremessos nem condenações primárias de moral legalista, o Papa convida a Igreja e quem se sinta dela companheira no itinerário da história, a um retempero de esperança e de força pela aproximação ao calor imanado do âmago de Deus.
Estamos perante um hino, mais convincente e sedutor que qualquer arremesso de condenação ao homem de hoje, ele próprio profundamente carente da experiência do Amor à medida de Deus. Quem experimenta a dessedentar-se nas águas cristalinas não mais vai beber às lamas dos pântanos desgovernados.

Pintura de Van Gogh

Van Gogh: auto-retrato
:: VAN GOGH IMPRIMIU À SUA PINTURA HARMONIA E CONCÓRDIA ::
Vincent Van Gogh nasceu em 1853 e faleceu em 1890. Filho de um pastor protestante, cedo se sentiu atraído pela pintura. Ao longo de uma vida desequilibrada e trágica, Van Gogh imprimiu à sua arte, obsessivamente, harmonia e concórdia, tendo considerado o seu ideal artístico, desta forma: "Qualquer coisa de pacífico e agradável, realista e todavia pintado com emoção; qualquer coisa breve, sintética, simplificada e concentrada, cheia de calma e de harmonia pura, reconfortante como a música".

CNIS DEFINE NOVO RUMO

PARA AS IPSS
HÁ NOVOS
CAMINHOS
A PERCORRER A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) elegeu, no passado fim-de-semana, uma nova direcção nacional, que será presidida pelo Pe. Lino Maia. Este foi um dos momentos centrais do II Congresso da CNIS, que contou com a participação de cerca de 1300 congressistas.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o Pe. Lino Maia lembra que a Confederação “representa muitas respostas sociais”, concretizadas nas cerca de 4 mil Instituições de Solidariedade Social que existem no país. Para todas elas “há novos caminhos a percorrer”.“Penso que a CNIS não pode ser apenas a organização representativa das IPSS, deve ser também um movimento social, onde se reflicta e se implementem respostas para o terceiro sector, à procura de uma maior qualidade de vida para os portugueses”, acrescenta.
Na abertura dos trabalhos, o Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu a solidariedade e a co-responsabilidade solidária para com as pessoas, tendo destacado o papel fundamental da CNIS no desenvolvimento social do País.O documento conclusivo apela ao fim de “atitudes de desconfiança em relação ao Estado, aos cidadãos e às IPSS, criando-se um clima de transparência no relacionamento”. Ao Estado é pedido que reconheça e apoie as instituições de solidariedade social, “já que estas contribuem activamente para o processo de desenvolvimento e democratização social, cultural e económico”.
O Pe. Lino Maia assegura que a CNIS não pretende ser “uma força de oposição nem de bloqueio” em relação ao Estado, embora lamente que as Instituições sejam, muitas vezes, “ignoradas”. “Queremos estabelecer relações de parceria, franca e transparente, com um melhor enquadramento legal deste sector”, adianta.

MENSAGEM DO PAPA PARA A QUARESMA

BENTO XVI APELA DE NOVO À CARIDADE
Bento XVI apela àqueles que governam e têm nas mãos o poder económico e financeiro, para que “promovam um desenvolvimento baseado no respeito da dignidade de cada homem”. O apelo surge na Mensagem do Papa para a Quaresma deste ano 2006, uma mensagem hoje divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé, mas que já se encontrava disponível num opúsculo publicado pela Livraria Editora Vaticana.
O tema escolhido por Bento XVI na Mensagem para a Quaresma é baseado numa passagem do Evangelho de São Mateus: “Jesus vendo a multidão, sentiu compaixão”, para convidar os cristãos de todo o mundo a experimentar a caridade.
Neste sentido, na Mensagem salienta que “os cristãos devem aprender a avaliar com sabedoria os programas de que quem os governa”, sublinha a liberdade religiosa, “entendida, não simplesmente como possibilidade de anunciar e celebrar Cristo, mas de contribuir para a edificação de um mundo animado pela caridade”. “A Quaresma – escreve o Papa – é tempo privilegiado de peregrinação interior em direcção Àquele que é a fonte da misericórdia”. Uma peregrinação que “nos acompanha através do deserto na nossa probreza”.
Bento XVI convida, ainda, nesta Mensagem, os fieis de todo o mundo para que se preparem para a Páscoa com um “empenho vivo e urgente para com os pobres do mundo”, porque, afirma, “o primeiro contributo que a Igreja oferece ao desenvolvimento do homem e dos povos não se substancia em meios materiais ou em soluções técnicas, mas no anúncio de Cristo que educa as consciências e ensina a autêntica dignididade da pessoas e do trabalho, promovendo a formação de uma cultura que responda verdadeiramente a todas as perguntas do homem”, acentua o Papa.Esta pequena publicação com a Mensagem para a Quaresma, por enquanto está a venda na Livraria da Editora Vaticana, por 1 Euro.
A Quaresma tem início com a Quarta Feira de Cinzas, no dia 1 de Março, e termina com a Solenidade da Páscoa no dia 16 de Abril, que este ano coincide com o79º aniversário natalício do Papa Ratzinger.
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Fonte: Ecclesia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Um artigo de Tiago Mendes, no Diário Económico

Uma questão de coragem

Maioria absoluta. PR cooperante. Eleições a mais de três anos. Uma receita dificilmente superável. Terá o PM coragem para cumprir o seu dever?As reformas de que o país necessita são sobejamente conhecidas. Destacaria três: as reformas das relações laborais e do sistema de pensões e a revisão profunda da Constituição. Esta última é especial, por influenciar todo o quadro legislativo. O espírito datado que lhe subjaz – bem patente no seu Preâmbulo, onde se “afirma a decisão do povo português de abrir caminho para uma sociedade socialista” – é um significativo obstáculo aos desafios de hoje. Tudo boas razões para dar a essa revisão uma prioridade elevada. Mas as reformas são mero aperitivo para o que nos motiva hoje: reflectir sobre o futuro quadro relacional entre Presidente da República e Primeiro-Ministro – uma análise que requer uma atenção especial às ambições políticas e restrições à acção de cada um.

Cavaco Silva deixou duas ideias ao eleitorado: a vontade de cooperar com o PM e a preocupação com os direitos sociais. A primeira, dirigida ao centro-direita, indica uma predisposição para sancionar medidas difíceis. A segunda, mais apelativa para o centro-esquerda, sugere uma indisponibilidade para contribuir para que certos direitos adquiridos sejam postos em causa. Portanto: tensão latente. Tendo Cavaco a natural ambição de ser reeleito daqui a cinco anos, terá como restrição principal o cumprimento daquilo que reiterou na sua campanha eleitoral. Com fortes candidatos de centro-esquerda à espreita – Guterres, Vitorino, Freitas do Amaral –, não poderá improvisar muito sobre o tema da moderação.

José Sócrates é inteligente e saberá ler os condicionamentos estratégicos do PR. A sua restrição – que garantirá a sobrevivência do Executivo e a aprovação das suas propostas – é a de ter de “resguardar” Cavaco, evitando dar-lhe um protagonismo excessivo no apoio a medidas governativas por tomar. As ambições são ambivalentes. Sócrates pode sonhar com um lugar da história – fazendo fé no “atrás de mim virá quem de mim bom fará” – ou pode contentar-se com o curto prazo. Se optar pela primeira, que se lembre de Maquiavel quando este aconselhava o Príncipe a tomar todas as medidas difíceis de uma só vez. O óptimo? Avançar com todas elas já em 2006, longe das pressões eleitoral e partidária. Se as adiar, ter-se-á seguramente perdido uma oportunidade única. O Primeiro-Ministro sabe que pode tornar-se numa espécie de “Blair à portuguesa”. Que ele o deseje, não é difícil de adivinhar. Que ele o consiga, é tudo menos líquido. A obsessão pairará sobre Sócrates. Ter ou não ter coragem – eis a questão.

Publicado no Diário Económico, a 25 de Janeiro de 2006

Papa pede cruzada mundial contra a miséria

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PAPA DENUNCIOU
OS DESEQUILÍBRIOS QUE EXISTEM
NA HUMANIDADE
Bento XVI pediu ontem aos líderes mundiais que unam seus esforços para superar os "graves desequilíbrios" do planeta, e estimulou os jovens a serem "construtores da paz".Falando após a recitação do Angelus na Praça de São Pedro, o Papa assinalou a celebração do Dia Mundial contra a Lepra, doença que é "sintoma de um mal mais grave e mais profundo: a miséria".
"Dirijo uma saudação especial aos leprosos e aos voluntários que os assistem", disse."A lepra é o sintoma de um mal mais grave e mais importante: a miséria. É por esta razão que, à semelhança dos meus predecessores, renovo o apelo aos responsáveis das nações para que unam esforços para ultrapassar os graves desequilíbrios que penalizam hoje ainda uma grande parte da humanidade", prosseguiu o Papa.
Bento XVI aproveitou também o fim de Janeiro, mês da Paz, para aconselhar os jovens a exercitarem a paz, seguindo o exemplo do seu “treinador”, Jesus, numa saudação especial aos jovens da Acção Católica de Roma.Os 5.000 jovens da Acção Católica participaram nos “Cem metros pela paz”, que iam desde o início da Via da Conciliação até à Praça de São Pedro.
O lema desta iniciativa, promovida também pelo Centro Desportivo Italiano, era “Se treinas na paz, és o atleta de que gostamos.
No final do Angelus, duas crianças da Acção Católica foram ao apartamento papal, para ir à janela juntamente com o Papa e, de lá, soltar duas pombas como símbolo de paz."Confio-vos a tarefa que propus a todos na mensagem do dia 1 de Janeiro: aprendam a dizer e fazer a verdade e transformem-se em construtores da paz", disse Bento XVI aos jovens.
O Papa lançou depois, como o fazia o seu predecessor João Paulo II, duas pombas brancas, mas uma das aves preferiu regressar ao calor e voltou a entrar pela janela aberta. "Ela preferiu ficar com o Papa, mas reencontrará a sua liberdade", gracejou Bento XVI.
Fonte: Ecclesia

PLANETA SEMELHANTE À TERRA

Astrónomos identificam
planeta com características
“semelhantes” à Terra
Um planeta extra-solar, “cujas características se assemelham” às da Terra, foi identificado a cerca de 20 mil anos-luz do centro da Via Láctea, anuncia uma equipa internacional de astrónomos num artigo da revista “Nature”. Este planeta sólido foi baptizado OGLE-2005-BLG-390Lb, avança em comunicado Jean-Philippe Beaulieu, do Instituto de Astrofísica de Paris, que coordenou os astrónomos do Probing Lensing Anomalies NETwork (PLANET).
O planeta está três vezes mais distante da sua estrela do que a Terra está do Sol, o que poderá explicar a baixa temperatura, estimada em 220 graus negativos. A sua superfície rochosa estará coberta de gelo. Apesar de ser mais frio, o planeta tem uma atmosfera muito parecida com a da Terra.
Para Pascal Fouqué, do Laboratório de Astrofísica de Toulouse e Tarbes, a temperatura “extrema” do planeta “impede, provavelmente, a emergência de uma forma de vida”.Na última década, a comunidade científica detectou mais de 160 planetas na órbita de estrelas fora do nosso sistema solar.
A maioria são planetas gigantes, formados por gás, hostis à vida como a conhecemos na Terra.Agora, esta equipa internacional – constituída por 73 cientistas de 32 institutos, de doze países – detectou um planeta que terá cinco vezes a massa da Terra, ainda assim pequeno o suficiente para ser considerado semelhante à Terra.
(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Eduardo Sá: Citação

"Há muita diferença grande entre temer a morte e amar a vida. Temer a morte deixa-nos em dívida com a vida. Torna-nos minúsculos. Compenenetrados dos nossos papéis.
Falsos e complicados. (...) Temer a morte deixa-nos levar pelas marés de todos os dias. Amar a vida desafia para as aproveitarmos nas rotas onde nos queremos ao leme."
Fonte: Citador

Um poema de Cesário Verde

Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

A BELEZA DA NATUREZA

NEVE NA SERRA DA ESTRELA
:: NUNCA É TARDE
PARA COMEÇAR A CONTEMPLAR
O QUE DEUS NOS OFERECEU
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Os canais televisivos mostraram ontem, durante largos minutos, o espectáculo raroa da neve a cair em grande parte do território nacional. Foram imagens dignas de ver, não só pela raridade, mas também pela alegria que proporcionou a tantos portugueses. Eu penso que a beleza da natureza não está apenas na neve que cai, mesmo que raramente. Ela está por todos os cantos, por mais recônditos que sejam, perto e longe de nós e sempre à espera de uma visita. O prazer de desfrutar as belezas naturais ainda está muito longe dos nossos hábitos. Mas nunca é tarde para começar a contemplar o que Deus nos ofereceu para nosso usufruto. F.M.

domingo, 29 de janeiro de 2006

DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE MATRIMÓNIOS

Papa quer processos de nulidade
de casamento mais rápidos O processo que estabelece a eventual nulidade do matrimónio deve decorrer em “tempo razoável”, disse hoje Bento XVI aos Juízes, Oficiais e colaboradores do Tribunal Apostólico da Rota Romana, no inicio do Ano Judicial, incitando os Juízes a conformarem-se com o critério da procura da verdade, mesmo que para as sentenças sobre os matrimónio se deva considerar um outro aspecto da questão: o seu valor pastoral.
O Papa recordou que “o processo de nulidade de casamento constitui um instrumento para acertar a verdade sobre o vínculo conjugal” e o seu objectivo não é aquele de “complicar inutilmente a vida aos fiéis nem sequer de exacerbar o litígio, mas apenas de prestar um serviço à verdade”.
“As sentenças eclesiásticas nesta matéria, incidem, de facto na possibilidade ou não de receber a Comunhão eucarística”, explicou o Papa Joseph Ratzinger, e precisamente por isso, continuou, se explica que este argumento tenha estado também presente no decorrer do último Sínodo dos Bispo, sobre a Eucaristia.
“O principio da indissolubilidade do matrimónio pertence á integridade do mistério cristão”, salientou Bento XVI , constatando que “esta verdade ás vezes se encontra obscurecida na consciência dos cristãos e das pessoas de boa vontade”.
“Precisamente por este motivo é um engano o serviço que se pode oferecer aos fiéis e conjugues não cristãos em dificuldades, reforçando neles, talvez apenas implicitamente, a tendência a esquecer a indissolubilidade da própria união”, referiu.
Desta maneira, acrescentou, “a eventual intervenção da instituição eclesial nas causas de nulidade, corre o perigo de aparecer uma simples constatação de falência”.
Fonte: Ecclesia

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Amor e liberdade
O epicurista Gassendi, gracejando, cumprimentava Descartes com a saudação "Ó Alma!" E Descartes replicava, dizendo: "Ó Carne!" Com esta alusão, o Papa Bento XVI quis acentuar, na sua primeira encíclica, sobre o amor, apresentada no Vaticano no dia 25 de Janeiro, embora com data de 25 de Dezembro, que é o homem todo enquanto pessoa e criatura unitária que ama.
Deveria, pois, ficar claro que eros - o amor ascendente, desejante e possessivo - e ágape - o amor tipicamente cristão, oblativo - nunca se separam totalmente. O homem não pode viver exclusivamente no amor oblativo, não pode limitar-se a dar sempre, deve também receber "Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom.
"Citando também autores profanos, como Platão, Aristóteles, Virgílio, o Papa-professor sublinha a relação entre o amor e o Divino, que o eros está "enraizado na própria natureza do homem" e que, só no seu conjunto, o homem e a mulher "representam a totalidade humana".
O centro do cristianismo está nesta afirmação de São João "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." Aqui, encontra-se a imagem cristã de Deus e a consequente imagem do homem e do que deve ser a sua atitude e acção.
Num mundo em que o nome de Deus anda às vezes associado à vingança e até ao "dever do ódio e da violência", esta é uma mensagem essencial.
O crente ama a partir da experiência do amor de Deus, Fonte criadora de todo o ser. Deus ama com paixão, de modo totalmente gratuito, e é amor que perdoa. Jesus Cristo, que se entregou a si mesmo por amor na Cruz, é o amor encarnado de Deus.
(Para ler mais, clique DN)

Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Autoridade
de Profeta No meio de tanto barulho e de tantas vozes, há-de surgir uma voz clara que diga verdades, que grite pela justiça, que indique caminhos incon-testáveis; que manifeste que tem autoridade.
Para os Cristãos, esse Profeta chama-se Jesus Cristo; a Sua voz sobressai a muitas outras vozes que, muitas vezes, não passam de barulho para confundir.
Nunca foi tão dificil ser profeta; particularmente ser profeta da Verdade, sem arredar pé, ainda que seja contra a força das ameaças ou da indiferença.
O Profeta não fala de si nem se adapta às situações; o Profeta corta a direito: denuncia e anuncia; ajuda a destruir o que está mal e oferece alicerces seguros para construções duradouras; o Profeta corre riscos permanentes, mas a sua força vem-lhe de Quem o chamou e enviou.
Precisamos de Profetas; não há por aí ninguém com mais autoridade que Deus; e o Profeta verdadeiro é de Deus que recebe e partilha a autoridade de anunciar a Verdade. E não há nenhuma força que tenha mais força do que Deus.
O Cristão aceitou ser Profeta; há Cristãos em todo o lado. Que nenhum se cale; nem se envergonhe; nem se intimide.
A força da Palavra vem-lhe do Seu Autor!
: In "Diálogo", 1059 - IV DOMINGO COMUM - Ano B

II CONGRESSO DA CNIS, EM FÁTIMA

Aspecto da assembleia dos congressistas
(Foto Solidariedade)
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HÁ MUITOS PORTUGUESES
QUE SE ENTREGAM, COM ENTUSIASMO,
AO SERVIÇO DOS FERIDOS DA VIDA
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Tive o privilégio de participar, como convidado, no II Congresso da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Nacional), que se realizou em Fátima no último fim-de-semana. E digo que foi um privilégio, porque tive o grato prazer de reencontrar centenas de dirigentes e funcionários das IPSS, que há muitos anos se dão, com total entrega, à causa da solidariedade social no nosso País. Quando se prega que a nossa sociedade é egoísta, onde cada um procura resolver os seus problemas, muitas vezes pisando quem encontra pela frente, é justo sublinhar o trabalho e o esforço de tantos dirigentes que vivem, no dia-a-dia, o voluntariado, sempre em favor dos feridos da vida. Foram essas pessoas, de todas as idades, que, durante dois dias, equacionaram obstáculos e formas de os ultrapassar, que trocaram experiências no sentido do enriquecimento mútuo, que encontraram outras e bem diversas realidades, que se indignaram com a lentidão com que os problemas da solidariedade social são resolvidos, com o abandono a que são votadas instituições, por parte de departamentos estatais. Foi gratificante sentir e ficar a saber que as IPSS portuguesas representam uma “expressão única na Europa”, obviamente pela positiva, que houve gente que saiu do congresso com vontade de fazer mais e melhor na luta contra pobreza, contra a marginalidade, contra as dependências e contra a solidão de tantos. Foi muito bonito ver gente jovem a dialogar com os mais velhos, uns e outros aprendendo e ensinando, numa perspectiva de criarem, nas suas instituições, alternativas a processos talvez obsoletos, ou de responderem a novos desafios que a sociedade e as pessoas vão sentindo, não raro envergonhadamente. Por tudo isso, valeu a pena ter estado dois dias com tanta gente generosa e de sorriso franco, e com muito optimismo em relação ao futuro. Fernando Martins

GOTAS DO ARCO-ÍRIS

ARCO-ÍRIS….OU…AURORA BOREAL?
Caríssimo/a:
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Era quanto bastava para nos espevitar a curiosidade e a vontade de correr para a Barra o aparecimento, lá ao longe, dos mastros dum navio que iria seguir rumo aos Bancos…Ainda no outro dia, estávamos de visita a um Amigo, quando surgiram os mastros dum cargueiro e logo:
-Onde é que podemos ir para ver o barco?
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Não admira, pois, que um livro que nos cheire seja logo requisitado para uma leitura sossegada e interrogativa. Assim com o “Creoula”. E que horas de gozo íntimo nos proporcionou. Mas não só…Ora, atenta nestes parágrafos que de lá retirei:
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«…A operação (levantar o lanço) era violenta e esgotante… as mãos maltratadas pelas picadas dos anzóis, a água salgada gelada, os sucos do peixe…
Valdemar Aveiro, em “Figuras e factos do passado”:
“Mas as mãos? Ai as mãos! Embora protegidas com luvas de lã grossas de um só dedo, de que valia isso? O aparelho de pesca tinha de ser alado das profundezas geladas, qual rosário de contas palpitantes de vida, que iam metendo dentro com a ajuda de um pequeno “bicheiro”. Logo ficavam encharcadas, a escorrer também elas um fio contínuo de baba ácida de sal, que a pouco e pouco, com o passar dos dias, ia abrindo sulcos profundos, gretas horrorosas nas mãos encortiçadas. Rosário escaldante de frio, que fazia cair em crostas grossas a pele dessas mãos que não desistiam de rezar, mas onde eram apenas contemplados os mistérios dolorosos! Quantas vezes, de tão engrunhidas, mal conseguiam apertar as nepas de borracha, tornando-se a operação de meter dentro o aparelho, um lento e longo suplício!”» [pág. 25]
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E logo a seguir:
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«O dia de trabalho pesava, com doze ou mais horas de pesca e seis ou sete a processar o peixe. Se tudo corresse regularmente, restavam quatro a cinco horas para comer e descansar. E só depois de tudo arrumado se despiam as roupas oleadas e se adoçavam as mãos, a cara e o pescoço com a medida de três quartos de litro de água doce distribuída pelo cozinheiro.O piloto ministrava então os curativos: soluto de sulfato de cobre para as “bexigosas” dos pulsos provocadas pelo roçar do oleado. Para picadas de anzóis, amoníaco que queima os tecidos. Para as gretas dos dedos, fios de lã empapados em sebo de Holanda, que servia para untar as botas de cabedal.
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A água doce era muito racionada. Depois da escala, havia a distribuição da ração de água, mas em certas ocasiões até essa ficava comprometida.
“A gente tinha as mãos cheias de feridas, dos anzóis e das lulas… fazia ferida nas mãos e a gente se queria adoçar as mãos com uma pinga de água doce ia lá abaixo ao rancho, agarrava no bule, enchia a boca com água e vinha com a boca cheia de água. Chegávamos cá acima e começávamos a botar nas mãos, lavar as mãos com água da boca, para adoçar a mãos… adoçar as feridas…”» [pág. 30]
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Talvez agora se compreenda a razão por que, quando o como mais ou menos regado com azeite, o bacalhau teima em não querer seguir viagem!...
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E hoje a minha saudação muito especial vai para esses heróis desconhecidos que, muitas vezes, com o arco-íris no coração, terão contemplado a aurora boreal!
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Manuel

sábado, 28 de janeiro de 2006

LEITURA PARA MOÇAMBIQUE

EX-COMBATENTES DE ÍLHAVO
EM MOÇAMBIQUE Um Grupo de Ex-Combatentes (Utramar) residentes no Concelho de Ílhavo vai realizar uma viagem a Moçambique com o objectivo de conhecer as realidades daquele país e ali encontrar-se oficialmente com os respectivos Governadores locais. Esta iniciativa contempla a oferta de livros ou material de escritório para as respectivas escolas e/ou bibliotecas. É neste contexto que Fernando Gomes (Sindicato dos Trabalhadores do Porto de Aveiro) e José Manuel (Presidente do Grupo Desportivo da Gafanha), como participantes activos deste grupo tomaram a liberdade de solicitar à APA a amável colaboração nesta pequena iniciativa. Assim, solicita-se a todos os colegas que tenham material escolar ou livros de que já não necessitem que os destinem a esta bonita acção: “Leitura para Moçambique”.Há recipientes na SEDE e no Terminal Norte para que possam proceder ao respectivo depósito, até 31 de Janeiro.
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Fonte: "Site" do Porto de Aveiro

Encontro Nacional "HERITY"

Encontro "Herity",
no Museu Nacional
de Etnologia
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A HERA-Associação para a Valorização e Promoção do Património, atenta às inovações na área da gestão do património e desenvolvimento do turismo cultural, vem por este meio divulgar o ENCONTRO NACIONAL "HERITY"- Gestão de Qualidade do Património Cultural.
O Encontro terá lugar no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, no dia 1 de Fevereiro.
Para mais informações, contactar a Hera, através de www.heraonline.org

PRIMEIRA ENCÍCLICA DO PAPA: Reacções e comentários

“DEUS É AMOR” “Deus caritas est” (Deus é amor) é a primeira encíclica do Papa Bento XVI, um teólogo há muito respeitado na Igreja, que agora vem mostrar aos cristãos e ao mundo o núcleo da fé católica.
O Papa procura apresentar uma “fórmula sintética da existência cristã”: Deus é amor e os cristãos acreditam nesse amor, fazendo dele a “opção fundamental” da sua vida.
O texto é estruturado em duas partes. A primeira, mais teórica, unifica os conceitos de Eros (amor entre homem e mulher) e Agape (a caridade, o amor que se doa ao outro); na segunda, centra-se na acção caritativa da Igreja, que apresenta como mais do que uma mera forma de “assistência social”, mas como uma parte essencial da sua natureza.
Esta encíclica é a primeira do Papa e, por isso, a mais aguardada. Todos esperavam ver nela uma espécie de “programa” de pontificado, e, de certa maneira, ele está presente nas linhas da “Deus caritas est”.
Como o próprio reconhece, “num mundo em que ao nome de Deus se associa, às vezes, a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência”, falar de Deus como amor “é uma mensagem de grande actualidade e de significado muito concreto”.
A encíclica parte de uma citação da I Carta de São João: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16). Para Bento XVI, começa aqui a desenhar-se o seu primeiro objectivo, devolver ao “amor” o seu esplendor original.
Hoje, como lembra o Papa, o amor é utilizado por tudo e por nada, o que faz com que, na maioria dos casos, estejamos na presença de caricaturas e não do verdadeiro amor. Por isso, defende no seu documento que é preciso regressar à origem, “ao amor com que Deus nos cumula e que deve ser comunicado aos outros”.
O amor é apresentado como “uma única realidade, embora com distintas dimensões”, desde o apaixonado “eros” que, passando por um caminho de “purificação”, desemboca na “agape”, no amor que renuncia a si mesmo, em favor do outro.
Desde o início da encíclica, o Papa apresentou a relação entre homem e mulher como o “arquétipo” do amor. No número 6, explica-se que o ser humano passa “do amor indeterminado e ainda em fase de procura” para “a descoberta do outro” e que dessa evolução do amor faz parte que ele procure um “carácter definitivo”: “no sentido da exclusividade e no sentido de ser para sempre”.
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Um poema do Patriarca Atenágoras

TEMPO NOVO ONDE TUDO É POSSÍVEL Consegui desarmar-me. Participei nesta guerra. Durante anos e anos. Foi terrível. Mas agora estou desarmado. Já não tenho medo de nada, porque “o amor afugenta o medo”. Estou desarmado da vontade de prevalecer, De me justificar à custa dos outros. Já não estou alerta, Zelosamente apegado às minhas riquezas. Acolho e partilho. Não me importam especialmente as minhas ideias, os meus projectos. Se me propõem outros melhores, aceito-os de bom grado. Quer dizer, não os melhores, mas os bons. Bem sabem, renunciei ao comparativo… O que é bom, verdadeiro, real, esteja onde estiver, É o melhor para mim. Por isso já não tenho medo. Quando nada se possui, já não se sente medo. “Quem nos separará do amor de Cristo?” Mas, se nos desarmarmos, se nos despojarmos, Se nos abrirmos ao Deus homem que renova todas as coisas, Então é Ele que apaga o passado mau E nos devolve um tempo novo, Onde tudo é possível. ---- Patriarca Atenágoras Atenágoras I foi Patriarca de Constantinopla de 1948 a 1972 e, portanto, o maior representante da Igreja Ortodoxa. Aristokles Spyrou (nome de baptismo) nasceu em 1886, em Epiro (Grécia), e morreu em Istambul (Turquia) em Julho de 1972. O Papa Paulo VI e o Patriarca de Constantinopla encontraram-se três vezes (no Vaticano, no decorrer do Concílio; em Jerusalém; e durante a viagem papal a Istambul, Éfeso e Esmirna), lançando as bases para um entendimento entre a Igreja Católica e a Ortodoxa, separadas desde 1054. Fonte: Correio do Vouga

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Um artigo de D. António Marcelino

Posted by Picasa REDE DE SERVIÇO SOLIDÁRIO,
UM BEM A NÃO DESVIRTUAR Os números dizem muito pouco, quando comparados com a realidade que se vive por esse país fora. Refiro-me à rede extraordinária das instituições particulares de solidariedade social que actuam nas diversas comunidades, possibilitando respostas sociais, necessárias e urgentes, que o Estado nunca, por si só, poderia dar, com igual dedicação e os mesmos gastos. É uma reflexão, a que os cidadãos sem preconceitos, têm de se habituar: verificar que há soluções para muitos problemas das pessoas no campo social, agora só falamos neste, que as instituições particulares, dentro das regras e das normais exigências, fazem melhor e mais economicamente que os serviços do Estado. Alguns, que não abdicam do ideal do estado providência e permanecem nostálgicos de um estado colectivista centralizador, irmãos gémeos de há muito falidos, continuam a lutar contras as instituições particulares, distorcendo conceitos e dados, como se a vida em democracia fosse de sentido único ou apenas calibrada pela visão estrábica de pessoas e de grupos, mais barulhentos e teimosos para os quais há sempre púlpito aberto Quando se fala do contributo financeiro a estas instituições para realizarem uma missão que é da responsabilidade do Estado, pois é ele que arrecada os impostos para obviar às necessidades gerais dos cidadãos e às exigências normais do bem comum, soltam-se gritos indignados, como se se tratasse de sanguessugas a chupar, para proveito próprio ou só de alguns, o dinheiro de todos. Procurem saber, se o conseguirem, quanto gasta o Estado com as poucas instituições de solidariedade que ainda teima em manter sob a sua direcção e comparem com o que recebem, com igual número de beneficiados, as instituições particulares. Depois, falem, porque o facto dá argumento que chegue e sobre para tal. Neste e noutros campos. As instituições de solidariedade são, no seu conjunto, o maior empregador, mormente em concelhos sem indústria significativa. E são o maior benfeitor das pessoas socialmente mais carecidas, em virtude das condições de trabalho de muitos casais com filhos e pais dependentes, da do crescente número de idosos, das muitas formas de exclusão social, da atenção qualificada a grupos sociais mais vulneráveis, da possibilidade de ocupar e de tirar da rua muitas crianças, cujos pais estão presos a rigorosos horários de trabalho. Quando se visita uma zona que tinha há uma dúzia de anos duas ou três instituições de solidariedade e hoje as tem em todas as freguesias do concelho, sejam elas da iniciativa da Igreja ou de cidadãos voluntários que se associaram para o efeito, então se vê a diferença, em número e qualidade, das respostas sociais que foi possível implementar para problemas que já existiam e iam apodrecendo aos poucos. Os governantes, em momentos festivos, que controlam ao milímetro até no dizer da placa de inauguração ou de simples visita, vêm ver, embora sempre à pressa. Desfazem-se, depois, em elogios simpáticos, porque nunca imaginaram que numa aldeia escondida, se pudesse fazer tanto bem e com tanto amor e dedicação. Raramente, porém, isto chega para dar outra orientação às leis e outro sentido à administração dos dinheiros públicos e até outro teor da comunicação oficial que mais pretende fazer passar a ideia de um favor que se faz às pessoas e instituições, que de um dever que se cumpre e nem sempre bem, nem atempadamente. Agora, entram as Câmaras no concerto. Vale a pena reflectir sobre a colaboração pedida e o espírito que parece animar a mesma. As instituições não são políticas, nem pode ser político o serviço social a quem dele precisa. Saberá isto a gente da capital?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

A LIÇÃO DE MÁRIO SOARES

EXEMPLO PARA TANTOS IDOSOS QUE VIVEM
À ESPERA DA MORTE Quando Mário Soares se candidatou a um terceiro mandato para Presidente da República, por razões que não importa sublinhar nesta hora, logo houve quem lembrasse a sua provecta idade. Para esses contestatários, a partir de uns tantos anos de vida, a pessoa tem de se remeter ao silêncio, aos bancos dos jardins, a um nada fazer. No fundo, a uma vida sem sentido, que mais não é do que um projecto de morte lenta. Ora o antigo Presidente da República veio mostrar que os velhos são gente com ideias e com capacidade para liderar projectos para um País. São gente com dinamismo e com alma enriquecida pela experiência da vida e pela cultura que conseguiu amealhar ao longo dos anos. São gente que tem muito para dar, precisamente numa altura em que tantos, por egoísmo, se fecham na sua concha. Mário Soares veio dizer com o seu exemplo que, com os 81 anos que já viveu, ainda está à altura de abordar, com opinião própria, qualquer assunto, das mais diversas áreas, sendo escutado, por isso, nos grandes areópagos internacionais. E já avisou que, depois de descansar uns tempos, vai voltar à liça, porque muito terá que dizer às novas gerações, quantas vezes cheias de nada. Lembro hoje e aqui o seu exemplo pela simples razão de que não gosto de ver tanta gente muito mais nova do que ele simplesmente à espera da morte. São cadáveres adiados que nada fazem de útil à sociedade, quando há tantos à espera de mão amiga para saírem da solidão e para regressarem à vida. Mário Soares veio dar-nos o testemunho de que é preciso, é mesmo urgente, que todos façamos mais qualquer coisa, para além das caminhadas pelos jardins (também importantes, diga-se de passagem), dos aborrecidos programas televisivos, das sestas nos sofás, do olhar mortiço fixado em horizontes de sonhos irrealizáveis. Fernando Martins

AS ELEIÇÕES DO ÚLTIMO DOMINGO

CAVACO SILVA VAI SER O NOVO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA Em poucos meses, os portugueses foram chamados a votar três vezes: para as legislativas, de onde saiu o Governo; para as autárquicas, de onde saíram os representantes do povo para o poder local; e para as presidenciais, tendo sido eleito, pela primeira vez na segunda república, um candidato do centro-direita, precisamente o Prof. Cavaco Silva. Durante a campanha cometeram-se excessos indesculpáveis para candidatos à mais alta magistratura da Nação. Sabemos que foi o calor da luta que os levou a isso, mas pensamos que uma linguagem mais serena e mais delicada ficaria bem, como exemplo a seguir no futuro, em todas os actos eleitorais. Bonito foi o que ouvi, via telefone, de um amigo ligado à campanha de um candidato que não conseguiu ser eleito, após a apresentação pública dos resultados: ganhou o Prof. Cavaco Silva e o cargo fica bem entregue, disse-me ele. É um democrata, um homem honesto, um conhecedor dos meandros do poder, tem capacidade de liderança, sabe estabelecer consensos, sabe o que se espera de um Presidente da República. Não foi o meu candidato, mas aceito a escolha dos portugueses, concluiu o meu interlocutor. Quem uma semana antes nem queria acreditar na vitória do Prof. Cavaco Silva, que seria, em seu entender e no entender de muitos, um descalabro para a democracia, na hora da derrota do seu candidato soube reconhecer que o pretendente à cadeira presidencial mais contestado e atacado, como foi o antigo primeiro-ministro, é, afinal, um homem à altura do alto cargo que assumirá em pleno no dia 9 de Março. Temos de convir que no calor das lutas político-partidárias nem sempre somos comedidos e só vemos o mal no adversário, que não é, nem pode ser, um inimigo a abater. Penso até que nas últimas eleições presidenciais, outro que fosse o eleito, saberia estar à altura do Portugal de hoje e de todos os portugueses, sobretudo dos mais feridos da vida. Mesmo sem governar, que não é esse o papel do Presidente da República, o Prof. Cavaco Silva saberá lembrar, no diálogo frequente e atento com o Governo, que o nosso País não pode continuar no grupo dos mais pobres e atrasados da União Europeia. Urge, pois, que Governo, Presidente da República, deputados, partidos, sindicatos, trabalhadores e empresários saibam dar as mãos neste momento crucial da nossa história, para se tirar Portugal do fosso em que se encontra há muito. São estes os meus votos. Fernando Martins